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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Conselhos úteis para empresa estrangeira ganhar dinheiro no Brasil


O Carnaval na Bahia dura vários dias, oposto de outras regiões do Brasil


Luís Alberto Alves

 O Brasil é um país de costumes curiosos para estrangeiros. A população é alegre. Não é adepta de questionamentos, principalmente em relação a governantes corruptos (há muitos nesta nação, em diversos níveis). O povo é emotivo, principalmente nos assuntos esportivos. Dos quase 200 milhões de habitantes, cada um é técnico de futebol em época de Copa do Mundo ou nas modalidades disputadas numa Olímpiada.

Se for final de campeonato de Fórmula-1, vira o melhor piloto de automobilismo, explicando em detalhes o que fazer para vencer e conquistar o título. Ficam tão envolvidos que discutem o assunto citando inúmeras informações pescadas nas reportagens para dizer que o brasileiro é o melhor do mundo. Caso você estrangeiro esteja no meio dessa conversa não ouse questioná-los. Sorria e finja concordar com os argumentos expostos.Nas cidades onde não há praias, a população adora frequentar shoppings, ou para comprar ou mesmo passear.
Mulata são mulheres que desfilam nas escolas de samba existentes em todo o País


 O local preferido para discutir qualquer assunto é a mesa de bares no Rio de Janeiro ou de padarias em São Paulo, os dois Estados mais importantes do País. Caro gringo, nunca, em hipótese alguma, despreze o brasileiro; jamais o chame de subdesenvolvido, de povo miserável e corrupto. A população adora pagar pequena quantia ao guarda de trânsito para escapar de punição grave, como estar circulando com pneu careca, documentação atrasada, mas numa viagem na estrada, o cidadão apelará para esse recurso. É errado, porém não o chame de corrupto.

                                                   Refrigério do perdão
 Bandidos na opinião do eleitor brasileiro são os políticos. O povo nunca vai se encaixar neste perfil, mesmo furando fila no banco, no supermercado ou mesmo no check in do aeroporto. Em questão de segurança pública, o brasileiro é extremista. Defende pena de morte aos criminosos, mesmo para o ladrão de relógio na esquina. Mas se for para alguém de sua família, vai apelar para a justiça, dizendo que o erro dele não merece tirar a vida como castigo. Ou seja, aos outros o peso da Lei e aos seus familiares o refrigério do perdão.
Dependendo do lugar, brasileiro gosta de furar fila para ser atendido primeiro


 Outro hábito estranho é falar de forma inversa. Caso você estrangeiro esteja numa reunião ou festa e o seu colega brasileiro disser: “estou chegando”! Na verdade ele está falando que vai embora. Quando vai perguntar algo, geralmente usam o tempo verbal incorreto: “fulano de tal, eu queria saber como ficará a situação da empresa neste cenário de crise”. Brasileiro não gosta de ser incisivo, questionando direto. Neste caso ele diria: “fulano quero saber como ficará a situação da empresa neste cenário de crise”.

 Cumprimento de horário não é o forte no Brasil. Nunca marque reuniões de negócios às 8h ou 9h da manhã, principalmente em São Paulo ou Rio de Janeiro, cidades atormentadas por grandes congestionamentos. Para alguém chegar ao encontro das 11h, marque às 10h. Até governantes, esfera municipal, estadual ou federal, descumprem horários. Pontualidade britânica inexiste entre brasileiros.
Congestionamento de manhã ou final de tarde acontece na maioria das grandes cidades brasileiras


                                                    Fechamento de negócios
 Os trabalhadores deste país adoram emendar feriados. Se for na quinta-feira, o dia seguinte acabará enforcado. E quando comparecem, a produção renderá pouco, porque a maioria estará de mau humor. O Carnaval no Brasil é sagrado. São cinco dias de festas, na Bahia ele dura várias semanas. Não adianta ameaçar com demissões. Quem entrar no lugar funcionário cortado vai repetir a mesma prática. Nunca caia na besteira de marcar compromissos, principalmente fechamento de negócios, nessa época do ano.

