Postagem em destaque

A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano–Novo deve acompanhar mudança interior

A cada final de tarde, o Sol avisa que mais um dia ficou para trás, virou passado e não volta mais


Luís Alberto Caju

 A maior mudança com a chegada do Ano-Novo deve ser no interior das pessoas. Do contrário tudo continuará velho. Elas precisam compreender que atitudes erradas não devem permanecer. É necessária uma faxina interna, no coração, alma e espírito. Esquecer os rancores, mágoas, desejos de vingança (em alguns casos até contra os mortos) e todo tipo de atitude que possa representar retrocesso.

 Por que o ano realiza reciclagem. Nunca será o mesmo. Os meses apresentarão novidades, passando a imagem que tudo é igual. Não é verdade. Quem nasceu em 1960, hoje tem 53 anos. Os que vieram ao mundo 30 anos depois, agora estão com 23. O primeiro já passou mais tempo neste planeta, e o segundo ainda é jovem.

O maior problema é que as pessoas não aprendem com os erros. Algumas delas gostam de repetir as experiências ruins que viveram. Talvez por masoquismo. Vejam o caso dos políticos: os eleitores sabem que muitos são desonestos e não mereciam nunca mais ganhar o novo mandato. Na época das eleições eles retornam com novo cardápio de ilusões e recebem votos suficientes para retornar ao cargo.

 Mudança representa nova caminhada, abandono do velho, daquilo que não é mais nada para nós. O corpo humano rejeita permanecer com lixo. Após o estômago fazer a seleção das calorias que encontrou no alimento ingerido, o restante é transformado em fezes, expulso pouco tempo depois. Para o nosso organismo aquilo é detrito, não tem mais importância e merece ser expelido.

 Infelizmente muitas pessoas gostam de dejetos. Insistem em segurar aquilo que a própria vida já rejeitou. Quantos não estão no mesmo emprego que lhe tira o sossego há vários anos e descarta um pedido de demissão? Têm medo do novo, do futuro. Outros são escravos de relacionamentos mortos há décadas. Aceitam dormir em camas separadas, viver como estranhos dentro de casa, para manter algo sem qualquer tipo de vida.

 O Ano-Novo representa mudança de paradigma, de olhar para frente e abraçar o futuro e as boas novidades que lhe são apresentadas. Esquecer as lembranças tristes do passado e reservar espaço no coração apenas para o melhor, que nos fará ter vida para prosseguir na caminhada, como faz nosso organismo todos os dias após receber através de nossa boca o alimento diário. Procure ser novo como o ano que chega.

 Seremos livres quando perdemos o medo do futuro, pois ele chega independente da nossa vontade. O sol nunca espera ninguém. O dia de ontem nunca será igual ao de hoje e o amanhã vai diferir deste momento em que você lê este artigo.


domingo, 29 de dezembro de 2013

Quatro estádios candidatos a “elefante branco” após Copa do Mundo

A Arena Manaus (Amazonas) é uma das candidatas a "elefante branco" após a Copa do Mundo/2014


Luís Alberto Caju

 Tente se lembrar de algum time de futebol das cidades de Manaus (AM), Brasília, Cuiabá (MT) e Natal (RN)? São equipes de pouco ou nenhum destaque na elite da principal série do Campeonato Brasileiro. Mas por razões que só empreiteiras “conhecem”, o governo escolheu os quatro Estados (Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso e Rio Grande do Norte) como sedes da Copa do Mundo.

 Mesmo o estádio Mané Garrincha, em Brasília, não tem chance de rentabilidade após o término do Mundial de 2014. Os dois times de maior destaque no Distrito Federal são Brasiliense e Gama. O restante não tem expressividade alguma, para gerar boas rendas, dificultando a manutenção do estádio.

O Brasiliense é famoso por chegar à final da Copa do Brasil, em 2002, quando tinha apenas dois anos de existência, disputada com o Corinthians. O Gama, fundado em 1975, campeão da Série B do Brasileirão de 1998, hoje está fora da última divisão do nacional. Do ano 2000 até 2013 ele foi rebaixado e nunca mais retornou à Série B. Esse sinal revela os fortes indícios para o Mané Garrincha virar um grande “elefante branco”.

 No Amazonas, os dois maiores clubes são Nacional e Rio Negro. O primeiro ficou em 10º lugar na Copa Brasil/2013. Atualmente disputa a Série D do Brasileirão. O Rio Negro foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato amazonense e quase teve sua sede penhorada para pagamento de dívida. A média de público no campeonato amazonense/2013 foi de 770 torcedores.

 O único representante do Mato Grosso que subiu para Série B do Brasileirão neste ano é o Luverdense. É a melhor equipe da cidade, com média de 1.466 de público em seus jogos. Com este cacife, o time espera encher os 26 mil assentos da Arena Pantanal, após a Copa do Mundo chegar ao fim, durante o restante do ano no campeonato regional.

