Postagem em destaque

A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Fifa se recusa a entregar à Justiça da Espanha dados sobre venda de Neymar


Fifa se recusa a fornecer documentação, para Justiça espanhola, a respeito da venda de Neymar para o Barcelona

Luís Alberto Caju
 A Justiça da Espanha solicitou à Fifa a documentação relativa à venda de Neymar para o Barcelona. Como entidade acima da Lei, ela informou que precisa guardar sigilo em relação a contratos internacionais, principalmente sobre o valor da transferência do jogador do Santos para o clube espanhol. Só se a Interpol (Polícia Internacional) fizesse o pedido poderia enviar a papelada à Justiça da Espanha.
 Há três anos, a entidade criou um sistema que exige que os clubes informem à Fifa o valor de uma transação, quem recebeu e em que conta, visando garantir que o futebol não seja usado como instrumento de lavagem de dinheiro, e que se saiba quem é o proprietário de um jogador. Ela confirma que recebeu o contrato de Neymar, de agosto de 2013. Só admite dar informações de um contrato (confidencial) caso seja notificada oficialmente por canais jurídicos internacionais.

 Há muito tempo desconfio de que vários times de futebol viraram máquinas de lavar dinheiro do crime organizado. Do contrário como se explica que após a conquista de vários títulos, as equipes desmontam o elenco repassando os atletas para diversos clubes, a maioria do Exterior? Pela lógica deveria manter os craques e procurar ganhar o maior número de títulos e aumentar o caixa.

 Ninguém pode desprezar a capacidade de criar negócios, visando tornar o dinheiro sujo do crime em algo limpo, das quadrilhas que traficam grandes quantidades de drogas, de armas, órgãos humanos e até pessoas. São pessoas bem articuladas nas várias esferas de governo em nível nacional e internacional.

 Por que a Fifa ficaria fora desse circuito? Ela teria capacidade de fiscalizar todos os times em nível mundial? Como conseguiria descobrir que tal venda não esteja atendendo apenas o recurso de transformar o dinheiro do crime em algo honesto? Alguns países são suspeitos, como a Rússia, que após o fim do regime comunista regido pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o crime organizado nada de braçada em várias frentes.


 Curioso que há 25 anos era difícil um clube daquela região contratar jogadores internacionais, mesmo os mais famosos. Atualmente qualquer equipe, até de nações que poucos conhecem, compram o passe de atletas brasileiros, portugueses, britânicos, italianos e franceses. Para apimentar mais a discussão, muitos contratados chegam a ganhar fortunas nos clubes da Rússia. Existe algo errado nesta história. Um dia alguém vai investigar profundamente e descobrir os vínculos do crime organizado com times de futebol em nível mundial. Que isso ocorra para o bem da honestidade.

Governo investirá em publicidade para melhorar imagem da Copa do Mundo





Estádio como Arena Manaus, no Amazonas, corre o risco de ficar inutilizado após o Mundial, por falta de público

Luís Alberto Caju
 O governo brasileiro estuda investir pesado em publicidade para mudar a imagem da Copa do Mundo. Vão começar a divulgar os valores investidos nas obras de infraestrutura, que na avaliação da presidente Dilma Rousseff são maiores do que a construção dos estádios.
 Bem até agora desconheço aplicação de quase R$ 10 bilhões para fazer hospitais, escolas, saneamento básico e segurança pública. Aliás, a rede educacional pública brasileira está caindo aos pedaços, com as salas de aulas faltando vidros nas janelas, banheiros imundos, paredes trincadas e professores ameaçados, a toda hora, por bandidos que tomaram conta desses estabelecimentos.
 Aliás, no papel e teoria tudo é bonito. Mas na realidade é diferente. O curioso é que o governo acredita que os protestos sejam obras de pessoas ideologicamente contrárias ao mundial no Brasil. É muito difícil ocorrer união de opiniões simultâneas em todas as cidades. Primeiro que o País é muito grande. Para acontecer isso seria preciso muita sintonia entre os opositores.
Falta de investimento em transporte coletivo castiga a maioria da população em todo o Brasil
 Esse argumento cai por terra porque os manifestantes, a maioria praticamente, não tem ligação com partidos contrários à gestão Dilma. São pessoas que cansaram de tanta mentira. De balão de ensaio. De falar que investe em Saúde, e os pacientes demoram meses para conseguir marcar consultas pelo SUS (Serviço Único de Saúde). Que aplica dinheiro em transporte coletivo, e os ônibus circulam em péssimas condições nas diversas capitais do Brasil.
 Fala que a inflação está sob controle e o dinheiro do trabalhador some igual água na chapa quente quando vai à feira ou ao supermercado. Dependendo da marca do arroz, o saco de 5 quilos não sai por menos de R$ 12,00. O litro de leite mais em conta não custa menos de R$ 1,60. O maço de verdura é vendido por R$ 2,00. O quilo do mamão é comercializado a R$ 2,50 em diversos supermercados.
Nos supermercados os preços não param de subir, reduzindo o poder de compra do trabalhador
 Então não existe dinheiro para investir no básico, mas sobra para satisfazer as vaidades da Fifa, que não colocou um centavo para sediar o Mundial no Brasil. Pior: ela levará milhões sem pagar nenhum imposto. Conseguiu até direito a vender bebida alcoólica dentro dos estádios. Por outro lado, milhões de brasileiros não conseguiram comprar os ingressos para assistir aos jogos. Primeiro pela burocracia e segundo pelos preços. Dizer que R$ 80,00 é barato é rir da cara do trabalhador que se esfola para garantir o minguado salário do mês.
Falta de segurança nos estádios permite que vândalos façam do local campo de batalha
Portanto não acredito que propaganda nenhuma vá apagar a imagem de obras que ficarão às moscas após o término da Copa do Mundo. Além de outras dívidas que vão estourar após a seleção campeã conquistar o troféu de vitoriosa.  A melhor publicidade é o governo atual parar de mentir e achar que partidas de futebol encherão a barriga de quem deseja apenas um país melhor, onde seja possível ter uma saúde de qualidade e escolas, onde as crianças saiam dali alfabetizadas. O resto é balela. Ou seja, conversa para boi dormir.





quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Internet já causa dependência igual às drogas




No Brasil, diariamente 8 milhões de pessoas não conseguem ficar longe da rede social


Luís Alberto Caju


 Pouco tempo atrás o filho de um amigo me disse algo incomum: “não posso ficar sem navegar na internet”. Garoto entrando na fase da adolescência, imaginei que soltou essa frase visando nos impactar, pois estávamos almoçando juntos. Quase no final deste mês de janeiro, recebo um release (material informativo sobre qualquer assunto jornalístico que abastecem redações e profissionais da imprensa em geral) falando a respeito de pessoas viciadas em internet.

 O autor do livro, Idolatria Virtual, Rodrigo Faria, apurou que o uso excessivo deste mecanismo pode provocar dependência semelhante às drogas. Pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo revela que 8 milhões de brasileiros atualmente não podem ficar distantes das redes sociais. O vício atinge 10% dos usuários de computadores e 20% de quem usa smartphones.

 Sugiro que os leitores assistam à reportagem exibida no telejornal Hoje, da Rede Globo, mostrando o desespero de uma mulher procurando ajuda para se livrar da dependência da internet. Acessem o link: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/01/mulher-procura-ajuda-para-se-livrar-da-dependencia-da-internet.html. O livro de Faria fala de pessoas que se afastaram do convívio social para passar dia e noite diante da tela do computador.

 O autor de Idolatria Virtual explica que a obsessão do mundo virtual sobre as pessoas muda os hábitos. O livro alerta pais, educadores, pesquisadores e psicólogos sobre o uso desequilibrado de todo tipo de conexão virtual ao alcance das mãos das pessoas. Sem querer posar de paizão sabe tudo, Faria ressalta que o canal de comunicação criado para interagir entre amigos de uma universidade nos Estados Unidos, avançou tanto que se espalhou entre comunidades de todo o mundo, reinventado a forma de se relacionar numa sociedade sedenta por novos meios de conexão.

  Deixou de ser novidade, adolescentes, jovens e adultos sentados na mesa durante o almoço ou jantar prestando atenção às mensagens enviadas no smartphone, sem qualquer reverência ao ato de estar reunido em família para comer. O importante é falar com o amigo virtual, deixando em segundo plano as amizades verdadeiras, pois estão ao seu lado e alcance dos olhos.

 Casais de namorados são vistos em passeios por parques ou shopping center munidos de smartphones. Cada um preocupado em falar ou mostrar a quem se encontra distante, o que está fazendo naquele momento. No trânsito é rotina encontrar motoristas dirigindo veículos com uma só mão, pois na outra está digitando torpedos no telefone celular, sem a preocupação de provocar acidente.

 Faria é vice- presidente de empresa do ramo químico na cidade de León (México). Nos finais de semana é pastor de uma igreja evangélica naquele país. O frequente contato com grupos de adolescentes serviu para lhe revelar a relação dessa parcela da população com o mundo virtual. Muitos já estavam provocando problemas em casa, por causa da dependência na internet.

