A triste categoria dos candidatos que tiraram zero na prova de redação do Enem |
Luís
Alberto Alves
É preocupante 500 mil pessoas (maioria
adolescentes) tirarem nota zero na prova de redação do Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio). Não conseguiram entender, explicar e desenvolver o tema proposto
nesta prova, que versava sobre a publicidade infantil. A culpa é de quem? Dos
pais, do governo ou da nossa sociedade hipócrita, cada vez mais mergulhada no
egocentrismo, valorizando o ter no lugar do saber?
Infelizmente esses candidatos falharam no ato
simples de contar uma história sobre algo tão contundente na atualidade. Na
busca por mais lucros, o mercado publicitário ataca profundamente em todos os
cantos. Em lojas de produtos para bebês, já existem até mastigadores no formato
de tablets e celulares, induzindo aquele tenro consumidor para o segmento de
eletro eletrônico.
Hoje muitos adolescentes são incapazes de
descrever seu próprio cotidiano. Encontram dificuldades para resumir numa
pequena redação o contexto em que se desenvolveu determinado filme. Sabem mexer
e conviver com a sofisticada tecnologia nas redes sociais, porém incapazes de
raciocinar profundamente.
É igual mulher linda, mas quando abre a boca
para falar, só diz besteira. São alienados. Vivem presos num canto, repleto de
diálogos curtos, sem qualquer intensidade. Desconhecem fatos históricos
importantes. Ao verificar suas páginas nas redes sociais, é deprimente a
pobreza de assuntos. Comentam futilidades, valorizam selfies sobre atos sem
nenhuma importância, como uma foto diante do vaso sanitário.
Preocupante é que esses 500 mil adolescentes
logo serão adultos. Qual será o comportamento deles no mercado de trabalho?
Empresário algum gasta dinheiro com funcionário sem qualquer noção. Paga
salário, até pouco, porém visa resultado, em curto prazo. Afinal de contas ali
não é obra de caridade. Imagine uma recepcionista ou trabalhador de chão de
fábrica que passa a maior parte do tempo navegando na internet, deixando o
serviço em segundo plano. O problema é sério.
Reconheço que o governo não tem interesse numa
população culta, preocupada com a melhoria da sociedade. Quanto mais idiotas
existirem, melhor será o controle, impedindo a crítica contra os corruptos
existentes em nosso País. Quem não consegue descrever determinada situação,
mesmo fútil, vai jogar no time da massa de manobra, batendo palmas para os
outros e mergulhado na miséria da falta de sabedoria.
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