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A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Lobos em peles de cordeiros em rádios evangélicas

Alguns pregadores, parecidos com lobos, usam Jesus Cristo para arrancar dinheiro dos desesperados

Luís Alberto Alves

“..Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos. Vejam que eu os avisei antecipadamente”. Mateus, capítulo 24, versículo 24. Como jornalista sou curioso, ando a procura sempre de fatos que possam se transformar em notícia de interesse público.

 Há cerca de dois anos passei acompanhar a programação de rádios evangélicas e algo me chamou a atenção: apresentadores em horários comprados, levando ao ar pregações visando apenas o dinheiro. Durante toda a semana o tema é repetido. Alguns usam o Espírito Santo para dizer que determinado número de fiéis vão depositar quantias elevadas nas contas correntes fornecidas no ar.

 Na rádio Musical FM, 105,70, a grade é repleta deste tipo de programa. Logo no início da manhã, o casal William e Márcia Andrade, apóstolos da igreja Aliança Eterna, por volta da 6h, inicia falando dos milagres que Jesus Cristo pode fazer. Pegam algum trecho da Bíblia e exploram bem a palavra. Mas no final entra em campo os inúmeros pedidos de dinheiro, por meio da frase: “apressa-te”. Escolhem o número de um salmo, no caso o 70, e sugerem que os ouvintes depositem R$ 70,00 nas contas daquela igreja evangélica. O curioso é que no  outro dia, repetem a dose, sob argumento de que é para pagar as despesas com a rádio.

 Mas às 7h entra no ar o missionário Ezequiel Pires, da Igreja Catedral da Benção, outro exímio na arte de arrancar dinheiro de pessoas aflitas, principalmente quem está com familiar doente ou num casamento à beira da destruição. Toda sua pregação gira em torno de dinheiro. Escolhe um trecho de capítulo da Bíblia e em cima daquele tema desce a lábia, dizendo que Deus se agrada de quem oferta dinheiro sem remorso. Para sensibilizar coloca no ar depoimentos de fieis que foram abençoados por que depositaram determinada quantia na conta corrente daquela igreja.

 Às 18h tem o apóstolo Rodrigo Salgado, da igreja Evangelho Pleno em Cristo. Ele pede dinheiro aos fieis usando um carnê, denominado Valentes de Davi. Ali a pessoa paga determinada quantia em troca do milagre que receberá de Jesus Cristo. Ao ouvir atentamente suas pregações, fica a impressão de que Deus só cura, liberta ou salva somente quem tenha nas mãos este carnê. Só orações, na visão do apóstolo Rodrigo Salgado, não sensibilizam Cristo. Ao fazer apresentação dramática, carregando no tom da voz, o fiel desesperado não consegue enxergar luz no final do túnel.

 No período da noite, após as 20h entra no ar outro programa, onde o pastor César, que aos prantos pede dinheiro. Alega sempre que ele sairá do ar, caso ninguém lhe atenda. É algo patético. Pouco se fala da obra de Jesus Cristo, apenas centra fogo em arrancar dinheiro dos desesperados. Parece que sua denominação, Fortaleza da Fé, seja mais parecida com muro, pois pelo seu desespero ela viva com a faca dos credores no pescoço.

 Não precisa ser professor de teologia para detectar charlatanismo na maioria desses programas, pois usam o nome de Deus visando apenas tirar dinheiro dos aflitos. Dizem que várias pessoas foram curadas, após visitarem a conta corrente de suas igrejas. Ou seja, na visão deles, Deus só cura ou socorre alguém, quando o dinheiro para nas mãos desses lobos em pele de cordeiro.

 Mas a programação da Musical FM, 105/70, tem bons pregadores que passam corretamente os ensinamentos deixados por Jesus Cristo. É o caso do Palavra de Vida, da Assembleia de Deus, do Brás, dirigido pelo pastor Samuel Ferreira, das 8h às 11h. Depois entra o programa da igreja O Brasil para Cristo, conduzido pelo pastor Paulo Lutero de Melo. As domingos, à tarde, tem outro programa da Igreja da Trindade, do pastor Paulo Romeiro. Os três exploram profundamente a Palavra do Senhor, deixando de lado a maligna Teologia da Prosperidade, preocupada apenas em arrancar dinheiro de miseráveis, como se Deus fosse banqueiro.


