A falta de jogo de cintura de Levy mostra a fraqueza do governo Dilma Rousseff (PT)
Luís
Alberto Alves
Andar no mundo político é como entrar numa
sala cheia de ovos e pisar em todos os eles sem quebrar nenhum. Ciente da grave
crise econômica vivida pelo governo Dilma Rousseff (PT), o ministro Joaquim
Levy tem feito comentários desagradáveis a respeito de como a atual gestão tem
se comportando diante dos inúmeros abacaxis para descascar.
A gota d água é quando ele disse, numa
palestra a estudantes, que a presidente tem a vontade de acertar, mas
infelizmente erra o alvo. Foi a senha para o fisiológico PMDB colocar o
ministro da Fazenda, na parede. Alguns
parlamentares o acusam de falta de traquejo para falar no Congresso Nacional.
Por falta de bons articulares, Levy faz o
papel que não pertence a ele: negociar. Foi escolhido para essa pasta para
retirar a nuvem escura existente sobre a economia do País. Ninguém pode
classificá-lo de despreparado. Afinal de contas ele trabalhou nas principais e
mais importantes instituições financeiras brasileiras.
Infelizmente Dilma Rousseff ainda insiste em
tratar o Congresso Nacional a ferro e fogo, sem qualquer jogo de cintura. O
gênio duro, de se achar a única correta do mundo, atrapalha a tarefa simples,
de chamar a liderança dos partidos e colocar tudo na mesa. Prefere o confronto.
Sem grande apoio político, não resistirá muito tempo.
Para complicar apunhalou pelas costas o
movimento sindical, a quem pediu apoio quando estava prestes a perder o segundo
turno para o tucano Aécio Neves. Ao enviar as Medidas Provisórias 664 e 665,
Dilma cuspiu e jogou lixo no prato onde comeu. Recusou bater de frente com os
especuladores. Pelo contrário, os ajudou elevando a taxa Selic.
Agora procura pelo em ovo por causa da fala do
ministro Levy. Infelizmente sua frase traduz um governo mais parecido com o cão
esquecido na mudança. Quando encontrou o antigo dono, na nova casa, ficou
perdido, sem qualquer ação. Ou o governo Dilma entra nos eixos, ou Levy retorna
ao milionário mercado financeiro, onde sabe executar suas tarefas
perfeitamente, mesmo usando sua franqueza.
Destroços da fuselagem do Airbus A320 da Germainwings que caiu nos alpes franceses
Luís Alberto Alves
Quais motivos
levaram o co-piloto alemão Andreas Lubitz, 28 anos, a cometer o homicídio
voluntário, deliberadamente apertando o botão para o avião da Germanwings
perder altitude e cair nos Alpes franceses há dois dias?
Em poucos minutos a
aeronave desceu de 10 mil ou 12 mil metros de altura para 2 mil metros, quando
bateu nas montanhas matando todos os seus ocupantes. As gravações de uma das
caixas-pretas revelaram que, em determinado momento do vôo, o piloto saiu da
cabine para ir ao banheiro, quando Lubitz ficou trancado no cockpit do avião.
O suposto co piloto Andreas Lubitz
Segundo
investigações preliminares, ele alterou o sistema de orientação do aparelho
para iniciar a descida manualmente. O piloto retornou e bateu na porta da
cabine, mas o co-piloto ficou em silêncio durante os dez minutos da descida
fatal.
A caixa-preta
registrou os chamados do piloto para entrar. Mesmo se identificando não há
resposta do co-piloto. Ele volta a bater, pede para a porta ser aberta, sem
sucesso. Daí para frente é possível se ouvir o som de respiração humana no
interior da cabine até o fim do impacto. Sinal de que o piloto estava vivo.
Caso este episódio
tivesse ocorrido na década de 1970, as autoridades poderiam dizer que fora
atentado terrorista cometido pelo grupo alemão Baader Meinhof, que seqüestrava aeronaves,
matava autoridades e explodiam carros bombas. Esse grupo era movido por
messianismo revolucionário e uso do terror para combater o capitalismo. Tinham
como líderes Andreas Baader, sua namorada Gudrun Ensslim e a mais tarde a jornalista
Ulrich Meinhof.
