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A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

segunda-feira, 30 de março de 2015

O preço da franqueza de Joaquim Levy




A falta de jogo de cintura de Levy mostra a fraqueza do governo Dilma Rousseff (PT)

Luís Alberto Alves

 Andar no mundo político é como entrar numa sala cheia de ovos e pisar em todos os eles sem quebrar nenhum. Ciente da grave crise econômica vivida pelo governo Dilma Rousseff (PT), o ministro Joaquim Levy tem feito comentários desagradáveis a respeito de como a atual gestão tem se comportando diante dos inúmeros abacaxis para descascar.

 A gota d água é quando ele disse, numa palestra a estudantes, que a presidente tem a vontade de acertar, mas infelizmente erra o alvo. Foi a senha para o fisiológico PMDB colocar o ministro da Fazenda,  na parede. Alguns parlamentares o acusam de falta de traquejo para falar no Congresso Nacional.

 Por falta de bons articulares, Levy faz o papel que não pertence a ele: negociar. Foi escolhido para essa pasta para retirar a nuvem escura existente sobre a economia do País. Ninguém pode classificá-lo de despreparado. Afinal de contas ele trabalhou nas principais e mais importantes instituições financeiras brasileiras.

 Infelizmente Dilma Rousseff ainda insiste em tratar o Congresso Nacional a ferro e fogo, sem qualquer jogo de cintura. O gênio duro, de se achar a única correta do mundo, atrapalha a tarefa simples, de chamar a liderança dos partidos e colocar tudo na mesa. Prefere o confronto. Sem grande apoio político, não resistirá muito tempo.

 Para complicar apunhalou pelas costas o movimento sindical, a quem pediu apoio quando estava prestes a perder o segundo turno para o tucano Aécio Neves. Ao enviar as Medidas Provisórias 664 e 665, Dilma cuspiu e jogou lixo no prato onde comeu. Recusou bater de frente com os especuladores. Pelo contrário, os ajudou elevando a taxa Selic.

 Agora procura pelo em ovo por causa da fala do ministro Levy. Infelizmente sua frase traduz um governo mais parecido com o cão esquecido na mudança. Quando encontrou o antigo dono, na nova casa, ficou perdido, sem qualquer ação. Ou o governo Dilma entra nos eixos, ou Levy retorna ao milionário mercado financeiro, onde sabe executar suas tarefas perfeitamente, mesmo usando sua franqueza.



quinta-feira, 26 de março de 2015

Por que o co-piloto derrubou o avião da Germanwings?



Destroços da fuselagem do Airbus A320 da Germainwings que caiu nos alpes franceses

Luís Alberto Alves
 Quais motivos levaram o co-piloto alemão Andreas Lubitz, 28 anos, a cometer o homicídio voluntário, deliberadamente apertando o botão para o avião da Germanwings perder altitude e cair nos Alpes franceses há dois dias?
 Em poucos minutos a aeronave desceu de 10 mil ou 12 mil metros de altura para 2 mil metros, quando bateu nas montanhas matando todos os seus ocupantes. As gravações de uma das caixas-pretas revelaram que, em determinado momento do vôo, o piloto saiu da cabine para ir ao banheiro, quando Lubitz ficou trancado no cockpit do avião.
O suposto co piloto Andreas Lubitz

 Segundo investigações preliminares, ele alterou o sistema de orientação do aparelho para iniciar a descida manualmente. O piloto retornou e bateu na porta da cabine, mas o co-piloto ficou em silêncio durante os dez minutos da descida fatal.
 A caixa-preta registrou os chamados do piloto para entrar. Mesmo se identificando não há resposta do co-piloto. Ele volta a bater, pede para a porta ser aberta, sem sucesso. Daí para frente é possível se ouvir o som de respiração humana no interior da cabine até o fim do impacto. Sinal de que o piloto estava vivo.
 Caso este episódio tivesse ocorrido na década de 1970, as autoridades poderiam dizer que fora atentado terrorista cometido pelo grupo alemão Baader Meinhof, que seqüestrava aeronaves, matava autoridades e explodiam carros bombas. Esse grupo era movido por messianismo revolucionário e uso do terror para combater o capitalismo. Tinham como líderes Andreas Baader, sua namorada Gudrun Ensslim e a mais tarde a jornalista Ulrich Meinhof.
 Treinados na Jordânia, ao lado de outras facções que lutavam pela independência da Palestina, adotaram táticas de guerrilha urbana, produzindo imensa onda de violência na recém-criada Alemanha Ocidental (na época existia também a Alemanha Oriental, que era socialista). Em 1998, o Baader Meinhof chegou ao fim.




