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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Maldade de uma sociedade cada vez mais intolerante




O publicitário Eduardo Pinto Martins, acusado de matar e esquartejar o zelador do prédio onde morava

Luís Alberto Alves

 O assassinato, com requinte de perversidade, de um zelador de prédio no bairro paulistano de Casa Verde, mostra a degradação da nossa sociedade. Atualmente as pessoas se mostram intolerantes em tudo. No trânsito, após a abertura do semáforo, o motorista não pode demorar a sair, do contrário é atormentado com centenas de buzinadas e até xingamentos.

 No trabalho, a chefia resolve cobrar resultados da equipe por meio de gritos e ameaças. O policiamento é feito sob égide do terror. Para qualquer PM, o cidadão comum é bandido e recebe mau tratamento na abordagem, principalmente se tiver a insorte de morar na periferia e for negro e favelado.

 Mas quais motivos levam um casal de intelectuais (o marido é publicitário e a mulher advogada) a cometer crime repleto de barbaridade? Segundo as investigações, a vítima foi esquartejada e pedaços do corpo acabaram numa grande mala e depois o publicitário tentou desaparecer com o cadáver queimando o que restou dele numa churrasqueira. Algo macabro.

 A nossa sociedade está doente, talvez na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). É um modelo decadente, como ocorreu na época do Império Romano, onde a degradação dos costumes já não causava qualquer tipo de constrangimento a ninguém. O certo ganhou a imagem de errado e vice versa.

 Atualmente as posturas corretas viram alvos de chacotas na escola ou no serviço. Caso uma mulher diga que pretende ter um casamento, como manda o figurino, transando pela primeira vez na lua de mel, vai virar alvo de piadas e de mau gosto. Marido que não trai a esposa, passa longe de puteiro e recusa cheirar cocaína, fumar maconha ou crack é considerado careta ou até afeminado, na visão de alguns.

 Honestidade, no mundo de vale tudo onde estamos mergulhados, é sinônimo de otário. Gente boa precisa desviar dinheiro público ou inchar o volume de despesa na prestação de contas, quando retornar da viagem de negócios. Declaração de Imposto de Renda decente precisa omitir várias informações, com aval de alguns contabilistas que jogam no time da sujeira.

 Na briga pelo poder e ostentação, cada vez mais reforçado pela mídia, o ser perde lugar para o ter. O importante é manter na garagem o carro top de linha, mesmo ao custo de inúmeras prestações, a maioria atrasadas. Vale também comprar apartamentos, que mais parecem caixas de fósforos, a preços astronômicos, e fazer das tripas coração visando manter a aparência de alguém bem-sucedido financeiramente, mesmo que a refeição diária seja à base de feijão e farinha de mandioca.

 Milhões de pessoas passaram a pautar suas vidas pelo que fazem os personagens de filmes e novelas. A realidade precisa imitar a ficção das telas de televisão e cinema. As adolescentes e jovens mulheres estão perdendo o gosto pela alimentação saudável, optando pelo veneno do fast food, carregado de substâncias químicas nocivas, na busca pela silueta de corpo que só existem nas páginas de revistas por causa do milagre do photoshop e talento de profissionais da indústria gráfica.

 É uma sociedade tão perversa, que até Deus ganha, cada vez mais, a antipatia de pessoas preocupadas apenas em ter muito dinheiro. Tudo gira em torno dele. Casamentos e relações de amizades são destruídos por causa da guerra existente entre os seres humanos. O marido vê na mulher uma concorrente e ela faz o mesmo. Poucos conseguem dizer o pronome “nós” quando se referem à compra de algum bem ou conquista de algo, desejado há muito tempo.

 Este clima de loucura incendiou corações e mentes da população. Para matar alguém é só pisar no pé alheio ou encostar de leve na traseira do carro da frente nos insuportáveis congestionamentos de nossas ruas e avenidas. É minoria, hoje, quem trata o próximo com educação. Que o digam os profissionais da área da Saúde e Educação, alvos constantes da falta de bons modos dos consumidores.


 Infelizmente as pessoas viraram inimigas uma das outras. O amor desaparece cada vez mais dos relacionamentos. Válido é tirar vantagem, até mesmo na hora de estacionar o carro na vaga destinada ao idoso nos estabelecimentos comerciais. Bom é enganar o semelhante ao lhe oferecer um mau negócio, onde o importante é ganhar muito dinheiro. Estes são alguns dos motivos que ajudam a apertar o gatilho ou segurar firme na coronha da faca para tirar a vida de alguém que nos aborrece. É o nó da corda da barbárie sendo apertado sobre o pescoço do insano, retrato fiel de uma sociedade extremamente consumista e desumana.

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