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sexta-feira, 11 de julho de 2014

“Não podemos ser sacrificados por causa dessa derrota para Alemanha”, disse Neymar



O craque Neymar durante entrevista coletiva ontem (10) no Rio de Janeiro

Luís Alberto Alves

 Você tem razão Neymar. Os atuais jogadores da Seleção jamais devem ser atirados aos leões por causa da goleada diante da Alemanha. Como fizeram com o goleiro Barbosa na Copa do Mundo de 1950, em que o Brasil perdeu para o Uruguai no Maracanã. Infelizmente, ele carregou essa pesada cruz até o fim da vida, de ter falhado e permitido que o adversário ganhasse o título dentro de nossa casa.

 O brasileiro é conhecido pelo extremismo sentimental que mantém com o esporte. Na vitória é fervoroso amante, na derrota se transforma em carrasco cheio de ódio. O técnico Tite, do Corinthians, é exemplo disto. Diante da equipe alvinegra ganhou vários títulos, inclusive a sonhada Libertadores da América, e depois, de forma convincente, o Mundial Interclubes, no Japão. Bastaram algumas derrotas para virar vilão e perder emprego em Parque São Jorge.

 “Não podemos ser sacrificados por causa dessa derrota para Alemanha”, disse Neymar ontem (10) durante entrevista coletiva na Granja Comary, Rio de Janeiro, onde foi visitar os colegas de Seleção. O problema é que o futebol no Brasil serve como massa de manobra, para desviar o foco de assuntos importantes. É igual anestésico, usado para amenizar a dor, sem atacar a causa do problema.

 A queda diante do competente time da Alemanha começou antes da escolha dos atletas que formariam a equipe para esta Copa do Mundo. Teve início quando políticos desonestos assumiram a presidência dos clubes e depois das federações e por fim da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), verdadeiro ninho de corruptos.

 Outro indício deste tombo é a transformação dos times em instrumento de ganhar dinheiro. Empresários gananciosos firmaram parcerias com agiotas profissionais e passaram a tratar atletas como mercadorias. Não bastava mais ganhar títulos. Em seguida deveriam ser negociados, de preferência para o Exterior, por valores exorbitantes; caso da venda de Neymar para o Barcelona.

 Mesmo que o clube ofereça resistência, os agiotas profissionais passam a criar factóides na imprensa esportiva e o clima fica tenso, facilitando a saída do jogador. Isso ocorreu com Paulo Henrique Ganso, até chegar ao São Paulo. Ficou sem nenhum ambiente no Santos. Os incentivadores de sua saída do Santos ganharam muito dinheiro, mas agora têm um mico na mão: por razões desconhecidas, a genialidade de Ganso no tricolor do Morumbi desapareceu. Os ovos da galinha de ouro perderam o valor.

 Investimento nas categorias de base virou ficção nos times brasileiros. Alguns dirigentes alegam que não vão carregar piano para os outros. Ou seja, descobrir alguém talentoso e depois empresários desonestos fazer fortunas em cima daquele atleta numa dobradinha com agiotas travestidos de investidores.

 Por outro lado, a paixão cega da população pelo futebol abriu as portas dos clubes para políticos desonestos. Em busca de mais poder, assumem cargos na diretoria, até amarrar o conselho deliberativo através de falsas promessas. Há casos de times que caíram nessa cilada e teve nome inscrito nos serviços de proteção ao crédito e na lista de emissores de cheques sem fundo do Banco Central. Tiveram penhoradas até a renda de partidas para pagar débitos com a Previdência Social e FGTS de jogadores em ações trabalhistas.

 Exemplo desse descalabro é o Guarani de Campinas. De campeão brasileiro de 1978, e vice do Paulistão de 2012, hoje está na segunda divisão do campeonato Paulista e Série C do Brasileirão. Do passado de glórias quando revelou craques como Neto (atual comentarista da Band TV), Careca, Júlio César (zagueiro na Copa de 1986 no México), Evair, Amoroso, Luisão e teve no elenco estrelas como Zenon, Jorge Mendonça e Djalminha, tenta negociar a venda do estádio Brinco de Ouro da Princesa para pagar diversas dívidas.

 Enquanto persistir a estrutura amadora na administração dos clubes e lobos em pele de cordeiro assumindo a presidência, como ocorre atualmente, o futebol brasileiro vai continuar descendo cada vez mais os degraus do profissionalismo. Para chegar ao nível de uma seleção da Alemanha, são necessários planejamento e investimento, deixando de lado as vaidades de pessoas como José Maria Marin, atual presidente da CBF, e colaborador da Ditadura Militar que derrubou o presidente João Goulart em 1964.


 Quando pessoas honestas e centradas estiverem à frente dos clubes no Brasil e a categoria de base não servir de laboratório para empresários desonestos e agiotas travestidos de investidores, poderemos sentar na arquibancada de qualquer estádio do mundo e assistir ao belo espetáculo da nossa Seleção Brasileira. Do contrário, não estão descartadas futuras goleadas, aplicadas até por adversários sem qualquer tradição. Ou a Argélia é melhor que o nosso time? Ela quase tirou a toda poderosa Alemanha das oitavas.

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