Treinados na
Jordânia, ao lado de outras facções que lutavam pela independência da
Palestina, adotaram táticas de guerrilha urbana, produzindo imensa onda de
violência na recém-criada Alemanha Ocidental (na época existia também a Alemanha
Oriental, que era socialista). Em 1998, o Baader Meinhof chegou ao fim.
Claudia Raia vai precisar usar o personagem de feiticeira, na novela global Alto Astral, para se explicar na Receita Federal
Luís
Alberto Alves
“Quem
tem rabo de palha não pula fogueira”, diz o ditado popular. Traduzindo: se
você é culpado de algo, não faça papel de acusador. Alguns artistas, ferozes
críticos do PT e do governo Dilma Rousseff, foram pegos com a boca na botija
quando o assunto é manter contas bancárias na Suíça.
Não invenção de blogueiros petistas (eu não me
enquadro neste quesito, pois minha metralhadora de palavras é apontada para
todos os lados, o meu compromisso é com minha consciência e Deus). Ali estão os
nomes de Claudia Raia (grande fã de Collor de Mello nas eleições para
presidente em 1989), o ex-marido Edson Celulari, Maitê Proença, Marília Pêra,
Jô Soares entre outros.
A "certinha" Maitê Proença também fez depósito na Suíça
E agora como fica? Qual a moral para continuar
os ferozes ataques de quem perdeu a moral para criticar? Não sou defensor do
governo Dilma. Aliás, sua gestão acumula toneladas de erros, por causa do forte
temperamento da nossa presidente, que se julga acima do bem e do mal.
A lista traz nomes de empresários de
comunicação, donos de concessão de emissoras de televisão, caso da família
Saad, da Rede Bandeirantes, mais conhecida como Band TV, Octávio Frias de
Oliveira e Carlos Caldeira, ambos proprietários do Grupo Folha de S.Paulo e até
do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, do SBT, e algoz do PT.
A atriz Marília Pêra é grande crítica da corrupção no governo Dilma, mas depositou dinheiro na Suíça
Calculo que mais nomes surgirão, quando a CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito) do HSBC na Suíça abrir toda a caixa preta e
revelar quais brasileiros depositaram dinheiro naquele paraíso fiscal, sem
deixar o Leão da Receita Federal dar sua mordida legal.
Infelizmente a elite do nosso País adora
vomitar regras, mas vivem imoralidades em todos os sentidos. Os que mais
criticam os abusos sexuais nos atuais relacionamentos são os mais pervertidos.
Sem citar nomes, conheço casos de “senhoras”, esposas de magnatas, que adoram fazer
sexo com mecânicos sujos de graxas ou mesmo com o jardineiro, após ficar de
uniforme molhado de suor.
Até o humorista e apresentador Jô Soares foi pego com dinheiro depositado no paraíso fiscal da Suíça
No quesito respeito financeiro, a grande
maioria dos milionários nacionais tira nota zero em honestidade. Exigem a volta
de regime totalitário, pois as informações não chegam ao grande público, visto
que subornam jornais e telejornais, por meio de grandes verbas publicitárias, para
esconderem a sujeira onde estão acostumados a rolar.
A tática da extrema-direita é sentar em cima
do próprio rabo, após defecar. Julgam-se os paladinos da Justiça. Igualzinho o
filho do ministro da Justiça, na ditadura Médici, em 1973, Alfredo Buzaid,
acusado de estuprar a garotinha Ana Lydia em Brasília, na companhia de outros
filhinhos de papai.
O língua nervosa Ratinho é outro expert em descer a lenha na presidente Dilma Rousseff
Ou que dizer da jovem Claudia Lessin
Rodrigues, estuprada numa festinha de bacana no Rio de Janeiro, na segunda
metade da década de 1970, onde um dos assassinos, Michel Frank, tinha papai burguês
bem relacionado na alta sociedade carioca, ajudando-o fugir das garras da
Justiça.
É essa escória sem qualquer escrúpulo que
resolveu ir às ruas, semeando o ódio contra uma presidente eleita
democraticamente, para tirá-la do poder a qualquer custo. São pessoas que não
gostam de ver pobres fazendo compras em supermercados, viajando de avião,
consumindo calçados, roupas, produtos eletrônicos e ganhando salários decentes.
