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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Pelé ignora existência de racismo no Brasil



Blitz da PM na década de 80 na Baixada Fluminense (RJ)

Luís Alberto Alves

 Pelé de boca fechada é artista. Numa entrevista recente afirmou que se brigasse por racismo iria processar diversas pessoas. Como futebolista é o rei do futebol, mas nunca teve personalidade para defender a população negra. Passa longe do caráter de um Martin Luther King, Jesse Jackson, Nelson Mandela, Stockely Carmichael, Leci Brandão, Martinho da Vila. Algumas pessoas que sempre lutaram pela dignidade dessa parcela da população Brasileira, tão humilhada e discriminada.
Omissão é a marca registrada de Pelé

 Ele desconhece que se for para falar besteira, o melhor é ficar calado. O rei do futebol é mestre na insistência de negar a existência de racismo no Brasil. Na opinião dele, o problema é que os negros confundem discriminação social com racismo. Não é verdade. Pelé foi gênio jogando futebol, o maior atleta de todos os tempos nesta modalidade esportiva. Porém, como personalidade que deveria usar o cacife para obter conquistas a essa parcela da população, é o um zero à esquerda.

 Nunca teve caráter. No linguajar popular é o famoso cagão. Prefere lamber as botinas dos poderosos a tentar entrar em confronto. Na Seleção Brasileira nunca teve peito de discutir táticas de jogo com o técnico. Na equipe tricampeã de 1970, era o canhotinha de ouro, Gérson quem puxava o cordão prensando o técnico paraqueda Zagalo na parede para sugerir melhor esquema para enfrentar os adversários.
A filha Sandra Nascimento, que Pelé recusou reconhecer


 Pelé cita sempre os Estados Unidos, onde diz que ali existe racismo, de fato, não é como o Brasil. Tem razão nesta colocação. Mas a discriminação racial brasileira é pior do que a norte-americana: aqui tudo é de forma subliminar. Durante muitos anos os classificados de empregos traziam a triste expressão “boa aparência”. Ela significava que o candidato não poderia ser negro. A insistência de sindicalistas e intervenção junto ao Congresso Nacional proibiu anúncios desse tipo e os classificou como racistas.

  Enquanto nos Estados Unidos o negro sabe, mesmo ocupando altos cargos, que sempre será alvo de discriminação racial, exclusivamente por causa da cor da pele, no Brasil as autoridades tentam tapar o sol com a peneira. Criam expressões como: homem de cor, moreno, pardo, mulato, preto de alma branca, para carimbar os negros que se conformam com a situação sem nunca lutar por mudanças.
A lenda do boxe, Muhammad Ali comunicando que não iria prestar o Serviço Militar

 Pelé nunca foi parado em blitz da PM, principalmente de madrugada na periferia. Jamais perdeu emprego por causa da cor (como já aconteceu comigo), também não sentiu a triste experiência de alguém dizer que aquele erro só podia ter ocorrido, por que o funcionário (no caso esse jornalista que vos escreve) era “preto”.

 Provavelmente transitou pouco pelas cidades do Interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde o racismo é muito forte. Como teve o nome associado ao futebol e ganha bastante dinheiro neste segmento de mercado, ninguém irá lhe ofender, pois corre o risco de se queimar entre a mídia esportiva.
Pastor e líder pacifista Martin Luther King


 Em mais de 50 anos de vida, nunca vi Pelé defender nenhum negro que tenha sofrido qualquer violência racial. Não me lembro de ele abrir sua boca num discurso do Dia 13 de Maio, quando se comemora a falsa libertação dos escravos no Brasil. Aliás, sempre esteve ao lado do opressor, de quem pisa na população negra. Na época da Ditadura Militar ficou de bico fechado. Não usou a popularidade e carisma no futebol para criticar os absurdos cometidos pelo Regime Militar.

 Afinal de contas o que devemos esperar de alguém que recusou reconhecer, mesmo após teste positivo de DNA, a filha Sandra Nascimento, fruto de um relacionamento com uma empregada doméstica na década de 1960 em Santos? Pelé não teve a sensatez de aceitar que era pai daquela jovem, cujas fotos revelam que ambos se parecem muito. Fugiu pela tangente, tática empregada pelos covardes e omissos.

 No velório de Sandra, morta por um feroz câncer, inventou a desculpa que passava mal neste tipo de evento. Preferiu enviar uma coroa de flores, prontamente recusada pela mãe da falecida. Infelizmente Pelé não tem nenhuma moral para tecer qualquer tipo de comentário a respeito de racismo, por que não age e nunca agiu igual um negro. Pelo contrário, sente vergonha da pele escura.
Líder negro Stockley Carmichael


 Não teve a grandeza e postura de um Nelson Mandela, que preferiu amargar várias décadas na cadeia, a trair os ideais do seu povo. Recusou imitar o gesto do pastor Batista Martin Luther King, que lutou até fim e perdeu a própria vida, para que a população negra dos Estados Unidos ficasse livre da discriminação e pudesse, inclusive, ter acesso ao voto na década de 1960.

 Também passou longe da postura do supercampeão de boxe, Muhammad Ali. No auge da Guerra do Vietnã preferiu ir preso, a se alistar no Exército americano e pegar em armas para lutar e matar soldados vietcongs. Ou mesmo o reverendo Jesse Jackson, braço direito de Martin Luther King, árduo batalhador pelo cumprimento dos direitos civis nos Estados Unidos. O que dizer do líder político Stockely Carmichael? Enfrentou a fúria da CIA e FBI para mostrar ao governo de Lyndon Johnson (vice-presidente de John Kennedy na década de 1960), que jovens negros não poderiam ser mercadoria farta para a indústria de armas.

 Ou mesmo em terras brasileiras, Pelé nunca teve a postura de um Martinho da Vila, árduo defensor das causas da população negra. Ou mesmo de Paulinho da Viola, que no final da década de 1960, quando a Ditadura Militar resolveu começar a matar os opositores ao regime, teve a coragem de compor a linda “Sinal Fechado”, numa clara crítica à falta de democracia no País. Ou mesmo do talentoso Tim Maia, que nos momentos de lucidez, escrevia e cantava canções revelando o quanto o racismo fazia mal ao Brasil.

 Os exemplos são vários. Infelizmente Pelé vive em outro mundo. Talvez de conto de fadas. Onde o negro brasileiro é brigadeiro na Aeronáutica, almirante na Marinha ou general no Exército. Nessa ilusão, onde está mergulhado o rei do futebol, negro não é sinônimo de bandido ou desonestidade. Está em grande número nas universidades públicas, inclusive na USP (Universidade de São Paulo) e no curso de Medicina, onde a maioria dos candidatos é de pele escura. Nessa alucinação onde Pelé está inserido, o negro ocupa cargos de confiança nas grandes empresas e é minoria nas favelas...



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