Final de ano vira motivo para explodir fome de consumo


Consumo desenfreado é igual dependência química
Luís Alberto Alves

 Em todo ano, nesta época, o consumo explode. Shoppings e lojas de ruas ficam repletos de clientes em busca de presentes. Usam o dinheiro do 13º Salário para saciar a fome na compra de roupas, calçados, eletrodomésticos, produtos eletrônicos, móveis e muita comida, nos hipermercados.

 É como se estivessem dominados por grande força. Poucos conseguem raciocinar que no mês de janeiro o salário volta a ficar menor, além de arcar com pagamento de IPVA, IPTU, matrículas de filhos na escola ou faculdade, renovação de contrato de aluguel, e as prestações contraídas no final do ano anterior.

 Mas não adianta economista aconselhar. A multidão corre às lojas como se o mundo estivesse próximo do fim. O objetivo é encher as mãos de pacotes e porta malas do carro de presentes. O televisor de 40 polegadas de tela, mesmo funcionamento bem, perderá o lugar para outro, mais moderno. A geladeira terá igual destino. Até roupas, ainda em bom estado, irão sentir o gosto amargo do lixo.
 Neste período é trabalho de Hércules fazer compras em qualquer shopping Center de São Paulo ou outra cidade de grande porte. O estacionamento permanece cheio o dia todo. Os corredores repletos de consumidores alucinados. Poucos conseguem pechinchar com os vendedores. O negócio é estourar o saldo bancário.

 Os hipermercados após 10 de dezembro lembram formigueiros. Carrinhos viram peças raras, principalmente os grandes. As filas no açougue, peixaria e onde são comercializados frangos e perus, aumentam de tamanho. Os calos nos pés são esquecidos. A regra é comprar muito. Não se pode voltar para casa de mãos vazias. O dinheiro precisa sair da conta corrente.


 Esta fome de consumo aumenta todo ano. Os adolescentes tiram o sossego dos pais em busca dos eletroeletrônicos de última geração. Nesta fase da pirraça batem os pés nos chãos e exigem presentes caros. Mães e pais de pulsos moles cedem e o cartão de crédito e cheque especial explodem, tirando o sono de ambos. A falta de sabedoria ajuda muitos a cair no buraco da inadimplência, do qual se leva vários meses ou até anos para sair.

Quem são os criminosos acusados de estupros e discriminações na USP


Por causa do nível social elevado, alunos da USP parecem ficar acima da lei nos casos de estupros e discriminações


Luís Alberto Alves

 As denúncias de estupros e diversas discriminações que ocorrem na USP (Universidade de São Paulo), durante festas realizadas por alunos da faculdade de medicina revelam o quanto é podre a classe estudantil de uma das instituições de ensino mais conhecidas no Brasil e responsável pela formação de inúmeros profissionais famosos no século passado.

 O recurso implantado pelo reitor da USP foi, temporariamente, interromper o consumo de bebidas alcoólicas enquanto o problema não se encontra solução para o problema. O mais espantoso nesta história é que se fosse numa escola estadual, do Ensino Fundamental ou Médio, principalmente na periferia, os suspeitos já estariam atrás das grades.

 Mas quando os acusados são alunos, filhos da elite, o foco muda. Aliás, a USP é famosa por ser gratuita e cheia de estudantes da classe média alta. É muito baixo o número de pobres no curso de medicina. Primeiro porque as aulas são em horário integral e livros caros. Os ricos têm o dinheiro da família para os seis anos de aulas e mais dois de residência, conquistada pelo famoso “QI”. Desfavorecidos precisam trabalhar, às vezes para ajudar no sustento da família.

 Neste caso os envolvidos tratam-se de filhinhos de papai, acostumados acometer, com raras exceções, violência sexual contra empregadas domésticas, principalmente babás e cozinheiras, que geralmente dormem no emprego. Acostumados à impunidade, repetem a mesma postura violenta pelo campus da USP. Sabem que o dinheiro e influência da família ajudam a livrá-los da cadeia. No Brasil, infelizmente só miserável sente o frio das celas dos presídios.

