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sábado, 1 de fevereiro de 2014

Classe média tem medo de cair na pobreza



Jatinho Legacy, da Embraer, condução preferida de bilionários, custa US$ 29,5 milhões  (cerca de R$ 60 milhões)

Luís Alberto Caju

 O maior medo da classe média é retornar ao berço da miséria da pobreza.  Porém ela continua prensada entre o mar de milhões sem dinheiro e conforto e o oásis onde reina absoluta a elite, que goza de todos os benefícios e acesso a qualquer bem de consumo, inclusive a compra de jatinhos executivos para viajar sem a presença incômoda da classe D que aprendeu adquirir passagens aéreas pelo crediário.

Interior do jatinho Legacy, que pode ter dormitório privativo, dependendo do gosto do cliente

 Mesmo assim a luta continua, visto que não é fácil apresentar um padrão de vida espelhado na burguesia, quando o dinheiro é pouco na conta corrente. A classe média precisa trabalhar, de preferência, nas empresas que tenham condições de oferecer ótimos salários e benefícios que possam deixá-la sossegada quanto ao futuro.
Bentley, carro escolhido pela rainha Elizabeth da Inglaterra, é um dos preferidos da elite em todo o mundo

 A compra do carro pode ser dissimulada pelo financiamento, mesmo com a entrada de 30% sendo fruto do valor recebido nas férias e 13º. O restante é diluído em 24 prestações, às vezes salgadas, obrigando economia forçada no orçamento, como redução aos almoços e jantares em restaurantes. Em público se arrota caviar, mas quando chegam ao apartamento, também comprado a crédito nos temíveis 20 anos de sofridas prestações, o sabor que sai da boca é de ovo.
O Uno Mille, durante vários anos, foi o preferido da classe média, por causa do baixo preço

 É difícil viver espremido como queijo entre duas fatias de pão. Não é rico e também está pouco distante da pobreza. Com a diferença que o rico não precisa provar a ninguém que goza de boa saúde financeira. Sua postura econômica revela o quanto tem de dinheiro na conta corrente e até a influência exercida na esfera governamental. Caso sinta vontade de assistir ao show de uma banda de rock no Exterior, vai até o aeroporto pega o seu jatinho executivo e logo estará entre a plateia.
Um dos locais escolhidos pelos bilionários brasileiros para tratar da saúde no Brasil

 Há casos de excêntricos bilionários brasileiros que pagam cachês milionários e trazem artistas para apresentações em suas mansões ou fazendas para plateia reduzida. Não reclamam do preço, afinal dinheiro não é e nunca será problema para eles. Fazem questão de colocar na mesa de jantar talheres de prata, copos de cristais de primeira linha, toalhas bordadas de fios de ouro, num ambiente onde a pobreza só existe na vida dos empregados, afinal rico não trabalha para outro rico.
Ao pobre resta o péssimo atendimento na rede pública de saúde em qualquer região do Brasil

                                                        Seleto clube
 O desejo da classe média é ter condições de entrar neste seleto clube, onde dinheiro derruba várias barreiras, até judiciais. Afinal qual bilionário brasileiro foi parar atrás das grades? Gozar da sensação de nunca cair nos braços sujos e feridos da miséria. De sorrir da fome, colocando para correr qualquer tipo de insegurança, mesmo a política. Porque as grandes fortunas influenciam quem serão os governantes, usados para aumentar ainda mais o seu patrimônio.

 A classe média discrimina o pobre, pois vê nessa parcela da sociedade o passado que ela não pretende que se torne seu futuro. É grande o medo de voltar a pegar ônibus lotado, logo no início da manhã para não chegar atrasada ao trabalho. De levar calculadora ao supermercado enquanto faz compras, de não passar o vexame de devolver alimentos no caixa para conseguir pagar sem cair no mico de estourar o saldo do cheque especial ou do cartão de crédito.
Condução do pobre em diversas cidades brasileiras, dependendo do horário não há espaço para embarcar

 É grande o receio de pensar em residir nos imóveis onde todos se espremem iguais sardinhas nas latas, retirando a privacidade de marido e mulher. De morar nos bairros em que o crime organizado dá as cartas, dizendo até o melhor horário para sair e voltar para casa. De correr o risco de colocar os filhos nas escolas públicas, a maioria depredada e cheia de professores temerosos das ameaças feitas por adolescentes candidatos a bandidos.

 O medo de ser pobre consiste em buscar atendimento na rede pública de saúde e morrer mofando nos corredores, por falta de profissionais competentes para atendê-lo com dignidade. Precisar depender da boa vontade de médicos, que como filhos da classe média, trabalham em vários empregos para garantir o visual de alguém que tem dinheiro.


 Infelizmente essa parcela da sociedade está no meio do poste, onde no chão se encontra o pitbull da miséria e péssimas condições sociais brasileiras e no alto fica o céu do conforto e a certeza de que o dinheiro proporciona muito conforto, menos livrar das garras da morte, que ignora posição social. Afinal no cemitério o comunismo existe na prática: todos apodrecem igualmente!

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