  Preocupados apenas em “navegar”, a maioria fica sedentária, passa a se alimentar mal, além de ficarem sentados várias horas em posições inadequadas, causando agressões à coluna cervical. A vida saudável passou para segundo plano, pois vivem paralisadas durante horas diante do computador ou sentadas com um celular para acessar as redes sociais.

 O internauta precisa colocar limite no tempo dedicado a essa atividade. Deve se disciplinar. Mesmo que o bate-papo e as fotos postadas estejam interessantes, não é aconselhável ceder à tentação de passar o seu tempo todo diante daquela tela. Para quem pretende adquirir o livro eis a dica: Idolatria Virtual, editora Abrindo Página, 64 páginas, preço: R$ 19,90.



quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Brasil: país aonde rico dificilmente vai para cadeia


Banqueiro Salvatore Cacciola condenado por lesar o Banco Central em R$ 1 bilhão

 Luís Alberto Caju

 No Brasil raramente um criminoso rico é condenado a pagar o erro numa cadeia. Na maioria das vezes acaba em liberdade. Juízes e promotores alegam que bons advogados exploram as brechas existentes no Código Penal e conseguem livrar seus clientes de tomar banho frio no presídio. Exceção ocorreu com o banqueiro Salvatore Cacciola, acusado de aplicar um golpe lesando o Banco Central em R$ 1 bilhão na década de 90.

 Cacciola, ex-dono do Banco Marka, protagonizou um dos maiores escândalos do Brasil. O caso atingiu diretamente o então presidente do Banco Central, Francisco Lopes.  Em janeiro de 1999, o BC elevou o teto da cotação do dólar de R$ 1,22 a R$ 1,32. Essa era a saída para evitar estragos piores à economia brasileira, fragilizada pela crise financeira da Rússia, que se espalhou pelo mundo a partir do final de 1998.

 Naquele momento, o banco de Cacciola tinha 20 vezes seu patrimônio líquido aplicado em contratos de venda no mercado futuro de dólar. Com o revés, Cacciola não teve como honrar os compromissos e pediu ajuda ao BC.

 Para evitar quebradeira no mercado financeiro, como ocorreu, o Banco Central vendeu dólar mais barato ao Marka, provocando prejuízo bilionário aos cofres públicos. Dois meses depois, cinco testemunhas confessaram que Cacciola comprava informações privilegiadas do próprio BC. Lopes pediu demissão. Uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) concluiu que houve prejuízo de aproximadamente R$ 1,5 bilhão ao País.

 Em 2000, o Ministério Público pediu a prisão preventiva do banqueiro, com receio de que ele fugisse do Brasil. Ficou na cadeia 37 dias, e saiu do País naquele mesmo ano, após receber liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, revogada em seguida.

                                                  Gestão fraudulenta
 As autoridades brasileiras o descobriram na Itália, o governo tentou a extradição, mas o pedido foi negado, pois ele tem cidadania italiana. Cinco anos depois a juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro o condenou, à revelia, a 13 anos de prisão pelos crimes de peculato (usar cargo para apropriação ilegal de dinheiro) e gestão fraudulenta.

 O então presidente do BC, Francisco Lopes, recebeu pena de dez anos em regime fechado e a diretoria de Fiscalização do Banco Central, Tereza Grossi, pegou seis anos. Os dois entraram com recurso e respondem o processo em liberdade.

Mesmo condenado Cacciola conseguiu aval do STF (Supremo Tribunal Federal) e fugiu para Itália. Só foi preso porque resolveu passar férias em Mônaco. Ali tentou todos os recursos para não ser trazido ao Brasil. Ficou pouco tempo em Bangu I, depois ganhou direito do regime semiaberto e novamente escapou, mas a polícia federal o recapturou em Buenos Aires, Argentina.

 Na década de 1970 dois casos assombrosos envolveram acusado que pertenciam à classe média alta. No primeiro a garotinha Ana Lídia, com sete anos de idade, foi estuprada, torturada e morta asfixiada. No dia 12 de setembro de 1973 seu corpo foi encontrado num terreno da UnB (Universidade de Brasília). No terreno havia marcas de pneus de moto e duas camisinhas, que poderiam levar a polícia até os culpados da atrocidade.  O corpo da vítima tinha marcas de queimaduras de cigarro e parte dos cabelos cortados.

 Um dos suspeitos era filho do então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, filhos de políticos e até de um futuro presidente da República. Os acusados do crime foram Álvaro Henrique Braga, que junto com a namorada Gilma Varela de Albuquerque, teria vendido Ana Lídia a traficantes e pessoas importantes da sociedade brasiliense. Os culpados nunca foram apontados.

