Postagem em destaque

Governo cria malha aérea emergencial para atender o Rio Grande do Sul

EBC   Radiografia da Notícia *  Canoas receberá 5 voos diários. Aeroportos regionais ampliam oferta *  Antes do fechamento, o aeroporto da c...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como um traficante de drogas consegue ficar mais de 30 anos neste mundo tenebroso




O mercado do tráfico de cocaína movimenta milhões de dólares em todo o mundo

Luís Alberto Alves


 Hoje (23) uma notícia me chamou a atenção: Operação Águas Profundas desencadeada pela Polícia Federal visa desarticular quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas. Os bandidos procurados atuavam em mais de 30 países, como Holanda, Estados Unidos, China, França, Espanha, Itália, Coréia entre outros. Os criminosos teriam patrimônio avaliado em cerca de R$ 100 milhões. Eles planejavam criar uma companhia aérea de fachada, e usar as aeronaves para transportar droga ao Exterior.

 O líder desse império do crime é Mario Sérgio Machado Nunes, o Sérgio Careca, atuando no mundo do tráfico de entorpecentes há mais de 30 anos. Ele seria credor do chefe da quadrilha Los Urabeños, Henry de Jesús Lopez Londoño, considerado o maior fornecedor de cocaína do grupo mexicano Los Zetas. Imagino como pode um verdadeiro gangster atuar durante tempo superior a três décadas na venda de droga e não estar apodrecendo atrás das grades.

 A ficha criminal de Nunes é extensa. É acusado de comandar a conexão internacional Colômbia/Suriname, na avaliação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Narcotráfico. Ele teria envolvimento com quadrilhas de tráfico de armas, incluindo vários países da América do Sul e África. Além de estreita ligação com grupos guerrilheiros colombianos, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), na troca de fuzis AR/15, granadas e foguetes de combate anti­áreo) por cocaína.

 Quatorze anos atrás o quilo deste pó maldito pago com armamento custava US$ 500. Em dinheiro saia por US$ 1.000,00 e no mercado de consumo chegava a USS 35 mil no Exterior. Em 1998 a polícia prendeu o comerciante libanês Ahmad Hassan Assad no Maranhão, com 141 quilos de cocaína. Ele confessou que a droga tinha sido encomendada por Nunes, conhecido no mundo do crime como Sérgio Careca.

 Em 2008 o STF (Supremo Tribunal Federal) concedeu parcialmente habeas corpus para Nunes apelar de uma condenação à pena de 10 anos, 10 meses e 20 dias de prisão regime fechado pelo crime de tráfico internacional de drogas. O receio dos ministros do STF era de Nunes fugir. Dono de dois aviões usados para transportar cocaína, ele é acusado pela Interpol de levar 73 quilos da droga do Brasil ao Cabo Verde. Os vários requerimentos de passaporte em seu nome provam que Sérgio Careca continua no mundo do crime. A polícia apurou que um dos carregamentos custou US$ 270 mil (R$ 540 mil).

 Em 2014 a CPI do Tráfico soube, por meio de dois advogados que defenderam Nunes, quando foi preso na Ilha de Cabo Verde com 70 quilos de cocaína. Mas a forte influência do narcotráfico internacional conseguiu fugir da penitenciária daquele país. Impedido de movimentar contas bancárias no Brasil, ele usa diversos “laranjas” para se manter financeiramente. Esperto não deixa nada em seu nome, mas de familiares. 

 Quase trinta anos atrás ele trabalhava de contabilista em Ribeirão Preto (SP), quando veio de Pernambuco. Depois comprou uma microdestilaria, uma empresa de rolamentos e uma indústria de cozinha. Depois entrou no mundo do crime e dele nunca mais saiu. Durante algum tempo fez lobby em Brasília e manteve relações com deputados e senadores, inclusive Jader Barbalho (PMDB/PA).

 O que causa estranheza é um criminoso de extensa ficha criminal, atuando há mais de 30 anos no tráfico de drogas, continuar longe das prisões de segurança máxima. Por outro lado o usuário de maconha, pego com uma bituca desse cigarro, termina a vida no xadrez, misturado a bandidos perigosos. O mesmo ocorre com alguém flagrado com um papelote de cocaína. Parece que a Justiça tem medidas diferentes ao usar seu critério punitivo em relação aos mafiosos de forte influência no narcotráfico.



Nenhum comentário:

Postar um comentário