Dança da cadeira engravida adolescentes nos bailes “funk”

As danças sensuais acabam em relações sexuais coletivas durante os bailes

Luís Alberto Caju

“A maioria das adolescentes, algumas ainda crianças, já tem diversas doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis, gonorreia, herpes e até o vírus do HIV. Para piorar, muitas já são mães, mas não sabem o nome do pai do filho”, descreveu uma agente de saúde, que participa de trabalho relacionado a essa área em comunidades carentes de bairros na Zona Norte de SP.

 Nos bailes de Trash Music (que os jovens chamam erradamente de funk), segundo essa profissional da saúde, que pediu anonimato, a sacanagem corre solta. “Várias meninas vão de saia curta e sem calcinha. Quando é na rua, os meninos sentam no capô do carro ou no banco da moto. Durante determinada música elas dança e sentam sobre o pênis dele. Fazem isso diversas vezes com os outros”, disse.

 De acordo com ela, é a famosa “dança da cadeira”. Inúmeras adolescentes, algumas com 13 anos, engravidam e desconhecem quem seja o pai da criança, pois neste tipo de festa, elas se relacionam sexualmente diversas vezes. “Na abordagem tanto com menino quanto com meninas, desconhecem que estejam com doenças sexualmente transmissíveis. Só quando o problema agrava, procuram o médico. Nesta altura já passaram para frente a doença”, afirmou.

 Quanto mais distante do Centro for a comunidade carente, como algumas existentes no sopé da Serra da Cantareira, na Zona Norte de SP, aumenta a chance desse tipo de baile, com cenas de prostituição explícita. “Nos lugares deserto, só eles têm acesso. Os bailes são à noite, iluminados apenas pela fraca luz das ruas. É o cenário perfeito para cenas de prostituição”, ressaltou. Não faltam nas mãos dos adoscentes garrafas de bebidas alcóolicas e drogas. “Tudo livre, como se numa feira”, frisou.

 A Polícia Militar de SP tem o mapa de 400 locais em toda a capital paulista onde ocorre esse tipo de baile. Após sanção, no final de 2013, pelo prefeito Fernando Haddad (PT) do Projeto de Lei proibindo nas ruas e calçadas, veículos ou aparelhos de som que esteja num volume acima do permitido, vai reduzir essas festas. Quem desobedecer será multado a primeira vez em R$1.000,00. Na segunda, o valor sobe para R$ 4 mil e o carro é guinchado.