 Neste ano de 2014, o Carnaval começa dia 28 de fevereiro e chega ao fim no dia 5 de março. Antes disso o País vinha em marcha lenta. O grosso das grandes transações só decola depois desta festa. É como se a vida profissional e financeira tivessem início após a passagem da folia. Até os bancos encerram o expediente nesta sexta-feira (28) e só abre as portas ao meio-dia da Quarta-Feira de Cinzas. Detalhe: a segunda-feira (3) não é feriado, mas tudo é ignorado.

 Caso sua empresa vá para o Rio de Janeiro, Bahia ou Pernambuco. Prepare o ânimo. Habitantes dessas regiões do País são festeiros. Faça a política da boa vizinhança. Procure implantar regime de compensação dos dias que eles não trabalharão. Não caia no erro de impor política de recursos humanos da matriz. Serão ignoradas e talvez virem alvos de greves ou manifestações sindicais.

                                                     Semana Santa
 O brasileiro é muito religioso, mesmo de fachada. Semana Santa e Natal são duas datas importantes para o funcionário. Aliás, durante o início da Semana Santa, que no Brasil já começa na quinta-feira, as pessoas tornam-se boas. Caso sua empresa venha de nação protestante, evite dizer que as pessoas precisam praticar a bondade o ano inteiro, não apenas nessa época. Emotivos, eles não entenderão. No refeitório mande preparar alimentação à base de peixes e frutos do mar. Porque seus empregados não consumirão carne durante esse feriado santo.Mas não pode faltar o arroz e feijão, alimentos básicos na mesa do brasileiro.
Arroz e feijão é o alimento básico na mesa do brasileiro


 No final do ano, que no Brasil começa a partir do dia 10 de dezembro, nunca deixe para fechar negócios nesse período. O país desacelera. Todos ficam preocupados com viagens, festas, compras de presentes aos amigos e familiares. O próprio governo tira o pé do acelerador. Do dia 20 de dezembro em diante, as pessoas fingem trabalhar. O ano acabou. A cabeça deles já está em janeiro.
Shopping center é a praia do brasileiro, principalmente no final de ano para fazer compras

 Para você ficar bem, em termos de futebol, procure torcer pelos times populares. Flamengo no Rio de Janeiro, Corinthians em São Paulo, Atlético em Minas Gerais, Vitória na Bahia, Internacional no Rio Grande do Sul, Sport em Pernambuco. São equipes de massa. Quando ganham campeonatos, a alegria resulta no aumento da produção. Mesmo na crise, evite comentários negativos relativos a essas equipes. Emotivos, os brasileiros brigam e até matam pelo time de futebol do seu coração.

Corinthians e Flamengo (camisa vermelha e preta), os times de futebol mais populares do Brasil

                                                    Pessoa honesta
A relação com a morte no Brasil é curiosa. A pessoa pode ser ruim e desonesta, mas ao colocar os pés no além vira santa. Ninguém ousa dizer que ela colheu o que plantou, vai pagar pelos erros. O passado tenebroso é esquecido. Este tipo de postura acontece com políticos, artistas e esportistas. Dependendo da fama, o velório se torna espetáculo. Como ocorreu com o piloto de Fórmula-1, Ayrton Senna, que era uma pessoa honesta, competente e que valorizou o nome do País no Exterior.
O piloto de F/1, Ayrton Senna, verdadeiro ídolo do automobilismo brasileiro e mundial


 O velório dele virou feriado no Brasil. Nenhuma empresa teve ousadia de fazer seus funcionários trabalharem naquele dia. Tamanha comoção, que todas as emissoras de televisão do País suspenderam sua programação para transmitir noticiário relativo à morte de Ayrton Senna, provocada por acidente durante o Grande Prêmio de Ímola na Itália, 1º de Maio de 1994. As ruas e avenidas de São Paulo viraram imenso mar de pessoas.
Cortejo do enterro de Ayrton Senna em 1994


 O brasileiro reconhece o valor dos seus grandes ídolos, como no caso de Ayrton Senna. Não sente vergonha de chorar em público, de falar da sua admiração. Caso sua empresa seja da Europa, Ásia ou mesmo dos Estados Unidos, não exija dos seus funcionários racionalidade numa hora dessas. Ganhará inimigos. Ele precisa colocar para fora a tristeza causada por aquela perda. Após algum tempo tudo volta ao normal.

