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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Perda de credibilidade nas instituições provoca apoio à barbárie


Adolescente sofreu tentativa de linchamento na praia de Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro

Luís Alberto Caju

 É preocupante constatar nas redes sociais o grande apoio que parte da população deu, recentemente, ao linchamento de um adolescente acusado de roubo e furtos nas praias da Zona Sul do Rio de Janeiro. Muitos defenderam sua morte até com requintes de perversidade, visto que um pedaço de sua orelha tinha sido cortado.

 O discurso raivoso de matar os criminosos, impondo a eles o mesmo sofrimento infligido às vítimas indefesas que eles pegam nos assaltos, quando de posse de armas de fogo agem iguais aos ditadores, decidindo se aquele alguém continua vivo ou morre, além de estuprar as mulheres, na maioria das vezes diante de maridos, noivos ou irmãos.

 Percebo nessa onda de ataques à vida (criminosos também são dotados dela) a volta da lei de Talião (Olho por Olho, Dente por Dente), que teve seu auge antes de chegada de Jesus Cristo a este mundo. Essa postura é perigosa, pois revela a falência da Justiça no Brasil.
                                                       Corrupção
 Não é novidade a corrupção na Polícia (Federal, Civil, Militar). Muitas vezes motivada por um Código Penal repleto de brechas, semelhante queijo suíço, oferecendo ao advogado do bandido as ferramentas para retirá-lo da delegacia ou cadeia num rápido intervalo de tempo. Neste caso (são muitos), o policial imagina que esteja fazendo trabalho de bobo: prende e logo o fora da lei sai e ainda sorri ao conquistar a liberdade.

 No caso de menores de idade a situação é pior. O ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) impõe várias regras ao delinquente, como a de permanecer preso durante três anos, mesmo que seja responsável por inúmeras mortes, até com requinte de perversidade. Pior: ao completar 18 anos, tudo é apagado do prontuário, como se nunca tivesse retirado a vida de ninguém.

 A nós da imprensa é proibido divulgar seu nome, fotografá-lo e dizer onde mora. O ECA os trata como se fossem copos de cristais. A proposta de proteger o adolescente é boa. Porém, os tempos mudaram. Não estamos mais na época em que filhos obedeciam aos pais fielmente, as meninas só começavam a namorar após os 18 anos e traziam o namorado em casa para pedir permissão aos seus pais, que a palavra da família tinha peso de lei e todos obedeciam.

                                                         Situação financeira
 Hoje, adolescentes (maioria sintonizados com o mundo virtual) impõe suas regras dentro de casa, acorda e dorme na hora considerada melhor para eles. Por causa do rápido crescimento corporal, meninos de 12 anos têm estatura e peso de alguém de 20, o mesmo ocorre com as meninas. Enfrentam os pais, até com violência caso não sejam atendidos seus gostos, mesmo sabendo da situação financeira da família.

 Não é mais novidade meninas grávida antes dos 13 anos e garotos assassinos com essa mesma idade. Muitos não estudam. Vão à escola apenas para marcar o encontro da próxima balada. Quando tiram notas baixas, não hesitam em agredir professores ou mesmo danificar seus automóveis, quando não tentam contra suas vidas.

 Impulsionados por uma sociedade de consumo voraz, sem a chance de trabalhar antes dos 18 anos, e por outro lado sofrendo com a falta de dinheiro para suprir o sonho de consumo de ter roupas e calçados de grife, muitos partem para criminalidade.

                                                         Cachimbo
 Em diversos bairros da periferia brasileira, adolescentes são recrutados por traficantes para ganhar R$ 600,00 na semana, com o prêmio de usar diariamente motonetas para entregar drogas e depois passear, como se fossem deles. No mês ele tem nas mãos, sem qualquer desconto, R$ 2.400,00, que seria o salário mínimo ideal no Brasil, de acordo com cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Estatísticos e Socioeconômicos).

 Como se diz que o vício do cachimbo entorta a boca, esse criminoso mirim passa a crer que o mundo deve se curvar aos seus pés satisfazendo todos os seus desejos, inclusive o de roubar ou matar sem provocar retaliação da população. É nesse cenário que as pessoas passam a adotar a barbárie como meio de vingança. De por em prática o que o Estado de Direito ensaia há décadas e nunca retira do papel: Justiça igualitária.

 Quando alguém sente prazer de linchar o bandido, inconscientemente está dizendo que não acredita mais nas instituições do seu país. Elas faliram. Não servem para mais nada, apenas para sustentar multidões de bajuladores de políticos que as colocaram ali visando ganhar dinheiro sem fazer nada.

                                                        Maldade
 Por outro lado essa prática é perigosa. Visto que ninguém consegue sobreviver sem ser atingido numa sociedade onde impera a lei do mais forte. De quem não sente dó de matar o próximo, mesmo sem conhecer o seu passado. E se fosse o contrário? O bandido estivesse no lugar do filho, irmão, marido ou esposa? Eles teriam coragem de linchar, matar com requintes de maldade? Bem, pimenta nos olhos do outro é doce.


 Num país, onde políticos acumulam patrimônio calculado em milhões de dólares, segundo recente estatística da revista Forbes, a população precisa ter os pés no chão. Não pode se colocar no lugar de Deus, o único que tem autoridade e poder para retirar a vida de alguém, obra de suas mãos. É chegado o momento das pessoas de bem (são maioria em qualquer lugar) assumir o leme dessa situação e exigir mudanças urgentes neste Brasil para que o mal não prevaleça sobre o bem. 

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