segunda-feira, 23 de março de 2015

Críticos de Dilma Rousseff têm contas na Suíça




Claudia Raia vai precisar usar o personagem de feiticeira, na novela global Alto Astral, para se explicar na Receita Federal

Luís Alberto Alves

 “Quem tem rabo de palha não pula fogueira”, diz o ditado popular. Traduzindo: se você é culpado de algo, não faça papel de acusador. Alguns artistas, ferozes críticos do PT e do governo Dilma Rousseff, foram pegos com a boca na botija quando o assunto é manter contas bancárias na Suíça.

 Não invenção de blogueiros petistas (eu não me enquadro neste quesito, pois minha metralhadora de palavras é apontada para todos os lados, o meu compromisso é com minha consciência e Deus). Ali estão os nomes de Claudia Raia (grande fã de Collor de Mello nas eleições para presidente em 1989), o ex-marido Edson Celulari, Maitê Proença, Marília Pêra, Jô Soares entre outros.
A "certinha" Maitê Proença também fez depósito na Suíça

 E agora como fica? Qual a moral para continuar os ferozes ataques de quem perdeu a moral para criticar? Não sou defensor do governo Dilma. Aliás, sua gestão acumula toneladas de erros, por causa do forte temperamento da nossa presidente, que se julga acima do bem e do mal.

 A lista traz nomes de empresários de comunicação, donos de concessão de emissoras de televisão, caso da família Saad, da Rede Bandeirantes, mais conhecida como Band TV, Octávio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira, ambos proprietários do Grupo Folha de S.Paulo e até do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, do SBT, e algoz do PT.
A atriz Marília Pêra é grande crítica da corrupção no governo Dilma, mas depositou dinheiro na Suíça

 Calculo que mais nomes surgirão, quando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do HSBC na Suíça abrir toda a caixa preta e revelar quais brasileiros depositaram dinheiro naquele paraíso fiscal, sem deixar o Leão da Receita Federal dar sua mordida legal.

 Infelizmente a elite do nosso País adora vomitar regras, mas vivem imoralidades em todos os sentidos. Os que mais criticam os abusos sexuais nos atuais relacionamentos são os mais pervertidos. Sem citar nomes, conheço casos de “senhoras”, esposas de magnatas, que adoram fazer sexo com mecânicos sujos de graxas ou mesmo com o jardineiro, após ficar de uniforme molhado de suor.
Até o humorista e apresentador Jô Soares foi pego com dinheiro depositado no paraíso fiscal da Suíça

  No quesito respeito financeiro, a grande maioria dos milionários nacionais tira nota zero em honestidade. Exigem a volta de regime totalitário, pois as informações não chegam ao grande público, visto que subornam jornais e telejornais, por meio de grandes verbas publicitárias, para esconderem a sujeira onde estão acostumados a rolar.

 A tática da extrema-direita é sentar em cima do próprio rabo, após defecar. Julgam-se os paladinos da Justiça. Igualzinho o filho do ministro da Justiça, na ditadura Médici, em 1973, Alfredo Buzaid, acusado de estuprar a garotinha Ana Lydia em Brasília, na companhia de outros filhinhos de papai.
O língua  nervosa Ratinho é outro expert em descer a lenha na presidente Dilma Rousseff


 Ou que dizer da jovem Claudia Lessin Rodrigues, estuprada numa festinha de bacana no Rio de Janeiro, na segunda metade da década de 1970, onde um dos assassinos, Michel Frank, tinha papai burguês bem relacionado na alta sociedade carioca, ajudando-o fugir das garras da Justiça.