                                                  Ministro da Justiça
 As investigações revelaram que a menina foi levada ao sítio do então vice-líder da Arena (atual PP) no senado Eurico Resende, em Sobradinho, periferia de Brasília. Testemunhas disseram que à noite que Braga e a namorada saíram e deixaram a garotinha com Alfredo Buzaid Júnior, Eduardo Ribeiro Resende (filho do senador e dono do sítio) e Raimundo Lacerda Duque, conhecido traficante de drogas do Distrito Federal.
Ana Lidia, com 7 anos, foi morta em 1973 por drogados em Brasília, a maioria filho de políticos


 Como o principal suspeito era filho do então ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, o caso virou polêmica. Pois havia também a suposta participação do futuro presidente da República, Fernando Collor de Mello, na época com 24 anos. Durante a campanha eleitoral de 1989 ele acabou acusado de participar do crime.

 A ditadura militar naquela época no País controlou as investigações. Digitais não foram procuradas no corpo da menina, as marcas dos pneus acabaram esquecidas. Também não houve análises comparativas do esperma encontrado nas camisinhas com a dos suspeitos. Até os familiares da vítima silenciaram, talvez ameaçados pelo próprio governo. Em 20 de maio de 1974, jornais, rádios e emissoras de televisão receberam ordem da Polícia Federal de noticiar qualquer fato relativo à morte de Ana Lídia. O dinheiro falou mais alto e o caso logo acabou esquecido, pois os pais dos acusados tinham amizade com membros do então governo militar.

 O segundo aconteceu na mesma época, em 18 de maio de 1973, na cidade de Vitória, Espírito Santo. A menina Aracelli, 9 anos incompletos, cabelos e olhos negros, foi sequestrada quando retornava da escola. Dias depois encontraram seu corpo num matagal, desfigurado por ácido e com marcas de extrema violência e abuso sexual. Os acusados (Paulo Helal e Dante Michelini) eram de famílias influentes política e economicamente.

Jamais foram condenados, mesmo com fortes evidências de que este não fora o primeiro crime da dupla. A menina era filha do eletricista Gabriel Crespo e da boliviana radicada no Brasil, Lola Sánchez. A menina teria levado um envelope com drogas (sua mãe era dependente química) para entregar a Jorge Michelini, tio de Dante. Na casa deles ela sofreu violência sexual e depois morta.

                                                  Família poderosa
 Aracelli teria ficado em cárcere privado por dois dias no porão e terração do Bar Franciscano, pertencente à família Michelini. O pai dos criminosos sabia de tudo que ocorria. Sob efeito de drogas, a dupla mordeu os seios, parte da barriga e vagina da vítima. Para dificultar a identificação, jogaram ácido no corpo e depois deixaram os restos mortais num terreno perto do Hospital Infantil.
Violentada sexualmente, o corpo de Aracelli foi queimado com ácido


 Dantinho era filho do latifundiário Dante Michelini, influente junto à Ditadura Militar, enquanto Paulo Helal era também de família poderosa. Eram conhecidos na cidade como usuários de drogas e gostavam de violentar garotas menores de idade. A mãe da vítima, Lola Sánchez teria usado a própria filha como “mula” para entrar drogas a Jorge Michelini. Ela seria contato na rota Brasil/Bolívia do tráfico de cocaína. Em 1981 desapareceu de Vitória, voltando a morar em seu país de origem.

 O curioso é que o caso Aracelli provocou a morte de 14 pessoas, desde possíveis testemunhas até interessados em desvendar o crime. O autor do livro Aracelli, Meu Amor, o jornalista José Louzeiro, enquanto investigava o homicídio sofreu atentado. Por influência das famílias dos acusados, o livro foi recolhido das bancas, sob argumento de preservar a identidade dos suspeitos. Três anos depois, a vítima foi sepultada.

 A morte da jovem Claudia Lessin Rodrigues, 21 anos, ocorrido em 1977 no Rio de Janeiro, mostra como o poder político e financeiro entra entram em campo para proteger criminosos filhos de famílias influentes. Os suspeitos foram o milionário suíço/brasileiro, Michel Frank, supostamente envolvido com tráfico de drogas e o cabeleireiro Georges Khour.

Claudia Lessin foi morta pelo milionário Michel Frank, que nunca foi julgado

 Claudia foi a uma festa na casa dos acusados, ali sofreu várias sevícias. A dupla pega o corpo e joga num barranco à margem da Avenida Niemeyer, para que o mar levasse embora o cadáver. Um detetive investiga o caso à revelia e descobre que a morte da vítima tem ligação com uma quadrilha de traficantes de drogas. O repórter que assina a matéria num jornal do Rio de Janeiro é ameaçado de perder o emprego, e o detetive afastado de suas funções. Frank fugiu para a Suíça, onde morreu assassinado a tiros em 1989, sem nunca ter sido julgado.