 O Rio Grande do Norte, com América e ABC na Série B do Brasileirão, poderá sofrer com Arena Natal, depois da Copa de 2014. A possibilidade de arrecadar dinheiro é oferecer o estádio como centro de treinamento para times europeus durante o Inverno. Na África do Sul a maioria dos estádios usados durante a Copa de 2010 encontra-se abandonados, pois os times locais não conseguem grande público nas partidas ali disputadas.

Alerta: a Grécia mergulhou no caos econômico após sedias Olímpiadas, porque não conseguiu recuperar o dinheiro investido naquelas obras. Como diz o ditado popular: “Quando a barba do vizinho começa arder, é preciso colocar a nossa de molho”. Mas como a nossa presidente da República é uma mulher, talvez o perigo deste tipo de crise não possa “afetar” o Brasil....





Filme antigo: inundações em São Paulo



Vale do Anhangabaú, cruzamento das Avenidas 23 de Maio com 9 de Julho: mesmo filme de inundação todo ano

Luís Alberto Caju

 Em todo Verão a mesma cena se repete na capital paulista: ruas alagadas e motoristas desesperados presos nas inundações. Após a água baixar, grande quantidade de lixo se acumula no local, principalmente de garrafas vazias de bebidas, a maioria PET, detrito orgânico e até colchões e restos de sofás.

 A Prefeitura, como sempre, passa o Outono, Inverno e Primavera sem fazer qualquer trabalho de limpeza nos bueiros e galerias pluviais. Tão pouco investe em campanhas educativas alertando à população dos riscos de jogar lixo nas ruas.

 Os córregos viraram depósitos de todo tipo de sujeira. O leito fica raso e não suporta o volume de água quando chegam as chuvas no Verão. Resultado: ruas e avenidas alagadas, provocando inúmeros prejuízos, como perda de automóveis, invadidos pela enxurrada; bares e restaurantes sofrendo a perda de alimentos e móveis.

 O curioso é que existem locais na capital paulista famosos pela fúria das águas nesta época do ano. O Vale do Anhangabaú é um deles, principalmente no cruzamento das Avenidas 23 de Maio com 9 de Julho, região central. Ali é comum carros ficarem com água até perto do para brisa. A Praça da Bandeira tem seu terminal de ônibus transformado num imenso “piscinão” de água suja.

 Na Zona Oeste, na Rua Turiaçu com Avenida Sumaré, próximo ao estádio do Parque Antarctica, é outro ponto onde a enxurrada castiga motoristas há décadas. Ali, poucos minutos de forte chuva resultam num inferno aquático. É comum a força da correnteza arrastar carros. O mesmo discurso a Prefeitura repete todo ano: “Que está investindo em obras para resolver o problema”.

 Em Santana, a Avenida Voluntários da Pátria e a paralela Cruzeiro do Sul, perto das estações do Metrô, Santana e Tietê Portuguesa, viram “rios” quando chove forte no Verão. As Ruas Darzan e Daniel Piza, travessas da Voluntários e Cruzeiro do Sul alagam, impedindo travessia de veículos e pedestres.

 A situação é grave nas ruas perto da estação do Metrô Tietê Portuguesa e Avenida Zaki Narchi. Ali é comum a enchente fazer a água subir mais de 1 metro. Dificultando a saída e chegada de ônibus ao terminal rodoviário do Tietê.

 Do outro lado da Avenida Voluntários da Pátria, próximo à Avenida do Estado, o mesmo problema se repete. Qualquer temporal transforma aquela região num mar de água suja. Se o Rio Tamanduateí transbordar, a situação piora, pois ele provoca inundação até no Parque Dom Pedro II e ruas da região da 25 de Março.


 Esses são alguns dos pontos críticos, alvos de enchentes há várias décadas, mas que a Prefeitura continua fazendo vistas grossas. Cabe ao motorista e pedestre ficarem atentos, quando começar chover forte. Caso esteja nesses locais, é aconselhável sair o mais rápido possível, para não amargar a triste experiência de sentir a fúria da enchente e sofrer prejuízos. 

sábado, 28 de dezembro de 2013

Nossos ídolos continuam os mesmos


O primeiro disco, lançado em 1976, que abriu a estrada do sucesso para Djavan, nele está "Flor de Lis"


Luís Alberto Caju

"....Nossos ídolos ainda são os mesmos/e as aparências/não enganam não/ você diz que depois deles/ não apareceu mais ninguém/ você pode até dizer/ que eu estou por fora/ ou então/ que eu estou enganando..” O trecho da canção “Como os nossos pais”, autoria de Belchior e gravada em 1976, já naquela época mostrava que a renovação passava longe do mundo da música.

 O show biz tenta emplacar artistas de proveta, mas conseguem ficar pouco tempo em cartaz. Porém o que mais chama a atenção é que o avanço da tecnologia não contribuiu para existir novos cantores. Quando se compara com 60 anos atrás, o talento prevalecia, pois os estúdios eram simples, oferecendo poucos recursos técnicos.

