Postagem em destaque

A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Excesso de liberdade faz pais reféns de filhos



Dependendo da criação, os filhos se transformam em cobras para picar os próprios pais

Luís Alberto Alves

  Desde o início da infância o filho do casal Flávio e Clara tinha problema de obesidade. O pediatra sugeriu que o garoto fizesse regime. Não poderia ingerir alimentos muito calóricos. Deveria ficar longe, inclusive de doces. Aos 5 anos ele não aceitou os conselhos do médico. Passou a gritar alto quando a mãe recusava lhe dar doces, principalmente pudins, mousses de chocolate ou bolos. Não deixava a vizinhança sossegada.

 Não obteve resultado. Mudou de tática. Quando o casal recebia visitas, o menino fazia cara de choro e se ajoelhava diante daquelas pessoas e dizia que passava fome e pedia, na maior cara de pau, dinheiro para ir ao bar da esquina se encher de doces. Apontava os dedos para os pais, acusando ambos de maus tratos, a ponto de dificultar o acesso à geladeira ou armários, onde eram guardadas as delícias que ele tanto gostava, mas o médico havia proibido para que crescesse saudável.

 Em outro caso interessante, o enfoque muda, mas persiste a chantagem de filhos quando não concordam com as regras domésticas impostas pelos pais. Júlia, aos 12 anos, era uma menina muito inteligente. Lia bastante e acompanhava o noticiário televisivo com atenção. Na escola fazia perguntas incômodas aos professores e estocava a diretora, ao perceber suposta perseguição contra ela.

 Numa das noites assistiu o telejornal falar do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), dos direitos inegáveis às pessoas de sua idade. Não demorou em provocar rebelião na sua casa. Saiu para passear e voltou tarde, quase 11h da noite. O pai, nordestino da gota serena e de sangue quente, a esperava com uma cinta ao lado do sofá. “Mocinha, essas são horas de alguém de família chegar em casa”?, questionou o velho. “O Metrô teve pane e ficamos presos no túnel entre a Praça da Sé e a Estação Liberdade”, respondendo rápido a caminho do banheiro, para tomar banho.

                                                              Rapariga
 O pai veio atrás com a cinta numa das mãos, para lhe acertar as costas em dois golpes. Foi surpreendido: “Ei! Nem ouse me agredir, principalmente sem qualquer chance de defesa. Aliás, sou uma criança, e o senhor adulto. Pode me bater, mas ainda hoje vou à delegacia registrar queixa contra o senhor por maus tratos”, retrucou. “Menina, você não é filha de quenga ou rapariga, para fazer o que der na cabeça. Na minha casa e minha família mando eu”, vociferou o velho.

 “Isto é o que o senhor pensa. Primeiro não conversou detalhadamente comigo para saber se o que lhe falei é verdade ou mentira, segundo partiu para ignorância, achando que por ser tua filha, tem o direito de fazer qualquer coisa, inclusive me machucar ou até me matar”, respondeu em alta voz, com dedo em riste. “Não to criando cobra para me picar. Sou teu pai e mando em você. Aqui nesta casa quem paga as contas somos sua mãe e eu. Até o colégio onde você estuda, o dinheiro sai dos nossos bolsos. Não venha jogar conversa fiada em mim”, devolveu o velho, tentando agarrar Júlia e lhe dar a primeira cintada nas costas, para deixar o vergão vermelho.

 Ela conseguiu entrar no banheiro e trancar a porta. Do celular chamou a polícia, dizendo que o pai tentava agredi-la e corria sérios riscos. Precisou até se refugiar no banheiro. Pelas frestas da porta, a atendente do telefone 190 ouvia os palavrões proferidos pelo pai de Júlia. Não demorou muito tempo, duas viaturas da PM encostou diante da casa de classe média, em Vila Madalena, Zona Oeste de SP.

 Quatro soldados desceram e apertaram a campainha. O velho saiu para atender com a cinta nas mãos e levou um susto. “O que vocês fazem aqui”?. O sargento se identificou e disse que recebeu denúncia de que uma garota, chamada Júlia, trancada no banheiro estava prestes a passar por uma sessão de tortura. A menina ouviu a conversa e desceu, tremendo de medo e chorando. Explicou aos policiais o motivo das ameaças feitas pelo pai e falou que corria sério risco de ter as costas marcadas pelos vergões que a cinta iria deixar. Aproveitou e mostrou a cicatriz de um beliscão que recebeu da mãe, quando tinha nove anos, por ter comido o pudim antes de chegar à mesa, numa festa de família.

