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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Queda de avião com Eduardo Campos fazem brasileiros viajar na maionese



Parte da turbina do avião que caiu em Santos (SP), matando sete pessoas, entre elas o político Eduardo Campos

Luís Alberto Alves

 Lembro de que há 14 anos era secretário de redação num jornal da Grande SP e um rapaz veio falar comigo. Com vários papéis nas mãos passou a mostrar mapas da Europa enfatizando que o mundo iria acabar na próxima semana. Pediu para publicar reportagem para as pessoas se preocuparem com elas mesmas, para ocorrer arrependimento mais tarde. Estamos em 2014 e tudo aquilo não passou de loucura. Quando saiu da minha sala, joguei a papelada no lixo.

  Em 2008, já trabalhando como editor chefe no Metrô News outro doido veio conversar comigo exibindo várias páginas de suposto processo contra candidato a prefeito em Guarulhos, segunda maior cidade do Estado de SP, com 1,3 milhão de habitantes. Agindo como dono da verdade me garantiu que o tal político já era condenado e logo estaria atrás das grades. O eleitor, segundo ele, não poderia correr o risco de votar em alguém que passaria o resto dos seus dias na prisão. Examinando a papelada criteriosamente, tudo era falso.

 Agora com a morte do candidato à presidência do Brasil, Eduardo Campos (PSB), na queda do avião na cidade Santos (SP), ontem (13) de manhã, volta à cena a mesma teoria de suposta sabotagem na aeronave. Os alucinados na busca por segundos de fama apelam para o misticismo tentando provar o improvável. Dizem que a soma dos números da idade de Campos (49) na numerologia totaliza 13, que ele morreu no mesmo dia em que se comemora o óbito do avô, Miguel Arraes, que os interessados pelo acidente, na visão deles o PT, tem o número 13 e pasmem: nem o DDD de Santos escapou, pois tem o prefixo 13.

 No jornalismo aprendi nos meus 30 anos de profissão que devemos desconfiar sempre, além de termos sensatez. Jamais embarcando na conversa fiada de ninguém. Para ser notícia são necessários dados confiáveis. Pelo pouco que conheço de aviões, os momentos mais perigosos são na decolagem e pouso, quando a aeronave, independente do tamanho pode explodir, caso o piloto cometa qualquer falha. Na subida os tanques estão cheios, e se o aparelho não ganhar grande velocidade para sair da pista, pode cair logo adiante e provocar desastre fatal.

                                                            Concreto
 Quando ocorre o pouso, o avião está a grande velocidade, por volta de 350 km/h, as turbinas invertem o funcionamento deixando de sugar o ar para trás, fazendo movimento contrário, ajudando na frenagem da aeronave. Visto que só os freios das rodas não param o aparelho. Caso quebre o trem de pouso, ele vai bater com o dorso no concreto duro da pista, provocando faíscas e sua explosão, alimentada pela rápida combustão do querosene de aviação, mais inflamável do que a gasolina.

 Pelo que apurei nos noticiários, o mau tempo impediu o pouso do avião que levava o candidato Eduardo Campos à cidade de Santos (SP). Em virtude disso o piloto arremeteu (quando estava próximo da pista resolveu subir rapidamente). Da baixa velocidade, ele acelerou para ganhar altura e continuar voando sobre o local até o tempo melhorar ou então aterrissar em outro aeroporto.

 Talvez esse foi o ponto x que teria provocado o acidente. Ao ganhar altura rapidamente, o aparelho teria perdido o controle ou sofrido alguma pane. De acordo com alguns moradores, segundos antes da queda, o avião passou sobre algumas casas com forte barulho das turbinas, semelhante a um zumbido bem forte, soltando fumaça branca. Outros garantem ter visto chamas na fuselagem. Logo ele caiu, batendo num prédio residencial e explodindo.


 Não é possível alegar falta de prudência dos pilotos. Segundo autoridades que participaram do resgate dos restos mortais das sete vítimas, eles levaram o aparelho para uma área próxima de um bambuzal, livre para pouso de emergência. Mesmo sabendo que poderiam morrer, evitaram ao máximo cair na região central da cidade, onde o número de vítimas poderia alcançar várias pessoas. Diante disso é loucura ou falta de bom senso afirmar que a queda da aeronave foi atentado ou sabotagem. Pensar assim é viajar na maionese, atitude de alguém que não tem nada para fazer na vida.

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