O tempo é implacável na sua caminhada pela nossa vida |
Luís
Alberto Alves
O tempo é radical: não espera ninguém.
Prossegue na sua caminhada rumo ao futuro, desprezando choro, lamento e
indecisões. Infelizmente diversas pessoas se esquecem de fazer o correto.
Concentram energias em picuinhas, na procura de pelo em ovo. Quando abrem os
olhos, já não existem dias ou meses para recuperar o que perderam.
Quando somos jovens imaginamos que temos todo
o tempo do mundo para concretizarmos nossos caprichos. É a hora de desprezar
conselhos, principalmente dos pais. Afinal de contas existe a impressão de que
a força nunca chegará ao fim. Pelo contrário, aumentará com o passar dos dias.
Perdemos tempos nos relacionamentos “Titanic”
ou mesmo em emprego que não trará nada de bom no campo profissional. Poucos
conseguem visualizar o horizonte adiante. Após os 25 anos, os meses voam. Para
muitos é começo do auge no segmento onde resolveu atuar. Logo chega os 30 anos.
Sessenta meses depois a barriga insiste deixar o cinto mais apertado, caem os
primeiros fios de cabelos e as cáries pipocam nos dentes.
Nesta altura do campeonato, muitos já se
encontram casados e com filhos para criar. Tudo passa a ter sentido. Inclusive
o dinheiro gasto nas brincadeiras fúteis, drogas e bebidas. Não demora e logo
chegam os 40 anos. Sinônimo do começo da geladeira profissional para alguns
segmentos empresariais e ápice do conhecimento para outros.
Para espantar diversas doenças, principalmente
do coração, e manter sob controle a pressão e longe do diabetes, ocorrem as
visitas freqüentes às academias, caminhadas e corridas nos parques e até no
circuito de ruas. É a época dos 50 anos, quando definitivamente as ilusões
ficaram para trás.
Nessa época o tempo anda rápido. Aumenta o
grisalho dos cabelos, os dentes começam a perder a força de morder os gostosos
pedaços de picanha e chuleta. As pernas, nas curtas corridas e até no futebol
de final de semana, insistem na desobediência ao cérebro. Subir vários degraus
de escadas é tormento.
A barreira dos 60 anos é rompida. Nesta altura
do campeonato, os netos já são adolescentes. Amante das músicas barulhentas e
de letras terríveis bate a saudade da década de 50 ou 60, de Beatles, Rolling
Stones, Otis Redding, Tom Jobim, Vinícius de Morais, Elis Regina, Gilberto Gil,
Jorge Benjor, Festival de Woodstock, Brasil tricampeão no México, Elvis
Presley, Ritchie Valenz, Bill Halley, o Santos de Pelé e Coutinho, o Botafogo
de Garrincha e Nilton Santos, o Palmeiras de Ademir da Guia e Dudu, o Flamengo
de Zico, o Internacional de Falcão, o Guarani de Campinas de Zenon e Cia...
Após os 70 anos tudo é lucro. Dependendo das
extravagâncias da juventude ainda é possível manter acessa a chama do amor
junto da esposa. Claro, não com o ímpeto dos 18 anos, mas marcando presença no
campo. Filhos e netos criados, aposentadoria (mesmo pouca) caindo na conta
mensalmente, e a certeza da missão cumprida. Caso seja intelectual, poderá
continuar escrevendo, escorado na experiência das várias décadas de vida. Época
em que tudo vira filme, reprise das ousadias cometidas décadas atrás. Mas na
sua memória. Valeu a pena viver intensamente, sem perder a velocidade das águas
do rio do tempo.
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