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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Alguém viveria sem a atual tecnologia?



Opala 1978, sonho de consumo dos jovens da década de 1970

Luís Alberto Caju

 Brasil começo da década de 1980: para maioria da população, telefone fixo em casa era algo difícil, por causa do elevado preço das linhas, comercializadas por empresas estatais. No Estado de São Paulo a detentora do monopólio era a extinta Telesp (Telecomunicações de São Paulo) e no Rio de Janeiro a Telerj (Telecomunicações do Rio de Janeiro).  Os aparelhos não eram de teclas, mas de discos onde estavam os números, maioria preto.

 Família de dinheiro se conhecia pelo número de linhas telefônicas em casa. As empregadas domésticas marcavam os encontros amorosos com namorados e futuros maridos no aparelho da patroa. Aliás, era comum empresas receberem ligações de parentes e pessoas que tinham envolvimento amoroso com alguém.
Muitas fichas telefônica era garantia de falar com a namorada várias vezes


 Geralmente quando se conquistava alguém, o número do telefone do serviço era repassado com o lembrete de ligar no horário do almoço ou final do expediente, quando o chefe pegava leve; afinal de contas vários funcionários utilizavam o mesmo expediente. Outra estratégia consistia em comprar várias fichas para usar no telefone público, o famoso orelhão.

 Com elas no bolso, e numa rua silenciosa, se conseguia falar com a amada ou amado sem qualquer atropelo. Às vezes ele funcionava como telefone comunitário, atendendo os moradores daquele local. Quando tocava alguém saia da sala ou cozinha para ouvir o recado ou mesmo conversar com quem estava do outro lado da linha.
O leite era vendido em saquinhos plásticos

 Não existiam celulares. Ou se usava o aparelho da empresa ou de casa, dependendo da condição financeira. O Google ainda não estava presente, porque a internet era algo existente apenas nas Forças Armadas dos Estados Unidos. Todo estudante visitava regularmente às bibliotecas para pesquisar livros e concluir os trabalhos escolares exigidos pelos professores.

                                                          Time de elite
 Computador havia nas empresas, mas para digitar documentos, um deles era o famoso IBM. Na década de 1980 quem trabalhava como funcionário escrevendo diariamente em computadores era incluído no time da elite. Os departamentos de contabilidade usavam os computadores para anotar os dados financeiros do dia, semana e mês, quando ocorria o famoso balanço.
Disco de vinil, com duas músicas, que usava as vitrolas para tocar, conforme foto mais abaixo


 Os famosos CPDs (Centro de Processamento de Dados) exigiam dos digitadores que escrevessem rápido, no mínimo 10 mil toques por minuto. Trabalhavam seis horas e ganhavam relativamente bem. Mas velocidade se transformava em doença, conhecida como LER (Lesão por Esforço Repetitivo), que mais tarde atingiu os caixas de bancos e do comércio em geral.
Terminal IBM 3278 estava presente na maioria dos Centros de Processamentos de Dados

 Dentro dos carros não havia toca-cd, mas toca-fitas. Os artistas gravavam disco de vinil, geralmente com 12 faixas. Eles tocavam em vitrolas por meio de agulhas que percorria o sulco do disco de vinil, captando o som que saía em caixas acústicas.
Toca fitas de carro, onde o som era garantido na ida aos bailes ou jogo de futebol aos domingos


 Antes de 1990, o brasileiro era refém de quatro marcas de automóveis: GM, Fiat, Volkswagen ou Ford. Os modelos em nada lembram os luxuosos de hoje. A lataria bem dura precisava ser cortada a machado ou maçarico nas funilarias. Com exceção de importados, não havia câmbio automático. Na GM, o Opala era sonho de consumo de quem gostava de velocidade e impressionar as garotas.
Famoso Fusca garantiu o namoro de várias gerações


 A Volkswagen tinha o famoso Fusquinha, cujo porta-malas na frente não cabia quase nada e para namorar o espaço prejudicava quem ultrapassava mais de 1m80. A Ford brilhava com o famoso Corcel, que fez parte da letra de uma canção de Raul Seixas, “Ouro de Tolo”. A Fiat, recém-chegada ao Brasil, tentava impressionar com o minúsculo Fiat 147, ideal para os baixinhos.

                                                           Bilhete de papel
 Pagar contas em caixas eletrônicos como ocorre hoje, parecia filme de ficção científica. As filas nos bancos tinham muita gente e vários caixas no atendimento. Uma agência no Centro de SP, dependendo do tamanho, tinha 30 funcionários só para essa função. Tudo funcionava no papel. Conta de luz, água, telefone ou gás se pagava ali na agência.
Fiat 147, o primeiro modelo introduzido no Brasil

 Para andar de ônibus tinha de pagar a dinheiro, e entrava pela porta de trás para descer na dianteira. Foi na gestão da prefeita Luiz Erundina, na época do PT, no final da década de 1980, que implantou a mudança de entrar pela frente e descer na traseira. Bilhete do Metrô, na Linha Azul, era de papel. Naquela época os trens não andavam muito cheios.

 O saco de leite era de plástico, não de caixinha como é atualmente. Antes na década de 1960 e 1970 vinham em garrafas de vidro, com tampinha de alumínio. O arroz vendido a granel no armazém ou supermercado. Bebidas, inclusive refrigerante, ficavam embaladas em garrafas de vidro. A pessoa levava o vasilhame vazio e trocava pelo cheio.
Ford Corcel, durante anos seduziu muitos motoristas


 Cartão de crédito não tinha a grande aceitação como ocorre hoje. Os bancos não trabalhavam com cartão de débito automático. Quando as pessoas saiam para passear ou levavam talões de cheque ou dinheiro. A maioria dos funcionários levava marmita de alumínio para almoçar na empresa. As embalagens de plásticos inexistiam na década de 1980 no Brasil. Assim como os restaurantes de comida a quilo.
                                                           Elogio à preguiça
 Hoje é difícil imaginar a vida sem os luxos oferecidos pela tecnologia, inclusive a internet, capaz de interligar várias pessoas ao mesmo tempo em diferentes lugares do Brasil e mundo. Assim como fazer pesquisa nos Google, lhe dando em poucos segundos respostas que antes demoravam horas nos livros de bibliotecas. Até o telefone celular, dotado de várias ferramentas, inclusive de localização de endereço, é algo que alguém não pode ficar.
Toca discos Gradiente, a top de linha da época

 Mas com todo esse avanço, diversas pessoas regrediram em suas relações profissionais e familiares. A solidão tomou corpo. Grande parte virou escravas de computadores, deixando em segundo plano as amizades que não são virtuais. A tecnologia trouxe conforto, mas ao mesmo tempo afastou familiares.


 A facilidade de obter vantagens reduziu a inteligência, facilitando o elogio à preguiça, pois tudo está ao alcance das mãos, até mesmo para escrever essa crônica e colocá-la no blog que você irá ler em qualquer região do planeta, até na estação espacial internacional, se houver interesse em saber o que ocorre aqui embaixo na terra. Como será daqui a 50 anos, caso nenhum maluco não acabe com tudo numa guerra nuclear?


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