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sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Violência policial supera massacre do Pavilhão nove






Maioria dos presos foi fuzilada dentro das celas do Pavilhão Nove a tiros de metralhadoras e pistolas

Luís Alberto Alves

O dia 2 de outubro de 1992 era uma sexta-feira. Porém diferente das demais: aquela data ficaria marcada como a chacina do Pavilhão Nove, na então Casa de Detenção, que ficava no terreno onde hoje existe o Parque da Juventude, no Carandiru, Zona Norte de SP. Oficialmente a tropa de choque da PM, sob comando do major Ubiratan, executou 111 detentos. Extraoficialmente teriam morrido 354 presos, a maioria fuzilados a tiros de metralhadores e pistolas automáticas, amontoados nos cantos das celas.

 Passados 23 anos, a cada semestre temos uma chacina igual à do Pavilhão Nove acontecendo...nas ruas. Os primeiros sete meses de 2015, de acordo com dados da Ouvidoria das Polícias e do Instituto Sou da Paz, registram 494 homicídios atribuídos apenas a policiais. Este número é três vezes maior do que as execuções ocorridas dentro da Casa de Detenção.

 Em 2014, entre janeiro e junho, a PM matou 317 pessoas, maior do que no primeiro semestre de 2003, quando 399 assassinatos foram cometidos por agentes do Estado, pagos para proteger a população, mas que às vezes funcionam como exterminadores de vidas.

 Nos bairros da periferia de São Paulo é perigoso andar à noite, principalmente quando a futura vítima for negra e jovem. Caso encontre pela frente carros da Força Tática ou da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) é grande a chance de entrar nestas macabras estatísticas.

 Parte da população aplaude o modo de agir da PM. Segundo os Boletins de Ocorrência, os mortos teria reagido à abordagem e no revide morreram. Infelizmente diversos inocentes, muitos trabalhadores, perdem a vida e no depoimento dos policiais são transformados em bandidos, mesmo com carteira registradas.

 Talvez o avanço da criminalidade tenha retirado de muitas pessoas o bom senso. A capacidade de raciocinar de que não é função da PM executar, mas repreender a criminalidade, levando os suspeitos até as delegacias para que sejam detidos e depois julgados. É perigoso quando a sociedade atinge este estágio, apostando na truculência como solução de problemas sociais. É o caminho rápido para institucionalização da barbárie.


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