É a ala da sociedade brasileira acostumada a
abocanhar todo o bolo, deixando para o restante da população as migalhas. Nunca
se preocuparam em dividir. Apenas em tirar. Explorar o trabalhador com jornadas
semelhantes à escravidão. Além, claro, de serem avessos a qualquer vento
soprado pela democracia. Quando ganham, mesmo sob fraude, é correto; mas se
perderem dentro das regras eleitorais, não concordam. E tentam virar a mesa de
qualquer jeito.
Em 1964, o presidente João Goulart (PTB) não
tentou reagir para evitar grave conflito, deixando meia dúzia de militares
sanguinários assumirem o poder. Atualmente isso não acontece. Primeiro porque
as Forças Armadas reconhecem o erro e o fardo pesado que tiveram de carregar
por aquela terrível “quartelada”.
Sabem que foi o governo Dilma que se preocupou
em reaparelhar, principalmente a Força Aérea Brasileira, com aviões novos, e
investir na Marinha na construção de submarinos mais potentes. Algo esquecido
pelos presidentes da era FHC para baixo. Quem tem dívida na Justiça, é melhor
ficar calado. Evita possíveis acertos junto ao Judiciário.
Cabeceira de quarto de hotel, com exemplar do Novo Testamento da Bíblia
Luís
Alberto Alves
Não importa a cidade aonde você esteja, de
pequeno ou grande porte, o quarto do hotel será sempre igual: frio! Lógico que
todo suporte é oferecido para o bem-estar do hóspede, principalmente com farto
café da manhã, almoço e jantar repleto de diversas opções, algumas de dar água
na boca.
Porém, no quarto é que a semelhança mostra a
cara. Seja em Pequim (China), Moscou (Rússia), Nova York (Estados Unidos),
Londres (Inglaterra), Paris (França), Jerusalém (Israel), México (México) ou
qualquer cidade do Brasil, a cena é a mesma.
Após o dia de trabalho, você retorna e
encontra tudo arrumado, inclusive as toalhas limpas no banheiro, a cama
impecável e a geladeira cheia de bebidas e outras delícias. Porém não é igual a
sua casa. Falta a presença da mulher ou marido amado do lado.
Não existe algo mais deprimente do que, após
estar casado, dormir sozinho. Nem o colchão macio e o travesseiro gostoso vão
te deixar sossegado depois de alguns dias distante de casa. Tudo cai na rotina.
Até o café da manhã e o jantar não descem mais com gosto. Parece comida de
restaurante fast food.
A programação da televisão é outro tédio. Você
abre as janelas do quarto e olha para horizonte daquela cidade onde se encontra
como hóspede. Mesmo sendo bonita, bate a saudade da terra de onde fixou moradia
junto ao lado da família.
Para os artistas (atores ou cantores), a
situação é pior. Após deixar o grande público alegre e feliz durante um show,
voltam à reclusão do quarto. Nem jantar em público conseguem. Andar pelas ruas
daquela metrópole é impossível por causa do assédio natural dos fãs. Passam o
restante da noite e começo do dia dormindo, até partir rumo ao aeroporto para
irem embora.
Os executivos e profissionais liberais, entre
eles nós jornalistas, são raros os casos de lidar com fãs. Isso acontece com os
colegas que ganham salários astronômicos de R$ 800 mil mensais e aparecem todos
os dias nos programas de televisão ou mesmo telejornais, alguns deles saciando
a fome na desgraça alheia.
Não é em vão que na cabeceira da cama de
diversos hotéis existe um exemplar do Novo Testamento da Bíblia. Talvez para
nos momentos de solidão, e eles aparecem independente de onde se esteja
hospedado, refrescar a cabeça.
Mesmo que você se encontre envolvido num
trabalho com muita adrenalina, vai sempre chegar a hora do descanso.
Dificilmente alguém irá dormir na rua. O hotel, neste caso, será a segunda casa
enquanto estiver de passagem por aquela cidade. Alguns afoitos irão procurar
momentos de alegria nos bares ou mesmo nas boates.
