Cardoso (camiseta preta) foi fuzilado à 00h30 de sábado, (15h30 horário de Brasília, na Indonésia |
Luís Alberto
Alves
A vida
de glamour do traficante Marco Archer Cardoso, 53 anos, terminou no começo da
madrugada de sábado (18) diante dos tiros disparados por um pelotão de
fuzilamento na cidade de Tangerang. Preso durante 11 anos, o bandido acabou
condenado à morte por tentar entrar na Indonésia com 13,5 quilos de cocaína nos
tubos de sua asa delta em 2003.
Ele teria vivido 25 anos no mundo do crime,
apenas vendendo drogas, inclusive as fornecidas pelos cartéis colombianos no
final da década de 1980. O criminoso
assumiu que nunca trabalhou, apenas traficou. Ou seja, ajudou a destruir
inúmeras vidas, inclusive de adolescentes e jovens que buscavam refúgio no
falso alívio fornecido pelos entorpecentes.
Não era santo, como tentou pintar parte da
mídia, “comovida” com a pena de morte decretada pelo governo da Indonésia. Para
conseguir se manter vivo neste mundo tenebroso do crime, e escapar das garras
da polícia no Brasil e vários países onde entrou carregando grande quantidade
de droga, ele não era nenhum bobo. Conhecia profundamente as regras deste
negócio explosivo igual nitroglicerina.
Infelizmente todas as pessoas ruins são “santificadas”
próximo da morte ou quando dá o primeiro passo rumo ao além. Poucos procuraram
pensar nas famílias esmagadas pela cocaína vendida por Cardoso nesses últimos
25 anos. Nos filhos que passaram a envergonhar os pais ao mergulhar nos
assaltos para manter o vício, nas jovens refugiadas na prostituição visando
garantir o dinheiro do pó maldito que ele trazia da Colômbia.
Poucos vão se preocupar com as mães que
choraram muitas noites ao ver seus filhos alucinados dentro de casa, furtando
ou roubando objetos para trocar pelos papelotes na “biqueira”. Só merece
destaque o falso glamour ostentado pelos traficantes. Elogio ao crime.
Lógico que é dramático perder a vida diante de
um pelotão de fuzilamento. Sem direito a nenhum recurso da Justiça. Imagino os
últimos passos desse criminoso rumo ao local onde teria o encontro com a morte.
Talvez pensasse nos erros cometidos. Nos conselhos dos pais e até dos amigos
para largar essa vida errada.
Seu coração provavelmente acelerou as batidas,
as pernas tremeram e talvez até a urina passasse a descer pelas pernas, numa
reação de medo desencadeada pelo corpo.
Quando olhou para os algozes, com os
fuzis apontados em sua direção e os dedos no gatilho, percebeu tardiamente que
o mundo do crime é ilusório. Nada dura para sempre. Até o ato de viver pode se
acabar em segundos, num confronto com policiais durante uma blitz, na cadeia em
brigas com quadrilhas rivais ou em um país onde não se passa as mãos na cabeça
de criminosos. Cardoso colheu o que plantou durante mais de metade de sua vida,
infelizmente.
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