 É essa escória sem qualquer escrúpulo que resolveu ir às ruas, semeando o ódio contra uma presidente eleita democraticamente, para tirá-la do poder a qualquer custo. São pessoas que não gostam de ver pobres fazendo compras em supermercados, viajando de avião, consumindo calçados, roupas, produtos eletrônicos e ganhando salários decentes.

 É a ala da sociedade brasileira acostumada a abocanhar todo o bolo, deixando para o restante da população as migalhas. Nunca se preocuparam em dividir. Apenas em tirar. Explorar o trabalhador com jornadas semelhantes à escravidão. Além, claro, de serem avessos a qualquer vento soprado pela democracia. Quando ganham, mesmo sob fraude, é correto; mas se perderem dentro das regras eleitorais, não concordam. E tentam virar a mesa de qualquer jeito.

 Em 1964, o presidente João Goulart (PTB) não tentou reagir para evitar grave conflito, deixando meia dúzia de militares sanguinários assumirem o poder. Atualmente isso não acontece. Primeiro porque as Forças Armadas reconhecem o erro e o fardo pesado que tiveram de carregar por aquela terrível “quartelada”.

 Sabem que foi o governo Dilma que se preocupou em reaparelhar, principalmente a Força Aérea Brasileira, com aviões novos, e investir na Marinha na construção de submarinos mais potentes. Algo esquecido pelos presidentes da era FHC para baixo. Quem tem dívida na Justiça, é melhor ficar calado. Evita possíveis acertos junto ao Judiciário.




sábado, 21 de março de 2015

Quarto de hotel é parecido em qualquer cidade do mundo





Cabeceira de quarto de hotel, com exemplar do Novo Testamento da Bíblia

Luís Alberto Alves

 Não importa a cidade aonde você esteja, de pequeno ou grande porte, o quarto do hotel será sempre igual: frio! Lógico que todo suporte é oferecido para o bem-estar do hóspede, principalmente com farto café da manhã, almoço e jantar repleto de diversas opções, algumas de dar água na boca.

 Porém, no quarto é que a semelhança mostra a cara. Seja em Pequim (China), Moscou (Rússia), Nova York (Estados Unidos), Londres (Inglaterra), Paris (França), Jerusalém (Israel), México (México) ou qualquer cidade do Brasil, a cena é a mesma.

 Após o dia de trabalho, você retorna e encontra tudo arrumado, inclusive as toalhas limpas no banheiro, a cama impecável e a geladeira cheia de bebidas e outras delícias. Porém não é igual a sua casa. Falta a presença da mulher ou marido amado do lado.

 Não existe algo mais deprimente do que, após estar casado, dormir sozinho. Nem o colchão macio e o travesseiro gostoso vão te deixar sossegado depois de alguns dias distante de casa. Tudo cai na rotina. Até o café da manhã e o jantar não descem mais com gosto. Parece comida de restaurante fast food.

 A programação da televisão é outro tédio. Você abre as janelas do quarto e olha para horizonte daquela cidade onde se encontra como hóspede. Mesmo sendo bonita, bate a saudade da terra de onde fixou moradia junto ao lado da família.

 Para os artistas (atores ou cantores), a situação é pior. Após deixar o grande público alegre e feliz durante um show, voltam à reclusão do quarto. Nem jantar em público conseguem. Andar pelas ruas daquela metrópole é impossível por causa do assédio natural dos fãs. Passam o restante da noite e começo do dia dormindo, até partir rumo ao aeroporto para irem embora.

 Os executivos e profissionais liberais, entre eles nós jornalistas, são raros os casos de lidar com fãs. Isso acontece com os colegas que ganham salários astronômicos de R$ 800 mil mensais e aparecem todos os dias nos programas de televisão ou mesmo telejornais, alguns deles saciando a fome na desgraça alheia.

 Não é em vão que na cabeceira da cama de diversos hotéis existe um exemplar do Novo Testamento da Bíblia. Talvez para nos momentos de solidão, e eles aparecem independente de onde se esteja hospedado, refrescar a cabeça.

 Mesmo que você se encontre envolvido num trabalho com muita adrenalina, vai sempre chegar a hora do descanso. Dificilmente alguém irá dormir na rua. O hotel, neste caso, será a segunda casa enquanto estiver de passagem por aquela cidade. Alguns afoitos irão procurar momentos de alegria nos bares ou mesmo nas boates.


