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quinta-feira, 26 de junho de 2014

O coronel do sertão resolveu ir embora



Em mais de 50 anos de vida pública, Sarney aumentou a miséria do Maranhão, um dos Estados mais pobres do Brasil


Luís Alberto Alves

 Após mais de 50 anos de vida pública, o senador José Sarney (PMDB/AP) resolveu ir embora para casa. Não vai deixar saudades. Deveria ter feito isto há muito. Legítimo coronel do sertão, durante as cinco décadas que comandou o Maranhão, a população só conheceu e experimentou o aumento da miséria.

 Como se fosse um feudo tratou de colocar todos os parentes na máquina do governo, inclusive a filha Roseana, que mais tarde foi senadora e depois governadora. O filho Zequinha seguiu o mesmo caminho. Quem visita o Maranhão percebe que vários locais receberam nomes de alguém da família Sarney, desde ruas, avenidas, hospitais, escolas. Tudo. Algo adotado pelos ditadores, visando permanecer na memória da população.

 Como político oportunista, Sarney procurou sempre ficar ao lado da situação. Jamais teve peito de enfrentar o governo. Durante a Ditadura Militar navegou no barco da Arena, sigla criada pelos ditadores do regime para simular falsa democracia no Brasil pós golpe de 1964. Ali ficou até o barco naufragar em 1985, quando o general João Batista Figueiredo saiu do Palácio do Planalto.

  Esperto, Sarney percebeu que não era mais possível remar contra a maré. Entrou na chapa de Tancredo Neves como vice. A então Arena virou PDS. Assumiu a presidência do Brasil com a morte de Tancredo. Pensou que o país era o Maranhão, onde deitava e rolava e quase quebrou cara. Greves, inflação alta numa explosiva combinação com desemprego. Muitos sentiram saudade dos militares, quando na década de 70 sobrava trabalho.

 Na gestão Collor de Mello, oportunista Sarney não ficou na oposição. Depois resolveu entrar no PMDB que não tinha mais a aura de partido de oposição. Havia se transformado num balcão de negócios, com a legenda virando abrigo de figuras que nos países sérios, onde a Justiça funciona contra poderosos e ricos, estariam presos. Inclusive o próprio Sarney.

 Quando sentiu o fogo atingir seu feudo, por meio de uma operação da Polícia Federal, entrou na Justiça e censurou o jornal O Estado de S.Paulo, proibido de publicar o conteúdo da barbárie existente no seu quintal chamado Maranhão. 

 A população maranhense vai ficar feliz ao ver o coronel Sarney deixar o poder. Quem sabe assim novos ares soprem num Estado, onde miséria e descaso são irmãos gêmeos. Principalmente na questão da segurança pública, caótica, onde o crime organizado manda no presídio de Pedrinhas, em clara afronta ao governo de sua filha Roseana Sarney, que na verdade desconhece o significado da palavra competência.

 A saúde é outro caos. Ninguém do feudo Sarney se aventura a usar os hospitais. Preferem os existentes em São Paulo. Aos pobres ficam reservados os leitos sobrecarregados e ausência de materiais cirúrgicos, medicamentos e claro, a certeza de que é difícil sair vivo dali.

 Nas cidades do interior do Maranhão existem casas onde não há luz elétrica. Água encanada é artigo de luxo. Saneamento básico é palavra estranha. O banheiro se resume ao buraco cavado no chão, próximo ao poço de onde se tira água para beber. As desavenças são resolvidas pelos pistoleiros, que cobram ninharia para executar alguém.

  Nesses locais o mundo moderno que encontramos nas cidades do Sul e Sudeste do Brasil, ali é algo estranho. É comum o jagunço que manda na cidade dizer que a lei é ele quem faz, claro, com as bênçãos do “padim” Sarney. Nas eleições dificilmente a oposição consegue ganhar, por causa das fraudes e da compra descarada de votos.


 O sonho do jovem maranhense é sair dali e tentar a vida em São Paulo ou Rio de Janeiro, principalmente as meninas. Algumas delas ficam às margens das estradas tentando pegar carona com caminhoneiros e sair da falta de perspectiva de um lugar aonde o futuro nunca chega. Ele foi preso pela oligarquia Sarney durante mais de meio século. 

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