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quarta-feira, 22 de abril de 2015

Internet está matando jornalismo impresso?



Redação do Estadão antes dos últimos grandes cortes

Luís Alberto Alves

 Poucos anos atrás, final da década de 1990, o jornalismo impresso ainda atendia às expectativas dos leitores. As pessoas aguardavam a edição do dia seguinte para conferir o que aconteceu de importante em determinado evento. Exemplo disso era o final de Copa do Mundo, ou mesmo do Brasileirão ou outro tipo de campeonato.

 Quando morria algum artista famoso saiam os famosos cadernos especiais contando a vida do falecido. As redações tinham vários profissionais. Estadão e Folha de S. Paulo pareciam um “mar” de gente. Algumas editorias, como de Geral, Política e Esportes contavam com vários repórteres, editores e até sucursais.

 Mas o tempo provoca mudanças. Para bem ou mal. Os barões da comunicação (Mesquita, Frias, Marinho, Saad, Civita etc..) continuaram dormindo sobre os louros. Lembro de uma palestra proferida pelo herdeiro e eterno diretor de redação da Folha de S.Paulo, Otávio Frias de Oliveira, quando disse que jamais alguém substituiria o jornal. Ninguém levaria o computador ao banheiro, as folhas do impresso sim.

 A caminho da terceira década do século 21, tudo mudou. Hoje é possível ler jornal em qualquer lugar, mesmo no banheiro, usando celular ou tablet. Os fatos acontecem e logo estouram na internet. Ninguém espera chegar o dia seguinte. A informação corre velozmente nas redes sociais, principalmente pelas mãos de alguém que trabalha neste meio.

 Aos poucos o jornalismo impresso agoniza. As redações demitem de panelada. Nas duas últimas semanas Estadão e Folha colocaram, juntos, na rua 90 profissionais. Vinte anos atrás só uma catástrofe econômica provocaria tamanho corte. A verba publicitária caiu. Os anunciantes optam pela propaganda virtual na internet.

 A editora Abril, dona da revista Veja, se parece com doente na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Já eliminou várias publicações e demitiu grande número de jornalistas. A editora Três, proprietária da Isto É, repetiu a dose. Hoje é mais fácil colocar time enxuto para elaborar a edição digital, sem gastar bastante com impressão, distribuição.


 No virtual tudo é rápido. Igual esse artigo que você lê agora, seja no seu tablet, celular, notebook ou computador de mesa. Para traçar essas linhas não precisei de muito tempo, nem de diagramador, pois o programa automaticamente escolhe o espaço onde entrará essa matéria, definindo o tamanho da foto escolhida por mim. 

Na época do impresso, ele estaria somente amanhã na página do jornal, após passar por vários processos, até ganhar corpo nas páginas. Não sei quanto tempo a agonia vai demorar, mas o jornalismo escorado no papel, como matéria-prima, caminha rumo ao túmulo.

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