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terça-feira, 15 de julho de 2014

Mistura indigesta: políticos e empresários de futebol na CBF




Atual presidente da CBF, José Maria Marin defendeu o Regime Militar na década de 1970


Luís Alberto Alves

 Para a Seleção Brasileira voltar a brilhar nos gramados, é preciso mudança radical na CBF: higienizar a entidade de políticos e empresários de futebol. Há muitos anos que ela virou cabide de emprego de pessoas sem qualquer conexão com a rotina esportiva. Sem medo de errar, seus dirigentes não sabem nem chutar uma bola ao gol. Nunca calçaram chuteiras, apenas sapatos bem engraxados para circular nos corredores e gabinetes do Congresso Nacional.

 Não adianta trocar a comissão técnica e manter os tristes hábitos de condução do futebol brasileiro, com vários times à beira da falência por causa de péssima gestão e reféns de diretorias preocupadas apenas em aparecer na vitrine para ganhar ou se manter em cargos nos governos estaduais ou federais. Conscientes do amor da população pelo futebol aplicam mensalmente a política do pão e circo, para desviar a atenção do povo para os graves problemas enfrentados pela nação.

 Infelizmente políticos agem de forma parecida com as garotas de programas: gostam de pessoas endinheiradas e de quem possam tirar proveito. Todo clube no auge da saúde financeira e colecionador de títulos vai atrair interesseiros deste tipo. Quando mergulha no lodo das dívidas e queda nas tabelas, e até rebaixamento, são abandonados, assim como os ratos fazem com o navio afundando. Exemplo disso é o São Caetano, do ABC paulista, que no começo dos anos 2000 chegou a disputar final da Libertadores da América.
Fleury, delegado torturador, elogiado por Marin


 Não quero defender Felipão e sua comissão técnica. Ele teve parcela de culpa na gestão da Seleção Brasileira, mas o problema é mais profundo. É igual doente que só ingere anestésico sem avaliar a causa das dores. Nosso time estava tomando esse medicamento há muito tempo. Os torcedores ficaram iludidos com a conquista da Copa das Confederações. Caíram na cilada de que a conquista do Mundial seria fácil. O resultado todos sabem.

 Saiu o mafioso Ricardo Teixeira e entrou outro pior: José Maria Marin, vice governador de São Paulo na década de 1970 e cachorro de estimação do Regime Militar. Aliás, partiu dele o elogio público ao delegado carniceiro Sérgio Fleury, autor de inúmeras mortes de presos políticos através de suas mãos de terrível torturador. Uma vez lobo, lobo sempre.

 A estrutura futebolística brasileira está podre. Se cobra resultados, mas sem qualquer investimento nas categorias de base. Da fortuna arrecadada pela CBF, pouco sobra para os clubes que fornecem seus jogadores para a Seleção. Na outra ponta estão interesseiros empresários de futebol, afinados com a nata podre da CBF. Fazem lobby constante para colocar seus atletas nas seleções, visando o brilho da vitrine para futuras vendas ou até negociação de caríssimos contratos.

 Muitos deles tomaram de assaltos vários clubes, enfiando goela abaixo dos técnicos a escalação de suas estrelas. Para apimentar mais a parceria, juntaram forças com investidores, que só entendem de dinheiro, e o que era ruim ficou pior. Atualmente existem jogadores que chegam à Seleção sem qualquer condição técnica de vestir a camisa canarinho.

 É muito raro encontrar atletas de outros estados no time. Sempre estão ali jogadores atuantes em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Parece que no restante do Brasil ninguém pratica mais futebol. Essa panela continua cozinhando o mesmo arroz há décadas. Caso o presidente da federação daquele estado esteja afinado com a CBF, ocorre o chamado do contrário nunca aparecerá na lista dos escolhidos.

 Atualmente temos uma seleção de cores multinacional: maioria é proveniente de equipes estrangeiras, caso do atacante Hulk, que joga na Rússia. Presta-se mais atenção aos brasileiros atuando no Exterior, do que naqueles ainda em clubes do Brasil. A desculpa é que o futebol internacional evoluiu. Concordo. Então a qualidade dos nossos craques caiu? Não! Continuamos a produzir bons jogadores, faltam oportunidades. Hoje quem passa nas peneiras é o afilhado do diretor, não o menino calçando chuteiras rasgada e magro, mas bom de bola.

 Enquanto imperar a mentalidade tacanha de usar a Seleção Brasileira para fins políticos e massa de manobra para iludir a população, desviando sua atenção dos graves problemas ainda existentes em nosso país, correremos o risco de ver outros times ganharem a Copa do Mundo. Aliás, eles aprenderam a se organizar. Investiram dinheiro na montagem de boa infraestrutura. Proporcionaram condições para que a comissão técnica pudesse trabalhar, sem a ingerência de dirigentes interessados apenas na manutenção de cargos políticos, para continuar bebendo leite na mamadeira do governo.



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