 Por baixo do argumento de que é uma universidade, a polícia não pode pisar fundo no acelerador em rigorosa investigação para descobrir e prender os envolvidos por esses crimes. É como se a USP fosse um Estado à parte, onde tudo de ruim é permitido, inclusive estuprar e discriminar.

 Este tipo de postura é perigoso. Passa a impressão da permissividade. Após a conclusão do curso de medicina, esse médico continuará acreditando que está acima do bem e do mal. Com exceções, serão os profissionais de péssima reputação nos hospitais, onde ficará famoso pelo péssimo atendimento à população. Outros irão usar o bisturi para cortar órgãos sadios e vão virar personagens nas páginas de jornais e programas jornalísticos das emissoras de televisão.


 Cabe às autoridades punir rigorosamente os culpados por qualquer tipo de crime que esteja ocorrendo pelas ruas e festas rotineiras na USP. Uma universidade de tal porte não pode continuar refém de péssimos alunos e pessoas com sérios níveis de desvios de conduta. Frutas podres nunca devem ficar junto das boas. Não basta apenas proibir o álcool, é preciso repreender pesadamente criminosos que se escondem embaixo do adjetivo “aluno de medicina da USP”. A sociedade e os futuros pacientes agradecem.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

E o avião da TAM não caiu na Paulista


O Airbus A319 não caiu na Avenida Paulista, como estava previsto pelo vidente Jucelino Nóbrega da Luz



Luís Alberto Alves

  A previsão do vidente Jucelino Nóbrega da Luz deixou muitas pessoas de cabelos em pé, principalmente quem trabalha ou residem na Avenida Paulista, próximo à Alameda Campinas. Ele garantiu que na quarta-feira (26), o voo JJ4732, da TAM, sairia do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e terminaria tragicamente batendo num edifício daquela região da cidade.

 Às 8h45, o Airbus A319 decolou em direção a Brasília, mas por causa de muito nevoeiro, foi obrigado a sobrevoar a Avenida Luís Carlos Berrini, Zona Sul, a muitos quilômetros da Paulista. Pouco tempo depois chegou ao Distrito Federal, sem nenhum problema técnico.

 Infelizmente, apesar do avanço da tecnologia, diversas pessoas são reféns de superstições. Principalmente nesta época do ano, quando os programas televisivos, principalmente os dominicais, recheiam a pauta com “magos” do apocalipse, trazendo as velhas e manjadas previsões.

 Dizem que no próximo ano um casal de artista famoso vai terminar o casamento em divórcio. Isso acontece normalmente, principalmente com quem trabalha em cinema ou televisão, até para atrair visibilidade. Falam que o governo enfrentará crise. Mas quando que problemas ficaram de fora dos gabinetes de Brasília?

 Infelizmente eles fazem previsões do óbvio. É o mesmo de afirmar que o parente internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tem grande chance de morrer. Alguns desses videntes brincam com inteligência alheia, a ponto de revelar que o Corinthians mergulhará numa crise, mas conseguirá dar a volta por cima. Mas quando que o alvinegro do Parque São Jorge não enfrentou problemas?

 Não vejo nenhum desses magos fajutos preverem com exatidão que a Ponte Preta, de Campinas, time de futebol de 114 anos, vai ganhar um grande título, como o Campeonato Paulista ou Brasileirão, inclusive descrevendo quem marcará os gols, e o tempo de jogo em que as redes balançaram.

 O mesmo se aplica a respeito da descoberta de medicamento da cura do Câncer ou Aids, fornecendo nomes corretos dos médicos envolvidos neste trabalho. Sem medo de errar, esses videntes, em minha opinião, não passam de charlatões.


 Desafio qualquer um deles a adivinhar como eu estava emocionalmente quando escrevi esta crônica. Precisa também descrever a roupa que estava vestido, em qual local da casa, qual equipamento utilizei, a marca dele, quantos minutos levei para criar o texto, quanto existia de dinheiro em minha conta corrente e quais projetos freqüentam minha mente regularmente. Para deixar o negócio mais apimentado, qual frase minha mãe me disse, por meio de um bilhete, quando fiz 36 anos de idade. 

Existe menoridade para matar?





