Bonitinha, mas assassina; assim é Suzane von Richthofen |
Luís
Alberto Alves
Lembro-me que na época do crime cometido por
Suzane von Richthofen, em 31 de 0utubro de 2002, exercia o cargo de secretário
de redação num jornal. Para os leigos em jornalismo, esse profissional é responsável
pelo trabalho que a equipe de repórteres está fazendo na rua e cobra as pautas
daquele dia.
Logo quando entrou nos telejornais o
sepultamento dos pais de Suzane reparei que ela chorava sem deixar cair nenhuma
lágrima dos olhos. Comentei com alguns editores o comportamento dela para quem
acabou de perder os pais de forma trágica. Até brinquei que ela estaria por
trás daquele duplo homicídio.
Poucos dias depois minhas previsões se
concretizaram. Soube que Suzane é psicopata. O tipo de assassino sem ausência
de qualquer sentimento de amor pelo próximo. Tanto que após o crime foi transar
num motel com o namorado, comparsa dela nesta barbaridade.
O pai de Suzane, segundo comentários que
circularam na época, era o homem forte na Dersa, que cuida da manutenção de
rodovias estaduais em São Paulo. Ou seja, respondia pela licitação de empresas
que faria obras viárias nas estradas de Sampa. Surgiram inúmeras teorias para o
crime, com nenhuma virando algo verdadeiro.
Quatro anos depois ela é condenada a 39 anos
de reclusão junto com os irmãos Cravinhos (Daniel e Christian). Pegou o mamão
com açúcar. Caso morasse nos Estados Unidos ou iria receber pena de prisão
perpétua ou sentiria nas veias os efeitos da injeção letal que os condenados à
morte têm direito, como punição pelo crime cometido.
Sofreu bastante até chegar ao presídio de
segurança máxima de Tremembé, Vale do Paraíba, Interior de SP. Criminosos não
perdoam estupradores, autores de homicídios de crianças, velhos e pais. Ficou
marcada no sistema. Quando esteve na cadeia pública feminina de Ribeirão Preto
amargou a solidão da cela do seguro, onde ficam os detentos marcados para
morrer.
Pelo visual apresentando nesta quarta-feira
(25) durante entrevista no programa do apresentador Gugu Liberato na Rede
Record, em nenhum momento demonstrou aparência de arrependimento. Lógico que
usou os clichês: “Se eu pudesse voltar no tempo ouviria os conselhos de meus
pais...”
Todo psicopata simula sentimento de compaixão.
Mas ao fixar nos olhos de Suzane, é visível que seu coração está isento de
qualquer sentimento. Aliás, está bem contente ao lado da “esposa” Sandrão,
também condenada por homicídio e seqüestro. Quer dizer: a suja ao lado da má
lavada...
Durante algum tempo lutou para não perder o
direito à herança deixada pelos pais, cerca de R$ 3 milhões. Mas a Justiça
impediu e deixou o dinheiro para o irmão Andreas. Suzane ficou na roça. Quando
sair da cadeia terá menos de 50 anos e tempo para refazer a vida. Deixando para
trás a triste mancha de ser autora intelectual da morte dos pais, de forma
terrível.
Porém não deixará de ser psicopata. A triste
qualidade de ausência de sentimentos e talvez possa cometer outra besteira.
Vivendo com a “esposa” criminosa e violenta é bem provável que sinta atração
por esse lado obscuro da vida. Caso fosse nos Estados Unidos seus ossos
estariam apodrecendo em algum cemitério ou sofrendo a solidão dos condenados a
reclusão eterna, como expurgo pelos erros que resultaram na perda da vida
alheia. Infelizmente a Justiça brasileira gosta de passar as mãos na cabeça de
cobras, único animal que o homem não consegue domesticar.