Postagem em destaque

A Ineficiência do Gasto Público

    Pixabay Radiografia da Notícia *  Por definição, a eficiência do gasto público é menor do que a do gasto privado *  Logicamente num regi...

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mudanças impactantes num curto espaço de tempo




O disco de vinil perdeu o reinado de mais de 60 anos para o CD na década de 1980
  

Luís Alberto Alves

 O tempo não espera ninguém. Você se lembra da década de 1980, quando o disco de vinil imperava em qualquer baile? Poucos imaginariam que uma trajetória de mais de 60 anos iria terminar rápido com a chegada do Compact Disc, popularizado como CD.
CD ocupou o lugar do disco de vinil

 Nessa época ainda existiam os gravadores enormes para reproduzir o conteúdo das fitas K7, algumas com espaço suficiente para guardar duas horas de música ou até mesmo de conversa. Logo o reinado de décadas acabou, quando surgiu o pen drive para acomodar quantidade maior de música ou documentos escritos nos mais variados tipos de arquivos.

Fitas K 7 não resistiram ao avanço do pen drive


 Na década de 1980 diversos escritórios mantinham em suas salas os famosos telex, que recebiam mensagem escritas de qualquer parte do mundo. Até os Correios mantinham o serviço de entrega de telegramas. Eles chegavam rapidamente em nossas mãos, principalmente se fosse notícia ruim. Às vezes empresas usavam para avisar da aprovação na seleção de pessoal e o emprego estava garantido.
Fax tomou o lugar do telex


 Dez anos depois o fax veio para tomar o lugar do telex e permaneceu até o início do século 21. Aos poucos ficou de escanteio com o avanço da internet, por onde o e­mail circula mais rápido. Em fração de segundos qualquer documento, inclusive fotos, é enviado para qualquer parte do mundo, sem demora.
A máquina de telex foi a mãe do fax


 Nesse avanço entraram em ação as salas de bate papo on line, apimentando ainda mais a velocidade da informação. Em vez de enviar e-mail, dependendo da situação, pela janela de bate papo é possível conversar e esclarecer dúvidas rapidamente. Recentemente o Whats App uniu a fome com a vontade comer, ao mesclar ligação telefônica com torpedos, sem o consumidor pagar um centavo à empresa de telefonia celular.

 Antigamente era difícil fazer fotos, precisava ter grande domínio da máquina, geralmente repleta de comandos técnicos. O avanço da indústria resultou em aparelhos celulares com câmeras fotográficas de grande resolução. Dai apareceu o instagram, espécie de álbum de fotos, mas digitais e numa rede social.
Telefone fixo está perdendo lugar para aparelho celular



 Daqui a 20 anos não é possível prever quais tecnologias estarão nas mãos de nossos filhos e netos. Mas podem ter certeza, os atuais aparelhos de som, televisão e telefonia estarão como peças de museus. Aliás, alguém ainda usa frequentemente telefone fixo de casa ou da empresa? Até os orelhões, aos poucos, estão caindo em desuso. Quem não continuar plugado nas novidades, corre o risco de ficar para trás é perder o bonde do avanço tecnológico.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Não basta só comer banana, mas tomar atitudes


O ato de comer banana, deve vir acompanhado de atitudes sérias
Luís Alberto Alves

 O ato racista contra o lateral direito do Barcelona, Daniel Alves, provocou nas redes sociais imensa cadeia de apoio, com diversas pessoas comendo banana para protestar a discordância em relação ao absurdo contra o jogador de futebol. Daniel ao ver a fruta arremessada contra ele no campo, a pegou e degustou, em vez de xingar o antitorcedor.

 Mas no Brasil, a população precisa comer banana contra a classe política que usa o Congresso Nacional como balcão para negociata, para encher cada vez mais o bolso de dinheiro público, nas falcatruas presentes em licitações de obras que não interessam a ninguém; só a eles e empreiteiros. Afinal de contas, só bobo para crer que alguém gasta mais de R$ 500 mil numa campanha para deputado federal e ganhar depois R$ 26 mil mensais para defender os anseios da população.

 É necessário, urgentemente, as pessoas comerem banana para melhorar e restaurar o ensino público, que no passado tinha qualidade. As crianças entravam na escola e saiam alfabetizadas. Oposto do ocorrido hoje, quando terminam o Ensino Fundamental, e após nove anos mal sabem ler direito ou interpretar um texto corretamente. Alguns desconhecem as quatro operações da matemática (adição, subtração, divisão e multiplicação).

 Precisamos comer banana para acabar com o atual sistema carcerário, que transforma ladrões de galinha em quadrilheiros a serviço do crime organizado. Presídios mais parecidos com depósitos de seres humanos. Ali, com a concordância do governo, não existe atividade para preencher o ócio de detentos que passam o dia arquitetando ações criminosas para os comparsas livres aqui do lado de fora.
 Com urgência a população deve comer bananas para protestar contra o abandono dos hospitais públicos. Verdadeira casa de terror, com pacientes amontoados pelos corredores, goteiras nas salas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), falta de medicamentos e instrumentos de trabalho aos profissionais de saúde, que ali trabalham ganhando salários de miséria, sem qualquer segurança.

