Odorico Paraguaçu, célebre personagem da novela O Bem Amado, escrita por Dias Gomes |
Luís
Alberto Alves
Hoje é difícil falar em padrão de qualidade
das novelas exibidas pela Rede Globo. Após a morte, em 1983, da mestra neste
assunto, Janete Clair, ao lado do seu marido, Dias Gomes; o mau gosto tomou
conta neste tipo de trama.
Nos dois horários, das 19h e das 21h30, não faltam
personagens drogados, pervertidos, filhos problemáticos, maridos e mulheres adúlteros,
e todo tipo que fazem parte da escória da nossa sociedade.
Virou moda, nas novelas da Globo, atrizes
fazendo papel de garota de programa. Os enredos são pobres, assim como o
diálogo. Em nada lembram os folhetins escritos por Janete Clair, como Selva de
Pedra (1972), Semideus (1975), O Astro (1978) ou as obras-primas de Dias Gomes,
como O Bem Amado (1973) e Bandeira Dois (1972).
A desculpa dos novos autores para a recente má
qualidade das tramas exibidas pela Globo, é que a sociedade mudou. Elas
refletem o que acontece dentro da casa dos brasileiros. Não é verdade. Pegando
por esse ângulo, a nossa família é um grupo de malucos disputando espaço num
apartamento ou casa?
É claro que agora temos o flagelo das drogas,
principalmente nas portas das escolas e dentro do próprio trabalho, mas levar
casos isolados como verdade suprema e afirmar que essa é a realidade atual do
país, é zombar da inteligência alheia.
Novelas e filmes são produtos de
entretenimento. Quando alguém tem opção de sentar-se no sofá da sala para
assistir algo, a intenção é se distrair. Não aumentar o estresse emocional com
mais problemas. Como disse o carnavalesco Joãosinho Trinta, “quem gosta de
miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”. Parodiando ele, são poucas as
pessoas que adoram ver desgraças na tela do seu televisor. Desejam algo
romântico.
Pegando pelo lado da perversão, sem qualquer
ranço de moralismo, nesta ótica todo mundo é gay ou lésbica no Brasil. Essa é a
visão passada pela maioria das novelas da Globo. Aliás, falta pouco para que sejam
inseridas crianças homossexuais nessas tramas. Estão andando muito depressa com
o andor, se esquecendo que o santo é de barro e ele pode cair.
A liberdade de expressão é
benéfica, mas quando utilizada só para produção de porcaria, ela perde o
sentido. A arte fica em segundo plano. São detalhes deste tipo que explicam a
queda na audiência desta emissora. Com a televisão a cabo e as redes sociais,
ficou mais atrativo optar por outro tipo de programação, saudável em todos os
sentidos.
Os nossos olhos não podem servir de vaso
sanitário para frustração e incompetência de autores que se esquecem de
enxergar o todo, para concentrar atenção na minoria, como se aquela verdade
fosse o importante. É igual assembléia estudantil ou sindical, quando a aprovação
da maioria é que prevalece, deixando em segundo plano os derrotados. Infelizmente
agora acontece o contrário: a minoria tenta nos empurrar seus falsos conceitos
de vida para o grande número de brasileiros.
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