 Nos exemplos citados abaixo, estão cantores e bandas com mais de 30 anos de estrada, algumas já com meio século de caminhada, fica claro que apesar das armações dos The Voice da vida, os ídolos musicais de muitos jovens ainda continuam sendo os dos pais. Contra fatos não existe argumentos.

Os grandes intérpretes que ainda arrastam multidões às suas apresentações, já passaram dos 60 anos tanto no Brasil quanto no Exterior. Todos os componentes dos Rolling Stones se aproximam dos 70. Mesmo assim encontram fôlego para cantar os velhos sucessos em suas turnês. Mick Jagger tem 71 anos. A banda existe desde 1962.

Os Rolling Stones começaram a cantar em 1962, Mick Jagger tem 71 anos

 E Jorge Benjor? Cinquenta anos de carreira e ainda mantém o mesmo vigor, também com 71 anos. Sua batida na guitarra atravessou o mundo e o transformou num grande ícone da Black Music brasileira. Quem não o conhece, imagina que esteja diante de um artista com 50 anos, por causa do vigor, num show que passa das 2h. Tudo sem demonstrar cansaço.
Jorge Benjor gravou o primeiro disco em 1963
 Não se pode esquecer nesta lista de Djavan, 64 anos, autor da célebre “Flor de Lis”, gravada em 1976, seu primeiro álbum. Em qualquer país suas apresentações têm muito público, por causa da ótima qualidade das canções que interpreta e do estilo do seu violão. Vários dos admiradores são jovens, alguns com menos da metade da idade de Djavan.

 Caetano Veloso, com mais de 45 anos de estrada, é outro cantor de forte atração junto ao público. Autor de músicas que se tornaram clássicas, como “Sampa”, “Você é Linda”, “Alegria, Alegria”, o peso da idade é menosprezado pelos os fãs. Muitos não percebem que assistem ao show de um setentão.
Caetano Veloso tem mais de 45 anos de carreira

 Nesta galeria de grandes artistas está incluído Gilberto Gil. Ele já atravessou, também, o portal dos 70 anos de idade. Perto dos 50 anos de carreira, Gil ainda coloca fogo na plateia quando começa cantar inúmeros de seus sucessos, variando de MPB, Samba, Rock, Sertanejo, Reggae, Soul, Funk (o legítimo dos Estados Unidos) e baladas românticas no estilo R&B.
Gilberto Gil já passou dos 70 anos, mas continua firme na estrada do Show Biz

 Martinho da Vila, que deixou o Exército, onde era sargento, é outro artista que enriquece o Samba. Aos 75 anos, lançou o primeiro disco em 1969. A partir daí emplacou várias músicas nas paradas de sucesso, numa época em que este estilo de canção não tocava muito nas rádios e programas de televisão. Em qualquer mesa de boteco, principalmente no final de ano, não faltam hits dele, como “Casa de Bamba”, “Pequeno Burguês”, “Madalena do Jucu”, “Quem é do mar não enjoa” entre outros. Em 1995  vendeu 1 milhão de cópias do álbum Tá Delícia, Tá gostoso.
Martinho da Vila, sambista com 45 anos de sucesso, lançou primeiro disco em 1969

 Maria Bethânia, 67 anos, uma das maiores intérpretes brasileiras, é outra artista cuja carreira já chegou aos 49 anos. Assistir a shows dela é verdadeira aula para quem gosta de músicas na voz de alguém bem profissional. Enquanto os norte-americanos tiveram Carmen McRae, Janis Joplin, Ella Fitzgerald, Etta James e, claro, ainda têm Aretha Franklin, o Brasil conta com Bethânia.
Maria Bethânia começou a gravar em 1965, está com 67 anos

Os fãs do Jazz/Pop não nunca se esquecem de George Benson, 70 anos, cuja carreira começou em 1963, quando estava com 20 anos. Quando vem ao Brasil, não precisa de muita badalação para atrair várias pessoas aos seus shows. Só os primeiros acordes da inesquecível “Affirmation”, seguida de “Breezin” tiram as dúvidas de o “velhinho” é Benson e muita energia vai rolar.
O setentão George Benson ainda prossegue com muita energia na estrada do sucesso

 A banda Eart Wind & Fire, com 45 anos de estrada, ainda mantém o mesmo charme nas suas apresentações. Seus principais componentes já estão perto dos 60 anos, principalmente o vocalista Philip Bailey, a voz aguda da bela canção “Reasons”, gravada em 1975.
Earth Wind & Fire, ícone da Black Music dos EUA desde 1968
 E o que falar de outro grupo de Black Music, Kool and The Gang, com várias canções emplacadas nas paradas de sucesso nos últimos 44 anos. O conjunto foi criado em 1964 na cidade de Nova Jersey. Nas festas de fim de ano nos Estados Unidos, o hit “Celebration”, canção da banda na década de 1980, não falta em nenhuma festa.
A Kool and The Gang surgiu em 1964 e gravou o primeiro disco em 1969
 Outro que não falta nesta lista de grandes talentos, que já passaram dos 60 anos, está incluído Johnny Rivers, que já tem 71. Com praticamente 50 anos de carreira, ainda leva muito público aos seus shows, onde não faltam belas baladas como “Do You Wanna Dance?”, “Poor Side of Town” entre outras.
Johnny Rivers, 71 anos, soltou o primeiro disco em 1964

