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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Mãe: fonte inesgotável de amor





Luís Alberto Alves

 Ônibus lotado, numa manhã chuvosa, ela sobe com o filho de dois anos no colo e a sacola de roupas, além da sua. Franzina segura na alça de ferro para não cair, após o motorista sair velozmente. Por alguns minutos a maioria dos passageiros homens finge não vê-la. Após várias sacudidas nas curvas e ruas esburacadas, consegue sentar.

 Já castigada pela idade e sofrimento, depois de quase 8 horas de viagens, a velhinha está no pátio do presídio da cidade de Presidente Prudente, cerca de 700 km de SP. Trouxe a comida solicitada pelo filho condenado a 80 anos de cadeia. Duas vezes ao mês repete o martírio de sair de casa na periferia, pegar o ônibus às 21h do sábado e chegar às 5h da madrugada em Prudente. Tudo para levar amor ao seu menino, que mesmo amaldiçoado pela Justiça, continua sendo o grande amor dela.

 A disposição para limpar casa de família não é a mesma de 20 anos atrás. Porém, como não nasceu em berço de ouro, é preciso enfrentar forno quente para assar bolo e salgados, além de cozinhar, lavar e passar. Separada do esposo, que a trocou por outra mais nova, após dez anos de casamento, esse é o recurso honesto para não deixar a fome e a miséria fixarem residência no lar.

 Trabalhar de garçonete não é tarefa fácil em qualquer bar ou restaurante. Mas quando se fica viúva antes dos 20 anos, com dois filhos para sustentar, é necessário ignorar as cantadas de fregueses sem caráter. Várias horas de pé, os braços e pés doendo, a cabeça latejando de tantas conversas sem pé e cabeça. Mesmo assim tudo é esquecido, quando chega em casa e recebe o abraço caloroso dos filhos e declaração de amor, inocente como toda criança faz.

 Mais cruel quando o recurso usado para espantar a fome da mesa é exercer a profissão mais antiga do mundo. Enfrentar homens drogados ou alcoolizados, de hálito podre, sugando o seio, na ânsia para sufocar a fome de prazer. O ritual é repetido há três anos, ao perceber que o mercado de trabalho fecha as portas para quem tem baixo nível escolar. Difícil é responder para a filha de seis anos o motivo de usar bastante maquiagem e perfume cada vez que sai de casa.


 Mas dor maior ficou reservada para aquela mulher amorosa, mãe de um dos maiores homens já visto nesta Terra. Por semear a paz, o amor e o Reino de Deus, acabou crucificado numa cruz. O coração partido ao visualizar a vida saída do seu ventre 33 anos atrás se torcendo e morrendo aos poucos. Inerte ela não pode fazer nada, apenas chorar e testemunhar que somente o amor de mãe é incomparável, difícil de explicar, porém sincero e eterno. 

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