Luís
Alberto Alves
A sociedade às vezes tem postura semelhante ao
comportamento das hienas, conhecidas por sorrir sempre, mesmo quando tudo é
ruim. Todo ser humano enfrenta problemas. Ninguém é imune a crise financeira,
sentimental ou profissional. Muito menos tem gelo no sangue, ostentando
eternamente aura de invencível.
Nas empresas, principalmente de grande porte,
executivos não podem, em hipótese alguma, aparentar fisionomia de preocupação,
mesmo com a notícia de grande número de funcionários que perderão o emprego em
questão de dias. Precisam chegar ao elevador e sorrir para o ascensorista, o
porteiro, a secretária e até pela responsável pelo cafezinho.
O professor nunca deve fornecer pistas aos
alunos que muitos deles serão reprovados ou cairão nas chatas e irritantes dps.
O negócio é sorrir igual hiena. Olhar a aluna gostosona, desejada pela classe
toda e, por que não, colégio ou faculdade. Tudo se resume na alegria, mesmo com
o coração destroçado.
A vida sentimental é outro terreno em que se
cobra comportamento de super-heroi. As tristezas precisam ficar ocultas. Nada
de choro diante do esposo ou esposa ou mesmo perto dos filhos. A regra é
sorrir, contar piadas para manter escondido o mal que devora o coração e a
alma.
São poucos os que admitem autenticidade.
Chorar na tristeza e sorrir na alegria. Tudo de verdade. Reconhecer que a
fisionomia mudou por causa de algo que preocupa. Sem tentar esconder a
realidade. Não é fraqueza revelar e deixar transparecer que algo anda errado.
Quando agimos do contrário iludimos nossos
sentimentos. Chamo isso de hipocrisia. É comer ovo frito e tentar sentir na
boca gosto de caviar ou picanha. É tomar água pura pensando que é saboroso suco
de morango com leite condensado. Autenticidade é a marca de pessoas que
reconhecem que são humanas, passíveis de erros. Não é super-heroi. Eles só
existem na ficção e a vida nunca será assim: de mentirinha.
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