Desta lista não fica de fora, um dos pais da Funk Music ao lado de James Brown; a nitroglicerina pura George Clinton, na estrada desde 1955, quando pisou num palco, então com 14 anos de idade. Quando se fala de Funk, Rock, Soul e R&B, Clinton tem menção honrosa. Ele é responsável pelo lançamento da banda Red Hot Chili Peppers no cenário do Rock. Também é criador dos grupos de Black Music Parliament e Funkadelic.
George Clinton canta desde 1955 e lançou a banda de rock Red Hot Chili Peppers

 Para os mais novinhos, cito a banda de Rock Kid Abelha, que em 1984 gravaram o primeiro disco e o nome original era Kid Abelha e os Abobóras Selvagens. Os três membros originais (o baixista Leone saiu) prosseguem na caminhada: a vocalista Paula Toller, o saxofonista George Israel e o guitarrista Bruno Fortunato.
Kid Abelha em 1984, ainda com baixista Leoni, último à direita

Com 31 anos de estrada e seus componentes Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone ainda atraem muitos jovens aos seus shows. A rapaziada nem imagina que já se passaram tantos anos quando eles estouraram nas paradas com o hit “Vital e Sua Moto”. O Hit “Meu Erro” ainda continua no repertório de qualquer baile que ocorra numa faculdade. 
Paralamas do Sucesso em 1981

Mulher não gosta de homem bom

O segredo é amar as mulheres, sem cair no erro de tentar compreender suas atitudes

Luís Alberto Caju

 Em mais de meio século de vida já descobri muitas atitudes estranhas. Algumas de enojar. Exemplo: por que o cachorro faz cocô e depois come as próprias fezes? E o porco, após tomar banho, acaba mergulhando na parte suja do chiqueiro para espantar a limpeza? Outro negócio que até hoje não consegui compreender, é mulher nunca segurar na alça do caixão num enterro, mesmo que seja de parentes próximos. Qual razão para os homens terem essa prerrogativa?

 Por razões que desconheço, as mulheres gostam de conversar comigo; algumas depois de decorrido algum tempo expõem suas lutas em busca de conselho, um norte para vida. Ao contrário de muitos amigos e colegas, consigo manter uma amizade feminina sem a necessidade de que tudo termine, de vez em quando, numa cama de motel. Separo apego de desejo sexual. Tenho amigas que conversamos há 30 anos.

 Nesta caminhada de bastante bate papo com elas, até hoje algo martela minha cabeça: “Qual a razão de homem canalha gozar de bom ibope junto às mulheres”? Já ouvi várias respostas. Algumas dizem que o homem sem pitada de canalhice é semelhante comida ausente de tempero!

 Como jornalista, sou observador e pesquisador e, detectei que diversos maridos bons, tipo sujeito que faz feira no domingo, enquanto a esposa dorme um pouco até tarde, que vai ao supermercado sozinho, paga as contas e aguenta calado a mudança de humor da mulher, principalmente na época de TPM, ficaram a ver navios.

 Parece que o marido pegador, que não perdoa desde a recepcionista à faxineira da empresa, é o sujeito que fica bem no filme com as mulheres. Uma delas, jovem e separada, explicou-me que o esposo ideal precisa ter mistura exótica de dureza (bate na mesa que não vai fazer algo e pronto) e sensualidade bruta (de surpresa resolve transar em qualquer lugar da casa, sem nenhum aviso, retirando a roupa dela, com certa aspereza) e que nunca satisfaça todos os desejos dela!

 Outra confessou a mim que o seu amado causava tédio, por causa do bom comportamento. Nunca reclamava com ela sobre nenhum defeito, mesmo quando existia pirraça de propósito. Reclamou de ser um gentleman, não falar palavrões em nenhuma hipótese. O pior, segundo ela, é que o camarada sempre estava pronto para loucura que pretendia fazer. Como sair para passear à noite, após 22h, pelas ruas da região central de SP.

 Como repórter de Polícia, durante três anos, percebi que malandro tem sempre mulher bonita e fiel. Às vezes tentava compreender como uma menina linda resolvia entrar num relacionamento de risco, com grande chance de ficar viúva de repente. Pasmem! Muitas delas disseram que é charmoso ter marido bandido. São respeitadas e nenhum maluco vai querer algo com elas, por que beijo deste tipo de mulher tem gosto de chumbo.

