A papelada que o brasileiro não consegue driblar durante a vida |
Luís
Alberto Alves
Por mais avanço do mundo, o ser humano
continua preso a papéis. Sem eles sua existência é nula. Nem a internet
conseguiu derrubar esta barreira. Quando a criança nasce, o registro é a prova
que aquela vida está legal perante o Estado. Alguém sem esse documento é
inexistente perante as autoridades. A vida do bebê vai seguir o caminho da vida
por meio de vários pedaços de papéis.
Para entrar na escola, os pais precisam
apresentar o registro de nascimento comprovando a idade do estudante. Essa
rotina andará ao seu lado sempre. Na adolescência, ou mesmo na infância, vai
tirar o RG, outro papel que mostra a situação de honestidade daquele cidadão
perante a Justiça. Na formatura, o diploma é um pedaço de papel comprovando a
finalização de determinado curso colocando aquele aluno, no caso de faculdade, na
classe dos bacharéis.
O mercado de trabalho só aceita funcionário
munido de carteira profissional. Ela registrará a vida do empregado até chegar
o sonhado dia da aposentadoria. Mostra quanto tempo permaneceu numa empresa, as
promoções. A Previdência Social não aceita outro documento como prova de tempo
de serviço prestado. Mesmo amarelado, é um papel que jamais pode ir para o
lixo. Do contrário é dor de cabeça no futuro.
Na época do Serviço Militar, os jovens recebem
o certificado de reservista. Pedaço de papel comprovando que ele se apresentou
às Forças Armadas. Rico ou pobre, famoso ou anônimo, não escapa desse pedaço de
papel. Por enquanto as mulheres estão fora dessa obrigação.
O CPF, atualmente um cartão, mas no passado
era de papel, é a prova da vida financeira de alguém. Bom ou mau pagador é
registrado por meio do número ali existente. Válido em todo o Brasil é difícil
comprar a crédito ou abrir conta corrente sem esse documento. Por meio dele o
Serviço de Proteção ao Crédito conhece o presente ou passado do consumidor.
Não adianta ser ótimo motorista, mas faltar a
carteira nacional de habilitação. Perante as autoridades de trânsito, a CNH é
comprovante para dirigir qualquer tipo de veículo, por causa da letra ali
existente. A D permite conduzir caminhões e ônibus, por exemplo. Passar numa
blitz policial dirigindo sem esse documento é sinônimo de dor de cabeça e
processo, caso tenha atropelado alguém ou provocado acidente.
Até para casar o “ditador” papel marca
presença na vida dos noivos. O cartório vai publicar edital para verificar se o
homem ou mulher estão casados, em outras cidades ou mesmo regiões do Brasil.
Após determinado prazo, acende o sinal verde ou vermelho. Alguém, perante a
Lei, é casado quando apresenta a certidão de casamento.
Não deu certo a união firmada no cartório,
entra em ação outro papel: a certidão de matrimônio trazendo carimbada no verso
a informação de que aquela pessoa é separada ou divorciada. É a prova de que
não é mais solteiro (a). O papel é a prova final.
Comprou um imóvel, a escritura, com várias
páginas, mostra quem é dono daquela propriedade. A regra é válida para todos os
brasileiros donos de casas, apartamentos, sítios, fazendas ou mesmo terrenos
onde estão empresas. Esse papel vale, perante a Justiça, como atestado final,
de que tal pessoa é dona daquele bem.
Após poucos
ou muitos anos a morte chegou. Para mostrar ao governo o final da vida, o
cartório vai emitir o atestado de óbito. Ele traz o nome do médico e as causas
que ceifaram aquela vida. A partir deste documento, todos os dados do falecido
são apagados dos órgãos governamentais, inclusive da Previdência Social.
Nesses exemplos citados acima, ficou visível o
quanto nós estamos reféns de papéis, mesmo em tamanho reduzido. Permanecemos
grudados a eles. Por enquanto os avanços tecnológicos não permitiram que alguém
escape deles. Nem fugindo para um país distante. Aliás, para viajar ao Exterior
precisamos de passaporte. Licença para entrar em outra nação. Pelo visto é
melhor deixar de escrever sobre assunto. Ainda bem, que é na tela do computador.
Pelo menos nisto driblei o papel....
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