                                                 Segredo de Justiça
 Em 8 de julho de 1999, o empresário Henrique Luiz Varésio, então sócio-proprietário da UnG (Universidade Guarulhos) e do Internacional Shopping Guarulhos, é sequestrado e morto a tiros na cidade vizinha de Mairiporã (SP). A polícia consegue prender Sidney Braga Santana e Antônio Ferreira Filho, o Catatau, quando tentavam incendiar o carro onde estava o corpo da vítima.

 Três anos depois Santana e Filho foram condenados, respectivamente a 20 anos e 16 anos de cadeia em presídio de segurança máxima. O promotor Rogério Leão Zagallo determinou que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa reabrisse as investigações do assassinato de Varésio, que segundo ele, informações de uma testemunha o mandante do crime seria alguém ligado à vítima. Essa pessoa teria procurado Rogério Bacarini, um dos acusados do homicídio, contratar a quadrilha para executar o empresário.

 Outro denunciado foi Carlo Alberto Gonçalvez, o Carlinhos Coruja. Na manhã de 8 de julho de 1999, Varésio, com 52, acabou sequestrado pelos bandidos após sair de seu prédio em Guarulhos (SP). Morreu no mesmo dia, com tiros no rosto, peito e costas. O cadáver acabou encontrado seis dias depois, no meio de uma mata fechada na cidade Mairiporã, Grande SP.


 As investigações estiveram a cargo da delegada Elisabete Sato, na época no DHPP. Em 2002 foi trabalhar no 78º DP (Jardins). Ela e seus policiais tiveram várias dificuldades para apurar as informações, por causa da interferência dos advogados dos bandidos. Eles exigiram e conseguiram segredo de Justiça no processo. Mesmo assim, os policiais identificaram Bacarini, Gonçalvez, Ferreira, Santana, Marco Antônio Dallafina e Wilson Pimenta como envolvidos no homicídio e sequestro. Só Bacarini e o mandante continuam em liberdade. Se o caso não for totalmente solucionado até 2019, por causa do segredo de Justiça, o assassinato e sequestro prescrevem.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Black Blocks é sinônimo de bagunça



O Fusca com quatro ocupantes foi incendiado pelos desordeiros


Luís Alberto Caju

 Outra vez aconteceu a mesma bagunça no final de mais uma passeata de protesto contra os gastos feitos pelo Brasil para realizar a Copa do Mundo no País. Na saída da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio para entrar na Rua Maria Paula, região central, bando de mascarados começaram as depredações.
Caixas eletrônicos sendo destruídos por bandidos travestidos de manifestantes


 Um Fusca tentou “furar” o bloqueio e acabou incendiado, com quatro pessoas dentro, uma delas bebê. Não satisfeitos tentaram virar o carro da Guarda Civil Metropolitana. A partir destruíram vidraças de bancos, quebrando tudo que encontravam pela frente.

  No final da noite de sábado (25), a polícia prendeu mais de 130 suspeitos de participar da baderna. Para não deixarmos nosso regime democrático ir ao ralo, como deseja a extrema-direita, é importante aplicar todo o peso da Justiça sobre os envolvidos no quebra-quebra. Não é mais possível a cidade virar refém de uma minoria que desconhece o significado da palavra democracia.
Carro da Guarda Civil Metropolitana atacado pelos vândalos


 Concordo que as empreiteiras envolvidas na construção e reformas dos 12 estádios para sediar a Copa em junho foram fundo ao pote. É absurdo consumir quase R$ 9 bilhões nessas obras. Como nossa Justiça só funciona contra pobre, preto e prostituta, a sociedade organizada precisa encontrar outros mecanismos para punir todos os envolvidos.

 Assim como os bagunceiros dos Black Blocks destroem o patrimônio público, os empreiteiros levam o nosso dinheiro, pago por meio de impostos, para oferecer construções de péssima qualidade, como mostram os últimos acidentes fatais ocorridos na Arena São Paulo, no estádio do Corinthians e no Amazonas. Não podemos mais é concordar que um bando de bandidos saia quebrando nossa cidade, sem que nenhuma atitude enérgica seja tomada. Cadeia neles!


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Só a experiência traz maturidade

O peso da idade traz o acúmulo de experiência para evitar repetição de erros passados


Luís Alberto Caju

 Estudar nunca é demais, principalmente fazer pós-graduação, porque nos bancos escolares a sabedoria marca presença sempre. Além de representar sinal de reciclagem, em busca de novos horizontes, para obter maior conhecimento de uma área específica. Mas nenhuma faculdade, por mais famosa que seja, conseguirá superar a tradicional escola da vida. Ela oferece a experiência.