 Outro detalhe curioso, de acordo com a opinião de muitas mulheres que já ouvi, é que marido bom precisa ter atitude. Em tudo! Não pode ser democrático. Pensou que algo será bom, não espera uma mesa redonda para transformar teoria em prática. Camarada que faz rodeios, indeciso, é sério candidato a levar chute num relacionamento. Se o chuveiro queimou, tenta consertar ou vai, rápido, atrás de quem saiba resolver o problema.


 Porém, a resposta feminina que mais me deixou impactado partiu de uma amiga, bem resolvida, bonita e separada: “Para ter sucesso no casamento não seja muito certinho. Use, de vez em quando, o seu tempero de canalhice. Muita bondade deixa um relacionamento desse tipo um tédio”. Fecho esse artigo com a frase que li numa rede social: “Ame as mulheres, mas nunca caia no erro de compreendê-las”.

Conversa sem conteúdo é a base do discurso de político


Para fingir que trabalham, têm 90 dias de férias, se aposentam com salário integral, o discurso vazio está sempre na boca


Luís Alberto Caju

  Político é conhecido por dar nó em pingo d´água. Conseguem mentir com a maior cara de pau, independente do lugar em que esteja. Os que já se encontram no inferno (e são muitos) devem estar provocando muitas dores de cabeça ao Diabo, o inspirador da maioria, pois como disse Jesus, ele é o pai da mentira.

 Veja como consiste o discurso usado tanto na campanha buscando a eleição, quanto aquele utilizado quando se encontra no poder, desfrutando de todas as mordomias, inclusive o direito de conseguir se aposentar com salário integral (no Congresso Nacional os deputados recebem vencimentos de R$ 26 mil).

 Caso ele esteja na periferia e a população cobre ações práticas para solução de problemas, sairão de sua boca essas palavras: “A necessidade emergente se caracteriza por uma correta relação entre estrutura e superestrutura, no interesse primário da população, substanciando e vitalizando, numa ótica preventiva e não mais curativa, a transparência de cada ato decisional”.

 Se a plateia for de nível escolar mais elevado, o sacana vai abrir a conversa fiada deste jeito: “O quadro normativo prefigura a superação de cada obstáculo e/ou resistência passiva sem prejudicar o atual nível das contribuições, não assumindo nunca como implícito, no contexto de um sistema integrado, um indispensável salto de qualidade”.

 Mas ele pode discursar dessa forma para estudantes: “O critério metodológico reconduz a sínteses a pontual correspondência entre objetivos e recursos com critérios não-dirigísticos, potenciando e incrementando, na medida em que isso seja factível, o aplanamento de discrepâncias e discrasias existentes”.

 Diante de empresários, de olho na doação de campanha, o político começa falando deste jeito: “O modelo de desenvolvimento incrementa o redirecionamento das linhas de tendência em ato para além das contradições e dificuldades iniciais, evidenciando e explicitando, em termos de eficácia e eficiência, a adoção de uma metodologia diferenciada”.

Para exigir que o eleitor não fuja da urna, o cara de madeira entra com essa conversa fiada: “O método participativo propõe-se a o reconhecimento da demanda não satisfeita mediante mecanismos de participação, não omitindo ou calando, mas antes particularizando, com as devidas e imprescindíveis enfatizações, o coenvolvimento ativo de operadores de operadores utentes”.

Em todos esses exemplos de discurso, o conteúdo é vazio. A pessoa consegue não dizer nada com toda essa quantidade de palavras. É um meio de encher linguiça, sem que eleitor perceba que o candidato ou político está falando, de forma delicada, que sua plateia é composta de bobos, carente de qualquer senso crítico.



Você já reparou que o governo é teu sócio?

O "leão" fica sossegado porque não há meios de escapar de suas garras fiscais


Luís Alberto Caju

 Não existe escapatória: o governo é teu sócio em todas as esferas: municipal, estadual e federal. Experimente não pagar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para ver o que ocorrerá depois. Após algum tempo o imóvel é tomado pela Prefeitura e leiloado. Claro, você vai para rua.

 Caso more num prédio ou condomínio fechado terá de arcar com a taxa de condomínio. Se der o calote, a administração do imóvel tem amparo da Justiça para despejá-lo, não importando o tempo de residência ou se casa ou apartamento já estejam pagos.

 Muitas vezes ao comprar um automóvel ou veículo comercial (caminhões, vans, ônibus etc) o consumidor diz em alta voz: “Consegui e agora ninguém mais toma de mim”. É deixar de pagar o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores). O número do Renavam (Registro Nacional de Veículos Auto Motores) do seu carro entra no sistema como inadimplente e na primeira blitz, ele é guinchado. Só sai de lá após o pagamento de todas as taxas atrasadas e do IPVA.