Adolescentes infratores exploram brechas existentes no ECA para cometerem crimes

Luís Alberto Alves

 Desde a promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que o debate em torno do menor infrator pega fogo no Brasil. Ao contrário de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Reino Unido, por exemplo, onde menoridade não significa impunidade, as autoridades brasileiras interpretam atos criminosos cometidos até os 18 anos como infrações leves, com no máximo até três anos de detenção, que recebe o nome de medida corretiva.

 Mas nossos adolescentes, que estão no mundo do crime, aprenderam a tirar proveito do ECA. Matam, estupram ou assaltam conscientes de que passarão pouco tempo internados, como punição. Na década de 1990, um menor infrator conhecido no mundo do crime pelo codinome Batoré, tirou a vida de 18 pessoas. Ficou apenas três anos detido na então Febem, hoje Fundação Casa. Se fosse adulto teria amargado mais de 30 anos de reclusão.

Não defendo maus tratos contra crianças e adolescentes. Mas é errado confundir bandidos mirins com quem é vítima de violência doméstica, sem condições de se defender, por causa da menoridade e fragilidade. O avanço da tecnologia faz com que os nossos jovens de hoje estejam antenados sobre o que ocorre no mundo. É diferente da mesma geração da década de 1950, ainda inocentes em práticas rotineiras atualmente.

 Naquela época eram raros os casos de filhos menores de idade enfrentando os pais ou mesmo cometendo deslizes, agora considerados normais, como usar drogas dentro de casa. Rebeldia significava ir ao baile sem avisar ninguém em casa ou mesmo copiar os passos de dança do nascente Rock And Roll na voz do ajudante de caminhoneiro Elvis Presley. Uma menina de 15 anos grávida era caso raro.

 Agora tudo mudou. Nem a própria polícia pode falar alto quando prende adolescentes criminosos. Aliás, o ECA exige que eles sejam chamados de menores infratores. Em Goiás, recentemente, numa blitz a polícia encontrou um adolescente que havia filmado com o celular a morte de outro garoto. No registro macabro o assassino, menor de idade, sorria com o desespero da vítima e brincando disparou vários tiros até consumar aquela morte. Com a diferença dele com os criminosos maiores de idade?




Criminosos sorriem das autoridades e continuam queimando ônibus em SP


O ônibus foi queimado a poucos metros do Deic, em Santana, Zona Norte de SP


Luís Alberto Alves

 Em São Paulo os bandidos perderam o medo da polícia. A cada criminoso morto em tiroteio, ônibus são queimados. Um deles virou cinzas a poucos metros do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), considerado no passado templo da tortura, onde deitava e rolava o delegado carniceiro Sérgio Paranhos Fleury.

  Outro coletivo foi incendiado num terminal da Zona Leste de SP. A regra é bem clara: a perda de assaltante ou homicida em confrontos com policiais resulta em prejuízo de mais de R$ 600 mil aos empresários de transporte público, visto que este tipo de veículo não tem seguro, como é comum com automóveis.

 Na outra ponta da linha sofre o efeito colateral a população. Perde mais um ônibus da frota e precisa ficar mais tempo nos terminais ou pontos. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), neste tipo de situação, aparece na televisão dizendo que tudo está sob controle, tentando acalmar o paulistano. Tudo balela.

 Infelizmente o crime organizado avançou no Estado de SP. Mesmo em presídios de segurança máxima, a cúpula dos bandidos continua mandando, inclusive decretando pena de morte para quem saiu fora da linha ou tentou ficar com parte maior do dinheiro arrecadado na venda de drogas, assaltos, propina paga por motoristas das cooperativas de micro-ônibus, exploração de jogos de azar e casas de prostituição.


 Até quando vai persistir essa situação ninguém sabe. Porém de algo a maioria das pessoas tem certeza: em vez de melhorar, a tendência é piorar, deixando milhões de paulistanos reféns do medo e da incompetência de nossas autoridades que deixaram o crime organizado de minhoca virar dragão. 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Quando o peso da solidão vira pedra no sapato




A solidão pode atacar qualquer pessoa
Luís Alberto Alves

 A solidão tem algumas particularidades: às vezes se desfruta do poder, e por causa da intensidade dele, o isolamento ocorre. Poucos têm a sensibilidade de chegar próximo e compartilhar informações. É preferível ficar distante para não pegar faíscas de algo que possa sair errado.