Porém os homens ou mulheres de família
deixarão de fora essa opção. Até para manter de pé o juramento que fizeram no
dia em que estiveram diante de um altar e olho a olho prometeram fidelidade. É
para esses que o quarto de hotel, de qualquer lugar do mundo, será gelado, sem
a energizante e doce vida desfrutada ao lado de quem amamos.
Odorico Paraguaçu, célebre personagem da novela O Bem Amado, escrita por Dias Gomes
Luís
Alberto Alves
Hoje é difícil falar em padrão de qualidade
das novelas exibidas pela Rede Globo. Após a morte, em 1983, da mestra neste
assunto, Janete Clair, ao lado do seu marido, Dias Gomes; o mau gosto tomou
conta neste tipo de trama.
Nos dois horários, das 19h e das 21h30, não faltam
personagens drogados, pervertidos, filhos problemáticos, maridos e mulheres adúlteros,
e todo tipo que fazem parte da escória da nossa sociedade.
Virou moda, nas novelas da Globo, atrizes
fazendo papel de garota de programa. Os enredos são pobres, assim como o
diálogo. Em nada lembram os folhetins escritos por Janete Clair, como Selva de
Pedra (1972), Semideus (1975), O Astro (1978) ou as obras-primas de Dias Gomes,
como O Bem Amado (1973) e Bandeira Dois (1972).
A desculpa dos novos autores para a recente má
qualidade das tramas exibidas pela Globo, é que a sociedade mudou. Elas
refletem o que acontece dentro da casa dos brasileiros. Não é verdade. Pegando
por esse ângulo, a nossa família é um grupo de malucos disputando espaço num
apartamento ou casa?
É claro que agora temos o flagelo das drogas,
principalmente nas portas das escolas e dentro do próprio trabalho, mas levar
casos isolados como verdade suprema e afirmar que essa é a realidade atual do
país, é zombar da inteligência alheia.
Novelas e filmes são produtos de
entretenimento. Quando alguém tem opção de sentar-se no sofá da sala para
assistir algo, a intenção é se distrair. Não aumentar o estresse emocional com
mais problemas. Como disse o carnavalesco Joãosinho Trinta, “quem gosta de
miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”. Parodiando ele, são poucas as
pessoas que adoram ver desgraças na tela do seu televisor. Desejam algo
romântico.
Pegando pelo lado da perversão, sem qualquer
ranço de moralismo, nesta ótica todo mundo é gay ou lésbica no Brasil. Essa é a
visão passada pela maioria das novelas da Globo. Aliás, falta pouco para que sejam
inseridas crianças homossexuais nessas tramas. Estão andando muito depressa com
o andor, se esquecendo que o santo é de barro e ele pode cair.
A liberdade de expressão é
benéfica, mas quando utilizada só para produção de porcaria, ela perde o
sentido. A arte fica em segundo plano. São detalhes deste tipo que explicam a
queda na audiência desta emissora. Com a televisão a cabo e as redes sociais,
ficou mais atrativo optar por outro tipo de programação, saudável em todos os
sentidos.
Os nossos olhos não podem servir de vaso
sanitário para frustração e incompetência de autores que se esquecem de
enxergar o todo, para concentrar atenção na minoria, como se aquela verdade
fosse o importante. É igual assembléia estudantil ou sindical, quando a aprovação
da maioria é que prevalece, deixando em segundo plano os derrotados. Infelizmente
agora acontece o contrário: a minoria tenta nos empurrar seus falsos conceitos
de vida para o grande número de brasileiros.
Durante a Ditadura Militar a tortura era a resposta para qualquer tipo de reivindicação
Luís
Alberto Alves
Vejo com preocupação a Marcha com a Família
marcada para o dia 28 em diversas capitais do País. Os idealizadores deste
triste evento dizem que exigem a volta das Forças Armadas ao poder para retirar
sujeira do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Em 1964 ocorreu o
mesmo, e os militares mergulharam o Brasil num regime sangrento, onde tortura e
morte viraram rotina.