 Na verdade, o governo estadual concede uma licença disfarçada para você circular motorizado pela cidade. Só ficam de fora os veículos com mais de 15 anos de uso e antigos, de colecionadores. Mas o governo vai mais além nesta sociedade forçada. Caso ganhe salário alto, todo ano precisará declarar o Imposto de Renda. Recuse enganar o “leão” e terá o CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) cancelado. Sem ele não conseguirá comprar nada a crédito, nem fazer qualquer transação bancária.

 Os empresários não escapam deste pedágio macabro. Desde o micro ao grande, todos precisam pagar taxas e impostos. Eles variam de nível municipal, estadual e federal. Por exemplo, o IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) é cobrado das indústrias, não importa o objeto que fabrica. Mesmo que seja muito rica, todo ano precisa declarar o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), calculado sobre o lucro.
 Para terminar essa história, o brasileiro pensa que morrendo tudo se acaba. Mentira! A família precisa fazer o inventário dos bens do qual ele era proprietário, do contrário o governo continuará cobrando. Aliás, até na hora da morte é preciso provar que perdeu a vida, através do atestado de óbito. Agora é descansar no cemitério para sempre. Não! Caso não pague as taxas sobre o uso do túmulo, ele poderá ser tomado.

Se os ossos do falecido estiver nas gavetas de restos mortais precisará pagar determinado valor de 5 em 5 anos. Do contrário irá para ossário geral, onde não há mais nenhum tipo de identificação. Percebeu que ninguém passa por este mundo sem pagar nada ao governo. Ainda bem que no céu não tem pedágio. Ah! Esqueci-me de algumas seitas cristãs que vendem a palavra de Deus....


Principais impostos e contribuições pagos no Brasil


Tributos federais

II – Imposto sobre Importação.

IOF – Imposto sobre Operações Financeiras. Incide sobre empréstimos, financiamentos e outras operações financeiras, e sobre ações.

IPI – Imposto sobre Produto Industrializado. Cobrado das indústrias.

IRPF – Imposto de Renda Pessoa Física.

IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Incide sobre o lucro das empresas.

ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural.

Cide – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Incide sobre petróleo e gás natural e seus derivados, e sobre álcool combustível.

Cofins – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Cobrado das empresas.

CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. É descontada a cada entrada e saída de dinheiro das contas bancárias.

CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Percentual do salário de cada trabalhador com carteira assinada depositado pela empresa.

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. Percentual do salário de cada empregado cobrado da empresa (cerca de 28% – varia segundo o ramo de atuação) e do trabalhador (8%) para assistência à saúde.

PIS/Pasep – Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público. Cobrado das empresas.

Impostos estaduais

ICMS –
 Imposto sobre Circulação de Mercadorias. Incide também sobre o transporte interestadual e intermunicipal e telefonia.

IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

ITCMD – Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação. Incide sobre herança.

Impostos municipais

IPTU –
 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana.

ISS – Imposto Sobre Serviços. Cobrado das empresas.

ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos. Incide sobre a mudança de propriedade de imóveis.




sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Shoppings pedem ajuda da PM para reprimir “Rolezinhos”



Suspeitos de "rolezinhos" sendo revistados em shopping
Luís Alberto Caju

 As arruaças promovidas nos shoppings centers da capital paulista por adolescentes simpatizantes da trash music, que eles insistem em chamar de funk, sofrerão repressão da Polícia Militar. Os lojistas alegam prejuízos com os denominados “rolezinhos”, onde uma multidão de rapazes e meninas, maioria sem emprego, fazem arrastões espantando consumidores.

 O primeiro a sofrer na pela o impacto dessa prática daninha foi o Shopping Metrô Itaquera, Zona Leste de SP, quando 6 mil adolescentes , em 7 de dezembro, tentaram saquear várias lojas, obrigando a maioria fechar as portas. Repetiram a dose em outros três estabelecimentos, o último dia 21, no Shopping Interlagos, Zona Sul, que amargou de 7% a 8% de prejuízo.

 O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tomou conhecimento da reivindicação da categoria, mas ressaltou que o policiamento interno no interior deste tipo de comércio é particular, enquanto o da PM é público. A observação dele é correta. Imaginaram se cada setor da economia paulista enfrentar problema com violência e pedir auxílio da polícia?

 Há alguns anos, com aumento de assaltos contra ônibus urbanos, as empresas pediram que os coletivos fossem protegidos pela PM. A ideia não vingou. Cabe aos shoppings, que faturam milhões, investir mais dinheiro na segurança particular para que tenham condições de reprimir de forma correta os desocupados que promovem os danosos “rolezinhos”. 