                                                       Inimiga do Estado
 Da nossa boca necessitamos comer banana contra a trágica política de Segurança Pública brasileira, que trata a população como inimiga do Estado. Uma polícia com visão distorcida de quem realmente seja o grande mal da nossa sociedade. Profissionais de segurança despreparados, treinados para agredir e até matar pais de família e jovens indefesos na imensa periferia de várias cidades do País.

 É importante comermos banana contra a horrível e triste prostituição infantil. Principalmente nas estradas que cortam essa nação, com meninas de sete anos oferecendo sexo em troca de moedas ou pedaço de doce. Crianças e adolescentes, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, transformadas em objeto de prazer nas mãos de políticos, empresários e outras inúmeras pessoas de influências, em lugares onde o Judiciário é instituição desconhecida ou está grudado aos poderosos que mandam na administração pública, deixando promotores e demais autoridades sérias de mãos atadas.

 É mais do que essencial comer banana contra os falsos profetas que transformaram o lindo Evangelho pregado e sugerido por Jesus Cristo, em máquina de arrancar dinheiro, de pessoas aflitas e atormentadas por doenças, vício de drogas e desestruturação familiar. Homens que usam a Palavra de Deus visando apenas encher os bolsos de dinheiro, sem qualquer preocupação com a salvação de almas, só em enriquecer e depois deixá-las ao relento, quando não existir mais nada para delas tirar.

 Devemos encher nosso estômago de banana para mostrar a indignação em relação ao flagelo das drogas. Substâncias malditas responsáveis pela destruição de inúmeras famílias no Brasil e mundo. Entorpecentes que fazem filhos agredirem pais, filhas se prostituírem em busca de dinheiro para comprar o alívio de algo usado para acelerar o relógio da morte do ser humano. Drogas que a cada dia avança nas escolas, empresas e até mesmo dentro da polícia, que deveria ser blindada contra este tipo de inimigo.

 Por fim, que ato de comer banana seja acompanhado de atitudes. Não fique apenas em bonito jogos de palavras, semelhantes ações de marketing, num autêntico espetáculo para a platéia bater palma ou achar graça, de algo que é triste. É necessário que haja consciência, de que o mundo avança para o caos. Sem a intervenção de milhões de pessoas do bem, o mal continuará a trajetória de aniquilar a população, na busca do predomínio de corações e mentes interessados apenas com sua triste rotina de achar que o problema dos outros não é de sua alçada. Ninguém é ilha, somos e seremos sempre uma imensa família chamada MUNDO.


sábado, 26 de abril de 2014

Dois torturadores envolvidos no caso Rubens Paiva são assassinados: queima de arquivo?









Os dois torturadores, Molina e Malhães, estiveram envolvidos na morte e desaparecimento de Rubens Paiva


Luís Alberto Alves

Não se deixe enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear isso também colherá..”. Livro de Gálatas, capítulo 6, versículo 7. Parece que esta palavra  se cumpriu em relação a dois torturadores da época da ditatura militar no Brasil. Em 2013, o coronel da reserva Júlio Miguel Molina Dias, 78 anos, levou 15 tiros quando chegava à casa onde morava em Porto Alegre (RS). Os autores do crime foram dois PMs. O objetivo da dupla era a coleção de armas de Molina.

 Na casa dele a polícia encontrou documentos comprovando a entrada do ex­deputado Rubens Paiva, preso político, no temível DOI/Codi (Departamento de Operações e Informações/Centro de Operações de Defesa Interna), no Rio de Janeiro. Molina foi chefe deste braço do regime militar usado para torturar e matar opositores. Paiva entrou vivo ali, em 20 de janeiro de 1971, e até hoje continua desaparecido.
Documento encontrado na casa do torturador Julio Molina em Porto Alegre (RS)

 Na quinta-feira (24) passada, outro envolvido com diversos crimes cometidos contra presos políticos foi executado, no sítio onde morava, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Três supostos bandidos entraram na residência e ali ficaram oito horas. Amarraram a viúva do coronel da reserva Paulo Malhães, 76 anos, e o caseiro.

 O militar confessou em depoimento à Comissão da Verdade, no mês passado, a morte de vários militantes durante a década de 1970, auge do terror da ditadura militar. Disse que para dificultar a identificação das vítimas, que eram levadas para Petropólis (RJ), no centro conhecido como casa da morte, quebrava todos os dentes e cortava os dedos dos torturados e desaparecia com os corpos. Ele teria sumido com o corpo de Rubens Paiva.
O coronel da reserva, Julio Molina, foi chefe do DOI/Codi no Rio de Janeiro


 Esses dois casos revelam que as Forças Armadas mentem ao afirmar não terem informações sobre o paradeiro de presos políticos durante regime que vigorou entre 1964 e 1985. Vários militares, a maioria oficiais, hoje na faixa dos 70 anos, sabem onde estão enterradas as vítimas que perderam as vidas nos centros de torturas abertos em várias regiões do Brasil.     Documentos encontrados na casa de Molina é outra prova do arquivo paralelo criado pelos oficiais, talvez com a concordância do próprio comando da época, visando dificultar o encontro de qualquer prova envolvendo a morte e sumiço de presos políticos naquela época.

