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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Jornalista lança livro sobre documentos escondidos pelas Forças Armadas



Mesmo após a redemocratização do Brasil, militares escondem informações da época da Ditadura Militar

Luís Alberto Alves

O colega de profissão, jornalista e escritor Lucas Figueiredo vai lançar o livro Lugar “Nenhum - Militares e Civis na Ocultação dos Documentos da Ditadura", livro que inaugura a coleção "Arquivos da Repressão no Brasil", da Companhia das Letras. Nesta obra ele relata o que já desconfiava há muito tempo: militares brasileiros sabem o paradeiro de presos políticos desaparecidos.

 Neste ofício nunca é bom aceitar de imediato resposta do entrevistado, como verdade eterna. É necessário checar. Verificar se realmente os dados conferem com a pauta traçada na redação. Nunca aceitei o argumento de que as Forças Armadas desconhecem os locais, por exemplo, onde estão enterrados os guerrilheiros do Araguaia, no Pará.

 É igual diretor de empresa: mesmo aposentado consegue recordar de fatos importantes onde trabalhou, principalmente de histórias que podem ter provocado grandes mudanças. Será que os coronéis, tenentes ou mesmo generais destacados para acompanhar aquela operação no Araguaia foram acometidos de amnésia e não conseguem recordar de nada? Sabem e muito.

Em São Paulo, os agentes da repressão, tanto no Exército quanto na polícia civil também têm na mente os locais onde foram enterrados como indigentes os supostos inimigos do governo na fase brava da Ditadura Militar, 1969 a 1976.

 Agora, segundo Lucas Figueiredo, faltou sangue nos olhos para os governantes após a abertura política, enquadrar os militares e exigir deles  divulgação dessas informações, como ocorreu no Chile, Argentina e Uruguai. Aqui optou-se pelo conchavo. Qualquer discurso nervoso da caserna, os civis do Palácio do Planalto se borram. Típico de republiqueta de banana.

 Existe o presidente da República, considerado o comandante maior das Forças Armadas, na teoria, porém na prática nenhum general, brigadeiro ou almirante lhe obedece. Apenas faz o de praxe. É triste ver tantos pais e mães, de corações partidos, à espera da informação que os leve ao lugar onde possam encontrar e sepultar, de forma digna, os restos mortais dos seus entes queridos.

 Até os Vietcongues, que venceram a poderosa máquina de guerra dos Estados Unidos na década de 1970, devolveram os  cadáveres de militares norte-americanos mortos durante a Guerra do Vietnã. Eles tinham motivos para esconder essas informações. Afinal de contas perderam 1 milhão de compatriotas, dizimados pelas bombas, inclusive de Napalm, despejadas pelos aviões do tio Sam.


 A impressão que fica é a do país que finge ser democrático, mas ainda sobrevive diante da sombra dos militares. A qualquer vacilo eles podem sair dos quarteis e perseguir políticos e civis e restaurar o passado de trevas e dor que existiu no final da década de 1960 e parte dos anos de 1970. Enquanto todas essas informações a respeito de desaparecidos políticos estiverem nas mãos de militares, o Brasil vive a ilusão de uma democracia.


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