 Cabe à polícia, sim, trabalho de inteligência nas redes sociais, onde esse tipo de bagunça é agendado, descobrir quais são as pessoas envolvidas e prendê-las. Não é possível passar a mão na cabeça de delinquentes que sob a capa de busca de diversão (o mote é fazer baile nos corredores dos shoppings) praticar crimes.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Conheça seu chefe e fique bem no serviço


Às vezes o ambiente no trabalho é um campo minado

Luís Alberto Caju

  Existe funcionário que procura chifre em cabeça de cavalo. Quebra a cara no emprego porque não consegue compreender a chefia. É igual à pessoa sem malícia, que comete erros infantis na vida profissional e chega ao fim da vida na rua da amargura. Não há chefe alienígena. Todos têm determinadas características. Para quem vai começar 2014 de emprego novo, fica abaixo o perfil psicológico de cada chefe numa empresa.

 O melhor para trabalhar é o equilibrado. Esse tipo tem o perfil mais maduro e consciente. É gentil e cumpre ordens sem entrar em conflito com ninguém. Caso o empregado seja observador não encontrará dificuldade, pois o equilíbrio emocional desperta nele a consciência da importância do cargo diante dos seus comandados. Porém, é preciso bom senso para ganhar confiança dele.

 Já o pragmático é aquele que acredita apenas no que estiver diante dos seus olhos, igual Tomé. É fácil reconhecê-lo, por causa da organização, detalhista na administração e formal nas relações profissionais. Para sair bem no filme com este tipo de chefe, o trabalhador não pode cair no erro de apresentar um projeto sem regras claras e organizado. Porque ele não improvisa, ou seja, não aplica o famoso “bem bolado”. Só compra uma ideia se tudo estiver bem claro, do contrário é lata do lixo.

 Neste time tem espaço para o chefe introvertido. Não fala nada, dificilmente vai entrar cumprimentando todos. Detesta festas e barulho, pois só produz muito em local silencioso. O maior erro que o empregado comete com ele é pressioná-lo a tomar alguma decisão. Caso sofra pressão, a vaca irá para o brejo.

 O chefe alegre é mais fácil de trabalhar, porque gosta de receber elogios, e, claro, caixinhas de bombons ou outro tipo de agrado no serviço diário. O segredo é lhe dar atenção. Quando entrar na sala e ele puxar assunto, ouça. Não o deixe falando sozinho. Este gesto pode ser interpretado como desfeita, além de perder pontos na sua escala de observação.

 Muito cuidado com o chefe emotivo. Sua extrema sensibilidade faz com que veja o mundo de forma diferente. Não é alguém que está ali apenas pelo dinheiro, mas sim porque imagina que o seu trabalho é uma forma de contribuir para avanços na sociedade. É alguém que o funcionário precisa ter calma e tolerância. Pedir para ele apressar a marcação de férias ou transferência, por exemplo, pode ser interpretado como agressão. É o profissional que se magoa facilmente. Bem, neste caso tudo pode acontecer quando chutar o pau da barraca.


 Por último há o chefe extrovertido. Adora se reunir com todos os empregados para tomar uma decisão, como se o departamento ou escritório fosse uma plenária sindical. Não consegue ficar quieto na empresa. É aquela pessoa que sabe vender muito bem o peixe de onde trabalha. Só precisa ter paciência para suportá-lo no seu pé cobrando o resultado prometido, numa das inúmeras reuniões que gosta de participar. 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Fidelidade partidária, palavra desconhecida pelos políticos brasileiros

Lula, o então candidato Haddad à prefeitura de SP, e Paulo Maluf, adversário ferrenho do petista na década de 80


Luís Alberto Caju

 Imagine alguém que saiu de São Paulo em 1984, no auge do movimento pelas Diretas Já, e ficou desconectado da realidade política do País até 2013. Enclausurado numa aldeia perdeu todo o contato com a civilização. De repente resolveu retornar à rotina da capital paulista. Encontrou alguns amigos, hoje todos na faixa dos 50 anos, avós e perto da aposentadoria por tempo de serviço.

Manifestação pelas Diretas Já no Vale do Anhangabaú em abril de 1984

 Como ingênuo bradou o grito de democracia na mesa do boteco, ao lado dos colegas. Com energia passou a criticar Paulo Maluf, José Sarney, Delfim Netto; elogiou José Serra e Fernando Henrique. Mas logo levou um puxão de orelhas, que quase lhe fez cair o copo de cerveja no chão.

 “Você ficou maluco”, questionou o amigo de infância, militância e passeatas no final da década de 1970, pelo Vale do Anhangabaú e Avenida São João, com a tropa de choque orientada pelo secretário de Segurança Pública, Erasmo Dias, descendo a borracha em todo mundo. “Doido é você! Essa trinca merece morrer. Não sei quem é pior: o Maluf, o Sarney ou Delfim”, retrucou.
Economista Delfim Netto, de crítico mordaz a alinhado do PT na gestão do presidente Lula

 “Parece que a erva que você fumou ao lado dos índios na selva amazônica afetou seus neurônios”, respondeu outro companheiro de luta, mas sindical; na época que ninguém usava o sindicalismo como trampolim para administrar fundos de pensão e encostar o burro na sombra.
Jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, que se desligou do partido