                                                             Pancada
 O PM citou artigos do ECA e reforçou o argumento da menina. Que mesmo sendo pai, ele não tinha direito de agredir a filha, por mais que o motivo o levasse a tomar este tipo de atitude. Como o caso ficou apenas na ameaça, sem concretização do fato, o velho levou um sabão dos policiais e compreendeu que atualmente a educação dos filhos não pode ficar baseada na violência, como meio de impor a ordem. Mesmo sendo trabalhador, cumpridor de todas as obrigações domésticas, inclusive não deixando nunca faltar alimentação, nem roupas e calçados à menina, ele não teria autoridade ou passe livre para transformar Júlia num saco de pancada. Ela continuou saindo e voltando, às vezes, no outro dia. Pouco tempo depois saiu de casa para morar com um colega da escola. Ambos foram dividir um quarto úmido na região violenta da Baixada do Glicério, Centro de SP. Oposto do conforto desfrutado com os pais.

 Do outro lado da cidade, em Santo Amaro, bairro de Capão Redondo, a doméstica e viúva Francisca, perdeu o domínio sobre os dois casais de filhos adolescentes. Os meninos não aceitavam nenhum tipo de correção. Principalmente quando ela os chamava para conversar e explicar que não é bom andar com más companhias. Todos na faixa entre 14 e 17 anos de idade, sorriam das opiniões da mãe. “O ECA nos garante a liberdade. Nem a Polícia pode colocar as mãos em nós. São proibidos até de encostar armas em nossas cabeças”, dizia Sandro, o caçula de 14 anos. As duas meninas, Marta e Marina, há muito tempo tinham vida sexual ativa, inclusive com uma delas abortando aos 13 anos.

 Naquela casa, as opiniões da mãe eram desprezadas. O dinheiro ganho numa residência de famoso empresário de comunicação nos Jardins sumia rápido. Os quatro filhos exigiam roupas de grife e sapatos de qualidade. As meninas não aceitavam perfumes populares. Gostavam dos importados. Confundiam liberdade com libertinagem. Na escola só tiravam notas baixas, pois nunca se preocupavam com os estudos. O tempo deles era gasto nos bailes barulhentos feitos nas ruas todo final de semana, para desgosto dos vizinhos.

 Desde que Francisca perdera o esposo, o metalúrgico João, vítima de bala perdida em tiroteio na porta do banco onde fora pagar contas, sua vida não era mesma. O marido conseguia, por meio da conversa, impor respeito em casa. Exigia que os filhos arcassem com as conseqüências dos problemas que causassem. Quando comiam, tinham de lavar o próprio prato. Do contrário iria usá­lo, sujo, na outra refeição. Quando os filhos chegavam aos 11 anos, João dizia a eles que precisavam a aprender a lavar a própria roupa e passar, os preparando rumo às batalhas futuras da vida.

                                                             Liberdade
 Não era de bater, vencia pela conversa, que poderia durar horas, dependendo da traquinagem. Diziam sempre que a vida cobra a todo instante das pessoas, sejam ricas ou pobres. Insistia em dizer que somente nas novelas e filmes tudo termina bem, pois são obras de ficção. No jogo duro e às vezes sujo da nossa sobrevivência, em algumas ocasiões o honesto é visto como ruim e este é admirado como bom. Enquanto esteve no comando da casa, João manteve o quarteto de filhos na linha.
 Após sua morte, tudo mudou. A viúva Francisca, adepta do liberou geral, excedeu na liberdade e quando tentou fechar a porta, já era tarde. O descontrole tomou conta da família. Os dois meninos, já adolescentes, mergulharam nas drogas e as duas garotas gostaram da prostituição, como meio de obter dinheiro rápido e roupas de grifes. Os conselhos eram recusados, pois Francisca tinha perdido sua autoridade ao exagerar na liberdade.