 Boa parte da classe artística sofre deste mal. Após sair dos holofotes vão para casas ou apartamentos luxuosos e afogam a solidão em doses de bebidas ou drogas. A fama os impede de andar como pessoas comuns nas ruas, parques ou mesmo shoppings. A privacidade acabou perdida.

 Os atores são cobrados pelos fãs de continuar representando na vida real o papel desempenhado nas novelas ou filmes. Poucos conseguem compreender que aquele trabalho é ficção, tudo de mentirinha. Se eles interpretam vilões, correm o risco de sofrer agressões ou mesmo xingamentos.

 Tim Maia no auge da fama, na década de 1970, quando lotava qualquer casa de espetáculo, recorria às garotas de programas para dormir ao seu lado. Na maioria das vezes nem tinha relação sexual. O velho síndico desejava apenas companhia, para alguém compreender o terrível gênio que lhe acompanhava, responsável por inúmeras inimizades.

 Marylin Monroe, mulher superdesejada na década de 1950, recorria aos calmantes. Sua beleza não permitia que os homens ficassem perto dela. Pelo contrário, muitos sentiam medo da loura fatal. É a solidão mais terrível. Gozar de fama, ter dinheiro e desfrutar de admiração do público, mas não poder desfrutar da liberdade de sair e andar pelas ruas ou até mesmo se apaixonar por alguém comum.

 Quando o dinheiro coloca a pessoa no time dos milionários ou bilionários, outro problema surge: como distinguir amizade sincera de interesse? Seja homem ou mulher, os aproveitadores aparecerão visando tirar um pouco do brilho daquela fortuna.  Mesmo terminando em casamento, o escritório de advocacia estará por de trás, escrevendo minucioso contrato, para evitar más surpresas.


 A pior das solidões é estar entre a multidão e ninguém lhe dar a mínima. Voltar para casa, dormir e acordar sozinho. O telefone não tocar. A campainha não emitir sinal de vida em nenhum momento. Chegar as festas de final de ano e tudo passar em brancas nuvens. Até quando chega o dia do enterro. Na sala do velório, o caixão marca presença sozinho. No cortejo rumo ao túmulo, apenas os funcionários do cemitério fazem companhia. É a solidão é terrível em todos os sentidos, até na hora da morte!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Vai até onde a operação lava míssil?




O míssil está atingindo vários tubarões das empreiteiras

Luís Alberto Alves

 Pelo tanto de sujeira jorrando a todo o momento, não sei até onde vai a operação lava míssil, por causa da grande quantidade de envolvidos neste mar de corrupção. As empreiteiras apostavam que a bomba ficaria somente no colo do doleiro Alberto Youssef, acusado de lavar R$ 10 bilhões provenientes de propina envolvendo obras superfaturadas.

 Mas com as últimas prisões realizadas pela Polícia Federal, colocando atrás das grades peixes graúdos deste ramo da construção civil, o caldo começou esquentar. Não é segredo para ninguém do grande volume de dinheiro despejado por este segmento empresarial na época de eleições. Eles bancam diversos candidatos, inclusive os que disputam cargos de prefeitos, governadores e presidente da República.

 Como não é possível investir alto sem visar retorno, fica bem claro o objetivo: “Quando você estiver no comando, não me esqueça nas licitações”. Essa máxima é levada à risca. É só olhar os contratos envolvendo grandes obras, principalmente usinas hidrelétricas. Em todas estão presentes empreiteiras de renome.

  Desde a época da Ditadura Militar existe o dedo deste pessoal, que com o argumento de geração de empregos, insistem na construção de obras faraônicas. Veio a democracia e o mesmo esquema persistiu. Rios de dinheiro jorrando nas campanhas políticas, com os olhos nas licitações viciadas, onde milhões e até bilhões fazem parte das fatias do bolo.

  A Petrobras é um gigante gerador de obra para construção civil. Principalmente por causa do pré-sal. Só ingênuo para acreditar em inexistência de esquema de propina nas licitações desta mega empresa. O grande problema é que as denúncias começam atingir tubarões. As estruturas de sustentação da maioria dos parlamentares correm risco de cair.