O mesmo filme se repete agora. Naquela época
milhares de pessoas foram às ruas pedindo a queda do então presidente João
Goulart (PTB), eleito diretamente. O mote é que o Brasil poderia virar uma
nação comunista como tinha ocorrido com Cuba no final da década de 1950. Era
explícita a raiva contra os seguidores de Goulart. Todos, sem exceção eram
chamados de corruptos.
As Organizações Globo, por meio do seu jornal
O Globo, colocavam fogo nessas manifestações. No início da década de 1960 ainda
não existia a Rede Globo de Televisão, mas por meio da Rádio Globo o incentivo
ao golpe era passado através de reportagens tendenciosas, no mesmo estilo usado
hoje pelo Jornal Nacional.
Para a elite brasileira, a salvação da lavoura
passaria pela tomada do poder pelas Forças Armadas, fazendo eleições diretas em
1965 e colocando o Brasil novamente no eixo do capitalismo, visto que as
reformas de base propostas pelo governo eram consideradas comunistas,
principalmente a anexação de terras de grandes latifúndios para reforma
agrária, e freios na remessa de lucros ao Exterior.
Os falsos discursos deram certo. No dia 1° de
abril o presidente João Goulart foi deposto, seguindo para o exílio no Uruguai.
Uma ala das Forças Armadas acenou com resistência aos golpistas, mas ele
temeroso de uma guerra civil, preferiu não reagir. O Brasil mergulhou em 21
anos de trevas.
Os militares não aceitaram fazer eleições em 1965.
Pelo contrário começaram a endurecer o regime. Não demorou em cassar a maioria
dos partidos políticos e deixar apenas dois: Arena (governista) e MDB (suposta
oposição). Os apoiadores do golpe, como o deputado Carlos Lacerda entre outros
passaram a ser perseguidos. Manifestações públicas eram reprimidas pela
polícia, às vezes até com tiros.
Quatro anos depois o Congresso Nacional foi
fechado e direitos políticos de vários parlamentares suspensos. Por causa do
surgimento de grupos defendendo a luta armada como meio de combater a Ditadura,
a tortura entrou na ordem do dia. Virou rotina preso político desaparecer ou
morrer tomando choque elétrico. pendurado no pau de arara.
Até 1972 o Brasil viveu a era do milagre
econômico, com crescimento de até 12% ao ano. Mas a crise do petróleo no ano
seguinte mostrou o quanto eram falsas as promessas do regime militar. A
inflação começou a subir de mãos dadas com o desemprego. A morte do jornalista
Vladimir Herzog sob tortura, em 1975, no DOI/Codi em São Paulo revelou que o
terror havia tomado conta do País.
O mago da ditadura, o general Golbery do Couto
e Silva, percebeu que não dava mais para segurar o descontentamento da
população. Optou em abrir a política lentamente. A derrota da Arena para o MDB
em 1974 mostrou que o brasileiro não aceitava mais os militares no poder. Em
1979 veio anistia para os exilados.
Mas o filme de terror só chegou ao fim em 1985
com a eleição de Tancredo Neves derrotando Paulo Maluf, o candidato da
ditadura. Naquela época o País tinha 40% de inflação ao mês. O desemprego
passava dos 20%. Os militares perceberam que não dava mais para segurar o
rojão. Foram embora, deixando para trás um rastro de mortes e desaparecimentos
e casos de corrupção nas estatais, sem investigação, pois naquela época ninguém
poderia investir contra a autoridade deles, sob risco de morte.
Infelizmente os herdeiros da mesma elite podre,
que incentivaram a população a ir às ruas em 1964, agora exigem o retorno dos
militares como se eles fossem a solução dos graves problemas econômicos e
políticos que vivemos hoje. Pensamento errado. O Brasil precisa é de profunda
reforma política. Para que eleição não seja sinônimo de negociata ou troca de favores
entre candidatos e grupos econômicos. Do contrário iremos mergulhar numa guerra
civil, onde os inocentes pagarão o preço, como ocorreu nos 21 anos de 1964 a
1985.
