Luís
Alberto Alves
A matéria publicada pelo colega de profissão
Jamil Chade, no jornal O Estado de S.Paulo, recentemente, mostra os bastidores
das convocações da Seleção Brasileira. Pura maracutaia. Os atletas servem de
isca para empresas de marketing esportivo ganhar fortunas. Claro com a CBF
(Confederação Brasileira de Futebol) retirando sua porcentagem.
Dicá da Ponte Preta |
Como já passei dos 50 anos, deixei de crer em
Papai Noel, Fada Madrinha, Duendes, Cristais, Pirâmides e outras besteiras. Aos
18 anos vibrava e ficava nervoso com o time do Brasil saindo invicto da Copa do
Mundo da Argentina, em 1978, sem ganhar o campeonato. Discutia no trabalho, no
portão de casa e dentro do ônibus.
Naquela época questionava por que determinados
jogadores não eram convocados, mesmo “fazendo chover”. Cito o caso do meio
campista Dicá, da Ponte Preta, de Campinas. Artista nos lançamento de longa
distância e mestre na cobrança de faltas. Sempre era ignorado nas convocações.
Lembro do ponta-esquerda Nei do Palmeiras, na
década de 1970 e início da de 1980. Só vestiu a camiseta amarela da Seleção,
uma vez, em amistoso disputado no Maracanã. Era bom. Driblava como poucos. E o
que dizer do divino Ademir da Guia. Foi para a Copa da Alemanha e só jogou o
segundo tempo de Brasil e Polônia. Nunca mais apareceu na seleção.
Lembro do camisa 8 do Cruzeiro de Belo
Horizonte, Zé Carlos, que ajudou o Guarani de Campinas a conquistar o
Campeonato Brasileiro de 1978. Era um
maestro em campo. Ignorado nas convocações. Durante muitos anos nenhum craque
de times do Norte e Nordeste sentiu o sabor de vestir a camiseta verde e
amarela do Brasil.
Longe do jornalismo, onde entrei em 1985,
desconhecia os bastidores desse mundo podre do futebol. Ali não prevalece a
técnica, mas os interesses de dirigentes ávidos por dinheiro. Craques só para
servirem de entrada para venda ao Exterior. Seleção é vitrine, semelhante à de
açougue, onde o consumidor aprecia a carne que levará para casa.
Nei, ponta esquerda do Palmeiras, em amistoso do Brasil |
Como suspeitava, convocação do time do Brasil
é jogo de carta marcada. Interessa o atleta que renderá dinheiro, e muito, às
empresas de marketing esportivo, empresários e cartolas. A emoção do drible ou
falta bem cobrada é algo do passado. O presente requer atletas que funcionem,
desculpe o trocadilho, igual garota de programa: atraia muita atenção e
dinheiro para outros bolsos.
Infelizmente deixei de ver o futebol com
romantismo. Desconfiava há muito tempo de o porquê grandes jogadores ficarem
longe da Seleção Brasileira. Agora confirmei minhas suspeitas. Eles eram
craques, mas foram azarados de encontrar dirigentes de caráter duvidoso como
obstáculos em suas carreiras.
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