Nas redes sociais, adolescentes e jovens escolhem seus pares amorosos |
Luís
Alberto Caju
As redes sociais fizeram a cabeça da nova
geração de adolescentes e jovens, principalmente dos que estão na faixa dos 25
anos. Muitos cresceram sob impacto das relações superficiais construídas na
internet. Alguns têm três mil “amigos”, mas só entrou em contato com 50 ou no
máximo 60. Esteve junto numa festa ou mesa de barzinho com 10 ou 15.
Foram condicionados a apagar rapidamente de
suas páginas quem não acrescenta qualquer dividendo, mesmo em termos de fofoca.
Visto que os diálogos são construídos em cima de frases curtas, a respeito de
festas ou eventos onde poderão desfrutar de alguma vantagem com alguém.
Com raras exceções, poucos ostentam bom
vocabulário para manter um diálogo sobre qualquer tema. Para aparentar suposta
sabedoria, acabam colocando trechos de textos de autores conhecidos ou mesmo de
autoajuda, visando passar a imagem de alguém conectado com as novidades literárias.
O maior perigo nesta nova geração é encarar as
relações sentimentais como se estivessem dentro de uma rede social. Não têm
estrutura emocional para resolver pequenos problemas, às vezes casuais. Rompem
o relacionamento, como se os sentimentos das pessoas fossem apagados da mente e
coração, quando se usa a tecla delete do computador.
Integridade
moral
É a geração que valoriza muito o hoje, agem de
forma exagerada apostando todas as energias no presente. Deixam em segundo
plano as boas atitudes, a integridade moral e espiritual de quem está ao lado.
Os homens pensam apenas em levar para a cama a menina que conheceu na balada.
Como se fosse troféu neste tipo de campeonato.
As meninas acabam valorizadas quando passam
pelas mãos de várias pessoas, sem qualquer preocupação que esteja fazendo o
papel de prostituta que não cobra pelo programa. Caso algum rapaz goste dela, o
espaço é curto no seu coração. Talvez consiga ficar ao lado daquele
simpatizante dois finais de semana e logo a tecla “delete” será acionada e ele
sairá de sua vida.
São pessoas que valorizam excessivamente o
visual: as mulheres gostam de roupas sensuais, principalmente bermudas ou
shorts bem curtos, assim como saias mais parecidas com uma faixa de roupa
abaixo da cintura. Para aparentar autoridade não abrem mão de sapatos de saltos
bem altos e finos. Camisetas top, com umbigo à mostra, vários anéis e pulseiras
imitando ouro ou prata e cabelos bem escovado ou passado por progressivas.
Muitas delas usam calcinha tipo fio dental. A meta é ressaltar a sensualidade.
As mulheres abusam da sensualidade com roupas bem curtas e provocantes |
Os homens usam camisas ou camisetas e calças
de grife, mesmo quando são jeans. Nos pés, os calçados são tênis caros e de
marca. Óculos ray-ban também precisam ser de marcas de alto custo, para
aparentar boa condição econômica. Alguns são frequentadores de academia e
malham muito para ter corpo de atleta. Às vezes usam anabolizantes para obter
rapidamente a musculatura que chame a atenção das meninas.
Potência
do motor
Este time da geração “delete” gosta de carro
veloz. O preferido dos rapazes é o Golf, conhecido como automóvel de fuga pela
polícia, por causa da grande potência do motor e ser bem rápido. Essa
preferência era dividida pelo Stylo da Fiat. Ficam nesta seleção os modelos
Astra e Vectra da GM, e o Audi A4, além das motos.
O erro dessa parcela da população, que ainda
está na 20º volta do Grande Prêmio da Vida, é colocar nas redes sociais tudo o
que faz, até mesmo as besteiras. Sentem prazer em mostrar aos outros assuntos
de sua intimidade, como quantas vezes saíram com determinada pessoa, seja ela
homem ou mulher. As meninas não hesitam em dizer que fulano de tal é bom de
cama ou apenas um fracassado metido à besta.
Usam os outros como escada na busca pelo
sucesso. Seja na escola ou trabalho. Caso receba indicação para entrar em outro
emprego para ganhar salário maior, vai pedir a demissão rapidamente esquecendo
o investimento que antigo patrão fez com ela. Nos relacionamentos amorosos
repetem a mesma atitude. Não ficam ao lado de alguém que não tenha bom futuro
(leia-se chance de ganhar bom salário). Os sentimentos são ignorados.
Alguns cometem o absurdo de dizer que aos 20
anos estão velhos, quando essa fase da vida chega 45 anos depois. Têm grande
preocupação com o visual, tanto homens quanto mulheres, deixando em segundo
plano o conhecimento. Poucos mergulham de cabeça nos estudos. Vão à escola para
marcar presença e obter o diploma, mas sem qualquer interesse de se tornar
culto (a). O alvo principal são as festas, de sexta, sábado e domingo.
Independência
financeira
Costumam rotular a geração que passou dos 50
anos de careta e Caxias. Não gostam de repressão, mesmo quando erraram. Nas
reuniões de trabalhos dividem a atenção com as redes sociais, sem demonstrar
qualquer respeito com os demais. Consideram perda de tempo ter foco apenas num
assunto. Gostam de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ignorando os sentimentos
de quem esteja ao lado.
A palavra romantismo para a geração “delete” é
resumida em relação sexual, de preferência rápida. Alguns cometem o absurdo de
registrar aquele ato nos celulares, para mostrar a suposta sabedoria perante o
restante da turma. As mulheres gostam de homens que as levem a lugares e shows
badalados. Eles precisam gastar muito dinheiro, para mostrar sinais de
independência financeira.
Nas relações da era das redes sociais, a poeira do tempo não se acumula, logo os parceiros são descartados |
Essa geração de adolescentes e jovens é muito
ruim na arte de dançar e boa música. Alguns nem sabem quem são os Rollings
Stones ou foram os Beatles. Falar de Tim Maia ou Jorge Benjor para eles é perda
de tempo. Porque gostam de músicas curtas, sem qualquer conteúdo. De
preferência as letras precisam ter vários refrões fáceis, composto de palavras monossílabas como: hum, hum, lá lá
laia, tchum tchum, bá, babá, upa, ripa etc.
Os artistas que cativam a atenção da geração
“delete” são classificados de cometa: logo aparecem e somem rapidamente. Muitos
dos cantores e cantoras são armações de marketing das gravadoras. Conseguem
fazer sucesso apenas nas grandes capitais do País, por que aparecem nos
programas de auditórios das emissoras de televisão. Alguns não duram mais de
dois anos na carreira. Logo são “deletados”, como fazem esses adolescentes e
jovens que imaginam que relações sentimentais sejam iguais aos textos escritos
num computador, que pode ser apagado sem deixar qualquer vestígio.
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