Mais de 1 milhão protestando contra a corrupção na Avenida Paulista no dia 15 de março
Luís
Alberto Alves
Imagine o familiar que todo mundo resolve
jogar a culpa por tudo que ocorre naquela casa ou o funcionário que carrega a
cruz dentro da empresa. Assim qualifico o governo Dilma Rousseff (PT). Por
causa dos escândalos na Petrobras, envolvendo milhões de dólares de propinas,
parte da população resolveu ir às ruas protestar contra a gestão petista. O
mote é pedir para ela sair e convocar novas eleições, sem direito a urnas
eletrônicas.
Não acredito na existência de anjos atuando na
política. Com raras exceções a grande maioria tem as mãos sujas por dinheiro do
crime, oriundo da troca de favores, principalmente na época de eleição. Afinal
de contas qual razão levaria empreiteiras e bancos abrirem os cofres para
bancar campanhas de senadores, deputados federais e governadores? Por amor ao
próximo não é.
O problema é que a roubalheira na Petrobras
superou o limite. São milhões de dólares desviados e depositados em paraísos
fiscais. Caso seja feito pente fino em outras estatais, estaduais e federais, a
polícia encontrará mais rastros de corrupção. A situação atual parece câncer no
estágio final, espalhado por todo o organismo.
O PT errou ao deixar o barco correr pelas
águas do ilícito. Pagou caro ao achar que a população iria ficar calada com o
descalabro ocorrido na Petrobras. Para tudo bastaria citar a cantilena de que a
oposição tenta realizar o terceiro turno das eleições presidenciais. Alguns
tucanos pensam nesta utopia.
Infelizmente o Brasil vive mergulhado em
escândalos financeiros desde a época da Ditadura Militar. A famosa Ferrovia do
Aço, concebida em 1973, época do Milagre Econômico, acabou conhecida por
Ferrovia dos 1.000 dias, com cem túneis no trajeto. A idéia era interligar Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro facilitando o transporte de mercadorias,
pessoas e capitais. O custo da obra: US$ 1,1 bilhão. Após 14 anos, parte da
construção chegou ao fim, com uma montanha de dinheiro “comida” pelas
empreiteiras. Isto na época dos militares.
O que dizer do poço sem fundo da Previdência
Social? Arrecada muito dinheiro dos contribuintes e sempre está em crise. Dona
de inúmeros imóveis espalhados pelo Brasil, a maioria abandonado, virou poço
sem fundo de corrupção, que aparece sempre nas páginas dos jornais.
O brasileiro se cansou de tanto assalto aos
cofres públicos. Resolveu chutar de vez o pau da barraca, escolhendo como Judas
a presidente Dilma Rousseff, que também não é santa, pois ao escolher figuras
como José Sarney e Jader Barbalho para se apoiar assinou cheque em branco para
corrupção predominar no seu governo. Por outro lado, o STF (Supremo Tribunal
Federal) abusa da lentidão para despachar processos envolvendo políticos. Essa
mistura atingiu em cheio os nervos do eleitor. O resultado disso é o
crescimento dos descontentes e aumento no número de manifestantes nas ruas.
No s julgamentos os advogados usam uma frase
que resume quando a prova é de grande importância e muda a opinião do júri:
“contra fatos não há argumentos”. A
manifestação na Avenida Paulista deste dia 15 de março. O governo esperava que
fossem apenas 100 mil gatos pingados. Estavam lá, até as 16h30 mais de 1
milhão. A multidão se espremia do início da Paulista, na Praça Oswaldo Cruz até
a Rua da Consolação.
Esquina da Brigadeiro Luis Antonio com Paulista, a quatro quarteirões do Masp
A esquina das Avenidas Brigadeiro Luís Antonio
com Paulista virou formigueiro humano. Nem a chuva impediu a chegada dos
descontentes com a gestão Dilma Rousseff (PT). O visual dos participantes deste
protesto era de pessoas da classe média para cima. Os estacionamentos da região
logo encheram. Todos vestindo camisetas amarelas, predominando as da seleção
brasileira.
As palavras de ordem giravam em torno de
críticas à presidente Dilma, ao PT e à corrupção generalizada na Petrobras.
Pouco se ouvia falar dos casos registrados nas compras de vagões para o Metrô
paulista. Nem a falta de investimento no saneamento básico nas últimas gestões
tucanas em SP foram alvos de críticas. O protesto era dirigido ao PT e Dilma
Rousseff.