 Porém os homens ou mulheres de família deixarão de fora essa opção. Até para manter de pé o juramento que fizeram no dia em que estiveram diante de um altar e olho a olho prometeram fidelidade. É para esses que o quarto de hotel, de qualquer lugar do mundo, será gelado, sem a energizante e doce vida desfrutada ao lado de quem amamos. 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Padrão Globo de novelas despenca




Odorico Paraguaçu, célebre personagem da novela O Bem Amado, escrita por Dias Gomes

Luís Alberto Alves

 Hoje é difícil falar em padrão de qualidade das novelas exibidas pela Rede Globo. Após a morte, em 1983, da mestra neste assunto, Janete Clair, ao lado do seu marido, Dias Gomes; o mau gosto tomou conta neste tipo de trama. 

Nos dois horários, das 19h e das 21h30, não faltam personagens drogados, pervertidos, filhos problemáticos, maridos e mulheres adúlteros, e todo tipo que fazem parte da escória da nossa sociedade.

 Virou moda, nas novelas da Globo, atrizes fazendo papel de garota de programa. Os enredos são pobres, assim como o diálogo. Em nada lembram os folhetins escritos por Janete Clair, como Selva de Pedra (1972), Semideus (1975), O Astro (1978) ou as obras-primas de Dias Gomes, como O Bem Amado (1973) e Bandeira Dois (1972).

 A desculpa dos novos autores para a recente má qualidade das tramas exibidas pela Globo, é que a sociedade mudou. Elas refletem o que acontece dentro da casa dos brasileiros. Não é verdade. Pegando por esse ângulo, a nossa família é um grupo de malucos disputando espaço num apartamento ou casa?

 É claro que agora temos o flagelo das drogas, principalmente nas portas das escolas e dentro do próprio trabalho, mas levar casos isolados como verdade suprema e afirmar que essa é a realidade atual do país, é zombar da inteligência alheia.

 Novelas e filmes são produtos de entretenimento. Quando alguém tem opção de sentar-se no sofá da sala para assistir algo, a intenção é se distrair. Não aumentar o estresse emocional com mais problemas. Como disse o carnavalesco Joãosinho Trinta, “quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”. Parodiando ele, são poucas as pessoas que adoram ver desgraças na tela do seu televisor. Desejam algo romântico.

 Pegando pelo lado da perversão, sem qualquer ranço de moralismo, nesta ótica todo mundo é gay ou lésbica no Brasil. Essa é a visão passada pela maioria das novelas da Globo. Aliás, falta pouco para que sejam inseridas crianças homossexuais nessas tramas. Estão andando muito depressa com o andor, se esquecendo que o santo é de barro e ele pode cair.

A liberdade de expressão é benéfica, mas quando utilizada só para produção de porcaria, ela perde o sentido. A arte fica em segundo plano. São detalhes deste tipo que explicam a queda na audiência desta emissora. Com a televisão a cabo e as redes sociais, ficou mais atrativo optar por outro tipo de programação, saudável em todos os sentidos.


 Os nossos olhos não podem servir de vaso sanitário para frustração e incompetência de autores que se esquecem de enxergar o todo, para concentrar atenção na minoria, como se aquela verdade fosse o importante. É igual assembléia estudantil ou sindical, quando a aprovação da maioria é que prevalece, deixando em segundo plano os derrotados. Infelizmente agora acontece o contrário: a minoria tenta nos empurrar seus falsos conceitos de vida para o grande número de brasileiros.

Fãs do horror marcam Marcha da Família para final de março




Durante a Ditadura Militar a tortura era a resposta para qualquer tipo de reivindicação

Luís Alberto Alves

 Vejo com preocupação a Marcha com a Família marcada para o dia 28 em diversas capitais do País. Os idealizadores deste triste evento dizem que exigem a volta das Forças Armadas ao poder para retirar sujeira do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Em 1964 ocorreu o mesmo, e os militares mergulharam o Brasil num regime sangrento, onde tortura e morte viraram rotina.