 É igual desilusão amorosa. Quem nunca passou por uma, nunca poderá dizer os efeitos do seu impacto no coração, da falta de apetite, de sono, de não apresentar disposição para fazer nada. Apenas manter na mente as imagens de alguém que durante determinado tempo marcou grande presença em nossa vida.

 Na adolescência, o final do namoro com aquela pessoal para qual abrimos nosso coração e mergulhamos de cabeça, apostando num final feliz, o fim do relacionamento abala a estrutura. Na cabeça fica a impressão do apocalipse. Nunca mais teremos outro ou outra tão marcante, para ocupar lugar privilegiado ao nosso lado.

 Após a cicatrização da ferida, a tristeza vai embora e logo conheceremos pessoas diferentes, nos apaixonaremos e tudo passa. Até os gestos e comportamentos sofrerão mudanças, por causa do trauma recém passado. Fica fácil de perceber sinais de que o namoro começa apresentar falhas ou não levará a lugar algum. Quem faz isto é a maturidade.

Em minha profissão, jornalismo, não adianta ser pós-graduado sem experiência, principalmente de vida. Geralmente os veículos de comunicação colocam o profissional que acabou de entrar no mercado de trabalho para escrever reportagens sobre assuntos gerais. Principalmente acompanhando os fatos policiais. Ali está o submundo da sociedade, o lixo empurrado para o depósito de impureza conhecido como sistema prisional.

 É do contato com essa escória que o jornalista aprende detectar rápido quando alguém mente (os criminosos fazem isto diariamente). Também ficam com os olhos abertos quanto à imagem. Nem sempre alguém bonito (a) é honesto, principalmente os estelionatários, famosos por falar bem, vestir roupas de grife e usar perfumes caros.

 Os pais nunca desejam que os filhos sofram, principalmente com as duras lições ensinadas pela vida. Mas é com esse aprendizado que a pessoa fica preparada para a longa caminhada aqui neste mundo. É igual fome, ninguém é capaz de se alimentar pela outra. Nem a mãe conseguirá fazer isto pelo bebê.

 É sob golpes duros desferidos pela vida que moldaremos nosso caráter. Seja na área profissional ou pessoal. Nas Forças Armadas, os rapazes aprendem rápido o significado da palavra hierarquia. Entendem que a disciplina é combustível essencial na sobrevivência.

 Um grande cirurgião médico só terá grande domínio na profissão após sentir o gosto amargo de inúmeros revezes no trabalho. Nunca existirá alguém que acerte tudo. É preciso errar e dele retirar subsídios que se transformarão em grandes acertos. Aliás, as grandes derrotas oferecem mais informações de como corrigir falhas, do que as vitórias.

 As pessoas precisam aprender que os grandes generais às vezes recuam, passando a falsa impressão de derrota, para avançar pouco tempo depois e ganhar. Nunca devemos considerar ruins os momentos de lutas, onde sofremos decepções e ficamos tristes, pensando que tudo acabou. Naqueles instantes, Deus nos proporciona a rica oportunidade de enchermos nosso espírito de maturidade. No futuro, ela decidirá até o destino da vida de alguém.

 Portanto, não tenha medo de errar. Procure tirar lições das vezes que fez algo e saiu fora do foco. Desenvolva autocrítica visando encontrar quais foram os detalhes responsáveis para aquela ação terminar de forma negativa. Igual num relacionamento matrimonial. Jamais repita no segundo casamento, o erro cometido no primeiro. Isto é falta de maturidade, de alguém que ainda não aprendeu com as próprias falhas. A experiência nos ensina a todo instante. Basta que fiquemos atentos.


Consumidor é incentivado ao supérfluo


A essência do supérfluo é fazer o consumidor gastar cada vez mais com algo desnecessário

Luís Alberto Caju

 Na época de final de ano, o consumidor é bombardeado a comprar produtos supérfluos. Mesmo quando não existe necessidade para adquirir determinado objeto. O televisor que ainda continua funcionando bem passa a parecer velho diante do novo modelo, repleto de dispositivos que na maioria das vezes não serão utilizados, como ocorre nos telefones celulares.

 A geladeira, de bom estado e conservando bem os alimentos há vários anos, vai perder espaço para o aparelho apresentado pela propaganda. O guarda-roupa ganhará ares de peça de museu virando candidato ao lixo, para ceder lugar ao outro que, apareceu no anúncio publicitário e ocupará o espaço naquele quarto.
 O forno micro-ondas, mesmo cumprindo as funções perfeitamente, dificilmente resistirá aos ataques desferidos pela televisão, internet, rádio ou páginas de jornal cheias de cadernos trazendo as últimas novidades para o próximo ano.