Mas quais as razões serviram de combustíveis
para os ataques e até ódio contra o partido fundado por Lula em 1980, ao lado
de outras lideranças? O problema é que o poder anestesia. As pessoas lutam para
conquistá-lo, algumas até morrem, e ao chegar ao orgasmo de assumir o comando,
seja de uma nação ou mesmo posto máximo numa grande empresa, se reduz a vontade
de continuar lutando por mudanças.
Por motivos que desconheço, o PT, com o passar
dos últimos 35 anos, foi perdendo o ânimo de perseguir profundas em nossa
sociedade ainda tão injusta, onde poucos têm muito e a maioria tem pouco.
Conquistou a direção do Brasil e o marasmo tomou conta do partido.
Passaram a se preocupar com picuinhas,
projetos de leis que beneficiava apenas uma minoria em detrimento de milhões.
Em termos de Justiça, centraram o foco para as benesses da população carcerária
deixando de lado centenas de milhares de vítimas. Dentro do partido começou a
estourar casos de corrupção, até de parlamentar acusado de envolvimento com o
crime organizado.
O auge, porém, foi o esgoto da corrupção
aberto na Petrobras, envolvendo o tesoureiro do PT, Vaccari Neto. Antes teve o
mensalão. Sempre com a negativa do partido, se colocando como vítima da grande
imprensa. Naquela lógica de que problemas só existem nas outras famílias. Não é
assim.
Corruptos estão presentes em todas as
agremiações políticas, de direita ou esquerda. Parte da população esclarecida,
que acompanha o noticiário, tem senso crítico, logo percebeu que o governo
estava tentando culpar a Petrobras pela corrupção, mesmo diante de provas
irredutíveis, como a fala de executivos de empreiteiras apontando para onde a montanha
de dinheiro se movia na busca por mais obras.
Foi contra este sistema político corrupto,
vigente no Brasil há séculos, que parte destas pessoas esteve protestando na
Avenida Paulista. Lógico que usaram palavras de ordens contra o PT, mas no
fundo elas desejam um País mais justo, onde bandidos do colarinho branco,
inclusive políticos, sejam condenados presos.
É inadmissível o governo tentar tapar o sol
com a peneira. O doleiro Alberto Youssef, quando resolveu abrir o bico, não
tentou ser generoso, mas livrar a própria pele. Esperto, é consciente de que
chegou ao fim da linha. É como se diz: ou você pula da ponte ou eu te empurro!
Quando optou em confessar e entregar todo o esquema sujo, abriu a caixa preta
da corrupção.
Portanto, cabe ao governo Dilma
Rousseff interpretar corretamente a voz das ruas. Não cair na paranóia de que
todos os manifestantes sejam tucanos. Desculpe: o PSDB não tem bala na agulha
para movimentar tamanha multidão nas ruas de todo o Brasil. É um partido de
elite. Ela é minoria no País.
A tão sonhada e ignorada reforma política
precisa sair da gaveta do Congresso Nacional e virar realidade. Mudar esse
sistema daninho, onde os poderosos cada vez mais ficam impunes e o ladrão de
galinha sofre todo o peso da Justiça, de peso desigual no Brasil. A população
cansou da morosidade. De jogar para escanteio os anseios populares. Do
contrário a insatisfação crescerá e ninguém sabe aonde chegará.
Os militares pretendem ficar fora desse
vespeiro, pois num suposto governo deles, não teriam vida longa. O remédio é
jogar o mofo do continuísmo no lixo e apostar em algo novo, que satisfaça a
vontade popular, não apenas uma minoria. Seja pobres ou ricos. Uma nação é soma
de todos. Do responsável pela produção aos que colocam as mãos na massa para
trabalhar todos os dias.
Ganhar dinheiro com juros não exige esforço físico
Luís Alberto Alves
O nosso país é uma maravilha para especulação
financeira. A taxa de juros no cartão de crédito rotativo atingiu no mês
passado o patamar de 276% ao ano, o maior nível desde julho de 1999. Segundo
avaliação da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade) a taxa média cobrada no cheque especial chegou a
185,63% em 12 meses. Com essa facilidade para ganhar dinheiro, por que os especuladores
terão trabalho de abrir indústrias?
