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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A postura radical da vida




Existe algo mais radical do que a morte?

Luís Alberto Alves

 Existe algo mais radical do que a vida. Na época do politicamente correto, onde se prega que é preciso ficar em cima de muro para não agredir a sensibilidade do próximo, o ato de viver rompe com esse paradigma. O é oito ou 80, não há meio termo, política de colocar panos quentes.

 Nos vários exemplos que irei citar, ficará visível o radicalismo existente em nossas vidas: não há meio doente ou sadio; ou é alguém com saúde ou atormentado pela doença. Você é bom da cabeça ou maluco, excluído da convivência da sociedade, internado num hospício.

 Em termos sentimentais o ser humano encaixa em dois perfis: feliz ou infeliz. Novamente a vida joga para escanteio os políticos do coração, que vivendo um fracasso, tenta passar a imagem de que a felicidade é moradora e parceria de todas as horas. As crianças detectam essa postura. Elas percebem rapidamente quando os pais não se bicam mais, mesmo quando o casal tenta fingir durante o almoço do final de semana que tudo está a mil maravilhas.

 A situação financeira é outro exemplo duro do radicalismo da vida: ou você tem dinheiro, mesmo pouco, ou não tem nada. São os extremos, onde o ser humano pode pender para miséria ou para conta de saldo verde no banco.

 Ou você mora, mesmo de aluguel, ou é militante do bloco dos sem tetos. Desconheço alguém que tenha moradia e goste de viver na rua, por achar bacana sentir frio, passar fome, sede e acordar de manhã com os jatos de água desferidos pelas mangueiras dos caminhões da prefeitura limpando as calçadas.

 Outra mostra mais cruel do radicalismo da vida é quanto à idade: é impossível, depois de velho, tentar esconder a idade. Alguém com 60 anos simular que tenha a metade dessa caminhada na estrada da vida. Os cirurgiões plásticos esticam a pele do rosto, mas se esquecem de fazer o mesmo nas mãos. As rugas delas mostram que o tempo já passou e muito.

 A resistência física mostra o quanto o radicalismo de nossa vida é cruel. Com 15 anos de idade, o vigor físico impera. O corpo do adolescente desconhece o frio, mesmo quando a temperatura está baixa. É possível ficar acordado a noite toda sem qualquer ameaça da sonolência. Não se tem medo de nada. Pelo contrário, o melhor negócio é entrar de cabeça em qualquer tipo de aventura. Aliás, o Serviço Militar é prestado aos 18 anos, para aproveitar o fogo dessa energia.

 Salvo raras exceções, os ossos estão fortes, principalmente os dentes, e restante do organismo respiram saúde perfeita. É quando a vida deixa bem clara sua postura nada política: ou você é jovem ou velho. Sem espaço para o politicamente correto, tipo: as pessoas idosas que são jovens e vice-versa.

 O tempo também joga no time dos radicais: ou você aproveita os bons momentos ou perde. Não há meio termo. Ou se acompanha o ritmo dele ou fica para trás, perdido pela estrada. Ele recusa lamentações: “Ah se eu tivesse feito aquilo ou agido de forma diferente”. Caro leitor, você perdeu o fio de miada. O cavalo da sorte passou arreado na tua porta e lhe esperou. Porém a preguiça impediu de montá-lo. Ele foi embora.

 Por exemplo: 2014 está chegando ao fim. É o mesmo mês de dezembro, porém em outro contexto. Você está mais velho, mais tarimbado pela vida e até com experiência maior. É outra situação. Talvez esteja num bom emprego ou mesmo sem trabalho algum. Mas percebeu que o tempo não lhe esperou. Continuou andando para frente. Ou você fica esperto e ágil para acompanhá-lo ou ficará para trás.

 A postura radical da vida é tão cruel que o ser humano fica diante de duas situações: ou está vivo ou morto! Mais duro ainda: caso seja defunto, logo o seu enterro, mesmo como indigente, o poder público vai realizar. A vida não admite, sequer, que os mortos continuem junto dos vivos. Ou você fica em pé ou deitado, ou é deficiente visual ou enxerga, ou é falante ou mudo, ou tem ouvido bom ou está no time dos deficientes auditivos, ou é bom ou mau, bonito ou feio, frio ou quente. Aliás, até Jesus Cristo disse que é melhor sermos quentes ou frios, porque o morno Ele vai vomitar.


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