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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Será que o Brasil vai realizar a Copa das Copas?




Na rede pública de saúde, a maioria dos funcionários não está capacitada para atender pacientes estrangeiros


Luís Alberto Caju

 Admiro o otimismo da presidente Dilma Rouseff em relação à Copa do Mundo de 2014 aqui no Brasil. Ela reforçou na volta ao trabalho nesta segunda-feira (6), pelo Twitter, que o País fará a “Copa das Copas” por causa do caráter acolhedor da população e pelo futebol, apesar de nascido na Grã-Bretanha no século XIX e exportado por Charles Miller para essa região, que se desenvolveu bastante em solo brasileiro. Disso não tenho dúvida.

 Os maiores jogadores do mundo saíram de nossas equipes: Pelé, Garrincha e Nilton Santos, sem dizer de Rivelino, Ademir da Guia, Tostão, Coutinho, Didi folha seca, Djalma Santos, Zico, Falcão, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldinho Fenômeno, Rivaldo, Kaká e recentemente Neymar. Atletas que fariam bonito em qualquer time da Europa ou mesmo do Japão e Estados Unidos.
Falcão, jogador da seleção de 1982, que brilhou no Roma da Itália na década de 80

 Mas nosso grande problema é a falta de profissionalismo quando se trata de grandes projetos. Confiam muito na improvisação, o famoso “jeitinho brasileiro” de resolver as pendências. Não deu para construir a avenida para circulação de ônibus especiais ou mesmo a linha férrea do Metrô, apela-se para o transporte coletivo normal articulado, transitando em vias públicas sem qualquer condição, carregando torcedores como se fosse sardinha em lata. O importante é deixá-los no estádio.

 Deixam em segundo plano investimento na Saúde, como se ninguém num campeonato tão importante e rápido como é uma Copa do Mundo não tivesse problema de saúde, principalmente envolvendo alcoolismo. Ou inexiste torcedor que não comemore a vitória do time sem beber? Pegando São Paulo como base, uma das maiores cidades do mundo, os hospitais públicos estão horríveis. Não conseguem atender os pacientes normais, de rotina, imagino como será prestar socorro para milhares de torcedores, falando em outro idioma.

 A situação deve piorar nas outras sedes, como Natal (Rio Grande do Norte), Cuiabá (Mato Grosso), Manaus (Amazonas), Salvador (Bahia), Recife (Pernambuco), para não citar as restantes. Atualmente o Hospital das Clínicas, de São Paulo, é referência de saúde em termos de América Latina e atende pacientes de todas as regiões do Brasil, por falta de condições. As pessoas enfrentam 2.500 km de estrada para passar por um médico em São Paulo, saindo da região Nordeste, onde estão as sedes de Natal, Recife e Salvador, em busca de solução para seus problemas de saúde.
Muitos pacientes saem do Norte e Nordeste do Brasil em busca de melhores hospitais no Sudeste do País


 Imagino os torcedores da Inglaterra que fiquem doentes em busca de socorro em Manaus. Como será? Naquela região são comuns crianças contaminadas por germes por que ingerem água de rios contaminada por esgotos domésticos e os médicos sofrem para atendê-las, pois é minoria diante de tantas pessoas com problemas. E com os torcedores, muitos falando inglês e italiano, por que a seleção azurra vai mandar seus jogos iniciais em Manaus, a dificuldade aumentará.

 Quantos enfermeiros nestas cidades, onde serão sedes neste Mundial 2014, dominam de forma razoável o inglês? Não digo apenas dois, mas a maioria dos funcionários que está na linha de frente dentro de um hospital ou pronto-socorro, incluindo também motoristas de ambulâncias.

 E o policiamento? Qual a quantidade de Pms, guardas civis, investigadores, escrivães e delegados que dominam outros idiomas, para atender uma ocorrência envolvendo torcedores ou turistas estrangeiros? Nunca podemos desprezar que os criminosos atacarão as pessoas que virão ao Brasil assistir aos jogos da Copa do Mundo. Por quê? Por que têm dinheiro, inclusive euro e dólar e equipamentos eletrônicos como máquinas fotográficas sofisticadas, tablets, Ipads e mesmo celulares de última geração.

 Numa avenida igual a Paulista, em São Paulo, corredor financeiro e hospitalar dessa grande cidade, são raros os Pms que falam inglês, para não dizer espanhol ou mesmo francês. Como atender alguém que foi assaltado e fala em outro idioma, para explicar as características dos criminosos que o abordaram. Esses casos serão muitos. O País está preparado?

 Torcedor de futebol tem fome, principalmente após o jogo. Quantos bares e restaurantes têm funcionários que falam outras línguas, para fazer o básico, como explicar o cardápio e qual o valor daquela refeição? Ou será que a mímica precisará entrar em campo para ajudar a traduzir o que aquela pessoa pretende comer?
Quantos funcionários de bares e restaurantes sabem o básico de outro idioma para atender turistas do Exterior?

 Nos pontos de ônibus, quais informações existem em relação ao itinerário rumo aos estádios onde ocorrerão as partidas. Quais coletivos passam ou levam as pessoas até o local? Como identificar esses veículos? Terão cores específicas para ajudar a tirar dúvidas? Os motoristas e cobradores foram qualificados em outro idioma para atender os passageiros torcedores e turistas?
Como os torcedores de outros países vão identificar nos pontos os ônibus que os levarão até o estádio?



 A Copa do Mundo dentro do campo é algo diferente do relacionado nas arquibancadas, de como as pessoas chegaram até aquele local e onde dormirão após as partidas. A rede hoteleira tem quartos disponíveis para mais de 1 milhão de turistas neste Mundial? O espetáculo dentro do estádio é lindo, mas pode ficar feio quando a infraestrutura começa apresentar falhas, igual telhado cheio de goteiras. Mesmo sendo brasileiro e amante do futebol tenho minhas dúvidas de que o nosso país vai realizar a Copa das Copas. Talvez a Copa das Copas do vexame da falta de estrutura.

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