                                                  Modelo antigo
 Nem computadores escapam da guerra comandada pelo supérfluo. Os lançamentos incorporarão dispositivos que facilitarão a navegação na internet, o aumento da capacidade para armazenar arquivos de fotos, vídeos e textos. O modelo antigo acaba ganhando inúmeros defeitos para abrir caminho ao ocupante do cargo ocupado por ele naquela casa.

 O supérfluo ataca em todos os setores. As mulheres serão alvejadas no item calçado. O design e a textura do material, aliado a cores da estação, vão impactar a mente de esposas e filhas. Logo a sapateira será esvaziada e diversos pares ocuparão espaço. Alguns poucas vezes estarão nos pés. O que vale é atender aos desejos do mercado.

 Nesta mesma trilha entram as roupas. Elas precisam estar em sintonia com determinada estação. É caretice não renovar o guarda-roupa todo ano, mostrando falta de dinheiro ou sintonia com o mundo. No caso de adolescentes, ausência de novas peças de roupas pode passar a imagem de alguém pobre ou relaxado, sem conexão com o mundo.

                                                   Forte de opinião
 O homem é acertado com forte direto no estômago para trocar o modelo do carro, mesmo que ele ainda esteja em boas condições uso. Para o mercado não é bom alguém ficar com um automóvel mais de cinco anos. As montadoras, semelhantes aos cabeleireiros, sempre está mudando o visual do veículo, principalmente nas lanternas e faróis, assim como na grade da frente.

  Caso a pessoa não seja forte de opinião, todo final de ano cairá na armadilha proposta pelo comércio de trocar algo bom por outro novo. O enfoque não recai sobre o essencial, mas visa o supérfluo, que não precisa ser comprado. Nessa corrida maluca, o endividamento aumenta, porque nem sempre aquela mercadoria mantém a eficiência da antiga. Visto que entramos na era do descartável. De produtos que durem pouco ou apresente defeitos rapidamente, para acelerar sua troca.


 Numa sociedade amplamente consumista, onde as pessoas são avaliadas pelos objetos que têm dentro de casa, o automóvel que coloca na garagem e roupas que usa; fica difícil resistir ao assédio do supérfluo. Quem não tiver forte estrutura emocional, acabará caindo neste jogo para aumentar os lucros da indústria, na maioria das vezes oferecendo produtos de qualidade duvidosa.

Brasil: o país do apartheid silencioso

Jovens negros são sempre "suspeitos" em estabelecimentos comerciais


Luís Alberto Caju

 Todo governante brasileiro gosta de dizer nos discursos que existe igualdade neste país, principalmente em termos judiciais. Mas quando começamos a observar atentamente percebemos que na realidade temos um regime de apartação (do latim partire, significando dividir em partes, servindo de base no idioma africâner para se transformar na palavra apartheid na África do Sul).

 Apartação consiste em separar as pessoas por classe, como o odioso governo sul-africano fez durante décadas e contra o qual lutou muitos anos, inclusive na prisão, o líder pacifista Nelson Mandela. Poucos percebem a sutileza utilizada na apartação. O governo classifica a população, segundo ele por métodos econômicos, com base na remuneração salarial. Caso ganhe x salários mínimos é população de baixa renda, depois classe média baixa, classe média média, classe média alta até chegar ao topo da elite.

 O censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) elabora os questionários de pesquisa com base na apartação. Se o entrevistado tem determinado número de eletrodomésticos (geladeira, televisores, computadores, máquinas secadora e de lavar roupas), quantidade veículos, de banheiros no imóvel e total de cômodos, logo receberá uma classificação, acompanhado do nível de escolaridade.

 Por meio desse mecanismo o cidadão é separado do restante da população, “ganhando” o rótulo de classe média ou população de baixa renda. Para o leitor compreender melhor essa temática sugiro a compra do livro “O que é apartação – o apartheid social brasileiro”, publicado em 1993 pela editora Brasiliense, na série coleção Primeiro Passos.

 Esse conceito está em desenvolvimento no Brasil provocando a separação entre grupos sociais. Onde o valor do salário inclui ou exclui alguém de um determinado seguimento, não importando sua cor, sexo ou escolaridade. Em São Paulo há uma associação composta de pessoas de grande poder aquisitivo. Para entrar nesse clube, que funciona na riquíssima região dos Jardins, Zona Sul paulistana, não basta ter muito dinheiro no presente. É preciso que os antepassados (pais, avós e bisavós) já fossem milionários.

