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segunda-feira, 17 de março de 2014

Marcola e Fernandinho Beira-Mar: ponta do iceberg do crime organizado no Brasil



A elite que comanda o crime organizado está por baixo dos "peixes pequenos" das facções criminosas


Luís Alberto Alves

 A transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC (Primeiro Comando da Capital), no dia 11/03 para o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes, Interior de SP, revela apenas a ponta do iceberg do crime organizado. Com ele foram outros três integrantes da facção: Cláudio Barbará da Silva, o Barbará; Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo Marcondes Machado, o Du Bela Vista.

 Por ano os mafiosos brasileiros movimentam R$ 63 milhões, incluindo tráfico de drogas, contrabando de armas, prostituição, jogos de azar e loteria clandestina. Atualmente nenhum assalto acontece no Estado de São Paulo sem aval do PCC. Do dinheiro arrecadado no roubo, um percentual vai para a facção. O mesmo ocorre com pontos de drogas. Precisam pagar o pedágio, caso contrário são executados ou entregues à polícia.

 A logística implantada pelo PCC é digna de elogios. Ocuparam o lugar do Estado na maioria dos bairros da periferia paulistana. Reduziram o número de homicídios. Bandido não mata ninguém sem antes consultar a liderança da facção criminosa. Se houver rebelião e insistir no acerto de contas ignorando as ordens da liderança, é ele quem acabará executado.

                                                                     Rede de informantes
 O preso cumprindo pena tem a família sustentada por membros da máfia brasileira. Inclusive pagamento de aluguel, fornecimento de cestas básicas e dinheiro para visitar o detento em qualquer região de SP.  Dentro da cadeia o filiado ao PCC tem acesso a produtos de higiene pessoal, roupas de cama e proteção. Sua mulher e filhos ficam sob segurança do restante dos membros facção. Só morrem se cometerem falhas graves, como entregar segredos da quadrilha à polícia ou mesmo agir de forma irresponsável.
Drogado se preocupa apenas com a próxima dose


 Em liberdade, uma forte equipe de advogados garante a circulação dos criminosos que cometem ações que rendam lucro ao PCC. Quando um bando de assaltantes vai atacar um banco ou empresa, antes estão amparados pelos advogados. Caso sejam presos, em poucos minutos o socorro judiciário chega ao distrito onde a queixa for registrada.

 A imensa rede de informantes da facção revela qualquer problema que esteja acontecendo no Estado de SP. A circulação de dados é rápida. Por teleconferência, vários celulares de membros presos entram em sintonia para discutir diversos assuntos de interesse da facção, principalmente da morte de rivais e policiais que abusam da autoridade. Agentes identificados como torturadores entram sempre na mira dessa máfia.

                                                                      Iceberg
 Mas a liderança do PCC e do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro, principalmente de Fernandinho Beira-Mar, cumprindo pena na Penitenciária de Segurança Máxima de Catanduvas (PR), revelam apenas a ponta do iceberg do crime organizado brasileiro. Atrás dos bastidores existem peixes graúdos, pessoas influentes na política, mercado financeiro e Judiciário, e claro, no Congresso Nacional.

 São pessoas consideradas acima de qualquer suspeita, residentes em condomínios fechados badalados ou mesmo nos bairros considerados de elite em São Paulo e Rio de Janeiro, como área dos Jardins e Zona Sul carioca. Alguns ostentam nomes tradicionais e estão nas colunas sociais das revistas consumidas pelos endinheirados. Na época de eleição contribuem com grandes quantias para diversos partidos, tanto da situação quanto da oposição.

 Representam parte da elite atrasada do Brasil que insiste em manter a maioria da população sem qualquer acesso ao ensino, de qualquer nível para não criar futuros líderes que possam apresentar outra proposta política e dificultar a mordomia e até mandar para a cadeia os burgueses envolvidos com o crime organizado.
Por causa da influência, os endinheirados da elite nunca serão pegos e enviados aos presídios de segurança máxima


                                                                      Divulgação de modas
 Por causa do grande trânsito entre o governo e diversos meios de comunicação, principalmente no mercado de música, influenciam na divulgação de modas que facilitem o aumento do consumo de drogas e prostituição. Afinal de contas qual o melhor local para se vender entorpecentes do que em shows musicais, principalmente os que atraem multidões? De tabela emissoras de televisão e rádios adotam ritmos musicais “nascidos” na periferia e colocam outra roupagem, dizendo que eles são cultura popular.

 É o caso do Pancadão, que alguns comunicadores existem em chamar de Funk, num total desrespeito à Black Music dos Estados Unidos. Nesses tipos de bailes é grande o consumo de drogas e ponto para ganhar novos dependentes químicos, principalmente no crack e cocaína. Já as meninas entram no time de futuras garotas de programa.

 O mais curioso dessa história é o incentivo a deixar o estudo em segundo plano. Investem na falta de conhecimento dessa parcela de adolescentes e jovens. Ou seja, para o drogado o mais importante é a próxima dose. Não é assunto de primeira linha discutir os problemas causados pela falta de Educação, Segurança, Transporte e Saúde. Para a elite, que usa a liderança das facções criminosas, como ponta de lança, o crime organizado é bom, porque realiza funções que deveriam ser feitas pelo Estado.

                                                                      Analfabeto político
 A grande quantidade de dinheiro nas mãos desse seleto grupo influencia a votação de projetos no Congresso Nacional. Como abastecem as campanhas de deputados, senadores e governadores, dificilmente o Código Penal ficará mais rigoroso em relação aos detentos de alta periculosidade, membros de facções mafiosas. Porque ao governo interessa manter o povo num estágio de semianalfabetismo político.

 A droga serve para desviar o foco dos grandes problemas sociais e econômicos que barram o progresso da economia brasileira. Por outro lado ela mantém os viciados numa camisa de força, de se preocupar apenas em conseguir manter o vício ou mesmo criar alternativas para ganhar dinheiro fácil (assaltos e arrastões, principalmente em condomínios fechados), como fazem as garotas por meio da prostituição.

 Portanto, quando o noticiário enche a bola da liderança do PCC e do Comando Vermelho, tira-se o foco dos principais envolvidos no crime organizado no Brasil: a elite reacionária que luta há séculos para que o país nunca progrida em qualquer modalidade da economia. Como precisam preservar “o bom nome” herdado desde a época do comércio vergonhoso de escravos, usam os peixes pequenos para continuar enchendo seus cofres de dinheiro. Em tempo: no mundo o crime organizado movimenta entre US$ 600 bilhões e US$ 1,5 trilhão com tráfico de drogas, contrabando de armas e lavagem de dinheiro.


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