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sábado, 30 de agosto de 2014

Sul do Brasil é tão racista quanto a mesma região dos Estados Unidos




Patricia, torcedora do Grêmio, xingando o goleiro do Santos


Luís Alberto Alves

 A vida não é fácil para negros no Sul dos Estados Unidos, onde é forte a discriminação racial. O mesmo ocorre na mesma  região do Brasil, apesar dos desmentidos de que em nosso país os negros nunca sofrem ofensas por causa de sua cor de pele. Os xingamentos contra o goleiro Aranha, na partida entre Santos e Grêmio mostram que não é mais possível esconder o sol com a peneira.
Aranha disse à polícia que as ofensas começaram na segunda etapa do jogo, vencido pelo Santos


 As atitudes da auxiliar de odontologia Patrícia Moreira e de outros torcedores gremistas mostram a intolerância de parcela da população contra negros. Aranha contou à polícia, quando foi registrar boletim de ocorrência numa delegacia de Porto Alegre, que os xingamentos começaram no segundo tempo do jogo vencido pelos Santos. Ele disse que ouviu vários torcedores lhe taxando de preto fedido, bando de preto e se conteve, até começarem a chamá-lo de macaco.

 Para azar de Patrícia, as câmeras de uma emissora de televisão a flagrou com a mão na boca ofendendo o arqueiro do time paulista. Ela trabalha numa empresa que presta serviços à PM gaúcha e acabou suspensa. O juiz Wilton Pereira, alertado por Robinho e Gabriel, e de posse das imagens das emissoras que captaram os xingamentos, poderá ajudar o Grêmio sofrer multa de até R$ 100 mil, perder pontos e eliminação da equipe do Brasileirão, segundo regras do Código Brasileiro de Justiça Desportivo.

                                                           Violência
 Infelizmente algumas pessoas consideram o assunto tempestade num copo de água. Que não há mal nenhum chamar o negro de nomes pejorativos. Guardam a herança da época da escravidão, quando sofriam todos os tipos de violência e não podiam fazer nada. Qualquer tipo de discriminação é horrível, porque ofende a pessoa, causando sérios danos a sua personalidade.

 No início de minha carreira no jornalismo, na década de 1980, senti na pele a dor de perder um emprego porque a minha chefe não gostava de jornalista negro. Depois sofri a mesma experiência quando tentei trabalho numa emissora de rádio famosa de São Paulo. Por alguns dias me senti o pior dos seres humanos.

 Em outra ocasião fui fazer a entrevista para o jornal com um político e passei o mesmo vexame: o repórter fotográfico era branco e estávamos sentados na sala de recepção com outro rapaz que não era negro. Ele sai da sala e o cumprimenta me ignorando. Seu rosto mudou de cor ao ouvir a frase: “o jornalista é ele”. Apertou minha mão, meio sem graça. Tentou se desculpar, mais não conseguiu esconder sua discriminação contra mim. Infelizmente esse é o Brasil que muitos tentam esconder, com o falso discurso de democracia racial.

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