 Infelizmente, mesmo em plena democracia, e passados 29 anos, o governo teme confrontar as Forças Armadas, exigindo dos atuais militares que estão na linha de frente, a entrega de todos os documentos revelando o paradeiro de inúmeras pessoas que entraram vivas no DOI/Codi e nunca mais foram vistas. Nesta teia de aranha sinistra estão envolvidos, também, médicos legistas que fizeram autópsia nos torturados, comprovando as causas da morte deles.
O torturador e coronel da reserva Paulo Malhães em depoimento à Comissão da Verdade em março


 O demagogo e criminoso Harry Shibata, acusado de colaborar com a ditadura, fazendo laudos médicos falsos, acabou cassado pelo Conselho Federal de Medicina, mas ele não foi o único. Terminou como boi de piranha, assim ocorreu com seu colega de profissão, Amilcar Lobo, médico que auxiliava os torturadores indicando se o preso tinha condições de suportar mais maus tratos, até trazer as informações que os militares exigiam.

 A lei da anistia infelizmente livrou policiais e oficiais das Forças Armadas de apodrecerem na cadeia, como ocorreu na Argentina e Chile. Não responderam pelos crimes cometidos, usando o Estado como escudo. Sequestraram, ocultaram cadáveres e tudo acabou esquecido. Mas passados tantos anos, a lei do retorno começa ser aplicada sobre vários deles. É a macabra colheita de quem plantou ódio e agora colhe a morte, até de forma trágica. O torturador Paulo Malhães, de acordo com a Polícia Civil, teria morrido asfixiado. Talvez nessa hora ele sentiu a mesma dor que adorava fazer aflorar em suas inúmeras vítimas quando era um dos cartões postais da Ditadura.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Brasil de muitas Lupitas e poucas em capas de revista: racismo?


 Luís Alberto Alves
  A eleição da atriz mexicana, de naturalidade queniana, Lupita Nyong´o, 31 anos, como a mulher mais bonita do mundo pela conceituada revista norte-americana People, numa lista com 50 concorrentes atiçou o assunto racismo nas redes sociais. De quebra ela também ganhou o Oscar de atriz coadjuvante, por sua interpretação no filme 12 Anos de Escravidão.
Lupita ganhou recentemente o Oscar
 Mas se fosse no Brasil, Lupita teria chegado ao topo, como ocorreu nos Estados Unidos, país com “apenas” 12% de população negra? Não! Em nossa nação, onde 50% dos brasileiros são negros e o restante tem sangue indígena correndo nas veias, ficaria de escanteio. Infelizmente o Brasil é racista. Aqui inexiste a tão falada democracia racial. Conversa mole. Assunto para enganar bobo ou para inglês ver.
 Quando o turista europeu desembarca no Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Manaus ou São Paulo, ele fica assustado. Imagina que o piloto errou de roteiro. Começa a procurar primeiro no saguão do aeroporto, e depois nas ruas, onde estão as brasileiras louras, de olhos verdes ou azuis que aparecem nas novelas e filmes.
 Aos poucos percebe que foi vítima de propaganda enganosa. Louras bonitas existem, mas nas academias de ginásticas e desfiles de moda. Na rotina diária, são as negras ou morenas, como preferem alguns, que predominam em diversas cidades do País. Detalhe: lindas, de cabelos encaracolados ou mesmo de progressiva, são belas e deixam o coração de qualquer homem batendo mais forte. Aliás, só em 1986 que tivemos a primeira miss Brasil negra, a gaúcha Deise Nunes.
Após muitos anos, Deise Nunes foi a primeira miss Brasil negra

 Durante décadas a principal repórter negra na Rede Globo foi Glória Maria. O restante tinha a pele clara. Após muitos anos que a bancada do Jornal Nacional, nos finais de semana, foi ocupada por Heraldo Pereira, negro. Aliás, o seu primeiro dia apresentando o telejornal virou notícia, como se fosse algo extraordinário. Mas na redação da Rede Globo só existiam estes dois jornalistas de pele escura? E os outros?
                                                            Vulgar
 Nas emissoras concorrentes é muito raro ter um profissional de comunicação negro ocupando cargo importante. Aparecer na tela da televisão ainda é tabu. Durante pouco tempo, na década de 1990, a Record tinha a dupla Carla Lopes, branca, e Carlos Oliveira, negro, dividiram a bancada antes da chegada de Bóris Casoy para apresentar o Jornal da Record.
Ditador Adolf Hitler matou milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial

 Em revistas o negro é notícia nas seguintes situações: bandido, esportista ou sambista. No caso de mulher, ela aparece na época de Carnaval, de forma vulgar, como se fosse mercadoria exposta para turistas interessados em prostituição. Boa parte dos jornais adota a mesma estratégia, com argumento de que negros não ajudam vender qualquer tipo de produto, principalmente de beleza.
 O curioso que até a década de 1980, as multinacionais responsáveis pela produção de xampus, sabonetes, desodorantes e fixador de cabelos não fabricavam artigos para negros. Foi quando uma microempresária paulistana investiu neste segmento e ganhou muito dinheiro. A partir daí começaram a surgir produtos de beleza para negros, inclusive xampus. De carona apareceu no mercado editorial a revista Raça, em circulação até hoje, ousando dar espaço à população afro.
 Virou artigo de consumo na periferia, por causa das reportagens interessantes que trazia, destacando o lado positivo desta etnia, em contraponto aos grandes veículos de comunicação que só fala do negro no dia 13 de maio ou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, feriado em diversas cidades brasileiras. Enfrentou boicote, mas conquistou seu espaço.
O fascista Benito Mussolini, que tirou a vida de milhares de italianos

