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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Dia Nacional da Consciência Negra e a (des)Igualdade Racial no Brasil

O rendimento mensal dos profissionais brancos foi 75% superior ao dos pretos e 70% ao dos pardos

   EBC

Os dados estatísticos revelam o abismo social que define a população brasileira pela cor da pele


Redação/Hourpress

Segundo dados do IBGE (22), pretos e pardos constituem 56% da população brasileira, mas ainda sofrem com a sub-representação, fruto de uma sociedade que, até bem pouco tempo atrás, há 134 anos, ainda era escravocrata e tem enraizada em sua cultura o racismo estrutural.

 

Estudo divulgado este mês pelo mesmo órgão aponta que, em 2021, o rendimento mensal dos profissionais brancos foi 75% superior ao dos pretos e 70% ao dos pardos. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua -- PNAD/IBGE, divulgada recentemente, apontou que, dos 12 milhões de desempregados no Brasil, no primeiro trimestre deste ano, 64% eram negros.

 

Os dados estatísticos revelam o abismo social que define a população brasileira pela cor da pele, como bradou Elza Soares em alto e bom som em seu canto de protesto “A carne”, cujo refrão diz “a carne mais barata do mercado é a carne negra...”.

 

Segundo Káká Rodrigues e Renata Torres, especialistas em diversidade e fundadoras da consultoria Div.A -- Diversidade Agora, o Dia da Consciência Negra, para além de celebração, serve como uma lembrança de que a maioria da nossa população ainda está esquecida.

 

“Todos os índices com recorte racial no Brasil demonstram isso: taxa de desemprego, renda, perfil de pessoas com baixa escolaridade, perfil carcerário e até os índices de morte pela COVID-19 mostraram o quanto a população negra vive em realidades muito diferentes de acesso aos direitos básicos, em comparação à população branca nesse país. Para mudar essa realidade, precisamos ampliar a consciência do máximo de pessoas para esses fatos e despertar a responsabilidade pela mudança”, explicam Kaká e Renata.

 

Muito se tem avançado no debate sobre o racismo no Brasil, porém, ainda são insuficientes as políticas públicas e as ações afirmativas que mitiguem os impactos causados pelo preconceito e que tragam uma justa reparação histórica por séculos de escravidão.

 

“Precisamos investir em educação antirracista nas escolas e nas organizações públicas e privadas. Por mais que o abismo de desigualdade racial seja imenso em nosso país, as pessoas brancas, em sua maioria, não conhecem os dados e não têm noção das vantagens raciais e privilégios disponíveis para a branquitude, e que sustentam a desigualdade racial”, aponta Kaká Rodrigues.

 

Qual o papel das empresas nesse cenário?

De acordo com as especialistas, as empresas possuem um papel social importantíssimo, tanto na educação dos seus colaboradores, quanto no patrocínio de ações afirmativas que visem a inclusão da diversidade racial no mercado de trabalho. No entanto, “são poucas as empresas em que vemos transformações significativas do ponto de vista de ampliação da diversidade racial, especialmente nas camadas de liderança. Enquanto ações de educação e cultura ainda não demonstram resultados concretos na representatividade e experiência de inclusão, acreditamos que a pauta antirracista ainda está engatinhando nas organizações brasileiras”, pontuam.

 

Mesmo não existindo uma fórmula mágica que resolva o problema do racismo nas organizações, o primeiro passo é escutar a liderança e as pessoas colaboradoras para entender qual o atual nível de consciência individual e coletiva, para que assim, se possa criar uma abordagem específica para a maturidade de cada empresa, sugerem as especialistas da Div.A.

 

“Ainda assim, entendemos que um conhecimento dos impactos da história de escravidão no país, compartilhado com a abordagem da Comunicação Não-Violenta, a fim de cultivar pessoas aliadas da luta antirracista é o básico para se começar”, concluiu Renata Torres.

 

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