 Com a maioridade dos quatro, a situação piorou. Perto dos 60 anos, ela já não tinha mais forças para enfrentar forno quente e fazer banquetes na casa do patrão, onde estava há 30 anos. Sua casa virou endereço conhecido da polícia, quando vinha em busca dos dois filhos, acusados de tráfico de drogas.  As duas jovens, aos 20 anos, embarcaram na enganosa aventura de ganhar dinheiro fácil como garotas de programa na Europa. Não mais conseguiram voltar para casa. Morreram no Velho Continente. Numa noite, desanimada, Francisca questionou Deus o motivo de tanta tragédia na sua família. Com a televisão ligada, ouviu da boca de um personagem de novela a seguinte frase: “quem ama educa”!


 Tardiamente descobriu que, sem o uso de violência, é preciso mostrar aos filhos os limites. Às vezes os pais precisam tomar decisões amargas, na visão dos filhos. Mas no futuro elas se transformarão em algo bom. É igual ao remédio amargo ou a picada de injeção dolorida, mas que resultam na cura da doença. Nunca se deve deixar a bagunça reinar na família, onde ninguém é responsável por nada. Sempre uma pessoa, seja pai ou mãe, precisa assumir a responsabilidade de administrar o lar. Do contrário o erro vai imperar e o fim de todos não será bom. Em tempo: os dois filhos de Francisca foram presos e condenados a 60 anos de prisão, pelos diversos crimes cometidos. Na cadeia de segurança máxima aprenderam, no sofrimento, a obedecer a regras. Desta vez impostas por estranhos.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Condenada à morte mulher que trocou islã pelo cristianismo




Meriam, ao lado do esposo, corre o risco de morrer enforcada por ter se tornado cristã num país muçulmano

Luís Alberto Alves

 É de virar o estômago saber que uma mulher muçulmana poderá morrer enforcada por causa de sua opção pelo cristianismo. Outro grave pecado de Meriam Yehyan Ibrahim foi ter se casado com alguém que não era islamita, considerado adultério na visão dos adoradores de Alá. A Justiça do Sudão impôs a ela uma pena de cem chibatadas antes, se já não estiver morta, de receber a corda no pescoço e perder a vida.

 Não é novidade a presença de fanáticos em várias religiões. A história é testemunha desse desatino. Exemplo disso foi a Inquisição comandada pelo catolicismo na Idade Média queimando milhares de infiéis nas fogueiras. Até o monge Martinho Lutero, quando denunciou as práticas indecentes cometidas pelo Vaticano, quase termina assado.

 É triste relembrar o período de terrorismo na Irlanda do Norte, onde católicos e protestantes não sentiam remorso de colocar bombas em locais públicos para matar simpatizantes dos dois credos religiosos. Até grupo terrorista (o protestante IRA) surgiu nesta prática totalmente desaprovada por Deus.

 No Brasil tivemos a tenebrosa Tradição, Família e Propriedade, violenta facção de extrema­direita da igreja católica que perseguiu, inclusive na década de 1960, durante a Ditadura Militar, simpatizantes ou socialistas, com direito a surras em praça pública e até explosão de bombas em locais considerados por eles sacrilégio ao catolicismo. Ignoravam a Palavra de Jesus, que deixou escrito no livro de Romanos que “devemos orar pelos nossos inimigos”.

                                                            Radicalismo
 Infelizmente o islamismo é um poço de radicalismo. Em nome de Alá, o deus supremo deles, pois não acreditam que o Deus dos protestantes, judeus e católicos seja o pai de Jesus Cristo, cometem terríveis atrocidades. O atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center, pelos alucinados simpatizantes Al-Qaeda, ocorreu por amor a Alá. Milhares de inocentes morreram, por que segundo os muçulmanos, os Estados Unidos pertencem ao Diabo.

 A morte de mulheres no Afeganistão, proibidas até de mostrar o rosto, obrigadas a cobrir todo o corpo, é em homenagem a Alá. Aliás, as mulheres na visão desta terrível religião são relegadas a segundo plano, tratadas como escravas. Talvez não conheçam a história do patriarca Abrahão, em árabe Ibrahim, que era muito carinhoso com sua esposa Sara, mãe do seu filho Isaque, mas recusado pelos islamitas como o filho da promessa. Eles veneram é Ismael, gerado pela escrava Hagar. Porque de Isaque são descendentes os judeus, que os muçulmanos lutam para exterminar da face da terra a todo custo.

