Corrupção está presente em pequenos delitos |
Luís
Alberto Alves
Partida contra o Corinthians no sábado (11). A
Ponte Preta faz um gol legítimo e o bandeirinha anula. Final do jogo, os
torcedores vibram. Alguns até dizem: “É nóis na finta de novo mano (sic)”. No
domingo, alguns deles estavam na Avenida Paulista pedindo a cabeça da
presidente Dilma Rousseff (PT). Exigiam combate feroz contra a corrupção.
Infelizmente a maioria da população,
principalmente a classe média alta, pensa desta forma. Só enxergam sujeira no
quintal alheio, mas se esquece de olhar dentro da própria casa, verdadeiro
depósito de lixo. Para muitos corintianos o importante é ter despachado o time
da Ponte Preta, mesmo com ajuda da arbitragem.
Tem mais exemplos de postura indecente. O
carro é parado numa blitz. O policial pede a documentação. O motorista responde
que deixou em casa. É alertado que será multado. Começa o diálogo de rato e
gato. No final, o profissional liberal, crítico feroz do “corrupto governo
petista”, enfia a mão na carteira, tira algumas cédulas de R$ 100 e diz para o
PM esquecer a autuação.
Estacionamento de hipermercado no final de
semana. O pátio está lotado. O casal sarado de academia de ginástica coloca a
Pajero 2015 na vaga exclusiva para idosos. Ambos vestem camiseta com os
seguintes dizeres: “Não sou culpado, votei no Aécio”. Poucos minutos depois um
senhor de aproximadamente 60 anos chega e não encontra local para colocar o seu
carro popular.
Final do ano está chegando. O filho mau
estudante corre o risco de reprovar no último ano da faculdade de Direito. O
pai, dono de famoso escritório de advocacia, procura o diretor e diz que a boa
vontade da escola pode resolver o problema. Retira o talão de cheque especial
de um banco de elite e pergunta qual o preço para o jovem pegar o sonhado
diploma.
Época da declaração do Imposto de Renda. Para
fugir da fúria do Leão, vários críticos da presidente Dilma, pedem para o
contador criar despesas fictícias. A desculpa é para não dar dinheiro ao
governo ladrão. Na mesa do restaurante fino dos Jardins, são críticos da
roubalheira que assola o Brasil. Porém eles agem da mesma forma, tudo em
proveito próprio.
O nosso País só deixará de ser corrupto quando
a população ignorar o famoso jeitinho, de levar vantagem em tudo. Dar exemplo
aos filhos. Mostrar, por meio de gestos, que não é babaquice ser honesto em
tudo. Não existe crime pequeno ou grande. Quando essa boa atitude virar rotina,
as passeatas contra políticos corruptos serão desnecessárias. Para isso é
preciso começar a educar nossas crianças e ver os frutos daqui a 20 anos....
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