Luís
Alberto Alves
Estamos numa sociedade mergulhada na barbárie.
Hoje, a maioria da população paulistana virou barril de pólvora prestes a
explodir. Poucos têm paciência com o próximo. Qualquer ação é objeto de
violenta reação. Resultado disso tivemos no final de semana passada, quando o Insegurança de um estacionamento de uma
loja de roupas, na cidade de Embu das Artes (SP) deu quatro tiros num
consumidor, que acabara de sair do local.
O motivo da morte: a bandeira do cartão de
crédito dele não era aceita naquele estabelecimento comercial. Saiu à procura
de caixa eletrônico e pagar pela estadia do carro. A fortuna de R$ 12,00.
Estava acompanhado de três colegas. No retorno, o funcionário do local onde
estava guardado o carro começou a discutir. Na troca de ofensas, quatro
disparos ceifaram a vida de um jovem.
Nas ruas e avenidas muitos motoristas deixaram
a paciência em casa. Qualquer freada brusca é motivo para xingamentos e
ameaças. Os motoboys, embalados pela velocidade excessiva, são mestres em
chutar espelhos retrovisores, portas ou riscar a pintura do veículo, que ousou
aguardar o vermelho do sinal.
Fila de banco é outro local repleto de
nervosismo. Basta o caixa demorar, para começar os comentários nervosos. Numa
compra, o lojista é culpado por todos os problemas econômicos atravessados pelo
Brasil. O consumidor reclama de tudo. Mas se esquece de que ninguém é obrigado
a comprar nada. Tem livre arbítrio.
Os jovens, principalmente adolescentes, com
raras exceções, transformaram o lar onde moram em campo minado. Reclamam da
comida, dos refrigerantes, sucos, roupas e calçados presenteados pelos pais. Enfim,
tudo é motivo de crítica. Até dormir merece comentários furiosos. Gritam por
qualquer problema. Numa idade onde não há motivos para tamanha carga de
preocupação. Afinal são sustentados.
O medo da demissão transformou o interior das
empresas em hospício. Chefes carrascos pisam nos subalternos com prazer. Usam o
argumento da crise econômica e passam a semear clima de terror. Patrões
utilizam mesma estratégia para recusar reajuste salarial e terminam qualquer
diálogo com o argumento de que vai cortar despesas e dentro delas postos de
trabalho.
Ser calmo atualmente é tarefa para poucos. O
normal é tomar atitudes insanas. Chutar o pau da barraca por qualquer motivo. É
partir para briga por motivos insignificantes. É jogar o carro sobre pedestre atravessando
na faixa. É humilhar a caixa do supermercado , que por problemas de saúde no
ombro e pulso, digita lentamente os valores das mercadorias. É fazer pouco caso
da esposa ou esposo, porque um deles cometeu qualquer falha.
Enfim, tudo é justificativa para gritos e
palavrões. A paciência virou objeto raro na sociedade atual. O discurso
belicoso está na ponta da língua de qualquer um. Para conter a violência, não
faltam defensores da pena de morte. A repressão policial contra movimentos
sociais é semelhante à adotada na Ditadura Militar de 1964. Agora a resolução
dos problemas passa pela barbárie. Arrebentar, quebrar ou aniquilar parecem
remédios para curar o mal dos dias de hoje: impaciência!
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