 O mesmo filme se repete agora. Naquela época milhares de pessoas foram às ruas pedindo a queda do então presidente João Goulart (PTB), eleito diretamente. O mote é que o Brasil poderia virar uma nação comunista como tinha ocorrido com Cuba no final da década de 1950. Era explícita a raiva contra os seguidores de Goulart. Todos, sem exceção eram chamados de corruptos.

 As Organizações Globo, por meio do seu jornal O Globo, colocavam fogo nessas manifestações. No início da década de 1960 ainda não existia a Rede Globo de Televisão, mas por meio da Rádio Globo o incentivo ao golpe era passado através de reportagens tendenciosas, no mesmo estilo usado hoje pelo Jornal Nacional.

 Para a elite brasileira, a salvação da lavoura passaria pela tomada do poder pelas Forças Armadas, fazendo eleições diretas em 1965 e colocando o Brasil novamente no eixo do capitalismo, visto que as reformas de base propostas pelo governo eram consideradas comunistas, principalmente a anexação de terras de grandes latifúndios para reforma agrária, e freios na remessa de lucros ao Exterior.

 Os falsos discursos deram certo. No dia 1° de abril o presidente João Goulart foi deposto, seguindo para o exílio no Uruguai. Uma ala das Forças Armadas acenou com resistência aos golpistas, mas ele temeroso de uma guerra civil, preferiu não reagir. O Brasil mergulhou em 21 anos de trevas.

 Os militares não aceitaram fazer eleições em 1965. Pelo contrário começaram a endurecer o regime. Não demorou em cassar a maioria dos partidos políticos e deixar apenas dois: Arena (governista) e MDB (suposta oposição). Os apoiadores do golpe, como o deputado Carlos Lacerda entre outros passaram a ser perseguidos. Manifestações públicas eram reprimidas pela polícia, às vezes até com tiros.

 Quatro anos depois o Congresso Nacional foi fechado e direitos políticos de vários parlamentares suspensos. Por causa do surgimento de grupos defendendo a luta armada como meio de combater a Ditadura, a tortura entrou na ordem do dia. Virou rotina preso político desaparecer ou morrer tomando choque elétrico. pendurado no pau de arara.

 Até 1972 o Brasil viveu a era do milagre econômico, com crescimento de até 12% ao ano. Mas a crise do petróleo no ano seguinte mostrou o quanto eram falsas as promessas do regime militar. A inflação começou a subir de mãos dadas com o desemprego. A morte do jornalista Vladimir Herzog sob tortura, em 1975, no DOI/Codi em São Paulo revelou que o terror havia tomado conta do País.

 O mago da ditadura, o general Golbery do Couto e Silva, percebeu que não dava mais para segurar o descontentamento da população. Optou em abrir a política lentamente. A derrota da Arena para o MDB em 1974 mostrou que o brasileiro não aceitava mais os militares no poder. Em 1979 veio anistia para os exilados.

 Mas o filme de terror só chegou ao fim em 1985 com a eleição de Tancredo Neves derrotando Paulo Maluf, o candidato da ditadura. Naquela época o País tinha 40% de inflação ao mês. O desemprego passava dos 20%. Os militares perceberam que não dava mais para segurar o rojão. Foram embora, deixando para trás um rastro de mortes e desaparecimentos e casos de corrupção nas estatais, sem investigação, pois naquela época ninguém poderia investir contra a autoridade deles, sob risco de morte.

 Infelizmente os herdeiros da mesma elite podre, que incentivaram a população a ir às ruas em 1964, agora exigem o retorno dos militares como se eles fossem a solução dos graves problemas econômicos e políticos que vivemos hoje. Pensamento errado. O Brasil precisa é de profunda reforma política. Para que eleição não seja sinônimo de negociata ou troca de favores entre candidatos e grupos econômicos. Do contrário iremos mergulhar numa guerra civil, onde os inocentes pagarão o preço, como ocorreu nos 21 anos de 1964 a 1985.


terça-feira, 17 de março de 2015

O porquê das passeatas contra Dilma Rousseff



Mais de 1 milhão protestando contra a corrupção na Avenida Paulista no dia 15 de março

Luís Alberto Alves

 Imagine o familiar que todo mundo resolve jogar a culpa por tudo que ocorre naquela casa ou o funcionário que carrega a cruz dentro da empresa. Assim qualifico o governo Dilma Rousseff (PT). Por causa dos escândalos na Petrobras, envolvendo milhões de dólares de propinas, parte da população resolveu ir às ruas protestar contra a gestão petista. O mote é pedir para ela sair e convocar novas eleições, sem direito a urnas eletrônicas.