  Desde a falsa libertação dos escravos em 1888, por meio da Lei Áurea, promulgada pela princesa Isabel, o negro continua discriminado e ignorado pelo sistema governamental. Nas Forças Armadas, onde lutaram na Guerra do Paraguai, poucos chegam ao posto de general, almirante ou brigadeiro. A maioria engrossa o pelotão de soldados, cabos e sargentos. Daí para frente a cor da pele influencia na ascensão. O mesmo ocorre nas Polícias Militar de todo o Brasil. Uma minoria atinge o posto de coronel, patente máxima neste tipo de polícia.
                                                          Chocolate
 Para confundir a cabeça e afetar a alto estima das crianças e adolescentes negros, o governo brasileiro, por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), criou várias cores para definir a população que não é branca quando realiza o censo demográfico. Virou regra o cidadão dizer que é claro, cor de chocolate, marrom, moreno, mulato, pardo, em vez de assumir sua cor real: negro, como ocorre nos Estados Unidos.
O líder Khmer Vermelho, Pol Pot, exterminou mais de 1 milhão quando governou o Camboja, na Ásia

 Os livros escolares procuram clarear o tom de pele de personalidades importantes da história brasileira: Machado de Assis, Lima Barreto, Arnaldo Rebouças, José do Patrocínio entre outros. Para o governo é como se fosse vergonhoso informar às crianças e adolescentes que não é errado ou crime ser negro ou indígena. Ninguém escolhe sua cor ao nascer.
Pablo Escobar, narcotraficante do cartel de Medellin, assassinou governantes e inúmeras pessoas na Colômbia

 Na rotina diária, o sistema comandado pela elite (no passado proprietária de milhares de escravos em suas fazendas) desenvolveu estratégias de associar o negativo ao negro, até em situação simples. Exemplo: “o negócio vai ficar preto” (usado para algo que se complica). “Não disse que só podia ser preto para fazer uma m..dessa” (aplicado a qualquer tipo de erro). “Preto de branco só pode ser macumbeiro” (usado para pessoas que gosta de se vestir de branco). “Preto quando não erra na entrada, erra na saída” (ao referir a alguém que cometeu qualquer tipo de falha). “Preto de alma branca” ( quando o negro é bom e não questiona nada, sofre calado).
Marcos Camacho, o Marcola, fundador e líder do PCC

 É comum nas batidas policiais, qualquer veículo, principalmente de luxo, conduzidos por negros, serem abordados, até de forma violenta. Na visão da segurança pública, a população não branca é sempre suspeita de cometer crimes, desde pequenos furtos a grandes roubos. A mesma regra é aplicada no comércio, principalmente em shoppings centers, onde grupo de três adolescentes negros já é visto como suspeito pelos funcionários da segurança. Se forem brancos, o alerta é ignorado.

 A própria história confirma que os maiores facínoras, ditadores, ladrões, vigaristas, traficantes não eram negros. Aliás, vale salientar que a carreira criminosa independe da cor da pele, opção sexual, religião, idade. Mas para o sistema racista vigente no Brasil, essa regra é ignorada. Neste país, infelizmente quem não é branco, já é suspeito e pode até perder a vida, como ocorreu com o dançarino DG, recentemente no Rio de Janeiro. O curioso é que debaixo de qualquer pele, seja clara ou escura, o sangue é vermelho; mesmo nos corpos da realeza ou da elite atrasada brasileira.
Empresário Ricardo Mansur, acusado de falir as lojas Mappin e Mesbla, deixando inúmeros desempregados

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Exagero de sal em alimentos industrializados provoca danos à saúde




Luís Alberto Alves

 Numa volta rápida dentro de qualquer supermercado é possível constatar o exagero de sódio nos alimentos industrializados. Em alguns deles, a quantidade chega a 54%. A medicina alerta que o consumo ideal é de 5%. Usado há mais de 5 mil anos para proteger qualquer comida da deterioração, atualmente o sal é visto como causador de várias doenças, entre elas o aumento da pressão arterial.
Macarronada industrializada com mais de 50% de sal, dez vezes acima da quantidade ideal

 Segundo médicos, o cloreto de sódio, principal ingrediente deste tempero, provoca a retenção de líquidos. Como os vasos sanguíneos estão adaptados a determinado volume de sangue por ali circulando, ao constatar algo anormal ocorre a contração para reduzir o fluxo e restabelecer o estado habitual.
 É nesta sequência, de acordo com médicos, que o excesso de sódio provoca estragos no corpo humano, ajudando a surgir hipertensão arterial, problemas nos rins, arritmia e infarto. A indústria fecha os ouvidos para os alertas da Medicina e imagina que o consumidor seja boi para ingerir grandes quantidades de sal diariamente.
 A armadilha é que a maioria dos produtos existentes nos supermercados tem o sódio como conservante e aromatizante. Para complicar, o brasileiro ainda mantém o triste hábito de não olhar nas embalagens a quantidade de sódio ali presente, pois em vários casos ele está presente em queijos, bacon e enlatados, escrito em letras pequenas, dificultando a leitura de todos os ingredientes naquele produto.
 Mas para deixar a situação mais tensa, o consumidor não presta atenção aos sintomas provocados pelo excesso de sódio no alimento que está presente em sua mesa. Segundo os médicos, o sinal de alerta de que o sal está afetando a saúde é o inchaço nas pernas, mãos e tornozelos, falta de ar, dores ao andar, pressão alta, urinar pouco. O importante, é usar o sal para dar sabor aos alimentos, deixando em segundo plano produtos industrializados, verdadeiros depósitos de sódio, além de ingerir muita fruta e verdura.