 A intolerância é a marca registrada do islamismo. Nos países muçulmanos, exceção da Turquia, como Irã, Indonésia, Árabia Saudita, Paquistão, Afeganistão e Iraque é considerado crime professar a fé cristã. Ler uma Bíblia em público é passível de prisão. Não se pode falar de Jesus Cristo para ninguém. Do contrário termina na cadeia ou até morrer fuzilado, como ocorreu em 2013 com um pastor evangélico no Irã, executado a tiros por ter a ousadia de falar da Palavra de Deus em público.

 Caso saia alguma reportagem na imprensa e ela seja considerada ofensiva aos dogmas do islamismo, o jornalista ou empresa onde trabalha passam a sofrer perseguição ou até mesmo atentados. Na Suécia uma charge do profeta Maomé virou problema de polícia, com a redação do veículo de comunicação invadido por vários fanáticos, além de o chargista ser condenado à morte pelas organizações terroristas que dizem punir os infiéis a pedido de Alá. Na França ocorreu o mesmo.


 Quando criticados, vêm a público informando que o islamismo é a religião do amor. Qual? As atitudes dos muçulmanos não condizem com nenhuma prática de carinho ao próximo. Só lunáticos defendem que alguém deve morrer por não aceitar seguir determinada religião. O próprio Deus deixou aos seres humanos a opção de andar nos seus caminhos ou não, como está escrito no livro de Deuteronômio, capítulo 28, escrito por Moisés. Portanto antes do nascimento do profeta Maomé o fundador do islamismo. Mas com quem defende a morte como forma de administrar diferenças religiosas, a sensatez e justiça de Jesus Cristo ficam em segundo plano. Infelizmente!

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como um traficante de drogas consegue ficar mais de 30 anos neste mundo tenebroso




O mercado do tráfico de cocaína movimenta milhões de dólares em todo o mundo

Luís Alberto Alves


 Hoje (23) uma notícia me chamou a atenção: Operação Águas Profundas desencadeada pela Polícia Federal visa desarticular quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas. Os bandidos procurados atuavam em mais de 30 países, como Holanda, Estados Unidos, China, França, Espanha, Itália, Coréia entre outros. Os criminosos teriam patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões. Eles planejavam criar uma companhia aérea de fachada, e usar as aeronaves para transportar droga ao Exterior.

 O líder desse império do crime é Mario Sérgio Machado Nunes, o Sérgio Careca, atuando no mundo do tráfico de entorpecentes há mais de 30 anos. Ele seria credor do chefe da quadrilha Los Urabeños, Henry de Jesús Lopez Londoño, considerado o maior fornecedor de cocaína do grupo mexicano Los Zetas. Imagino como pode um verdadeiro gangster atuar durante tempo superior a três décadas na venda de droga e não estar apodrecendo atrás das grades.

 A ficha criminal de Nunes é extensa. É acusado de comandar a conexão internacional Colômbia/Suriname, na avaliação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico. Ele teria envolvimento com quadrilhas de tráfico de armas, incluindo vários países da América do Sul e África. Além de estreita ligação com grupos guerrilheiros colombianos, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na troca de fuzis AR/15, granadas e foguetes de combate anti­áreo) por cocaína.

 Quatorze anos atrás o quilo deste pó maldito pago com armamento custava US$ 500. Em dinheiro saia por US$ 1.000,00 e no mercado de consumo chegava a USS 35 mil no Exterior. Em 1998 a polícia prendeu o comerciante libanês Ahmad Hassan Assad no Maranhão, com 141 quilos de cocaína. Ele confessou que a droga tinha sido encomendada por Nunes, conhecido no mundo do crime como Sérgio Careca.

 Em 2008 o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu parcialmente habeas corpus para Nunes apelar de uma condenação à pena de 10 anos, 10 meses e 20 dias de prisão regime fechado pelo crime de tráfico internacional de drogas. O receio dos ministros do STF era de Nunes fugir. Dono de dois aviões usados para transportar cocaína, ele é acusado pela Interpol de levar 73 quilos da droga do Brasil ao Cabo Verde. Os vários requerimentos de passaporte em seu nome provam que Sérgio Careca continua no mundo do crime. A polícia apurou que um dos carregamentos custou US$ 270 mil (R$ 540 mil).

