Justiça brasileira deveria imitar o FBI |
Luís
Alberto Alves
O brasileiro gosta de imitar tudo que acontece
no Exterior, principalmente nos Estados Unidos. Basta conferir a programação
das emissoras de televisão. A maioria dos quatros é cópia do que acontece lá
fora. Até no jornalismo é importado o modelo americano ou europeu. Não é errado
se espelhar em algo bom para fazer outro melhor.
Porém no quesito Justiça, o assunto muda de
figura. Somos o país da impunidade, onde raras vezes alguém rico é condenado e
cumpre pena. Escorados na muleta chamada brecha judicial, os endinheirados
escritórios de advocacia conseguem protelar o caso até chegar à prescrição.
O STF (Supremo Tribunal Federal) é pai e mãe dos
poderosos corruptos ou ladrões que colocaram as mãos em milhões e continuam
livres. Se for político, é muito difícil sentar nos bancos dos réus. O “honesto”
deputado Paulo Maluf (PP/SP) é exemplo disso. Procurado em mais de 180 países
pela Interpol, anda livremente no Brasil, sem a nossa polícia poder colocar as
algemas nele.
No caso da cartolagem bandida da Fifa, com
sete deles presos na Suíça pelo Ministério Público daquele país e ajuda do FBI
(a polícia federal dos Estados Unidos), algum deles acabaria detido no Brasil?
O capo José Maria Marin, bajulador da Ditadura Militar, ex-governador de São
Paulo e ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), não sentiria
o peso da justiça.
Logo os ministros do STF liberariam habeas
corpus, colocariam o caso em segredo de justiça e ninguém tiraria o seu sossego
até o caso cair no esquecimento. O mesmo ocorreria com empresário de
comunicação J.Hawilla, que de repórter esportivo na década de 1970 virou dono
da Traffic Group, responsável pela negociação de diversos campeonatos no Brasil
e América Latina, inclusive da Copa Libertadores da América.
Aliás, Hawilla é famoso por
escrever reportagem mentirosa contra Rivelino, após a perda do título de
campeão paulista em 1974, o acusando de pipoqueiro. Fez a cabeça da torcida do
Corinthians e o craque acabou escorraçado do Parque São Jorge. Entrou no
Fluminense e ganhou vários títulos. Quase 30 anos depois, num evento cheio de
mafiosos da CBF, ele pediu desculpas a Rivelino do erro cometido.
O FBI dá grande lição ao Judiciário
brasileiro, mostrando que ninguém pode ficar acima da Lei. Ela deve ser igual
para todos. Apesar dos erros cometidos pelos Estados Unidos em apoiar ditaduras
em várias regiões do mundo, ninguém podem acusá-los de proteger poderosos. Aliás,
naquele país não existe cartel de veículos de comunicação. A toda poderosa CNN,
maior emissora de televisão do mundo, não pode ser dona de rádios, revistas e
jornais, como ocorre no Brasil, por exemplo, com a Rede Globo.
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