quinta-feira, 17 de abril de 2014

Zelo é palavra desconhecida pela maioria dos governantes




Aparelho de ginástica instalado no Horto Florestal (SP), num local cheio de goteiras

Luís Alberto Alves

 Desde minha época de criança, há mais de 40 anos, vejo o noticiário destacar a falta de cuidado que o governo tem na preservação do patrimônio público.  Seja na esfera municipal, estadual ou federal. A regra é a mesma. Não importa a qualidade do equipamento; foi comprado, alguém ganhou dinheiro na licitação (raro isto não acontecer) e o restante é deixar abandonado até estragar e a história voltar à repetição.

  Há poucos dias no Horto Florestal de São Paulo, Zona Norte da Capital, a administração, subordinada ao governo tucano de Geraldo Alckmin (PSDB), instalou um aparelho de ginástica. O curioso é que ele está embaixo de uma espécie de coreto, cujo telhado de madeira é repleto de buracos. Com a chuva, o local enche de água, e claro respiga sobre o equipamento que os freqüentadores utilizam.

 Não consigo compreender como alguém comete erro tão grosseiro: colocar algo que custou dinheiro público sob um teto que não resiste à chuva e logo irá danificá-lo. Talvez o responsável por tamanho absurdo desconheça a realidade. Viva somente dentro de escritórios refrigerados, longe da vida das ruas. Os discos de ferro, de vários quilos, estão soltos, sem qualquer corrente fina presa ao aparelho, facilitando o furto, por desocupados que também freqüentam o Horto Florestal.

 Infelizmente o Brasil é o país do desperdício. Quantos hospitais nas regiões mais afastadas dos grandes centros receberam instrumentos e maquinários para auxiliar no tratamento de doentes e permaneceram jogados nos depósitos até a ferrugem destrui­los? Há alguns anos a Polícia Militar de SP recebeu várias peruas Kombis para usar no patrulhamento. Virou alvo de piada, pois este tipo de veículo é para transporte de carga, não para perseguir carros de bandidos. Provavelmente alguém ganhou dinheiro nessa estranha licitação.

 Na rodovia paulista Anhanguera, após a cidade de Piraçununga, existe um viaduto que liga o nada a lugar nenhum. Está ali desde o final da década de 1970. O mesmo aconteceu com a Via Dutra, antes da privatização, com uma ponte sobre a Rodovia Hélio Smidt, que serve de ligação com o Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos. A base de concreto nunca foi utilizada e ali permaneceu vários anos.

 Outro descaso são as obras de despoluição do Rio Tietê. Há mais de 20 anos a história é ouvida pela população paulista de que o governo está trabalhando para torná-lo limpo. A cada dia fica mais sujo e, claro, alguém ganha dinheiro. Geralmente empréstimo feito por bancos estrangeiros. O Metrô, na década de 70 e metade dos anos de 1980 sinônimo de boa administração, hoje é sucata. Os trens abrem algumas portas em movimento, colocando em risco a vida de passageiros.


 Só depois de muita discussão, o governo federal resolveu substituir os obsoletos caças Mirage, responsáveis pelo patrulhamento do espaço aéreo brasileiro. Mesmo assim a escolha final dos aviões que serão fornecidos pela Suécia ficou parecida com parto complicado. Valeu a mesma regra: deixa a situação ficar no limite para ser tomada alguma decisão. Desconheço porque os governantes agem dessa forma, mas acredito que seja pelo lucro obscuro oferecido em qualquer licitação. 

Canalhice embaixo da capa de santidade




A traição é igual golpe de faca

Luís Alberto Alves

 Em grande parte do mundo cristão, amanhã (18) é dia de reverenciar a morte de Jesus Cristo. Período de reflexão para quem realmente segue os seus mandamentos, não se ocultando por baixo da capa da hipocrisia. Infelizmente, muitos procuram esconder suas maldades atrás das palavras sábias ditas pelo filho de Deus.

 Até em inúmeras igrejas evangélicas e católicas o mau caráter encontrou morada. As pessoas agem como Judas Iscariotes os 364 dias do ano e na Sexta-Feira da Paixão resolvem esconder os pêlos e as unhas de lobo. Tratam Deus, como se Ele fosse bobo, um velho caduco que pode acabar driblado por palavras vazias e cheias de frases de efeito.