 Espero que a Polícia Federal não sofra retaliação por realizar o trabalho que toda instituição deste segmento faz nos países desenvolvidos. Não existe corrupto sem corruptor. Até hoje era quem recebia a propina o culpado pelo crime. As mãos sujas responsáveis pela transferência deste dinheiro acabavam escapando. Agora o processo se inverteu.


 Com a prisão de diversos executivos, alguns deles linha de frente dentro das empreiteiras, a chapa vai ficar mais quente. As denúncias e provas apresentadas pela Polícia Federal são difíceis de irem parar na lata do lixo, como ocorria em outras gestões, principalmente de FHC. A delação premiada vai dar o nome de muito boi gordo neste esquema de corrupção. Que a Justiça prevaleça para o bem da nossa democracia. Lugar de bandido, principalmente de colarinho branco, é na cadeia.

sábado, 15 de novembro de 2014

Pela primeira vez vice-presidentes de empreiteiras são presos no Brasil




Parte dos executivos suspeitos de corrupção presos pela Polícia Federal


Luís Alberto Alves

 Mais uma vez o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, de Curitiba (PR), deu mostra de que o Brasil está mudando na esfera judicial. Ele decretou a prisão de diversos executivos das principais empreiteiras, que durante décadas mandaram politicamente no País, por meio de propinas pagas a políticos e até através de dinheiro usado para eleger governantes em troca de favorecimento nas bilionárias licitações de obras públicas.

 Cientes do poder de intimidação, as grandes construtoras apostaram que as denúncias feitas pelo doleiro Alberto Youssef seriam ignoradas pela Justiça, como ocorria num passado não tão distante. O tiro saiu pela culatra. O juiz Moro percebeu a necessidade de mandar prender vários executivos, porque apresentaram documentos falsos perante juízo visando justificar a transferência de dinheiro às empresas controladas por Youssef.

 Pior, diretores de várias das empreiteiras tentaram cooptar, por meio financeiro ou ameaça velada uma das testemunhas do processo. Na sexta-feira (14), a Polícia Federal decretou a prisão do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque e 19 prisões temporárias de executivos e nove deles obrigados a comparecer perante a Justiça, por suspeita de envolvimento no esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões.

 Como a sujeira é muito grande, foi decretado bloqueio de aproximadamente R$ 720 milhões em bens pertencentes a 36 investigados. Três empresas de um dos operadores do esquema tiveram contas bloqueadas. Segundo a PF, os contratos dos sete grupos investigados são estimados em R$ 59 bilhões com a Petrobras. As empreiteiras repassavam propina a agentes públicos para conseguir contratos na petroleira.

 Quando vejo o vice-presidente da Camargo Correa, Eduardo Hermelino Leite, o Leitoso; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, vice-presidente da OAS, e Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Junior, sendo presos, percebo que algo começa a mudar no Brasil. Espero que não seja apenas fogo de palha ou ações para inglês ver. Afinal de contas não existe corrupto sem corruptores.



Humildade é comer caviar e arrotar ovo




Porção de caviar custar US$ 1.580,00 (R$ 3.060,00)


Luís Alberto Alves

 Existe experiência mais bacana do que almoçar ou jantar com alguém ocupante de alto cargo público e de excelente condição financeira, sem a perda da humildade? Que lhe convida para visitar sua residência, imensa e luxuosa, e em nenhum momento lhe desprezar, fazendo pouco caso do pouco dinheiro existente na tua conta ccorrente?

 Mas nem sempre existem pessoas deste porte nesta sociedade consumista, onde o dinheiro impera definindo a sorte dos menos desfavorecidos. A regra é pisar, humilhar e desprezar os de pouco dinheiro. Esfregar no rosto deles a alta posição social e econômica. Os tratar com dureza.

  Grandes carreiras de sucesso no mercado são definidas por postura deste tipo. Quando o profissional não tira proveito do saber que domina e até da sua importância perante a sociedade. Age de forma natural. É consciente de que neste mundo tudo é passageiro e rápido. Hoje por cima, amanhã por baixo.