                                                  Sangue da tradição
 Privilegiam apenas futuros associados, cuja riqueza está presente na família há diversas décadas e tenham o sangue da tradição. Deixam bem claro, por meio dessas regras, que novos ricos ainda, segundo eles, mantém a pobreza na árvore genética. Por meio desse recurso vão procurar deixar de fora os pretendentes que desde o começo do século passado estavam fora do círculo da elite endinheirada. Seguindo esse raciocínio, o craque Neymar, parceiro de Messi no Barcelona, nunca será sócio dessa entidade, mesmo que ganhe milhões de dólares por ano. Porque seus antepassados eram pobres.

 O fenômeno da apartação marca presença na Justiça, onde a Constituição informa que todos são iguais perante a Lei, quando na realidade uma minoria é mais igual que os outros. Mesmo cometendo graves crimes, nunca sofrem qualquer tipo de condenação. Os políticos têm direito assegurado de foro privilegiado, enquanto o cidadão comum, caso furte um frasco de xampu num estabelecimento comercial, sofre todo o rigor dessa mesma Lei, o jogando no presídio.

 É como se inúmeras pessoas estivessem dentro do estádio de futebol para participar do almoço coletivo. Porém o acesso ao local é estipulado por determinadas regras: não entram descalços, esfarrapados, cidadãos sem tomar banho, menores de idade, bêbados ou alguém que esteja sob efeito de qualquer tipo de drogas, mulheres trajando roupas muito curtas etc. Neste evento todos podem ir, desde que obedeçam às regras impostas pelo promotor deste gigantesco almoço.

 Mesmo exemplo é aplicado à seleção para contratação de funcionários por uma empresa. O número de vagas será preenchido desde que os candidatos tenham determinado nível de escolaridade, falem dois idiomas, sejam pós-graduados, tenham até tantos anos de idade e dominem a ferramenta tal que mostra a experiência naquela função. Essas regras dizem claramente que candidatos fora do perfil serão ignorados. Neste caso, a opção é da empresa visando encontrar o melhor trabalhador para contratá-lo.

 Quando se trata de uma nação, o problema é mais sério, pois o governo utiliza esses mecanismos para não atender parcelas da população, que se encontram na esfera mais baixa da economia. Sem resolver a questão, centra fogo nos de quesitos elevados. Exemplo disso ocorre na divisão do policiamento.
                                                  Iguais perante a Lei
 Os bairros onde residem grandes empresários, artistas, atletas e políticos são bem atendidos pelas forças policiais a qualquer hora do dia. Nessas regiões alguém dentro de um carro popular, estacionado durante a noite numa rua ou avenida, logo é abordado e precisa justificar, por meio de documentos, que não é criminoso. Na periferia, essa tática é pouco utilizada.

 Este detalhe revela que nem todos são iguais perante a Lei; visto que o rico é privilegiado em detrimento do pobre. Os serviços públicos nos bairros ocupados pela elite funcionam perfeitamente, inclusive com suas ruas e avenidas dotadas de bom revestimento asfáltico, ao passo que nas regiões onde prolifera população de baixa renda ou pobres, os buracos são comuns, por causa do uso do asfalto de péssima qualidade.

 A apartação é aplicada, também, no transporte coletivo. As empresas utilizam veículos em bom estado de conservação nos locais onde é grande a presença de pessoas com elevada remuneração, mesmo que elas nunca usem esse tipo de transporte. Até motoristas e cobradores são de perfis adequados para essa região. A maioria dos ônibus tem motores na parte traseira, reduzindo sensivelmente o barulho no seu interior.

 Já na periferia, onde é grande a concentração de brasileiros que ganham baixos salários, e muitos não dispõem de condições financeiras para comprar um automóvel, mesmo a prazo, os ônibus apresentam péssimas condições de conservação, os motores ficam ao lado do motorista, colaborando para um ambiente barulhento, além de a empresa colocar nestes locais funcionários de “pavio curto”, que tratam os passageiros de forma brusca.


 Este detalhe deixa bem claro que perante o governo, a população não recebe tratamento igual. O dinheiro e a posição política são os grandes divisores de água, reforçando a tese que o apartheid silencioso está implantado há muito tempo no Brasil. Seus tentáculos atingem vários setores da nação, revelando que a minoria continua detendo o melhor produzido no País, deixando as migalhas para os sem dinheiro e influência política e social. Até no cemitério o rico não é igual ao pobre, pois ele é sepultado em locais ajardinados e bem cuidado. Enquanto na periferia, são comuns nestes locais de descanso eterno, túmulos depredados e sepulturas cobertas de ervas daninhas.