Gularte a caminho do fuzilamento |
Luís
Alberto Alves
Essas foram as últimas palavras ditas pelo
traficante brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42 anos, antes de receber os
tiros desferidos pelo pelotão de fuzilamento na madrugada de quarta-feira (29),
e tarde de terça-feira (28) na Indonésia, onde foi condenado à morte por
tráfico de drogas.
É ruim pagar com a vida em qualquer
circunstância. O ideal é cumprir pena rígida numa prisão, talvez perpétua para
tirar qualquer desejo de achar que o crime é boa alternativa de enriquecimento.
Porém não é assim a realidade. Principalmente na venda de drogas.
Será que Gularte pensou nas inúmeras pessoas
que pagaram com a vida ao ficarem vários anos escravas dos malditos papelotes
de cocaína, que ele ajudou a vender? E as adolescentes, fisgadas pelo falso
brilho transmitido por esse pó, que mais tarde descobriram as dores da
dependência química? E para manter o vício passaram a vender o próprio corpo,
se transformando em farrapos humanos?
Nos 29 anos vividos no submundo do tráfico de
entorpecentes, Gularte pensou nos pais que tiveram suas vidas destruídas
financeiramente e emocionalmente ao enfrentar o martírio de ver um filho ou
filha aniquilados pela droga? Ele pensou naquela mãe desesperada ao ver o filho
roubando eletrodomésticos dentro de casa para saciar o desejo de cheirar mais
uma carreira de cocaína?
Pensou no dependente químico, completamente
destruído, sem um centavo no bolso para alimentar o vício e por não ter
condição de pagar mais pela droga, entrou no time dos marcados para morrer, a
mando, talvez, dele mesmo. Afinal de contas traficante cobra dívida com balas
de revólver ou pistola.
Nunca defendi a morte de ninguém, nem dos
piores dos criminosos. O único com poder para retirar a vida é Deus, pois Ele
nunca erra. Os humanos sim. Ao entrar para o tenebroso mundo do crime,
principalmente do tráfico de entorpecentes, Gularte precisaria ter em mente que
começava a cavar o buraco da própria sepultura. Poderia não ter pago com a vida
e quem sabe viver muitos anos, caso estivesse no time dos honestos. Dos
cidadãos do bem.
Escolheu o caminho errado e pagou alto preço. No mundo do
crime, nunca se tem um final feliz. Que o diga o supertraficante Pablo Escobar,
integrante do círculo dos homens mais ricos do mundo na década de 1980. Morreu
fuzilado e sua família foi obrigada a abandonar a Colômbia para não perder a
vida.
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