Após o leite cair no chão, é difícil recuperar o conteúdo que se perdeu |
Luís
Alberto Alves
A presença do vice presidente dos Estados
Unidos, Joe Biden, e do secretário de Estado, John Kerry, na festa da posse da
presidente Dilma Rousseff (PT), no dia 1º de janeiro, não teve apenas objetivo
protocolar. Os norteamericanos correm atrás do leite derramado, quando
perderam para os suecos a chance de colocar os aviões fabricados pela Boeing na
FAB (Força Aérea Brasileira), cuja frota de caças Mirage venceu o prazo de
continuar voando no País.
A
concorrência de bilhões de dólares demorou chegar ao final. Os EUA contavam
como certa a vitória. Porém os militares da Aeronáutica sinalizaram que as
aeronaves de guerra produzidas pela Boeing não agradavam, pois a transferência
de tecnologia dependia do Congresso Nacional. Lógico que os Estados Unidos
tentariam empurrar os aparelhos numa caixa preta. Para forçar a dependência do
Brasil quando quisesse fazer trabalho de conserto mais sofisticado.
Perderam. Para complicar a situação, veio à
tona o escândalo de espionagem em cima da presidente Dilma Rousseff (PT) e de
outros setores da indústria brasileira. O clima ficou tão pesado, que ela
desmarcou o jantar que teria com o presidente Barack Obama quase no final de
2013.
No intercâmbio comercial os EUA perderam o
primeiro lugar para a China. Outro golpe duro. Ou, seja, o Brasil faz mais
negócios hoje com o parceiro do outro lado do mundo, do que com o vizinho do
norte, a poucas horas de viagens.
Durante vários anos a política norte americana
foi a de ignorar o Brasil. Era o Zé ninguém da América do Sul. Só lembrado em
época de Copa do Mundo e do Carnaval. Porém o tempo mostrou que ninguém é
eterno. O império turco otomano durou mais de mil anos e caiu, o mesmo ocorreu
antes com os romanos, que dominaram o mundo por vários séculos.
A presidente Dilma Rousseff e o vice de Barack Obama, Joe Biden |
Aos poucos o nosso país começou a se livrar da
forte anestesia aplicada por gestões danosas, desde a época da Ditadura Militar
até chegar ao governo FHC, onde por pouco o Brasil não acabou vendido a preço
de banana, inclusive privatizando, a preço vil, sua principal empresa de telecomunicações,
a Embratel, responsável por grande parte dos dados de informações
confidenciais.
De 2000 em diante o Brasil passou a caminhar a
passos longos. Marcando presença em diversos assuntos, inclusive no barril de
pólvora chamado Irã, quando o então presidente Lula, sugeriu que aquele país
fizesse acordo político com os Estados Unidos, deixando em segundo plano o
programa nuclear.
A roda girou em vários ângulos. Brasília
ajudou jogar água na fogueira acesa por Hugo Chávez, que pretendia transformar
a Venezuela numa nova Coreia do Norte. Sugeriu abertura de conversações entre
governo colombiano e o grupo narcoterrorista Farc.
A chegada de inúmeras montadoras de automóveis
ao país, o forte aquecimento da construção civil, e a entrada de milhões de
consumidores na classe média e o milagre de o Brasil ter conseguido, após mais
de um século, ter pago a dívida externa, transformando os Estados Unidos em
devedor, anunciou que os norteamericanos não poderiam mais nos ignorar.
O presidente Barack Obama implantou mecanismos
para facilitar o acesso de brasileiros nas viagens aos EUA. Atualmente os
nossos endinheirados são os maiores compradores de imóveis nas cidades daquele
país. As vendas, na maioria das vezes, são à vista. O mesmo ocorre nas visitas
ao complexo turístico da Disney World.
Enquanto o grande irmão do norte patina em
grave crise econômica, com milhões de desempregados e sem tetos vagando pela
rua. O Brasil, pela primeira vez, tem menos de 6% de empregados à procura de trabalho.
No final da década de 1990, as estatísticas da Fundação Seade e Dieese
apontavam quase 20% dos brasileiros sem emprego.
Portanto a visita de Joe Biden, na posse da
presidente Dilma Rousseff (PT), teve a mensagem subliminar de tentar pegar o
leite derramado nos últimos anos. Ter o Brasil como parceiro comercial, visando
deixar a China em segundo lugar. Algo que considero difícil. Infelizmente na
vida, as pessoas reconhecem que erraram depois de decorrido muito tempo.
Algumas conseguem se recuperar, outras ficarão eternamente segurando a xícara
vazia, sem o leite que deixou cair no chão.
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