 Em 2014 a CPI do Tráfico soube, por meio de dois advogados que defenderam Nunes, quando foi preso na Ilha de Cabo Verde com 70 quilos de cocaína. Mas a forte influência do narcotráfico internacional conseguiu fugir da penitenciária daquele país. Impedido de movimentar contas bancárias no Brasil, ele usa diversos “laranjas” para se manter financeiramente. Esperto não deixa nada em seu nome, mas de familiares. 

 Quase trinta anos atrás ele trabalhava de contabilista em Ribeirão Preto (SP), quando veio de Pernambuco. Depois comprou uma microdestilaria, uma empresa de rolamentos e uma indústria de cozinha. Depois entrou no mundo do crime e dele nunca mais saiu. Durante algum tempo fez lobby em Brasília e manteve relações com deputados e senadores, inclusive Jader Barbalho (PMDB/PA).

 O que causa estranheza é um criminoso de extensa ficha criminal, atuando há mais de 30 anos no tráfico de drogas, continuar longe das prisões de segurança máxima. Por outro lado o usuário de maconha, pego com uma bituca desse cigarro, termina a vida no xadrez, misturado a bandidos perigosos. O mesmo ocorre com alguém flagrado com um papelote de cocaína. Parece que a Justiça tem medidas diferentes ao usar seu critério punitivo em relação aos mafiosos de forte influência no narcotráfico.



quinta-feira, 22 de maio de 2014

A dificuldade de ser negro no Brasil




Nas blitz policiais, motorista negro é suspeito sempre

Luís Alberto Alves

 Imagine você vestido de camiseta pólo, bermuda, tênis, cabelos cortados no estilo de jogador de basquete norte­americano, cheio de riscos, Iphone nas mãos, passeando tranquilamente pelas ruas arborizadas do Jardim Europa. Dentro de segundos aparecerá o carro da polícia que lhe pedirá documentos e você vai precisar explicar o que está fazendo naquele bairro, mesmo com a Constituição Federal garantindo o direito de ir e vir a qualquer cidadão.  Caso o rapaz fosse branco, de olhos azuis, trajando o mesmo tipo de roupa, não aconteceria isto.

  Em outra cena, o negro resolveu ir almoçar no restaurante elegante com a noiva. Ambos bem vestidos. Entram no saguão e logo percebem o olhar de reprovação de parte das pessoas que ali se encontram, a começar do funcionário que os recebe na recepção. O sorriso amarelo de boas vindas não esconde o brilho de reprovação dos olhos. Se falassem, eles diriam: “aqui não é lugar de preto”!

 Em outra situação, o executivo negro (são poucos, mas existem no Brasil) embarca no avião e se dirige à primeira classe. Ao acomodar a valise e sentar no seu lugar, não percebe o ar de reprovação de estar naquele espaço, destinado aos bem-nascidos, de pele clara, olhos verdes ou azuis, de nariz afinado e cabelos lisos. Alguém vai sussurrar dizendo que ele está ali por ser empregado de alguma grande empresa, do contrário ficaria na classe econômica, reservada aos sem dinheiro.
Engenheiro Arnaldo Rebouças

 Tarde da noite, início da madrugada, o Audi A4 prateado chama atenção da blitz polícia montada numa grande avenida de São Paulo. Logo o motorista recebe o sinal de parar e encostar. Atrás dele vem outro veículo top de linha, um Lexus avaliado em R$ 250 mil com dois jovens brancos, trajando blazers e camisa social. Reduzem a velocidade, porém recebem sinal verde para seguir adiante. O primeiro motorista, negro, do Audi A4, exibe a documentação solicitada, é aconselhado a descer do veículo que passa por revista. O sargento comenta baixinho com o tenente se o carro não é dublê. Após alguns minutos é liberado.

 No hospital top de linha, a família é apresentada ao cirurgião que fez a operação delicada responsável pela preservação da vida do adolescente que corria sério risco de morrer. Mas a cor negra da pele do médico, de forma subliminar deixa um ar de desconfiança naquelas pessoas. Talvez se ele fosse “clarinho” não iria melhorar a situação. Um deles até faz estranha comparação: “preto é bom jogando bola ou tocando samba no carnaval, mas trabalhando como médico fico em dúvida”!

 Essas situações fictícias narradas neste texto infelizmente são realidades no Brasil, todos os dias. O racismo, mesmo velado, é praticado em nosso país, onde mais de 50% da população é negra. O cidadão de pele escura enfrenta barreiras nos restaurantes de elite, primeira classe dos aviões, truculência policial nas blitz e até sua capacidade profissional é colocada em dúvida, quando consegue romper o cerco e exercer ofícios onde o negro é minoria.