 Quantas pessoas, de fato pregam e vivem o Evangelho recomendado por Jesus Cristo no início da nossa era? Quantas realmente amam o próximo, inclusive a sogra, o vizinho barulhento, o chefe irritante, o motoboy no trânsito que quase arrancou o retrovisor externo com um chute? Quantas oferecem o outro lado do rosto ao sofrer injustiça, perseguição ou mesmo acabar atacado por alguém no qual depositava grande confiança e foi apunhalado pelas costas?

 Atualmente, quando vivemos um evangelho de resultados, com inúmeras denominações evangélicas mais parecendo supermercados, onde se vende a mercadoria milagre, a custo de dinheiro, os conselhos deixados por Jesus Cristo são sinônimos de caretice. Até alguns líderes cristãos famosos vivem de aparência. No púlpito interpretam o papel de grandes homens de Deus, mas nos bastidores agem como verdadeiros ditadores, mais parecidos com simpatizantes de Satanás.

 Outro grande problema é que os canalhas resolveram se esconder nas igrejas cristãs. Como bons atores, adotaram o personagem do santo de pau oco. Ali dentro parecem pessoas honestas, caridosas e humildes. Mas na rotina diária a verdadeira capa da bondade é retirada, deixando à mostra o gosto amargo da maldade. Tratam os familiares, principalmente, e os amigos com falta de educação e compaixão.

Na luta pelo poder, tanto em casa quanto no serviço, passam por cima de qualquer um que estiver na frente. Aplicam na prática o ditado de Maquiavel, onde os fins justificam os meios. Não se importam com o próximo, o importante é atingir o alvo. Caso tenha provocado ferimentos em alguém pelo caminho, isto é problema de quem teve a infelicidade de aparecer na hora e local errado.

 Mas quando chega o feriado de Sexta­Feira da Paixão é preciso vestir a capa de cordeiro, por cima da horrível pele de lobo. A unha comprida e suja com sangue inocente é cortada e polida. Até o sorriso muda. Tudo para parecer bom, enganando quem estiver à volta. Quando o correto é ser bom sempre, amando o nosso próximo como Jesus Cristo pediu que fizéssemos, mas infelizmente o mundo está cheio de santidade... contaminada com maldade!


terça-feira, 15 de abril de 2014

Quando Justiça ignora o pedido de socorro da vítima


A Justiça brasileira fecha os olhos para diversas barbaridades no País

Luís Alberto Alves

 Há mais de 25 anos, uma dona de casa entrou apavorada numa delegacia de Santo Amaro, Zona Sul de SP. Ela veio registrar queixa contra um dos bandidos mais perigosos daquela região, que na época ameaçou exterminar com toda sua família, antes de estuprá-la na frente do marido e filhos. A ficha criminal do facínora media vários metros. Porém ouviu do delegado a célebre frase: “Não posso fazer nada, porque não aconteceu nada ainda. Tudo, por enquanto é ameaça. Fico impossibilitado de prendê­lo. Mas alerto que ele é perigoso demais, caso descubra que a senhora o denunciou, pode se preparar e fugir daqui”, afirmou.

 Inocente e confiando na Justiça, a mulher de classe média baixa resolveu ir em frente. Dias depois o pilantra parou atrás das grades. Duas semanas após estava nas ruas e avisou a vizinhança do bairro que iria mandar para o inferno toda uma família. O alerta chegou aos ouvidos da provável vítima. Ela correu até a delegacia outra vez e o delegado explicou que novamente tudo caia no campo das ameaças. Estava de mãos atadas. Mas reafirmou para que a mulher e sua família mudassem dali rapidamente.

 As intimidações começaram com tiros nas janelas e portas. Logo saíram do bairro, vendendo o imóvel a preço de banana, deixando para trás uma linda história de vida no bairro aonde chegaram ainda jovens e ali constituíram o doce lar que acabou se desmoronando. Para garantir a segurança, a polícia esteve presente diante da casa, enquanto a mobília era retirada rapidamente. O caso estourou na mídia e a justiça foi desacreditada. O cidadão de bem sendo expulso por alguém do mal e mesmo com extensa ficha criminal, o bandido continuou solto nas ruas, sorrindo do arcaico Código Penal brasileiro.

 Em pleno século 21, era da veloz internet, os pais de um jovem drogado, já adulto, fazem malabarismos para interná-lo numa clínica para recuperação de dependentes químicos. Motivo: não agüentam mais conviver com os furtos diários dentro de casa para sustento do vício, além das ameaças contra a integridade do casal, acompanhadas de xingamentos e depredação de mesas, cadeiras e eletrodomésticos, no auge da crise de abstinência.

Nos lugares onde procuram ajuda, a resposta é a mesma: “O rapaz é adulto e não podemos trazê­lo para cá à força. Precisa existir a concordância dele. Seguimos a Lei”. O sono e o sossego desapareceram da vida de ambos. Infelizmente os catedráticos autores desse tipo de texto presentes em nosso Código Penal não conhecem a realidade das ruas. Tudo parece bonito. O mundo é lindo e até a pimenta nos olhos do próximo é doce.

