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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Brasil de muitas Lupitas e poucas em capas de revista: racismo?


 Luís Alberto Alves
  A eleição da atriz mexicana, de naturalidade queniana, Lupita Nyong´o, 31 anos, como a mulher mais bonita do mundo pela conceituada revista norte-americana People, numa lista com 50 concorrentes atiçou o assunto racismo nas redes sociais. De quebra ela também ganhou o Oscar de atriz coadjuvante, por sua interpretação no filme 12 Anos de Escravidão.
Lupita ganhou recentemente o Oscar
 Mas se fosse no Brasil, Lupita teria chegado ao topo, como ocorreu nos Estados Unidos, país com “apenas” 12% de população negra? Não! Em nossa nação, onde 50% dos brasileiros são negros e o restante tem sangue indígena correndo nas veias, ficaria de escanteio. Infelizmente o Brasil é racista. Aqui inexiste a tão falada democracia racial. Conversa mole. Assunto para enganar bobo ou para inglês ver.
 Quando o turista europeu desembarca no Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Manaus ou São Paulo, ele fica assustado. Imagina que o piloto errou de roteiro. Começa a procurar primeiro no saguão do aeroporto, e depois nas ruas, onde estão as brasileiras louras, de olhos verdes ou azuis que aparecem nas novelas e filmes.
 Aos poucos percebe que foi vítima de propaganda enganosa. Louras bonitas existem, mas nas academias de ginásticas e desfiles de moda. Na rotina diária, são as negras ou morenas, como preferem alguns, que predominam em diversas cidades do País. Detalhe: lindas, de cabelos encaracolados ou mesmo de progressiva, são belas e deixam o coração de qualquer homem batendo mais forte. Aliás, só em 1986 que tivemos a primeira miss Brasil negra, a gaúcha Deise Nunes.
Após muitos anos, Deise Nunes foi a primeira miss Brasil negra

 Durante décadas a principal repórter negra na Rede Globo foi Glória Maria. O restante tinha a pele clara. Após muitos anos que a bancada do Jornal Nacional, nos finais de semana, foi ocupada por Heraldo Pereira, negro. Aliás, o seu primeiro dia apresentando o telejornal virou notícia, como se fosse algo extraordinário. Mas na redação da Rede Globo só existiam estes dois jornalistas de pele escura? E os outros?
                                                            Vulgar
 Nas emissoras concorrentes é muito raro ter um profissional de comunicação negro ocupando cargo importante. Aparecer na tela da televisão ainda é tabu. Durante pouco tempo, na década de 1990, a Record tinha a dupla Carla Lopes, branca, e Carlos Oliveira, negro, dividiram a bancada antes da chegada de Bóris Casoy para apresentar o Jornal da Record.
Ditador Adolf Hitler matou milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial

 Em revistas o negro é notícia nas seguintes situações: bandido, esportista ou sambista. No caso de mulher, ela aparece na época de Carnaval, de forma vulgar, como se fosse mercadoria exposta para turistas interessados em prostituição. Boa parte dos jornais adota a mesma estratégia, com argumento de que negros não ajudam vender qualquer tipo de produto, principalmente de beleza.
 O curioso que até a década de 1980, as multinacionais responsáveis pela produção de xampus, sabonetes, desodorantes e fixador de cabelos não fabricavam artigos para negros. Foi quando uma microempresária paulistana investiu neste segmento e ganhou muito dinheiro. A partir daí começaram a surgir produtos de beleza para negros, inclusive xampus. De carona apareceu no mercado editorial a revista Raça, em circulação até hoje, ousando dar espaço à população afro.
 Virou artigo de consumo na periferia, por causa das reportagens interessantes que trazia, destacando o lado positivo desta etnia, em contraponto aos grandes veículos de comunicação que só fala do negro no dia 13 de maio ou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, feriado em diversas cidades brasileiras. Enfrentou boicote, mas conquistou seu espaço.
O fascista Benito Mussolini, que tirou a vida de milhares de italianos

  Desde a falsa libertação dos escravos em 1888, por meio da Lei Áurea, promulgada pela princesa Isabel, o negro continua discriminado e ignorado pelo sistema governamental. Nas Forças Armadas, onde lutaram na Guerra do Paraguai, poucos chegam ao posto de general, almirante ou brigadeiro. A maioria engrossa o pelotão de soldados, cabos e sargentos. Daí para frente a cor da pele influencia na ascensão. O mesmo ocorre nas Polícias Militar de todo o Brasil. Uma minoria atinge o posto de coronel, patente máxima neste tipo de polícia.
                                                          Chocolate
 Para confundir a cabeça e afetar a alto estima das crianças e adolescentes negros, o governo brasileiro, por meio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), criou várias cores para definir a população que não é branca quando realiza o censo demográfico. Virou regra o cidadão dizer que é claro, cor de chocolate, marrom, moreno, mulato, pardo, em vez de assumir sua cor real: negro, como ocorre nos Estados Unidos.
O líder Khmer Vermelho, Pol Pot, exterminou mais de 1 milhão quando governou o Camboja, na Ásia

 Os livros escolares procuram clarear o tom de pele de personalidades importantes da história brasileira: Machado de Assis, Lima Barreto, Arnaldo Rebouças, José do Patrocínio entre outros. Para o governo é como se fosse vergonhoso informar às crianças e adolescentes que não é errado ou crime ser negro ou indígena. Ninguém escolhe sua cor ao nascer.
Pablo Escobar, narcotraficante do cartel de Medellin, assassinou governantes e inúmeras pessoas na Colômbia

 Na rotina diária, o sistema comandado pela elite (no passado proprietária de milhares de escravos em suas fazendas) desenvolveu estratégias de associar o negativo ao negro, até em situação simples. Exemplo: “o negócio vai ficar preto” (usado para algo que se complica). “Não disse que só podia ser preto para fazer uma m..dessa” (aplicado a qualquer tipo de erro). “Preto de branco só pode ser macumbeiro” (usado para pessoas que gosta de se vestir de branco). “Preto quando não erra na entrada, erra na saída” (ao referir a alguém que cometeu qualquer tipo de falha). “Preto de alma branca” ( quando o negro é bom e não questiona nada, sofre calado).
Marcos Camacho, o Marcola, fundador e líder do PCC

 É comum nas batidas policiais, qualquer veículo, principalmente de luxo, conduzidos por negros, serem abordados, até de forma violenta. Na visão da segurança pública, a população não branca é sempre suspeita de cometer crimes, desde pequenos furtos a grandes roubos. A mesma regra é aplicada no comércio, principalmente em shoppings centers, onde grupo de três adolescentes negros já é visto como suspeito pelos funcionários da segurança. Se forem brancos, o alerta é ignorado.

 A própria história confirma que os maiores facínoras, ditadores, ladrões, vigaristas, traficantes não eram negros. Aliás, vale salientar que a carreira criminosa independe da cor da pele, opção sexual, religião, idade. Mas para o sistema racista vigente no Brasil, essa regra é ignorada. Neste país, infelizmente quem não é branco, já é suspeito e pode até perder a vida, como ocorreu com o dançarino DG, recentemente no Rio de Janeiro. O curioso é que debaixo de qualquer pele, seja clara ou escura, o sangue é vermelho; mesmo nos corpos da realeza ou da elite atrasada brasileira.
Empresário Ricardo Mansur, acusado de falir as lojas Mappin e Mesbla, deixando inúmeros desempregados

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