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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A perda das forças na velhice

Geralmente o idoso permanece sozinho, na maioria das vezes, com sua sabedoria acumulada


Luís Alberto Caju

 “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que cheguem os dias difíceis e a se aproximem os dias da velhice em que dirás: “Não tenho mais satisfação em meus dias!”, Livro de Eclesiastes, capítulo 12, versículo 1. Tudo que é novo, um dia conhecerá a velhice, a época da rejeição, de ser jogado de lado, desprezado e até humilhado, como algo sem qualquer valor ou importância.

 No Brasil, ao contrário de países orientais, principalmente Japão e China, pessoas com mais de 60 anos não despertam sentimentos de respeito. Discriminados acabam nos cantos das empresas, que os consideram peso morto sem quaisquer meios de influenciar em possíveis decisões, algumas até capitais.

 A família, com raras exceções, trata o avô ou mesmo o pai, acima desta idade, de forma pejorativa. Diz que velho só pega no pé, ficou crítico demais e reclama de tudo. São humilhados. Em grandes eventos raramente recebem convites. Afinal de contas, na visão dos mais jovens, velho não dança, pula ou agita uma festa. Pelo contrário vai ficar nervoso com as roupas curtas das meninas e de rapazes sem educação.

 Os adolescentes e jovens desprezam os conselhos dos velhos ou “tiozinho” na linguagem deles. Mesmo quando têm razão. Acreditam que idosos são neuróticos, enxergam o mal em qualquer coisa. Desconfiam muito dos outros. Além de parar no tempo. Qualquer conversa, gostam de comparar com a época de sua juventude, na década de 50, 60 ou para os atuais meninos, 70 e 80. Época que não existia rede social nem telefone celular.

                                                             Prazer sexual
  Para complicar a situação, o idoso perde suas energias durante o passar dos anos. Não consegue subir mais uma escada correndo. Ou mesmo pegar a sacola de feira pesada que a neta esteja trazendo ao lado da mãe. A visão escurece, a audição reduz e os ossos começam a ficar semelhantes a pipocas, se quebrando facilmente. O prazer sexual perde a força da juventude. Tudo diminui.

 Porém a inteligência permanece. A sagacidade, o olhar crítico para detectar o mal mesmo em assuntos cheirando inocência, mas recheado de ruindade. Nada retira do idoso a sabedoria aprendida com tempo. De comparar o discurso do atual político candidato a cargo de governador ou presidente da República, com o mesmo que fez gesto semelhante 30 ou 40 anos atrás.

 A experiência da vida, e ela só chega depois de muita pancada dolorida na mente e nas costas, ensina a compreender as pessoas. Mostra quem é bom e ruim, até pela forma de conversar. Como agem os traiçoeiros, os interessados apenas nos bons momentos, para nos ruins se afastar. A experiência revela que não é bom gastar todo o dinheiro que se ganha. É aconselhável guardar um pouco para os tempos de crise, que geralmente chegam para ricos e pobres, como ocorreu no Egito na época do governador José, filho de Jacó.

 A experiência do idoso mostra que rapaz muito galante, cheio de planos audaciosos, amante de bebidas, drogas e festas, nunca será bom marido, mas sério candidato a mendigo. Mostra também que a jovem namoradeira, amante dos prazeres, será mãe de vários filhos sem pai e aumentará o plantel de funcionárias nas casas de prostituição, pois vai querer ganhar dinheiro rápido.

                                                          Nada de conteúdo
 O velho percebe quando o governante não entende de administração de uma cidade, ao perceber que fica despreocupado com problemas relacionados à saúde, segurança pública e educação. Três pilares que levanta ou joga uma nação ao lixo, caso sejam desprezados. Fica atento aos discursos vazios, onde se diz muito sem falar nada de conteúdo.

 O idoso detecta no ar o domínio do crime organizado quando a polícia não consegue, por causa de vários interesses políticos e econômicos, mandar à cadeia os mafiosos comandantes de facções criminosas que reinam de forma absoluta sem qualquer preocupação.

 Ele percebe também que tudo está caminhando ao fracasso quando a família, o sustentáculo de qualquer nação, começa ser desprezada e vira alvo de piadas nas mesas de bares. Família onde pai e mãe procuram educar seus filhos mostrando o errado e certo e os efeitos de suas decisões em suas vidas adultas. Família onde se mostra que a obediência é o bem maior, principalmente às autoridades e claro a pai e mãe.

 O idoso consegue captar rapidamente as armadilhas jogadas pelos maus, quando em nome de um regime democrático, a nação passa a admitir que a violência e a depredação do patrimônio público são formas de contestações que devem ser permitidas pelas forças de segurança. Como disse o profeta Isaías, há 2.500 anos antes do nascimento de Jesus Cristo, “Ai daquele que fazer do bem mal e do mal bem”.

 Quem é velho, principalmente as pessoas que enfrentaram as dores do Regime Militar, de 1964 a 1985 no Brasil, sabe quando algo não é bom.   Muitos sentiram na pele a dor da tortura, da perda de filhos e parentes jogados na vala do desconhecido, sem qualquer direito a sepultura com nome, enterrado de madrugada e sobre os caixões jogado massa de cimento. A maioria dos velhos sabe que nunca se pode confundir liberdade com libertinagem. Que a falsa união ecumênica é engodo, pois nunca é possível aglutinar óleo e água.


 Infelizmente o saber dos velhos continua sendo ignorado. Visto que os jovens acreditam que serão imortais. Nunca perderão suas forças. As meninas creem na beleza eterna. Coitados: não percebem que o tempo age em silêncio, mas de forma constante, retirando cada gota de força nos segundos da vida que ficam para trás todos os dias. Quem for inteligente conseguirá acordar rápido, do contrário talvez não conheça a delícia de admirar e ver os frutos de uma grande caminhada na estrada da vida.

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