                                                   Sensualidade
 A mulher brasileira é vaidosa, mesmo a empregada nas funções mais simples dentro da empresa. Outra marca delas é a sensualidade. Porém não caia no erro de considerar que são presas fáceis para passar qualquer noite com elas num motel (no Brasil este tipo de estabelecimento é usado para aventuras sexuais, oposto dos Estados Unidos).

 A delicadeza é a chave para conquistar o coração dessa funcionária. Claro, sem exagero. Não estranhe se a sua secretária receber flores do namorado, noivo ou marido, ou mesmo de algum cliente da empresa. É comum isso ocorrer no Brasil. Os homens enviam rosas para as mulheres para expressar amizade ou mesmo interesse sentimental.
Beleza e sensualidade, duas das inúmeras qualidades da mulher brasileira


 Elas gostam demais de novelas. Muitas, no final de semana frequentam barzinhos, onde bebem e dançam. Aliás, as brasileiras têm cintura mole. Sabem requebrar muito. E apimentam tudo com grandes doses de sensualidade. Mesmo as universitárias aproveitam as noites de sextas-feiras para descarregar as tensões da semana. Tente compreendê-las.

                                                   Solidariedade
 Quando alguém vai casar. Nas empresas brasileiras é comum os trabalhadores fazerem longa lista onde cada um entrega determinado valor para ajudar o futuro noivo. Até diretores entram. Seja delicado e colabore. Do contrário, a atitude é vista como arrogância. A entrega do dinheiro é feita na sexta-feira, véspera do casamento. É cultura do País. Assim como afixar no quadro de avisos, o convite para aquele matrimônio.
Quando algum funcionário vai se casar, é comum os demais colegas recolherem dinheiro para doar ao noivo ou noiva


 Se um colega morrer, dentro da empresa ou fora dela, muitos irão faltar para comparecer ao velório e enterro. Nesse dia, a produção vai despencar. A perda de alguém querido no chão de fábrica, principalmente, mexe profundamente com o brasileiro. Não tente dizer, naquele momento, que a vida continua. Eles não compreenderão.  A ida ao cemitério servirá para desafogar a tristeza e compromisso de dar o último adeus.
Brasileiros se unem para socorrer vítimas de tragédias, principalmente quem ganha pouco


 Em época de enchentes (elas ocorrem no Sul e Sudeste do Brasil durante o Verão), seus funcionários ficarão muito solidários. Não se espante com a criação de campanhas dentro da empresa para arrecadar alimentos, roupas e calçados aos desabrigados. Brasileiro, principalmente os mais humildes e de salários baixos, gosta de ajudar o seu próximo. Divide o quilo de alimento com quem perdeu tudo.

                                                  Prática esportiva
 Para finalizar esse tópico, cuja intenção é servir de cartilha para alguém que pretenda abrir filial no Brasil, incentive a prática de esportes na sua empresa. Principalmente na área metalúrgica e eletrônica. Times de futebol de campo (com 11 atletas) e de salão (com cinco) ou society (com sete) ganham o coração dos funcionários. Eles mesmos vão criar campeonatos internos, de seção contra seção.

 Caso seja grande o número de mulheres no quadro funcional, dê apoio para a criação de equipes de vôlei. O basquete não é muito praticado no Brasil. Por meio da prática esportiva é possível reduzir tensões no chão de fábrica. Na final do campeonato, procure comparecer e até dar o chute inicial. O trabalhador vai interpretar o gesto como apoio àquela iniciativa.

 Lembre-se que sua empresa resolveu se instalar num país tropical, com imensa variedade de ritmos musicais e até costumes, mas unido. Não caia na besteira de impor regras que deram certo na matriz, em outro cenário sócio econômico. Uma nação que conseguiu vencer a batalha numa época que a inflação era de 60% ao mês, enfrentou 21 anos de ditadura militar e permaneceu de pé, tem algo de bom a ensinar. Do contrário não existiria grande interesse de multinacionais de todo mundo querendo vir para este lado do mundo.



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