Este é o espetáculo que as torcidas organizadas oferecem nos estádios brasileiros |
Luís
Alberto Caju
Sem exceção, cada vez me convenço
da alienação que toma conta das torcidas organizadas de futebol no Brasil.
Conseguem grande mobilização para exigir empenho do seu time do coração.
Algumas até partem para a violência, como ocorre com a do Corinthians, a ponto
de invadir o centro de treinamento na Zona Leste de SP e tentar agredir
jogadores e membros da diretoria.
Viajam dezenas de quilômetros
para assistir aos jogos, seja no calor, frio ou mesmo debaixo de chuva. Vendem
objetos domésticos e até veículos, pedem demissão do emprego para arrumar
dinheiro e marcar presença em partidas disputadas do outro lado do mundo, como
na final do Mundial Interclubes no Japão, quando o Corinthians foi campeão em
2013.
Por que eles, e outras torcidas
organizadas, não usam a mesma energia exigindo melhorias na Educação, onde o
aluno entra burro e sai sem saber nada da escola? Por que falta o empenho dos
membros dessas torcidas na luta contra a desigualdade social, tão gritante no
Brasil, com uma minoria acessando tudo e a maioria comendo migalhas? Por que
não existe essa paixão em provocar mudanças na hora da eleição, impedindo que
bandidos de colarinho branco e membros do crime organizado, travestidos de
políticos, cheguem ao Congresso Nacional?
Por que esses membros de torcidas
organizadas não utilizam o seu poder de mobilização reivindicando melhorias
urgentes na Saúde Pública? Ou será que nenhum deles e seus familiares nunca
ficaram ou jamais precisarão de um médico?
Por que essa energia e disposição
dos torcedores organizados dos diversos clubes brasileiros não são canalizadas
contra o governo federal, cobrando mudanças urgentes no Código Penal, onde
apenas pobres, pretos e prostitutas acabam nos presídios, e os endinheirados
escapam sempre das mãos da Justiça?
Por que os fanáticos torcedores
não colocam para fora do coração o mesmo amor que sentem pelos seus times, em
relação ao nosso país, cada vez mais degradado e roubado, por uma elite sem
qualquer compromisso com a nação. Pensa apenas no bolso e seus prazeres
financeiros e ostentação, onde cachorros são alimentados com carne de primeira,
quando seus empregados domésticos moram em favelas e comem pão seco para
ludibriar a fome.
A tudo isso chamo de alienação.
Para mim um grupo de pessoas que aceita correr risco de morrer por causa de uma
entidade esportiva, que jamais irá pagar suas contas ou mesmo socorrer os
familiares num momento de doença, é o mais puro testemunho de alienação.
Acreditam erradamente que a vida e o mundo deles sejam apenas o seu time de
futebol. Desculpem! Vocês estão errados. Como diz a sabedoria popular, as
torcidas organizadas de futebol no Brasil acendem velas para defuntos ruins.
Precisam acordar para a
realidade. Deixar de lado o fanatismo (qualquer tipo é ruim) e pensar no país
onde nasceram. Nas instituições públicas que ainda o mantém de pé. Devem pensar
no futuro de seus filhos. Afinal de contas nas arquibancadas de estádios não se
aprende nada, apenas o triste espetáculo de xingamentos e até agressões contra
o simpatizante adversário. Quem desfruta a vida por esse prisma é o mais
terrível dos alienados.
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