A concretização dos sonhos está no infinito horizonte de nossa mente |
Luís
Alberto Caju
Lembro-me de um caso que aconteceu comigo,
perto do ano 2000. Ocupando o cargo de chefia, percebi que um colega não estava
mais rendendo. Não conseguia repetir boas reportagens. Observei pelo seu olhar
que o desânimo era visível, semelhante ao jogador de futebol que entra no campo
dizendo que o adversário já ganhou a partida, antes mesmo de tudo começar.
Após
algum tempo fui conversar com ele. Pedi explicação para o baixo rendimento. A
empresa estava cumprindo a parte dela, proporcionando as condições necessárias
para o exercício da função. Qual o motivo para queda da qualidade? Num tom
amistoso, mas incisivo, queria conhecer as razões para o que estava acontecendo.
Sentado diante de mim, ele olhou para o chão e
depois fixou em meu rosto e disse numa pequena frase o motivo de tudo: “Não
tenho mais sonhos”! O questionei. Era problema de saúde, de família ou se
encontrava numa crise existencial? O rapaz reforçou que havia perdido a vontade
de sonhar e saiu da sala, com o olhar perdido, como se estivesse à procura de
algo oculto no horizonte de sua espiritualidade.
As pessoas não são iguais. Ainda bem. Do
contrário estaríamos mergulhados num abismo de totalitarismo, sem qualquer
novidade. Algumas encontram forças no fracasso para avançar rumo ao alvo e
obter sua conquista. Neste time estão os sonhadores, considerados malucos pela
maioria. Quando o pai da aviação Alberto Santos Dumont (não os irmãos Wright
nos Estados Unidos) insistiu que iria fazer um aparelho e voar, muitos o
acharam maluco. Quando o viram dar a volta ao redor da torre Eiffel em Paris, o
sonho virou realidade.
Na verdade o sonho é algo
que existe apenas em nossa cabeça. Não está à disposição de quem está do lado.
A letra de uma música, primeiro hibernou na mente do compositor, até se
transformar numa série de palavras, ganhar melodia e chegar aos lábios do
artista, entrando na galeria do sucesso. A canção “Yesterday”, dos Beatles,
autoria de Paul McCartney, apareceu escrita num sonho dele. Ao acordar, a
transcreveu e o resultado todos conhecem.
O casamento é parte sonho e outra realidade.
Muitos homens e mulheres planejam ficar juntos para sempre, mas esquecem de
manter a casa chamada sonho em pé, ou como dizem os norte-americanos: dream
house. O sonho é o combustível para fazer o carro andar, mas se ficar fora do
tanque, o veículo continuará parado. As pessoas precisam acreditar e lutar pelo
que sonha, aproveitando as condições para torná-lo realidade.
Deve fazer igual ao homem que desejava ser
engenheiro e procurava acompanhar a rotina dos trabalhadores numa construção de
prédio. Perguntava para que serviam determinados instrumentos na obra. O uso
constante do prumo no erguimento das paredes, o olhar constante na planta feita
pelo arquiteto, o cuidado para o concreto não ficar muito duro e prejudicar o
enchimento de colunas e lajes. Questionava o mestre de obras, o engenheiro
sobre vários detalhes daquela construção. Quando entrou na faculdade parte do
seu sonho já estava concretizado, o restante veio com a teoria ensinada nas
aulas.
Infelizmente várias pessoas matam os próprios
sonhos ao não acreditar no potencial que existe dentro delas. Almejam
conquistas, mas sem lutas. Pensam que tudo virá de mão beijada. O próprio Jesus
Cristo disse aos seus apóstolos que no mundo eles teriam aflições, mas que
nunca desistissem, que acabariam vencendo tudo, caso continuassem batalhando.
Quando alguém deixa de sonhar, já começou a entrar na sepultura. Começou a
morrer, basta apenas colocá-lo num caixão e enterrá-lo.
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