 Esses dois casos citados acima revelam a falência das leis brasileiras. O absurdo é contemplado com posturas sem qualquer nexo com a realidade. Ou seja, o crime só pode ser reprimido após ter acontecido, resultando na perda da vida de alguém. O drogado é encaminhado à clínica de recuperação quando sentir vontade de largar o vício. Mas qual dependente químico pretende deixar de usar o veneno que o mata lentamente? É o mesmo de perguntar para a mulher ninfomaníaca que o seu casamento não chegará ao fim, quando ela não sentir mais vontade de transar com inúmeros parceiros.


domingo, 13 de abril de 2014

Para se produzir cem litros de cerveja são gastos 2 mil litros de água



O consumo doméstico de água é inferior ao industrial, mas vai pagar o pato no racionamento

Luís Alberto Alves

 Por causa da escassez de chuva, algumas cidades paulistas sofrerão racionamento de água, talvez no esquema 5 x 1, ou seja: cinco dias sem para um com abastecimento normal. Como a corda arrebenta do lado fraco, sempre, a periferia vai pagar o pato, servindo de boi de piranha em detrimento de outros setores da população.

 Há muito tempo a Sabesp (Saneamento Básico de São Paulo) bate na tecla de que os imóveis residenciais consomem grandes quantidades deste líquido precioso. Não é verdade: a indústria é voraz nesta sede. Mas esse assunto pouco é abordado. Talvez para não levantar críticas ao segmento empresarial.

A maioria das pessoas desconhece que para produzir uma tonelada de aço, são necessários 85 mil litros de água. Este produto é usado em montadoras de automóveis, fábricas de eletro/eletrônicos, ambos geradores de muito dinheiro em impostos. Na refinação de petróleo um barril refinado, de onde sairá a gasolina ou óleo diesel, são consumidos 290 mil litros para um tonel de 120 litros de combustível.

 Na indústria têxtil, 1 milhão de litros de água é responsável por uma tonelada de tecido. Já mil quilos de papel precisam de 250 mil litros no processo de produção. Para quem gosta de beber cerveja, cem litros da loira gelada precisam de 2 mil litros de água para ela se tornar realidade, no final do processo, nas mesas dos botecos. No frigoríficos um animal abatido, seja boi ou porco, são gastos 300 litros de água.

 Os exemplos citados acima revelam que a política de racionamento bate forte no lado fraco. Uma família de quatro pessoas nunca vai gastar 250 mil litros de água diariamente. Essa quantidade de água é suficiente para abastecer várias casas ou apartamentos. Pegando como exemplo caixas de água de mil litros, serão 250 destes recipientes em cada residência. Ao passo que numa indústria, essa quantidade de água sai dos imensos reservatórios de capacidade gigantesca de armazenagem.

 Infelizmente o segmento empresarial, com argumento de que são geradores de empregos e impostos, consegue obter sinal verde para continuar sugando milhares de litros de água todos os dias, enquanto os moradores da periferia precisarão arcar com o castigo do racionamento sob argumento de que os reservatórios estão em situação crítica. Mas quem é vilão dessa história: quem consome 250 mil litros por hora ou o imóvel residencial que durante um mês gasta 25 mil litros?


sábado, 12 de abril de 2014

Como as drogas destroem uma família




Iguais aos lobos, as drogas devoram a felicidade de famílias que tenham dependentes químicos

Luís Alberto Alves

 A cena logo chamou a atenção de quem passava pelo local. O jovem, bonito e charmoso, gritava, esperneava e desferia socos contra o homem, já de cabelos grisalhos, que a todo custo tentava agarrá−lo para colocar dentro do automóvel, estacionado nas proximidades. Algumas pessoas não acreditavam na cena inusitada: o filho xingando os pais, falando em alta voz que a rua era melhor para morar do que o aconchego do lar.

 Decorridos muitos minutos, a verdade começou a surgir, com a chegada da polícia. Os soldados ajudaram a segurar o rapaz e lhe perguntou se tinha vontade de se internar numa clínica para recuperação de dependentes químicos. Ele balançou a cabeça em sinal negativo. Os PMs olharam para o pai e disseram que nada poderiam fazer, pois se tratava de alguém maior de idade. Na teoria tinha condições de saber as melhores opções de vida.

 Essa triste história começou na adolescência, quando o rapaz escolheu como amizades na vizinhança da rua, usuários de drogas. Logo veio o convite: “Erva da boa, é experimentar e viajar. Sensação incrível, nunca mais você será o mesmo”, disse um falso amigo, passando o cigarro de maconha, já cheio de saliva por ter passeado por várias bocas.

 Após algum tempo, em vez da maconha, veio a cocaína, num momento de nervosismo. A primeira cheirada causou medo, mas logo surgiu a sensação de coragem, disposição e vontade de vencer qualquer obstáculo que aparecesse pela frente. O receio desapareceu. Não demorou em a biqueira entrar na sua rota de freguesia.

                                                                 Besouros
 Logo os papelotes já estavam dentro de casa, escondidos dentro do guarda−roupa. Cheirar o pó maldito era hábito todos os dias, durante várias horas. O dinheiro da mesada tinha o bolso do traficante como destino. Ficar sem usar a cocaína causava incômodo a ponto de num feriado prolongado no Litoral Norte, junto com a família, a vontade bater e sair à procura de alguma boca de droga para saciar a vontade. Espantar a coceira que tomava conta embaixo da pele e jogar para longe os besouros que começaram a voar perto de sua cabeça.