 Existe uma famosa avenida em São Paulo, que raramente se fala no nome de quem a batiza; engenheiro Arnaldo Rebouças, negro de grande destaque na época do Brasil Império, o primeiro a usar concreto armado na construção civil no país. O que dizer do geólogo Milton Santos, elogiado no Exterior pela seriedade do seu trabalho, mas relegado ao ostracismo na USP (Universidade de São Paulo), local que serviu de palco para suas ricas e informativas aulas. Muitos filhos da burguesia quando via aquele homem entrar na sala no primeiro dia letivo, imaginava que fosse o faxineiro que iria limpar a mesa para professor sentar.
Professor Milton Santos

 O grande drama do negro brasileiro é ser obrigado a provar a todo instante que é competente. Não deve nada à Justiça, pois crime independe de cor, sexo, idade ou credo religioso. Por mais que faça o melhor, sempre vai pairar a incerteza. Precisa acertar a todo o momento. Caso fracasse ouvirá a triste e célebre frase: “só podia ser coisa de preto, não faz na entrada, mas faz na saída”! Se uma mulher branca sinta amor por um homem negro e resolva casar com ele, vai comprar briga com o restante da família, ouvindo conselhos do tipo: “você é menina de classe, case com alguém do seu nível”!

 Infelizmente esta é a realidade do brasileiro que teve a (in) felicidade de nascer com a pele escura e os cabelos não lisos e ter nariz parecido com batata. Vai precisar matar um leão todos os dias, lutar sempre contra a sombria comparação de ter sua cor associada ao mal. De provar que todos são iguais, principalmente quando descem à sepultura e serão consumidos pela terra. O único refúgio nessas horas de tormenta é apelar para Jesus Cristo, que nos ama independente do jeito que somos.


 Quanto aos homens, estes continuarão na cega e ignorante máxima de que as pessoas devem ser julgadas pela sua cor. Como se este quesito fosse a garantia de honestidade e competência, separando os bons dos maus. Nunca concordarei com isto, pois ninguém nunca pode sofrer qualquer tipo de julgamento pela sua cor, sexo, idade ou posição social. Somos uma única raça: a humana!

Diretoria do Sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus/SP: velha conhecida da Polícia



A greve de ônibus deixou milhões de paulistanos andando à pé

Luís Alberto Alves

 O que pensar de um sindicato onde as divergências são resolvidas a tiro? Pior, teve sua sede invadida pela Polícia Federal em 2003, e a prisão de 19 diretores, entre eles o presidente Edivaldo Santiago da Silva, acusados de receberem dinheiro de donos das empresas de ônibus do transporte urbano da capital paulista.  Silva era suspeito de enriquecimento ilícito, pois seu padrão financeiro não encontrava respaldo com o salário recebido da entidade. A Polícia Federal encontrou grande quantidade de dinheiro escondidas dentro de panela ao revistar a casa onde morava.
Edivaldo Santiago foi acusado de enriquecimento ilícito

 A ficha corrida criminal tem outros capítulos. O delegado sindical José Leidson Rodrigues, o Polegar, entrou na vaga do diretor Marco Antônio Coutinho da Silva, expulso da entidade. Ele teria feito negociata numa empresa de ônibus para os patrões pagarem a segunda parcela do 13º Salário dos funcionários com cheque nominal em 2001. Porém, o dinheiro só caiu na conta dos trabalhadores no começo do ano seguinte.

 Coutinho Silva não gostou de perder o cargo e teria tramado o assassinato de Polegar, alvejado com oito tiros diante de sua casa na Cidade Dutra, Zona Sul de SP em janeiro de 2002. O suposto mandante fugiu e apareceu no sindicato em 2003, desta vez acusando Santiago de corrupção. Ou seja, o sujo falando do imundo. Chegou a garantir que seus antigos colegas faziam greves recebendo dinheiro de alguns empresários, mas ignorando não recolhimento de INSS e FGTS dos funcionários.
Mesma acusação recai sobre Isao Hosogi, o Jorginho


 Mas a sujeira prosseguiu no mandato do presidente Isao Hosogi, o Jorginho. Na sua gestão três diretores foram assassinados, um deles mandou fita de vídeo, exibida no programa Brasil Urgente, da Band, onde avisa que se fosse morto, o culpado era Jorginho. Ele acabou executado. Jorginho, de acordo com investigação da polícia em 2010, seria responsável por um esquema interno de desvio de dinheiro nos contratos de planos de saúde da categoria. Calcula-se que teria movimentado aproximadamente R$ 500 mil.

