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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O tempo faz as pessoas se esquecerem dos mortos




Aos poucos o tempo vai apagando as lembranças e as visitas ao cemitério

Luís Alberto Alves

Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não se tem lembrança deles, para eles o amor, o ódio e a inveja há muito desapareceram; nunca mais terão parte em nada do que acontece debaixo do sol”. Eclesiastes, capítulo 9, versículos 8/9.

 Quando alguém de nossa família ou algum amigo próximo morre, nos primeiros momentos ficamos tristes, angustiados e preocupados. Choramos bastante. Durante o velório poucos se ausentam do local onde está o caixão. Ali são relembrados vários momentos do falecido. Até os defeitos desaparecem.

 Após o enterro ocorre a tradicional troca de telefones, e-mail e promessa de que os encontros voltarão a ocorrer, num cenário mais alegre. Os distantes acenam que se reaproximarão. Dentro de nossa casa, fica difícil se desfazer dos objetos pessoais do morto. Principalmente roupas, calçados, livros e fotos. Persiste a vontade de guardar tudo. Na esperança de manter viva sua memória.

 Nos primeiros meses e anos, vira rotina as visitas ao cemitério, para ficar durante alguns minutos diante do túmulo e recordar o período em que ele esteve presente. Dentro de nós brota a promessa de jamais abandonar aquele ritual. Principalmente quando se trata de pais ou filhos falecidos.

 Mas o tempo vai passando. Sua borracha eficiente, lentamente, apaga as lembranças, estanca o choro, a tristeza e até as idas ao cemitério vão rareando. Aparece a coragem de pegar os objetos pessoais do ente querido e passar para frente. Ficam as fotos, porém já não apresentam mais o chamativo de olhar para matar saudade.

 Após mais de oito anos, continuamos a lembrar do parente ou amigo que foi para o além. Sem, contudo ficar presos a lembranças tristes. Persistem na memória os momentos felizes, porém de forma serena. Algumas pessoas mudam de país, de cidade, Estado ou mesmo bairro. Vendem o imóvel onde o falecido residiu e partem para nova fase.

 O tempo no seu caminhar lento e constante vai germinando no coração outras experiências agradáveis, como outro casamento, por exemplo. A influência exercida pelo falecido deixa de existir. É natural que os filhos esqueçam os pais. Sentem saudade, mas tudo de forma sadia. Percebem a importância de continuar andando na estrada desta vida, sem a perda de tempo de olhar para trás.


 Pode parecer ingratidão, mas o passar dos anos colocam os nossos mortos na galeria do esquecimento. Ficam raras as visitas ao cemitério. Até nas conversas cotidianas eles deixam de freqüentar. Os assuntos e projetos importantes envolvem os vivos. Assim prossegue nossa caminhada, até chegar a nossa vez de entrar neste túnel e chegar ao mundo das luzes eternas iluminadas por Deus. Por mais que sejamos peças de impacto, logo também nossos parentes vão nos esquecer. É a lei da vida.

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