 Não passou bastante tempo até o vício ser descoberto pela família. Todos ficaram tristes, desde os primos aos avós, daquele adolescente, bonito, considerado o xodó, que o pai sonhava formado em Engenharia Espacial pelo conceituado ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) de São José dos Campos (SP).

 Em pouco tempo dinheiro e eletrodomésticos desapareciam de sua casa para substituir por cocaína. Os choros da mãe e avó não sensibilizavam mais. Deixou de almoçar com a família aos domingos, rotina de vários anos. Os amigos de farra cederam lugar aos vapores (meninos entregadores de drogas), aos assaltantes de bancos e até homicidas. O dia perdeu o lugar para a noite.

 Passou a ficar dias e semanas longe de casa, vagando pela Cracolândia, Praça da Sé, Parque D. Pedro II, Brás, Baixada do Glicério, ou qualquer lugar onde existissem drogas. Cocaína deixou sua cadeira para o crack. O barato era queimar rápido a pedra e o alívio percorrer a espinha dorsal e viajar velozmente na louca sensação de achar que em poucos segundos poderia conquistar tudo.

                                                                Travesseiros
 A beleza aos poucos virou feiúra, os lindos dentes sem cáries passaram a ficar parecidos com queijo suíço, cheios de buracos provocados pela droga. Os 75 quilos bem distribuídos pelo corpo atraente para inúmeras meninas  do colégio, onde raramente aparecia, logo foi emagrecendo até chegar aos assustadores 40 quilos. Os cabelos pretos castanhos pareciam envolvidos em gel, mas da sujeira de dormir ao relento, com as calçadas servindo como travesseiros.

 Nada provocava mais prazer do que a pedra do crack desaparecendo no cachimbo  e a fumaça entrando pela boca e percorrendo o corpo, envenenando o aparelho respiratório. Do outro lado da cidade, num bairro de classe média alta na Zona Leste de São Paulo, o lindo sobrado de garagem espaçosa para três carros, amplo quintal e vários cômodos, os pais e o casal de irmãos, ambos estudando arquitetura na USP (Universidade de São Paulo), não entendiam qual a razão para tamanha decadência do mano caçula.

 Numa tarde de sábado, receberam telefonema avisando que ele se encontrava na Cracolândia, perto da luxuosa e badalada Sala São Paulo, onde a elite paulistana assiste aos shows de música clássica. Os pais foram rapidamente ao local. Encontraram o filho amado e tentaram trazê−lo até o carro. O jovem esperneou, começou a gritar e disse a célebre frase: “Eu não conheço vocês”.

 A mãe chorou, lembrando da época que ele era bebê, das fraldas trocadas, do seio oferecido para alimentá−lo, dos primeiros passos meio tropeçando pela casa, a entrada na escola infantil até chegar ao Ensino Fundamental e Ensino Médio. Das meninas vizinhas que a chamavam de sogra. O mundo desabou sobre a cabeça daquela mulher, de 40 anos, mas com visual de alguém de 70, por causa do sofrimento provocado pelas drogas na vida do filho caçula.

                                                                Goleadas
 O pai ficou pasmo. Não esperava ouvir frase tão violenta do menino que cansou de carregar nas costas, igual cavalinho, de jogar futebol no quintal dos fundos de casa, de vestir a camisa do saudoso Santos, da época de Pelé e Cia., verdadeira máquina de goleadas no Brasil e Exterior. Os policiais, calejados pela profissão, não se surpreenderam com a reação do rapaz. Já tinha 19 anos e pela lei sabia exatamente o que fazer da vida.

 O casal tentou levá−lo à força ao carro da família. Tudo em vão. A multidão de zumbis, dominados pelas drogas os cercaram, os PMs sugeriram sair dali rapidamente, com risco de agressões à vida de ambos. Inúmeras vezes resgataram o filho das ruas. Internavam em clínica de recuperação de dependentes químicos, mas tudo acabava no vazio. Quando chegava em casa, poucos dias depois mergulhava no terrível e maldito universo do vício.

 Essa triste e dolorosa rotina durou mais de cinco anos. O dois irmãos se formaram, arrumaram empregos nas empreiteiras que passaram a ganhar dinheiro igual água no governo Lula. A amargura reduziu a cacos a felicidade reinante naquela família. Marido e mulher passaram a ter vergonha de conversar na vizinhança. Rugas e a perda de peso atingiram ambos. Aos poucos a linda pintura daquela casa, onde a felicidade era visita freqüente, perdeu a cor, rachaduras apareceram nas paredes e pisos, ervas daninhas  ganharam espaço no quintal e até o cão labrador de vários anos morreu.


 Numa noite, o ex−presidente Fernando Henrique Cardoso apareceu em um programa de televisão, de entrevistas, dizendo que as drogas deveriam ser descriminalizadas. A população precisava entender, segundo ele, que não há mais espaço para se demonizar os entorpecentes. A liberalização iria enfraquecer os traficantes e mandá−los rapidamente à cadeia. Distraídos, os dois não ouviram a campainha tocar várias vezes. Era a polícia. A dupla de PMs veio comunicar que o filho amado do casal, refém da cocaína e crack durante vários, fora encontrado morto na calçada de uma igreja evangélica. No seu bolso estava o endereço de sua casa e a foto amarelada da mãe que tanto amou, mas o vício a fez odiar.