Para algumas pessoas se apaga a luz do túnel da vida |
Luís Alberto Alves
Muitos anos atrás entrevistei um morador de rua. Apesar da
violência e sofrimento provocado pelo tempo ainda tinha boa fisionomia. Percebi
que se articulava bem. Não falava errado. Era conciso nas palavras. Após algum
tempo perguntei qual o motivo para estar fazendo da rua sua casa. Os olhos
marejaram. Colocou as mãos no queixo e começou a descrever o motivo responsável
para deixá-lo naquela situação.
Segundo ele, na primeira metade da década de 1970 ajudou a
desenvolver o programa usado pelo Metrô de SP na sua então única linha, a
Norte/Sul, para controle dos trens. Engenheiro eletrônico, ganhou muito
dinheiro e status. Viajava sempre ao lado da esposa e três filhos. A vida
estava bela. Não tinha motivos para reclamação ou mesmo fazer qualquer tipo de
crítica. Assim continuou por algum tempo.
Num feriado prolongado viajou ao Interior de SP. Todos
juntos. Ali a vida dele iria mudar para sempre. O carro se envolveu em
acidente, provocando a morte da esposa e dos filhos. Ferido gravemente não
conseguiu assistir ao enterro dos seus
familiares. O choque foi grande. Continuou no Metrô de SP, mas para esquecer a
tristeza e sufocar a saudade mergulhou fundo no alcoolismo. Pouco tempo depois
perdeu o emprego.
Passado mais de 15 anos não sei o que aconteceu com esse
morador de rua. Porém lembrei-me dessa história para mostrar que mudanças
bruscas podem acontecer na vida. Sem preparo espiritual, principalmente da
parte de Deus, é difícil continuar de pé. Ninguém está isento de passar por
algo trágico. Portanto quando olhar para um mendigo, primeiro tente entender o
motivo de ele estar ali. Não julgue antes de conhecer aquela situação.
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