Luís
Alberto Alves
No s julgamentos os advogados usam uma frase
que resume quando a prova é de grande importância e muda a opinião do júri:
“contra fatos não há argumentos”. A
manifestação na Avenida Paulista deste dia 15 de março. O governo esperava que
fossem apenas 100 mil gatos pingados. Estavam lá, até as 16h30 mais de 1
milhão. A multidão se espremia do início da Paulista, na Praça Oswaldo Cruz até
a Rua da Consolação.
A esquina das Avenidas Brigadeiro Luís Antonio
com Paulista virou formigueiro humano. Nem a chuva impediu a chegada dos
descontentes com a gestão Dilma Rousseff (PT). O visual dos participantes deste
protesto era de pessoas da classe média para cima. Os estacionamentos da região
logo encheram. Todos vestindo camisetas amarelas, predominando as da seleção
brasileira.
As palavras de ordem giravam em torno de
críticas à presidente Dilma, ao PT e à corrupção generalizada na Petrobras.
Pouco se ouvia falar dos casos registrados nas compras de vagões para o Metrô
paulista. Nem a falta de investimento no saneamento básico nas últimas gestões
tucanas em SP foram alvos de críticas. O protesto era dirigido ao PT e Dilma
Rousseff.
Mas quais as razões serviram de combustíveis
para os ataques e até ódio contra o partido fundado por Lula em 1980, ao lado
de outras lideranças? O problema é que o poder anestesia. As pessoas lutam para
conquistá-lo, algumas até morrem, e ao chegar ao orgasmo de assumir o comando,
seja de uma nação ou mesmo posto máximo numa grande empresa, se reduz a vontade
de continuar lutando por mudanças.
Por motivos que desconheço, o PT, com o passar
dos últimos 35 anos, foi perdendo o ânimo de perseguir profundas em nossa
sociedade ainda tão injusta, onde poucos têm muito e a maioria tem pouco.
Conquistou a direção do Brasil e o marasmo tomou conta do partido.
Passaram a se preocupar com picuinhas,
projetos de leis que beneficiava apenas uma minoria em detrimento de milhões.
Em termos de Justiça, centraram o foco para as benesses da população carcerária
deixando de lado centenas de milhares de vítimas. Dentro do partido começou a
estourar casos de corrupção, até de parlamentar acusado de envolvimento com o
crime organizado.
O auge, porém, foi o esgoto da corrupção
aberto na Petrobras, envolvendo o tesoureiro do PT, Vaccari Neto. Antes teve o
mensalão. Sempre com a negativa do partido, se colocando como vítima da grande
imprensa. Naquela lógica de que problemas só existem nas outras famílias. Não é
assim.
Corruptos estão presentes em todas as
agremiações políticas, de direita ou esquerda. Parte da população esclarecida,
que acompanha o noticiário, tem senso crítico, logo percebeu que o governo
estava tentando culpar a Petrobras pela corrupção, mesmo diante de provas
irredutíveis, como a fala de executivos de empreiteiras apontando para onde a montanha
de dinheiro se movia na busca por mais obras.
Foi contra este sistema político corrupto,
vigente no Brasil há séculos, que parte destas pessoas esteve protestando na
Avenida Paulista. Lógico que usaram palavras de ordens contra o PT, mas no
fundo elas desejam um País mais justo, onde bandidos do colarinho branco,
inclusive políticos, sejam condenados presos.
É inadmissível o governo tentar tapar o sol
com a peneira. O doleiro Alberto Youssef, quando resolveu abrir o bico, não
tentou ser generoso, mas livrar a própria pele. Esperto, é consciente de que
chegou ao fim da linha. É como se diz: ou você pula da ponte ou eu te empurro!
Quando optou em confessar e entregar todo o esquema sujo, abriu a caixa preta
da corrupção.
Portanto, cabe ao governo Dilma
Rousseff interpretar corretamente a voz das ruas. Não cair na paranóia de que
todos os manifestantes sejam tucanos. Desculpe: o PSDB não tem bala na agulha
para movimentar tamanha multidão nas ruas de todo o Brasil. É um partido de
elite. Ela é minoria no País.
A tão sonhada e ignorada reforma política
precisa sair da gaveta do Congresso Nacional e virar realidade. Mudar esse
sistema daninho, onde os poderosos cada vez mais ficam impunes e o ladrão de
galinha sofre todo o peso da Justiça, de peso desigual no Brasil. A população
cansou da morosidade. De jogar para escanteio os anseios populares. Do
contrário a insatisfação crescerá e ninguém sabe aonde chegará.
Os militares pretendem ficar fora desse
vespeiro, pois num suposto governo deles, não teriam vida longa. O remédio é
jogar o mofo do continuísmo no lixo e apostar em algo novo, que satisfaça a
vontade popular, não apenas uma minoria. Seja pobres ou ricos. Uma nação é soma
de todos. Do responsável pela produção aos que colocam as mãos na massa para
trabalhar todos os dias.
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