 “Posso ter fumado muito baseado com índios, mas não deixei de ser socialista. A salvação do Brasil vem do ABC, quando colocarmos alguém como o companheiro Lula no poder. Tudo entra nos eixos”, discursou de forma saudosista. Logo a mesa ficou cercada de gente. Ninguém compreendia mais aquela conversa.
Sarney, de aliado do Regime Militar de 64 a base de apoio na gestão Lula e Dilma

 Para parte da freguesia do boteco, em Vila Madalena, Zona Oeste de São Paulo, bairro famoso pela população de perfil esquerdista e ambiental, parecia alguém com perda de memória ou estava de gozação. “Companheiro tudo mudou! Delfim, Maluf e Sarney estão do lado do Lula”, ressaltou um colega socando a mesa, quase derrubando o prato de porção de batata frita no chão.
FH apoiava Lula na época de sindicalista, virou adversário político depois

 “Como é que é? Lula já foi presidente do Brasil e a trinca maldita ficou ao lado dele? E o Serra e o Fernando Henrique hoje são oposição a nós”?, questionou confuso. “Isto mesmo companheiro”, disse outro amigo da época de centro acadêmico na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

 De forma didática ele descreveu o que aconteceu no Brasil de 1984 até 2013. “Logo depois que você se enfiou na selva do Amazonas, após a derrota da Emenda Dante de Oliveira, que defendia eleição direta para presidente, muita água passou embaixo da ponte”, afirmou.
Repressão contra passeatas durante o Regime Militar

 Prosseguiu: “O Tancredo Neves colocou o Sarney de vice na chapa e ganhou a eleição indireta do Paulo Maluf, candidato dos militares e unha e carne com os golpistas do Regime de 1964, que derrubou o presidente João Goulart”, descreveu. “Você desconhece, mas Tancredo Neves morreu e Sarney, que veio UDN, pulou para a Arena que virou PDS e abriu uma dissidência chamada PFL, que agora se chama DEM, assumiu o poder”, explicou.

 “Quem está doido é você! Fiquei na selva comendo raízes e frutas do pé, mas não perdi a lucidez”, questionou. “Companheiro, o Sarney ficou no poder até 1990, quando passou o bastão para um sujeito playboy das Alagoas, Collor de Mello, que derrotou Lula na eleição direta de 1989”, descreveu. “Agora a coisa está ficando clara”, concordou.

 “Espera que não acabou”, respondeu o amigo ex-sindicalista. “O Fernando Henrique que você elogiou ganhou a eleição seguinte contra o Lula. Veio outra e ele fez a mesma coisa. Não existe mais aquele apego da época das greves no ABC, quando o Fernando apoiava a luta de Lula nos Metalúrgicos” , afirmou.

 “E o Collor de Mello, o que aconteceu com ele?”, retrucou. “Caro amigo, esse crápula renunciou por causa de uma série de escândalos em seu governo. Na época o Lula o odiava. Mas depois viraram amigos e viajaram juntos, recentemente, para a África do Sul no funeral do Nelson Mandela”, disse.

 “Cada vez mais fico confuso”, emendou. “No primeiro governo Lula, ele aceitou ajuda do Sarney, Maluf e Delfim, que, aliás, virou conselheiro econômico na gestão Lula”, explicou. “Vocês estão de brincadeira comigo”, esbravejou. “Companheiro esquece os ideais socialistas da década de 1970, das passeatas, dos atos políticos na Praça da Sé e Vale do Anhangabaú”, tentou acalmar o amigo de longa data.

 “Como fazer isto”?, questionou com voz baixa, deixando de lado o copo de cerveja. “Infelizmente no poder, o companheiro Lula repetiu as mesmas práticas questionadas em governos anteriores. O partido perdeu grandes quadros, como o jurista Hélio Bicudo, Heloisa Helena, Plínio de Arruda Sampaio, Luiza Erundina, Marina Silva, Cristovam Buarque entre outros”, afirmou.

 “Parece que vocês colocaram veneno nesta cerveja ou estou ouvindo alucinação”, retrucou. “Não é alucinação companheiro. É a pura verdade. A maioria dos parlamentares da direita está apoiando a presidente Dilma, inclusive gente do Paulo Maluf. Sabia que os mesmos escândalos que ocorriam no final da ditadura, também continuam com a esquerda no poder, se é que posso chamar de esquerda essa gestão”, ressaltou.


 Após a longa conversa regada a muita cerveja e caipirinha, o companheiro que ficou quase 30 anos vivendo com índios no Amazonas e afastado de todo noticiário político nacional, teve a cruel certeza de que fidelidade partidária é palavra desconhecida pelos políticos brasileiros. Saiu do bar, parou numa banca de jornal e quase caiu de costas: “Genoino e Zé Dirceu cumprirão penas no presídio da Papuda”, informava a manchete de um jornal. Desceu a rua, pensando em voltar à aldeia no meio da selva amazônica e nunca mais sair de lá.