 Não acredito na existência de anjos atuando na política. Com raras exceções a grande maioria tem as mãos sujas por dinheiro do crime, oriundo da troca de favores, principalmente na época de eleição. Afinal de contas qual razão levaria empreiteiras e bancos abrirem os cofres para bancar campanhas de senadores, deputados federais e governadores? Por amor ao próximo não é.

 O problema é que a roubalheira na Petrobras superou o limite. São milhões de dólares desviados e depositados em paraísos fiscais. Caso seja feito pente fino em outras estatais, estaduais e federais, a polícia encontrará mais rastros de corrupção. A situação atual parece câncer no estágio final, espalhado por todo o organismo.

 O PT errou ao deixar o barco correr pelas águas do ilícito. Pagou caro ao achar que a população iria ficar calada com o descalabro ocorrido na Petrobras. Para tudo bastaria citar a cantilena de que a oposição tenta realizar o terceiro turno das eleições presidenciais. Alguns tucanos pensam nesta utopia.

 Infelizmente o Brasil vive mergulhado em escândalos financeiros desde a época da Ditadura Militar. A famosa Ferrovia do Aço, concebida em 1973, época do Milagre Econômico, acabou conhecida por Ferrovia dos 1.000 dias, com cem túneis no trajeto. A idéia era interligar Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro facilitando o transporte de mercadorias, pessoas e capitais. O custo da obra: US$ 1,1 bilhão. Após 14 anos, parte da construção chegou ao fim, com uma montanha de dinheiro “comida” pelas empreiteiras. Isto na época dos militares.
 O que dizer do poço sem fundo da Previdência Social? Arrecada muito dinheiro dos contribuintes e sempre está em crise. Dona de inúmeros imóveis espalhados pelo Brasil, a maioria abandonado, virou poço sem fundo de corrupção, que aparece sempre nas páginas dos jornais.


 O brasileiro se cansou de tanto assalto aos cofres públicos. Resolveu chutar de vez o pau da barraca, escolhendo como Judas a presidente Dilma Rousseff, que também não é santa, pois ao escolher figuras como José Sarney e Jader Barbalho para se apoiar assinou cheque em branco para corrupção predominar no seu governo. Por outro lado, o STF (Supremo Tribunal Federal) abusa da lentidão para despachar processos envolvendo políticos. Essa mistura atingiu em cheio os nervos do eleitor. O resultado disso é o crescimento dos descontentes e aumento no número de manifestantes nas ruas. 

segunda-feira, 16 de março de 2015

Contra fatos não há argumentos





Luís Alberto Alves

 No s julgamentos os advogados usam uma frase que resume quando a prova é de grande importância e muda a opinião do júri: “contra fatos não há argumentos”.  A manifestação na Avenida Paulista deste dia 15 de março. O governo esperava que fossem apenas 100 mil gatos pingados. Estavam lá, até as 16h30 mais de 1 milhão. A multidão se espremia do início da Paulista, na Praça Oswaldo Cruz até a Rua da Consolação.
Esquina da Brigadeiro Luis Antonio com Paulista, a quatro quarteirões do Masp

 A esquina das Avenidas Brigadeiro Luís Antonio com Paulista virou formigueiro humano. Nem a chuva impediu a chegada dos descontentes com a gestão Dilma Rousseff (PT). O visual dos participantes deste protesto era de pessoas da classe média para cima. Os estacionamentos da região logo encheram. Todos vestindo camisetas amarelas, predominando as da seleção brasileira.
 As palavras de ordem giravam em torno de críticas à presidente Dilma, ao PT e à corrupção generalizada na Petrobras. Pouco se ouvia falar dos casos registrados nas compras de vagões para o Metrô paulista. Nem a falta de investimento no saneamento básico nas últimas gestões tucanas em SP foram alvos de críticas. O protesto era dirigido ao PT e Dilma Rousseff.

