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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Só mãe sente o amor de verdade



Minha querida e saudosa mãe, responsável pelo que sou atualmente

Luís Alberto Alves

Lembro da época em que frequentava as rodas de samba da Vai-Vai no bairro do Bixiga, Centro de SP, na década de 1980. Um colega sambista sempre cantava uma linda canção, que se tivesse parado nas mãos de algum artista de renome iria estourar nas paradas. Ficou na mente dos fãs da alvinegra do Bixiga.

 O refrão era simples e dizia: “só mãe sente o amor de verdade/ o resto é interesse é falsidade..” Hoje, 2 de setembro, lembro da morte de minha querida mãe em 2005. Aliás, qual filho esquece a data da perda de alguém tão carinhosa?

 A agonia começou no dia 2 de janeiro daquele ano. A levei ao médico e ficou internada até maio, quando saiu para passar o seu dia em casa, ao meu lado e do esposo. Poucos dias depois retornou ao hospital e voltou ao lar em junho.

 Por motivo de viagem de trabalho não estava presente quando ela e meu pai acabaram socorridos pelo Resgate do Corpo de Bombeiros em 31 de julho de 2005. Nunca mais voltariam ao lar onde viveram 37 anos juntos, na mais perfeita harmonia.

 No dia 6 de agosto meu velho partiu, e em 1⁰ de setembro, às 18h30, minha mãe fechou os olhos para sempre. A visitava todos os dias. Era uma quinta-feira. Fiquei ao seu lado até as 17h30. Por estar entubada, não conseguia falar, mas o olhar mostrava a mesma ternura em relação a mim.

 Cantei, como bom cristão e temente ao Senhor, louvores. Passei o óleo ungido nas mãos, pés, rosto. Enfim a acariciei. Não sabia, mas repetia o mesmo gesto de Maria Madalena quando lavou os pés de Jesus Cristo com seu pranto e passou o óleo no grande mestre.

 Sai do quarto despreocupado. Nada revelava que iria perdê-la. Quando cheguei em casa, a caixa postal do telefone estava entupida de recados do hospital pedindo minha presença. Ela havia partido. Nunca me esqueço da noite terrível, correndo atrás da documentação para o sepultamento.

 Quando cheguei em casa, às 2h30 da manhã do dia 2 de setembro, peguei um disco de trilha sonora da novela Casarão, exibida na Globo em 1975 e ouvi “Oh! Carol”, de Neil Sedaka. Era a música que ela adorava apreciar, principalmente quando estava preparando os deliciosos doces que fazia tão bem.


 Passados dez anos, ainda sinto saudade. Dos conselhos, dos carinhos e das mãos sempre estendidas a mim nos momentos de dificuldades. Quando me casei abracei fortemente minha prima, que a substituiu me levando ao altar. Como desejava que ela estivesse ali, presenciando minha felicidade, pela qual orou e chorou tanto. Meu consolo é que um dia iremos nos encontrar na eternidade....

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