 Porém a sede de poder, mesmo numa empresa ou em qualquer outra organização da sociedade civil organizada, leva as pessoas a agirem ditatorialmente, pisando no próximo. Esfrega no rosto do infeliz que ele deve continuar comendo poeira e sofrer até o final dos seus dias.

 Nesta hora é bom meditar no livro de Eclesiastes, escrito pelo sábio e bilionário Salomão, integrante do Velho Testamento, na Bíblia, onde afirma que “melhor é o fim das coisas do que o começo”. Às vezes alguém inicia a corrida da vida por baixo e chega aos primeiros lugares quando parte deste mundo. O contrário ocorre também.

 A humildade precisa estar sempre na ordem do dia de nossas vidas. Ela pode fechar ou abrir portas ou deixar nossa conta corrente no verde ou vermelho. Infelizmente nossos jovens são educados, a maioria, para desfrutar eternamente do dia bom, quando Deus disse que o dia mau iria vir para pessoas boas ou más. É melhor continuar arrotando ovo, quando desfrutamos de grande porção de caviar.



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Juiz não é igual aos outros brasileiros?




Poder Judiciário se julga acima do bem e do mal


Luís Alberto Alves

 Imagine você andar com um carro sem documentação e placas e ainda por cima sem a carteira de habilitação. Numa blitz você terá o veículo apreendido, além de pagar pesada multa. Mas quando o cidadão é juiz, acaba ficando acima do bem e do mal. A agente de trânsito Luciana Silva Tamburini sofreu na pele o dissabor de acabar processada ao chamar o juiz João Carlos de Souza Correa, parado numa blitz por estar em situação irregular, perante as leis do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).

  Usando da famosa carteirada tentou prender Luciana por desacato, quando ela lhe disse que o fato de ser juiz não o colocava no patamar dos intocáveis. Ou seja, não era Deus. Aliás, Deus, caso fosse motorista nesta Terra, jamais iria desobedecer as leis dos homens, nem muito menos usaria do imenso poder divino para constranger a agente de trânsito.

 Curioso é que o cidadão comum jamais deve desobedecer nenhuma lei. Porque acaba punido pela Justiça. Mas qual razão faz funcionários do Judiciário deitar e rolar, mesmo quando errados? Cabe ao juiz, seja de qualquer instância, dar o bom exemplo. Do contrário não terá isenção para julgar caso algum que lhe chegue às mãos.

 Luciana resolveu processar o magistrado. Porém o corporativismo existente na Justiça brasileira inverteu os papéis e acabou condenando a agente de trânsito a pagar indenização ao juiz que desrespeitou a própria lei, a qual exige que todos obedeçam. Ontem (12), o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por unanimidade, a obrigou a pagar indenização por danos morais de R$ 5 mil a Correa, por dizer que “juiz não é Deus”.

 Em 2009 ele foi parado em Rio Bonito por policial rodoviário por excesso de velocidade e teve suspensa durante um ano a carteira de habilitação. Infelizmente no Brasil autoridades se julgam mais iguais do que o restante da população. Mesmo errados insistem no sórdido comportamento de humilhar quem os pega no erro. Num país sério, esse magistrado teria recebido pesada punição.




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Solidariedade nos pequenos detalhes revela nobreza de caráter


O arrogante se imagina a última bolacha do pacote


Luís Alberto Alves

 Imagine você na fila do supermercado e uma consumidora humilde, dizendo à caixa que não pode levar 200 gramas de bacon. A filha olha para a mãe e com seus pequenos gestos e fisionomia de tristeza mostram que gostaria de sentir o gosto de bacon no feijão. Envergonhada, ela diz à caixa que não pode levar.

 Diante de mim está uma jovem, talvez de 25 anos, bonita e elegante. Acompanha o rápido diálogo entre as duas e logo entra na conversa: “Quanto que falta para completar a compra”? “Precisa de R$ 1,45”, responde a funcionária do supermercado. “Pode levar o bacon minha senhora”, diz aquela alma caridosa, sem expressar na voz qualquer tonalidade denunciando arrogância.

 Quantas pessoas agem assim atualmente? Infelizmente vivemos num mundo de orgulhosos. Homens e mulheres que acreditando no poder do médio salário ganho mensalmente se julga acima do bem e do mal. Deixam em segundo plano os infelizes, para quem comer bife é luxo ou mesmo tomar yogurte, mesma de marca barata.