 Mas quais as razões serviram de combustíveis para os ataques e até ódio contra o partido fundado por Lula em 1980, ao lado de outras lideranças? O problema é que o poder anestesia. As pessoas lutam para conquistá-lo, algumas até morrem, e ao chegar ao orgasmo de assumir o comando, seja de uma nação ou mesmo posto máximo numa grande empresa, se reduz a vontade de continuar lutando por mudanças.

 Por motivos que desconheço, o PT, com o passar dos últimos 35 anos, foi perdendo o ânimo de perseguir profundas em nossa sociedade ainda tão injusta, onde poucos têm muito e a maioria tem pouco. Conquistou a direção do Brasil e o marasmo tomou conta do partido.

 Passaram a se preocupar com picuinhas, projetos de leis que beneficiava apenas uma minoria em detrimento de milhões. Em termos de Justiça, centraram o foco para as benesses da população carcerária deixando de lado centenas de milhares de vítimas. Dentro do partido começou a estourar casos de corrupção, até de parlamentar acusado de envolvimento com o crime organizado.

 O auge, porém, foi o esgoto da corrupção aberto na Petrobras, envolvendo o tesoureiro do PT, Vaccari Neto. Antes teve o mensalão. Sempre com a negativa do partido, se colocando como vítima da grande imprensa. Naquela lógica de que problemas só existem nas outras famílias. Não é assim.

 Corruptos estão presentes em todas as agremiações políticas, de direita ou esquerda. Parte da população esclarecida, que acompanha o noticiário, tem senso crítico, logo percebeu que o governo estava tentando culpar a Petrobras pela corrupção, mesmo diante de provas irredutíveis, como a fala de executivos de empreiteiras apontando para onde a montanha de dinheiro se movia na busca por mais obras.

 Foi contra este sistema político corrupto, vigente no Brasil há séculos, que parte destas pessoas esteve protestando na Avenida Paulista. Lógico que usaram palavras de ordens contra o PT, mas no fundo elas desejam um País mais justo, onde bandidos do colarinho branco, inclusive políticos, sejam condenados presos.

 É inadmissível o governo tentar tapar o sol com a peneira. O doleiro Alberto Youssef, quando resolveu abrir o bico, não tentou ser generoso, mas livrar a própria pele. Esperto, é consciente de que chegou ao fim da linha. É como se diz: ou você pula da ponte ou eu te empurro! Quando optou em confessar e entregar todo o esquema sujo, abriu a caixa preta da corrupção.

Portanto, cabe ao governo Dilma Rousseff interpretar corretamente a voz das ruas. Não cair na paranóia de que todos os manifestantes sejam tucanos. Desculpe: o PSDB não tem bala na agulha para movimentar tamanha multidão nas ruas de todo o Brasil. É um partido de elite. Ela é minoria no País.

 A tão sonhada e ignorada reforma política precisa sair da gaveta do Congresso Nacional e virar realidade. Mudar esse sistema daninho, onde os poderosos cada vez mais ficam impunes e o ladrão de galinha sofre todo o peso da Justiça, de peso desigual no Brasil. A população cansou da morosidade. De jogar para escanteio os anseios populares. Do contrário a insatisfação crescerá e ninguém sabe aonde chegará.


 Os militares pretendem ficar fora desse vespeiro, pois num suposto governo deles, não teriam vida longa. O remédio é jogar o mofo do continuísmo no lixo e apostar em algo novo, que satisfaça a vontade popular, não apenas uma minoria. Seja pobres ou ricos. Uma nação é soma de todos. Do responsável pela produção aos que colocam as mãos na massa para trabalhar todos os dias.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Brasil é paraíso para ganhar dinheiro sem trabalhar




Ganhar dinheiro com juros não exige esforço físico

Luís Alberto Alves

 O nosso país é uma maravilha para especulação financeira. A taxa de juros no cartão de crédito rotativo atingiu no mês passado o patamar de 276% ao ano, o maior nível desde julho de 1999. Segundo avaliação da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade) a taxa média cobrada no cheque especial chegou a 185,63% em 12 meses. Com essa facilidade para ganhar dinheiro, por que os especuladores terão trabalho de abrir indústrias?

