No ringue da vida, o Tempo sabe desferir o golpes certeiros para derrubar qualquer adversário |
Luís
Alberto Caju
Imaginem um jovem de 20 anos com
a sabedoria de alguém de 50? Quanta besteira seria evitada. A violência teria
índices muito baixos, pois em qualquer briga, o combustível do conflito é a falta
de juízo. Às vezes para mostrar ao restante da turma que a valentia é o cartão
de visita para resolver todo tipo de problema.
Caso esteja ao lado de uma mulher
bonita de rosto e corpo, o desaforo não será levado para casa. O troco virá
rapidamente. Tudo em fração de segundos. A situação ficará pior quando entram
armas na discussão. Logo um dos lados terá prejuízo.
O curioso é que o jovem é agitado
por natureza. Gostam de gritar e gesticular bastante para se impor. Outros
reforçam usando roupas extravagantes, demonstrando quem manda naquele
território. As meninas, a maioria, abusam de perfumes fortes e saias e shorts
curtos, deixando bem à mostra que são gostosas.
Aconselhar esse segmento da
população é difícil. Poucos dão atenção. Em época de rede social, os olhos
deles são cativos em computadores ou smartphones. Passam horas diante de uma
tela fria “conversando” com os “amigos”. Compartilham besteiras, algo sem
qualquer significado para vida, mas naquele momento é bom colocar naquela rede
social o rosto inchado de tanto dormir ou os cabelos precisando de xampu.
Pensam que tudo é conquistado com
facilidade na vida. Afinal de contas o dinheiro dos pais ajuda bancar tudo. Até
aquela roupa para ele mostrar à turma que está sintonizado com a moda. Nesta
fase da vida sobra energia e falta juízo. Poucos, raros, conseguem canalizar a
força em excesso para algo bom, como investir no estudo para ter uma velhice
sem sustos, amparado numa profissão que renda salário excelente.
Mas a força impede que a mente
seja cativada por ideias brilhantes. O erro do jovem é imaginar que será forte
para sempre. Terá energia suficiente para pular qualquer obstáculo. Que o mundo
vai se curvar diante dele. Todas suas vontades serão satisfeitas. Nada irá
impedi-lo de realizar seus sonhos, por mais absurdo que seja.
Porém o professor Tempo é esperto
suficiente para dobrar qualquer aluno rebelde. Vence pelo cansaço. Suas lições
práticas doem na alma. Igual grande lutador, desfere golpes certeiros no local
onde o adversário sentirá e perderá o fôlego e vai a nocaute. Com o Tempo não
adianta usar qualquer tipo de força, pois ele consegue o domínio sobre todas.
É quando se diz que a escola da
vida ensina de forma rude. Os brigões logo aprenderão que não é vergonha
conversar para evitar o conflito. Estender a bandeira de paz é melhor do que
partir para o combate e sofrer grande derrota, e até a vida. Os espertos
perceberão que nem sempre levar vantagem é sinônimo de vitória. Às vezes perder
tem o gosto doce de ganhar algo.
As meninas, com o passar dos
anos, vão perceber que beleza não é eterna. As rugas chegam, assim como a
flacidez e os temíveis “pneuzinhos”. O adjetivo “gostosona” logo começa entrar
no museu, quando a pele do rosto não resiste mais às acnes, manchas e rugas.
Notarão, ensinadas pelo Tempo, que o caráter é melhor do que a valentia e
arrogância.
Logo saberão a diferença entre coleguismo
e amizade. São parecidos, mas diferentes na essência. Nessa época é quando a
força começa ceder espaço à sabedoria. Os olhos se abrem para enxergar o que se
esconde em cada situação, por mais insignificante que seja. É quando a boca demora
em abrir e o ouvido é mais usado para ouvir. Os pés não entram mais em lugares
que antes eram charmosos e atraentes. A preocupação com o amanhã começa
administrar a vida.
Nesta fase da vida, depois dos 40
anos, as pessoas percebem porque não existe general, brigadeiro nem almirante
com 20 anos. Para que tragédias não ocorram, alimentadas pela arrogância,
orgulho e falta de juízo. É quando o bom senso mostra como se deve agir em
qualquer situação que possa surgir.
Tudo para continuar a caminhada até o final
da vida, em paz, porque nos cemitérios a população predominante são de
valentes. Com a diferença que não poderão mais intervir em nada que acontece
aqui neste mundo.
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