Tiroteio

 No final de julho de 2013, dia de eleição no sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de SP, a confusão na distribuição das urnas terminou em tiroteio, com três pessoas feridas. Em setembro daquele ano ocorreu outro pleito e a oposição comandada por Valdevan de Jesus Santos, obteve 57,3% dos votos da categoria. Jorginho perdeu após três mandatos consecutivos. Ele teria acumulado patrimônio superior a R$ 16 milhões, algo difícil para um sindicalista, cujo piso salarial é de R$ 1.955,00.
O atual presidente do Sindicato, Valdevan de Jesus também enfrentou "problemas" com a Justiça

 O atual presidente, Valdevan de Jesus Santos, foi investigado pela polícia por suspeita de lavagem de dinheiro do tráfico de drogas de Paraisópolis, Zona Sul de SP, nas lotações que fazem parte do transporte coletivo da cidade. Ele teria laços com a facção criminosa que domina a maioria dos presídios paulistas. Sobre Jorginho e Valdevan, segundo a Justiça, pesam denúncias de enriquecimento ilícito, formação de quadrilha e suspeitas de ligação com o crime organizado.

 Este é o sindicato que estaria por trás dessa greve maluca, que feita de surpresa, numa briga política para conseguir espaço na entidade, prejudica milhões de paulistanos. O reajuste de 10% nos salários e insalubridade para motoristas e cobradores, facilitando a aposentadoria com 25 anos de trabalho, em vez dos atuais 35, entre outros benefícios, foram aprovados pela assembléia da categoria realizada segunda­feira (19). Os rebelados responsáveis pela paralisação estariam no grupo comandado por Jorginho, que perdeu as eleições para Valdevan Noventa. Por esse quadro, a população está no mato sem cachorro.

 Parece que o sindicalista mafioso norte-americano Jimmy Hoffa fez escola no Brasil. Ele era presidente do Sindicato dos Caminhoneiros, assumindo o cargo em 1957, quando o antigo presidente foi preso por suborno. Com mais de 1, 5 milhão de associados, Hoffa usou o sindicato para se aproximar da máfia, passando a extorquir, chantagear e aplicar desfalques. Dez anos depois foi condenado a 15 anos de prisão. Da cadeia continuou mandando no sindicato. Em 1971 saiu, num acordo firmado com o presidente Nixon, de ficar longe das atividades sindicais durante dez anos. Em 1975 desapareceu do estacionamento de um restaurante em Detroit. Nunca seu corpo foi encontrado.




segunda-feira, 19 de maio de 2014

Itaquerão custou quase R$ 1 bilhão e teve goteira na inauguração




Na área coberta, torcedor não escapou das goteiras

Luís Alberto Alves

 O estádio de quase R$ 1 bilhão teve goteiras e furto na inauguração neste domingo (18), na partida entre Corinthians e Figueirense. Um repórter fotográfico teve furtado parte do material de trabalho na sala de imprensa. Áreas próximas ao Itaquerão estavam sem iluminação, além da grande dificuldade para chegar de carro ao local.

 O que mais causa espanto é que a obra não ficou nas mãos de profissionais meia­boca. Esteve sob batuta de empreiteira acostumada a trabalhar em grandes construções. Neste caso tudo deu errado, principalmente por causa do atraso no cronograma e morte de três funcionários em virtude da negligência com a segurança.
Outra alternativa de transporte, o Metrô raramente escapa da superlotação

 Para não deixar feio o espetáculo de abertura da Copa do Mundo em 12 de junho próximo, o Corinthians teve de gastar aproximadamente R$ 60 milhões em estruturas complementares ao redor do estádio, principalmente para os setores de mídia e segurança. Quem não mora na cidade de São Paulo desconhece as dificuldades para se chegar à Zona Leste da Capital, região onde residem mais de 4 milhões de habitantes.