O melhor é continuar fazendo calo na orelha e aumentando a renda via investimento no mercado financeiro. O curioso dessa história é que desde 1988, época da Constituinte, o brasileiro aguarda a regulamentação dos juros bancários em 12% ao ano. Infelizmente o lobby dos banqueiros é muito forte e nunca esse tema entra na pauta do Congresso Nacional.

 Juro alto prejudica a indústria, castiga o bolso do trabalhador, pois influencia fortemente na produção de alimentos, afinal de contas ninguém sobrevive de vento. Para completar o problema, as empresas de crédito capricham na produção de bons comerciais, passando a mensagem de que o cartão de crédito e o cheque especial são ótimas ferramentas na hora da compra.

 Como a maioria da população gosta de consumir pela emoção, embarcam nestas taxas absurdas de juros. Quando tentam sair do rotativo do cartão de crédito estão mais atoladas do que elefante quando cai na lama. Tudo vira uma bola de neve e problema cresce a cada dia.

 Esse detalhe faz com que o Brasil seja o porto seguro para os especuladores. Pessoas acostumadas a ganhar muito dinheiro, em pouco tempo, sem fazer qualquer esforço. Apenas o de colocar o telefone no ouvido para realizar transferências para os locais onde é possível aumentar mais o capital.



terça-feira, 10 de março de 2015

Crescem protestos contra presidente Dilma Rousseff



As vaias fizeram a presidente Dilma sair cedo do Pavilhão de Exposições do Anhembi, em SP

Luís Alberto Alves

 Hoje (10), a presidente Dilma Rousseff (PT) foi vaiada durante visita ao Salão Internacional da Construção, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, Zona Norte de SP. Enquanto passava pelos estandes ouvia gritos de “PT ladrão”, “eu não voto no PT”. O trajeto dela precisou sofrer modificações, para reduzir o incômodo. Parece que o caldo começou a ficar bem quente.

 É triste ver um governante vaiado por onde transita. Mas nada acontece sem causa. Apesar de que é estranho o primeiro trimestre dela merecer tanta crítica. A oposição tucana não engoliu a derrota. Parecem agora apostar no pior. A fala do senador do PSDB/SP, Aloysio Nunes dizer que pretende ver Dilma sangrar é preocupante. Ele é famoso por mandar um militante petista tomar naquele lugar.

 Ninguém é obrigado gostar de nenhuma gestão. Porém, torcer pelo pior é algo de extremista. Os tucanos desejam, como revanche, que o país mergulhe mais ainda no atoleiro onde se encontra. Lembra o clima de véspera do golpe militar de 1964. Tudo de ruim era culpa do presidente João Goulart, também eleito pelo voto direto.

 A história após o fatídico 1° de abril, quando os militares invadiram as ruas do Rio de Janeiro e Brasília, é conhecida. A extrema-direita assumiu o leme e o terror tomou conta do Brasil. Aliás, o próprio Aloysio Nunes entrou para a guerrilha no final da década de 1960, e escapou com vida das torturas impostas aos opositores da ditadura que chegou ao fim em 1985.

 Não sou advogado da presidente Dilma, porém é errado jogar sobre ela tudo que acontece de ruim na Petrobras. É só na gestão dela e do Lula que ladrões tomaram de assalto aquela estatal? O ex-gerente Pedro Barusco assumiu durante depoimento hoje (10) na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga as irregularidades apontadas na Operação Lava Jato, que começou receber propina em 1997 e 1998.

 É claro que a maioria dos veículos de imprensa continuará centrando fogo na gestão petista, blindando o governo FHC, como se ali só tivesse santo. Não vejo a periferia se manifestando, participando do panelaço. Isto não ocorre porque nas gestões Lula e Dilma o pobre sentiu um pequeno gostinho do consumo. Até viajar de avião conseguiu. Claro que a elite torceu o nariz. Na verdade estão tentando um terceiro turno e possivelmente a renúncia ou até retirada do poder da presidente Dilma Rousseff, como aconteceu em 1964 com João Goulart.