 Passam pelas ruas desprezando o próximo. Recusam cumprimentar o porteiro do prédio, onde fazem das tripas coração para pagar o aluguel. Nos aeroportos, olham desconfiadas em direção ao passageiro que vai sentar do seu lado. Finge dormir durante a viagem para não puxar um dedo de conversa.

 Recusam entrar nos restaurantes da faixa popular. Mesmo uma vez ao mês, para tentar esbanjar pose social, vai pagar caro nos finos restaurantes dos Jardins em São Paulo, onde dependendo da marca, uma garrafa de vinho custa R$ 5 mil ou mais.

 É essa sociedade maligna que valoriza o ter no lugar do ser. Evitam ajudar o desfavorecido. Creem no bem-estar eterno. Cospem para cima pensando que nunca ele vai cair no rosto durante as voltas da vida. Criticam moradores residentes nas favelas ou até mesmo em outras regiões do País como se ali morassem apenas incapazes.

 Por causa disto o Brasil ainda vai continuar na pista, como avião tentando alçar voo rumo ao Primeiro Mundo. Uma grande nação só consegue entrar no barco feroz do capitalismo quando tem sensibilidade de enxergar que todos os seres humanos são iguais, independente da nacionalidade. Basta apenas acreditar no potencial do próximo.

 Os orgulhosos e arrogantes desprezam essas qualidades. Ganham antipatia do restante do mundo, virando reféns de grupos fundamentalistas. Com as pessoas ocorre o mesmo. Olhe a sua volta e tente se lembrar de alguém que agia desta forma na escolha, vizinhança ou mesmo no trabalho. Provavelmente ela ganhou tua reprovação e até sumiu da suas lembranças.  Ninguém gosta de arrogantes, que comem ovo e arrotam caviar.


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CPI da Petrobras pode virar pizza


Para evitar revelar nomes de corruptores, CPI da Petrobras terá pizza com sabor dinheiro

Luís Alberto Alves

 O ditado popular diz que pessoas com rabo de palha não devem jamais pular fogueira, correndo o risco de se queimarem. A explosiva CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, aberta neste ano para investigar supostos desvios de R$ 10 bilhões na estatal por meio de serviços prestados por diversas empreiteiras, corre o risco de se transformar em pizza, sabor dinheiro.

 Oposição (principalmente PSDB e DEM) resolveu esquecer as acusações do período de propaganda eleitoral e acena em colocar água gelada na fogueira. Não existe corrupto sem corruptor. É igual roubo de carga: precisa de receptador para comprar o objeto retirado ilegalmente do caminhão, às vezes com a morte do motorista.

 O doleiro Alberto Yousseff, através de delação premiada, para pegar menos anos de cadeia, já entregou à Polícia Federal nomes de vários envolvidos neste esquema criminoso na Petrobras, inclusive de vários políticos e empreiteiras. Como nenhum partido faz campanha eleitoral sem pedir dinheiro aos empresários, não é benéfico colocar seus nomes neste balaio de gato e que pode resultar em prisão.

 Vai acontecer o mesmo resultado da CPI do Banestado, aberta em 2004, cujo relatório final acabou ficando na gaveta do Congresso Nacional. Durante as investigações 91 foram suspeitas no esquema de envio de remessas ilegais ao Exterior, calculado em R$ 30 bilhões, por meio das chamadas contas CC-5.

 Parte das supostas evasões, segundo a CPI, ocorreu pelo Banco Araucária, no Paraná, entre 1996 e 2002, e teria atingido de R$ 90 a R$ 150 bilhões. A quebra de 1.700 sigilos bancários e investigação, de 500 a 600 mil pessoas físicas e jurídicas, resultou em nitroglicerina pura.

 O delegado da Polícia Federal que esteve à frente dos trabalhos, inclusive viajando aos Estados Unidos e conseguindo CD, com endereço, valores e data das criminosas transferências bancárias, pouco tempo depois foi transferido para o interior do Paraná, próximo à divisa com Paraguai, numa função burocrática. Vai se repetir o mesmo com as investigações na Petrobras: a sujeira vai para baixo do tapete, mais uma vez, infelizmente.