Avenida Radial Leste, que liga o Centro da cidade ao Itaquerão, sempre está congestionada

 A linha vermelha do Metrô está saturada. Passageiros são transportados iguais sardinhas amassadas dentro de latas. Os ônibus que servem à região não oferecem qualquer conforto. Os trens da CPTM (CIA. Paulista de Trens Metropolitanos) muito menos. Única opção ao torcedor é enfrentar o longo congestionamento da Avenida Radial Leste, de vários quilômetros de extensão, pois começa na região central de SP e vai até o extremo leste. Ou seja, muitos quilômetros de aborrecimento e barulho ensurdecedor de buzinas.

  Sem tentar passar a imagem de seca pimenteira, caso haja chuva durante os jogos da Copa do Mundo no Itaquerão, principalmente na abertura, o torcedor, mesmo os VIPs, vai tomar banho. Segundo o engenheiro da obra, o vidro usado para impedir o acesso da água nas arquibancadas está em falta no mercado. O disponível é verde, mas por razões de rivalidade futebolística, ele não pode ser usado em parte da cobertura do Itaquerão. Imagino a festa que os bandidos vão fazer com os carros estacionados ao redor do estádio, completamente às escuras. Pensando bem, é melhor assistir aos jogos na televisão. Afinal de contas o risco de goteira é descartado e a luz da tomada vai deixar a sala bem iluminada.




sábado, 17 de maio de 2014

O drama das prostitutas meninas



Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, é rotina meninas vendendo o próprio corpo

Luís Alberto Alves

  Como diz os versos de uma canção: “O Brasil não é só zona sul”. Essa máxima se aplica às prostitutas adolescentes, que vendem o corpo às margens das rodovias que cortam o País nas regiões Norte e Nordeste. Algumas não pesam mais de 30 quilos. Estão ali oferecendo poucos minutos de prazer em troca de R$ 5 ou até menos. Para piorar, diversos motoristas aceitam participar do ato horroroso de se relacionar com meninas que são parecidas com a filha que ele deixou em casa.

 As raízes da prostituição são antigas. Ela já existe antes do nascimento de Jesus Cristo. O velho comércio de ganhar dinheiro colocando o próprio corpo como mercadoria. Os séculos passaram e essa prática permaneceu. Infelizmente nos dias atuais, a pedofilia encontra vasto material para satisfazer desejos de pessoas pervertidas.

 Nas praias de Fortaleza e Recife, por exemplo, virou rotina turistas estrangeiros em busca de meninas para relacionamento sexual. Na maioria das vezes as prostitutas teens estão nas mãos de cafetões que a exploram até não restar mais nenhum centavo em suas bolsas. Acabam contaminadas com doenças sexuais transmissíveis e até mesmo com o temível vírus HIV, pois inúmeros pedófilos, conscientes de que já ficaram reféns da Aids, escolhem esse tipo de vítima para repassar a doença.

 A miséria, em várias regiões do Brasil, empurra as adolescentes para o mercado da prostituição. Contagiadas pelo consumismo, partem na busca do dinheiro fácil, ao oferecer poucos minutos de prazer por algumas cédulas de real ou até mesmo de dólar. Mas não é um serviço fácil como essas meninas imaginam. Passam a ter várias relações sexuais por dia, provocando ferimentos internos na vagina e quando o cansaço chega apelam para o uso de drogas. O círculo vicioso se estabeleceu. Para manter a cocaína ou crack no corpo aceitam transar com qualquer pessoa, às vezes, até sem preservativo.

 Dentro de pouco tempo aquela adolescente, até bonita, vai se transformar num farrapo humano. Porque prostituta só atrai cliente quando a beleza se faz presente no rosto e corpo. Ao virar refém da feiúra, terá dificuldade de ganhar o famoso dinheiro fácil. Nesta altura o seu corpo está com diversos tipos de doença, minando a saúde e deixando-a poucos passos da sepultura.


 Nos casos piores, elas caem nas mãos de traficantes de mulheres. Sob promessa de engordar a conta corrente são trazidas para o Sudeste e Sul do Brasil. Passam a trabalhar em bordeis, sem qualquer liberdade de sair. Ficam presas e atendendo clientes pedófilos durante mais de 20 horas. Outras param no Exterior. De lá poucas conseguem voltar vivas ou nem mesmo mortas. Tarde percebem que a prostituição é um grande engano e caminho rápido rumo ao cemitério.