O melhor é continuar fazendo
calo na orelha e aumentando a renda via investimento no mercado financeiro. O
curioso dessa história é que desde 1988, época da Constituinte, o brasileiro
aguarda a regulamentação dos juros bancários em 12% ao ano. Infelizmente o
lobby dos banqueiros é muito forte e nunca esse tema entra na pauta do
Congresso Nacional.
Juro alto prejudica a indústria, castiga o
bolso do trabalhador, pois influencia fortemente na produção de alimentos,
afinal de contas ninguém sobrevive de vento. Para completar o problema, as
empresas de crédito capricham na produção de bons comerciais, passando a
mensagem de que o cartão de crédito e o cheque especial são ótimas ferramentas
na hora da compra.
Como a maioria da população gosta de consumir
pela emoção, embarcam nestas taxas absurdas de juros. Quando tentam sair do
rotativo do cartão de crédito estão mais atoladas do que elefante quando cai na
lama. Tudo vira uma bola de neve e problema cresce a cada dia.
Esse detalhe faz com que o Brasil seja o porto
seguro para os especuladores. Pessoas acostumadas a ganhar muito dinheiro, em
pouco tempo, sem fazer qualquer esforço. Apenas o de colocar o telefone no
ouvido para realizar transferências para os locais onde é possível aumentar
mais o capital.
As vaias fizeram a presidente Dilma sair cedo do Pavilhão de Exposições do Anhembi, em SP
Luís
Alberto Alves
Hoje (10), a presidente Dilma Rousseff (PT)
foi vaiada durante visita ao Salão Internacional da Construção, no Pavilhão de
Exposições do Anhembi, Zona Norte de SP. Enquanto passava pelos estandes ouvia
gritos de “PT ladrão”, “eu não voto no PT”. O trajeto dela precisou sofrer
modificações, para reduzir o incômodo. Parece que o caldo começou a ficar bem
quente.
É triste ver um governante vaiado por onde
transita. Mas nada acontece sem causa. Apesar de que é estranho o primeiro
trimestre dela merecer tanta crítica. A oposição tucana não engoliu a derrota.
Parecem agora apostar no pior. A fala do senador do PSDB/SP, Aloysio Nunes
dizer que pretende ver Dilma sangrar é preocupante. Ele é famoso por mandar um
militante petista tomar naquele lugar.
Ninguém é obrigado gostar de nenhuma gestão.
Porém, torcer pelo pior é algo de extremista. Os tucanos desejam, como
revanche, que o país mergulhe mais ainda no atoleiro onde se encontra. Lembra o
clima de véspera do golpe militar de 1964. Tudo de ruim era culpa do presidente
João Goulart, também eleito pelo voto direto.
A história após o fatídico 1° de abril, quando
os militares invadiram as ruas do Rio de Janeiro e Brasília, é conhecida. A
extrema-direita assumiu o leme e o terror tomou conta do Brasil. Aliás, o
próprio Aloysio Nunes entrou para a guerrilha no final da década de 1960, e
escapou com vida das torturas impostas aos opositores da ditadura que chegou ao
fim em 1985.
Não sou advogado da presidente Dilma, porém é
errado jogar sobre ela tudo que acontece de ruim na Petrobras. É só na gestão
dela e do Lula que ladrões tomaram de assalto aquela estatal? O ex-gerente
Pedro Barusco assumiu durante depoimento hoje (10) na CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) que investiga as irregularidades apontadas na Operação Lava Jato,
que começou receber propina em 1997 e 1998.
É claro que a maioria dos veículos de imprensa
continuará centrando fogo na gestão petista, blindando o governo FHC, como se
ali só tivesse santo. Não vejo a periferia se manifestando, participando do
panelaço. Isto não ocorre porque nas gestões Lula e Dilma o pobre sentiu um
pequeno gostinho do consumo. Até viajar de avião conseguiu. Claro que a elite
torceu o nariz. Na verdade estão tentando um terceiro turno e possivelmente a
renúncia ou até retirada do poder da presidente Dilma Rousseff, como aconteceu
em 1964 com João Goulart.